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Eficacia e eficiencia no trabalho, Trabalhos de Psicologia do Desenvolvimento Humano

Uma descricao clara dos mecanismos de rendimento no trabalho

Tipologia: Trabalhos

2020

Compartilhado em 15/01/2020

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Baixe Eficacia e eficiencia no trabalho e outras Trabalhos em PDF para Psicologia do Desenvolvimento Humano, somente na Docsity! 107 Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos Efficiency and effectiveness in administration: the proposal of quantitative models Nelson Guilherme Machado Pinto Universidade Federal de Santa Maria nelguimachado@hotmail.com Professor Adjunto do Departamento de Administração do Campus de Palmeira das Missões da UFSM Daniel Arruda Coronel Universidade Federal de Santa Maria daniel.coronel@uol.com.br Professor Adjunto do Departamento de Ciências Administrativas da UFSM RESUMO O presente estudo tem como objetivo propor modelos de eficiência e de eficácia quantitativos aplicáveis a realidade das pesquisas em administração. O modelo proposto foi dividido em três etapas. A primeira delas consiste em levantar os aspectos iniciais do estudo e o que e em que realidade serão verificados os aspectos de eficiência e eficácia, bem como a necessidade de contextualização desses aspectos dentro da realidade escolhida a ser estudada. A segunda etapa do modelo proposto consiste em escolhas metodológicas relacionadas a eficiência e eficácia, com a determinação de um método de análise específico para cada uma dessas questões. Ademais, a terceira e última etapa do modelo de análise procura verificar as relações existentes entre eficiência e eficácia. Palavras-chave: Eficiência; Eficicácia; Métodos Quantitativos. ABSTRACT This study aims to propose quantitative models of efficiency and effectiveness that can be applied to the reality of research in administration. The proposed model is divided into three stages. The first consists in raising the initial aspects of the study and to find out in what reality the aspects of efficiency and effectiveness are found, as well as the need for contextualization of these aspects within the reality chosen to be studied. The second stage of the model consists of methodological choices related to efficiency and effectiveness, with the determination of a specific method of analysis for each of these issues. In addition, the third and final stage of the analysis model in this paper seeks to verify the relationship between efficiency and effectiveness. Keywords: Efficiency; Efficiency; Quantitative Methods. PINTO, N. G. M.; CORONEL, D. A. Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos. Revista Unemat de Contabilidade, 2017. v. 6, n. 11. 108 1 Introdução As organizações são unidades sociais ou agrupamentos humanos a fim de atingir objetivos específicos de toda e qualquer sociedade. Isso porque todas as atividades de uma sociedade estão sob responsabilidade de várias organizações. Processos básicos como alimentação, saúde e educação e até atividades mais rebuscadas ligadas ao lazer, entretenimento ou a interesses particulares de um grupo de indivíduos estão sob responsabilidade de uma ou várias organizações. Diante desse contexto, as organizações adquirem recursos a fim de transformá-los para que sejam fornecidos produtos e serviços com o objetivo de resolver problemas dos usuários e das pessoas que criaram e trabalham nas mais diversas organizações. A partir disso, o desempenho de uma organização é considerado aceitável, bom ou satisfatório quando os problemas dos usuários e da sociedade em geral são resolvidos a partir da utilização correta dos recursos utilizados (MAXIMIANO, 2012). Entretanto, existem duas palavras para indicar e identificar o bom desempenho de uma organização. Na realidade, são duas formas de analisar as mesmas questões e que estão relacionadas a eficiência e a eficácia. Assim, enquanto o foco da primeira é nos meios de utilização o da segunda é nos resultados. O dilema entre esses dois aspectos surge na ideia de que as organizações podem ser eficientes e eficazes ao mesmo tempo, o que é a situação ideal, porém, podem ser eficazes sem ser eficientes e serem eficientes sem alcançar eficácia. O tratamento de critérios internos das organizações são as preocupações principais da eficiência e eficácia. Entretanto, seus focos são distintos. Isso porque, a eficiência está relacionada aos processos e a eficácia aos resultados (SAMPAIO, 2004). Assim, essas duas questões são invocadas de forma conjunta dentro da literatura em administração. O desafio dentro das práticas administrativas é saber garantir questões eficazes e eficientes dentro de uma realidade e saber identificar e descartar aspectos relacionados a ineficácia e ineficiência (NASCIMENTO, 2008). Na ótica da administração as noções de eficiência e eficácia remetem a critérios tradicionais de natureza econômica para se medir desempenho, pois é inerente a natureza humana demonstrar interesse em avaliar as perspectivas de melhorias nos padrões existentes a fim de verificar a capacidade das mais variadas questões (KAO et al., 1995; BRULON; VIEIRA; DARBILLY, 2013). A eficiência e eficácia, na concepção de Mouzas (2006), são termos centrais para avaliar desempenho nas organizações e um dos grandes desafios é atingir esses dois conceitos de forma conjunta. PINTO, N. G. M.; CORONEL, D. A. Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos. Revista Unemat de Contabilidade, 2017. v. 6, n. 11. 111 Além disso, é válido destacar que apesar de distintos, eficiência e eficácia possuem impactos entre si (OZCAN, 2014). A eficiência pode ser considerada um caminho para a eficácia. Isso porque a eficiência pode ser entendida como uma condição ou obstáculo necessário para atingir a eficácia (MORAN; GHOSHAL, 1999; MOUZAS, 2006). Portanto, além de discutir, diferenciar e debater sobre eficiência e eficácia é preciso verificar as relações que ambas possuem entre si. Diante das discussões até aqui levantadas, o presente estudo tem como objetivo propor modelos de eficiência e de eficácia quantitativos aplicáveis a realidade das pesquisas em administração a fim de formar e consolidar uma agenda de pesquisas empíricas nos estudos dessas questões. Com a finalidade de alcançar seu objetivo, o presente estudo está estruturado em quatro seções, além desta introdução. Na segunda, é apresentado o referencial teórico; na seção seguinte, descrevem-se os procedimentos metodológicos utilizados; na quarta seção, os resultados são analisados e discutidos e, por fim, apresentam-se as principais considerações finais do trabalho. 2 Referencial Teórico 2.1 Eficiência A eficiência teve o seu surgimento com as primeiras teorias da área de Administração como na Teoria da Administração Científica, na qual Frederick Taylor investiu em estudos de tempos e movimentos para melhorar a eficiência do trabalhador e por Max Weber na Teoria Burocrática, que aborda as questões de eficiência e eficácia quanto à forma organizacional, Isso porque essa primeira abordagem teórica da Administração tinha a preocupação de organizar os meios de produção e de trabalho (MATOS; PIRES, 2006). Além disso, verifica-se que o desempenho, para a Administração Clássica (primeira abordagem administrativa), consistia em se obter a maior eficiência possível (UHLMANN, 2002). Na realidade, apesar de Taylor ser o maior expoente no tratamento das questões de eficiência na abordagem da Administração Clássica, outros autores dessa abordagem como, por exemplo, Harrington Emerson e Frank Gilbreth, também sofreram influências sobre as questões de eficiência (TIKHOMIROV, 2011). A eficiência, na concepção clássica da Administração, era a palavra-chave explícita nas teorias. Mas o que estava implícito era a noção de equilíbrio do ambiente fora e dentro das organizações, por isso o foco era nos meios, pois se acreditava que todas as atividades e PINTO, N. G. M.; CORONEL, D. A. Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos. Revista Unemat de Contabilidade, 2017. v. 6, n. 11. 112 processos estavam em um contexto de estabilidade, regularidade, confiabilidade e precisão (NAVEIRA, 1998). A partir disso, a eficiência é uma abordagem utilizada a fim de indicar que uma organização utiliza de forma produtiva ou econômica os seus recursos. Dessa forma, esse conceito está muito ligado aos meios que uma organização irá se utilizar para alcançar os seus resultados. Nesse caso, quanto mais eficiente é uma organização, maior será o grau de produtividade ou economia na utilização de recursos (MOUZAS, 2006; OZCAN, 2014). A definição de eficiência é estabelecida pela relação que há entre as entradas (inputs) de bens e serviços consumidos e as saídas (outputs) que são os resultados finais oriundos de um processo organizacional. A eficiência de uma atividade está muito ligada à sua produtividade, pois este conceito está atrelado à situação complexa que envolve o processo de conversão de entradas em saídas. Como o foco da eficiência é nessa relação entre inputs- outputs, há a implicação da eliminação dos desperdícios e consumos desnecessários a fim de racionalizar os recursos (KAO et al., 1995; GUZMÁN, 2003; MIHAIU; OPREANA; CRISTESCU, 2010). A partir disso, a eficiência pode ser expressa, segundo Grateron (1999), como a relação existente entre os bens e serviços consumidos (entradas) e os bens e serviços produzidos (saídas). Portanto, na visão do mesmo autor há eficiência quando há maximização dos resultados com recursos determinados ou quando há obtenção de um bem ou serviço com o mínimo possível de recursos, mantendo os atributos de qualidade e quantidade desejada. Utilizando-se do raciocínio contrário, há ineficiência quando o resultado de uma atividade não vai ter utilidade alguma. Além disso, a produção em excesso ou o déficit de produtos e serviços também estão relacionados à ineficiência (GRATERON, 1999). A otimização na aplicação dos recursos financeiros e materiais em relação aos resultados alcançados por um projeto, processo ou ação é o foco da eficiência, isto é, produzir mais com menos recursos (FRASSON, 2001). Assim, a orientação de qualquer processo para a eficiência pode ser identificada a partir de expressões como: redução de custos, maximização do uso de recursos, aumento de produtividade e mais competitividade (BRULON; VIEIRA; DARBILLY, 2013). Diante desse contexto, a eficiência relaciona-se aos meios e métodos utilizados. Esse conceito utiliza a ideia de fazer as ações, atividades ou processos da melhor forma, isto é, escolher os meios adequados e fazê-los corretamente. Portanto, a eficiência pode ser conseguida maximizando resultados de uma ação em relação aos recursos que foram utilizados (PHELAN, 2005; BILOSLAVO; BAGNOLI; FIGELJ, 2013). PINTO, N. G. M.; CORONEL, D. A. Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos. Revista Unemat de Contabilidade, 2017. v. 6, n. 11. 113 2.2 Eficácia A eficácia tem o seu surgimento na teoria da Administração em um momento posterior ao da eficiência, isso porque a preocupação, nos primeiros anos da estruturação da ciência administrativa, era a de enfocar nos meios e na organização do trabalho. O foco nos resultados e objetivos foi sendo destacado em abordagens teóricas mais recentes como, por exemplo, a Abordagem Contingencial, que buscou modelos organizacionais mais eficazes (WITT, 1998; MATOS; PIRES, 2008). Nas questões de desempenho, nota-se que a eficácia faz parte da evolução do pensamento em Administração, isso porque ela é a noção de desempenho mais atrelada a teorias contemporâneas da Administração (UHLMANN, 2002). Ao longo do século XX, a visão clássica da Administração foi dando espaço a uma realidade que acreditava que o ambiente não estava mais em equilíbrio, mas em constantes perturbações que tendiam naturalmente a retornar a um equilíbrio. Assim, a noção de eficiência foi dando espaço à questão da eficácia (NAVEIRA, 1998). Diante desse contexto, a eficácia é um tratamento utilizado com a finalidade de indicar que uma organização realizou seus objetivos. Este conceito está mais orientado, portanto, ao alcance de resultados. A partir disso, quanto mais alto o grau de alcance dos objetivos, mais a organização é eficaz (MOUZAS, 2006). A definição de eficácia tem a sua relação intimamente relacionada com os resultados (outputs) e com os objetivos alcançados a partir de um processo. Mesmo que resultados importantes sejam alcançados a eficácia só será considerada quando os objetivos forem realizados. Portanto, a eficácia está ligada aos resultados, mas principalmente, ao cumprimento de objetivos originados desses resultados (GRATERON, 1999; GUZMÁN, 2003). A eficácia organizacional é um fenômeno que apresenta elevado grau de complexidade além de possuir um aspecto multidimensional, isto é, é dependente de vários aspectos distintos para acontecer. Ademais, a eficácia está no centro das discussões teóricas e práticas de qualquer processo de gestão (FERNANDES, 2008). A orientação de qualquer processo para a eficácia pode ser identificada a partir das expressões: foco em resultados, estabelecimento de metas e alcance de objetivos (BRULON; VIEIRA; DARBILLY, 2013). A eficácia está ligada ao fim, objetivo ou solução referente a algo, sendo estritamente ligada ao resultado. Portanto, ser eficaz significa fazer as coisas PINTO, N. G. M.; CORONEL, D. A. Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos. Revista Unemat de Contabilidade, 2017. v. 6, n. 11. 116 OPREANA; CRISTESCU, 2010). Assim, as entradas seriam os recursos que entram ou alimentam um sistema e que posteriormente são transformados por meio de um processo de processamento. A partir dessa transformação há um resultado gerado de um sistema que geralmente são reproduzidos por meio de produtos e serviços (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Dessa forma, pela análise da Figura 2 a eficiência está mais ligada aos meios de utilização para se chegar aos resultados, portanto, ao parâmetro de entrada, mas principalmente ao parâmetro de processamento. Já a eficácia está ligada aos resultados e, portanto ao parâmetro de saída. Ademais, uma discussão a ser levantada é que aspecto priorizar, se eficiência ou eficácia. Na concepção de Mouzas (2006) uma abordagem equilibrada desses dois aspectos é o ideal, isto é, dar igual ênfase para eficiência e eficácia conforme demonstrado na Figura 3. Figura 3 – Priorização sobre Eficiência ou Eficácia Fonte: Adaptado de Mouzas (2006). Ao contrário disso, se um aspecto for priorizado em detrimento de outro alguns desequilíbrios irão ocorrer. Caso seja priorizada a eficiência e negligenciada a eficácia, o resultado seria um ganho ou rentabilidade de um processo, atividade ou ação que seria efêmero, provisório, ou seja, de curta duração. Já a prioridade para a eficácia em detrimento da eficiência causaria um crescimento que não apresentaria rentabilidade o que não seria sustentável no decorrer do tempo (MOUZAS, 2006). Apesar de o equilíbrio entre esses dois aspectos serem o ideal na visão de Mouzas (2006), é preciso aprofundar o entendimento sobre PINTO, N. G. M.; CORONEL, D. A. Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos. Revista Unemat de Contabilidade, 2017. v. 6, n. 11. 117 cada um desses aspectos separadamente. Diante desse contexto, a realidade pode ser um possível cenário analisado no que se refere a aspectos de eficiência e eficácia. 3 Aspectos Metodológicos A presente pesquisa caracteriza-se pelo cunho exploratório, visto que procura estabelecer uma maior familiaridade e percepção para com os temas de análise (GIL, 2010). Nesse sentido, as questões de eficiência e eficácia foram discutidas e exploradas para que se possam olhar seus aspectos metodológicos sobre um novo enfoque. Ademais, este estudo utilizou-se de uma técnica indireta de tratamento de dados, visto que, a partir do levantamento bibliográfico, foram elaborados os modelos deste estudo. Quanto à sua natureza, a pesquisa apresenta um caráter aplicado a fim de adquirir conhecimentos para aplicação em um tema específico (MARCONI; LAKATUS, 2005). A partir disso, este trabalho propõe, a partir de metodologias já existentes, um modelo de análise para eficiência e eficácia e suas possíveis relações. O modelo proposto consiste em um manual para formação de novas agendas de pesquisas dentro da área de administração. 4 Análise e Discussão dos Resultados 4.1 Considerações Metodológicas sobre Eficiência A eficiência pode se realizar por meio da construção de indicadores captando as seguintes questões: a) comparar a eficiência de algum processo ou entidade com padrões considerados ótimos; b) utilizar séries cronológicas a fim de verificar o progresso da eficiência ao longo do tempo; e c) realizar uma análise em corte transversal a fim de comparar diferentes entidades em um mesmo momento de tempo sobre questões de eficiência. Diante dessas questões uma metodologia que se destaca em aspectos de eficiência técnica é a de programação linear de Análise Envoltória de Dados (Data Envolvement Analysis - DEA). Isso porque a DEA procura verificar o nível de desempenho de eficiência com relação a um nível ótimo com o objetivo de fazer comparações (AECA, 1997). Indicadores de eficiência buscam evidenciar a relação existente entre os recursos consumidos e os produtos obtidos a partir da realização de um processo (MARQUES, 2008). A eficiência pode ser calculada por meio das estimações dos recursos consumidos em uma ação (entrada) e dos resultados alcançados (saídas), a partir disso, essas estimações devem ser PINTO, N. G. M.; CORONEL, D. A. Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos. Revista Unemat de Contabilidade, 2017. v. 6, n. 11. 118 comparadas a fim de se obter a eficiência da ação (BILOSLAVO; BAGNOLI; FIGELJ, 2013). Existem vários métodos paramétricos e não paramétricos para a mensuração de aspectos relacionados a eficiência, sendo a DEA o mais utilizado. Em sua essência, todos os métodos que tratam de assuntos relacionados à eficiência buscam comparar quanto cada instituição, processo ou objeto de análise recebeu de recursos (inputs) e qual o serviço ou produto foi prestado para o seu público alvo (outputs). Dessa forma, quanto menos input para um nível fixo de output ou quanto mais output para um nível fixo de input, maior será a eficiência do objeto de estudo analisado (MACIEL, 2013). 4.2 Considerações Metodológicas sobre Eficácia A eficácia está relacionada aos outputs, isto é, com a realização dos resultados e com o cumprimento de objetivos e, assim, as metodologias para eficácia devem construir indicadores que utilizem técnicas baseadas em outputs (AECA, 1997). Os indicadores visam mensurar os resultados obtidos das atividades realizadas. Portanto, essas unidades de medição permitem acompanhar e avaliar de forma periódica as variáveis consideradas mais importantes dentro de um contexto analisado (GRATERON, 1999). Indicadores de eficácia devem procurar medir os resultados e os objetivos alcançados a partir de um processo realizado (MARQUES, 2008). Quando a eficácia é calculada devem ser levados em consideração todos os públicos interessados (stakeholders) no resultado de uma ação que será mensurada (BILOSLAVO; BAGNOLI; FIGELJ, 2013). Em relação a eficácia, que verifica os resultados obtidos por meio de um objeto de análise, os indicadores ou índices que visam quantificar esses resultados são uma das metodologias mais utilizadas para tratar desse aspecto (MACIEL, 2013). A eficácia pode ser calculada por meio de um índice que demonstra questões relacionadas ao resultado de uma ação (BILOSLAVO; BAGNOLI; FIGELJ, 2013). 4.3 Proposição de um Modelo de Análise Os procedimentos metodológicos adotados referentes à eficiência e a eficácia estão diretamente interligados. Isso porque a medição da eficácia organizacional passa pela avaliação da eficiência, isto é, pela avaliação da relação entre os recursos utilizados e os resultados alcançados. Ademais, como a eficiência utiliza-se dos resultados alcançados, isto é, PINTO, N. G. M.; CORONEL, D. A. Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos. Revista Unemat de Contabilidade, 2017. v. 6, n. 11. 121 proposição de um modelo de Análise Envoltória de Dados para a eficiência e de uma Análise de Índices para a eficácia A Análise Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis) é uma das ferramentas mais usuais em análises de fronteira. Esse tipo de análise realiza, por meio de um conjunto de ferramentas matemáticas, a avaliação comparativa dos resultados de um grupo de tomadores de decisão (Decision Making Unit ou DMU). A partir disso, são estabelecidas fronteiras de eficiência entre as DMUs avaliadas (SHAW, 2009). A ideia básica da DEA é fazer uma análise das interações entre insumos e produtos das DMUs em análise. Isso porque todas as atividades ou processos envolvem certo tipo de transformação, ou seja, acrescentam-se materiais ou ideologias e ocorre uma transformação para atender às necessidades dos clientes (BANKER; MOREY, 1986). Assim, essa transformação envolve insumos tais como, trabalho, recursos e energia, e geram produtos ou serviços acabados que vêm a satisfazer certas demandas de clientes ou da sociedade. Segundo Mainardes, Alves e Rapaso (2012), os inputs e outputs são o que permitem a avaliação do desempenho das operações e que as ajudam a se tornarem mais produtivas e eficientes. Essa avaliação de desempenho das DMUs torna-se uma ferramenta de importância dentro do cenário atual das organizações. Isso porque, a partir dela, revelam-se pontos fortes e fracos das operações atuais bem como podem identificar-se ameaças e oportunidades dos processos vigentes. Dessa maneira, de acordo com Lins et al. (2007), o problema de otimização do DEA para cada DMU analisada pode ser expresso da seguinte forma: ∑ 𝑢𝑗𝑌𝑗𝑘𝑗 ∑ 𝑣𝑖𝑋𝑖𝑘𝑖 = 𝑢𝑌𝑘 𝑣𝑋𝑘 (1) em que u e v são pesos ou multiplicadores; 𝑋𝑘 são os insumos; 𝑌𝑘 são os produtos; e por convenção, 𝑢𝑌𝑘 𝑣𝑋𝑘 ≤ 1, o que gera índices de eficiência entre 0 e 1. De forma resumida, a DEA estabelece fronteiras de eficiência por meio da comparação do desempenho de várias DMUs, estabelecendo aquelas que são referências às demais (benchmark). De forma distinta do que outras metodologias, a DEA não é voltada a PINTO, N. G. M.; CORONEL, D. A. Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos. Revista Unemat de Contabilidade, 2017. v. 6, n. 11. 122 uma tendência central, mas, sim, para as fronteiras. Devido a esse fato, a DEA demonstra relações que podem não ser encontradas em outros métodos. Assim, além de demonstrar relações de eficiência relativas para cada DMU, a DEA fornece informações sobre o que é necessário para que ocorra o ajuste de uma DMU ineficiente (BANKER; MAINDIRATTA, 1986). A operacionalização da Análise Envoltória de Dados pode seguir, em geral, três etapas: 1) definição das DMUs; 2) escolha do método de DEA; e 3) seleção dos inputs e outputs que tenham importância para estabelecer a eficiência relativa das DMUs (FERREIRA; GOMES, 2009). Há dois métodos básicos na construção do DEA, que são o Constante Returns to Scale (CRS) e Variable Returns to Scale (VRS) (CHARNES; COOPER; RHODES, 1978; BANKER; CHARNES; COOPER, 1984). O primeiro deles caracteriza-se pela redução de insumos mantendo o nível de produção, ou seja, orientação ao insumo. Para Coelli et al. (1998), esse modelo pode ser expresso como: 00,0:,,   eXxYyasujeitoMax ii (2) em que: 1 <  < ∞ corresponde ao escore de eficiência técnica bruto das DMUs; )1(  é o aumento proporcional na produção que poderia ser obtido pela i-ésima DMU, mantendo-se constante a utilização dos insumos; y é o produto da DMU; x é o insumo; X é a matriz de insumos (n x k); Y é a matriz de produtos (n x m); e  é o vetor de constantes que multiplica a matriz de insumos e produtos. Já o VRS destina-se a aumentar a produção, mantendo os níveis de insumo e, portanto, possui orientação ao produto. Conforme Coelli et al. (1998), esse modelo pode ser expresso por: 01',0,0:, 1,   eNXxYyasujeitoMax ii (3) em que PINTO, N. G. M.; CORONEL, D. A. Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos. Revista Unemat de Contabilidade, 2017. v. 6, n. 11. 123 1N é um vetor (N x 1) de algarismos unitários. 1 <  < ∞ corresponde ao escore de eficiência técnica bruto das DMUs; y é o produto da DMU; x é o insumo; X é a matriz de insumos (n x k); Y é a matriz de produtos (n x m); e  é o vetor de constantes que multiplica a matriz de insumos e produtos. No presente modelo de análise desenvolvido é recomendado a utilização do método VSR, pois conforme afirma a literatura a eficiência é um caminho para a eficácia, isto é, para o alcance dos resultados (GUZMÁN, 2003; PHELAN, 2005; MOUZAS, 2006; MIHAIU; OPREANA; CRISTESCU, 2010; MAXIMIANO, 2012; OZCAN, 2014). A partir disso, o presente modelo de DEA será orientado para as saídas do modelo de eficiência. Muitas das informações usadas por órgãos reguladores de aspectos regionais utilizam informações muitas vezes imprecisas ou que foram fragilmente construídas. A consequência dessa situação é objeto de controvérsia e de incertezas que surgem nas relações construídas entre aspectos do desenvolvimento regional. Diante desse cenário, trabalhos que visem à criação de indicadores ou que possam embasar e analisar a tomada de decisão para medidas corretivas por meio de índices são de extrema relevância (BRAGA et al., 2004). A partir disso, pode-se concluir que os índices são números que têm a finalidade de descrever determinado aspecto da realidade ou ainda procuram relacionar vários desses aspectos (MARTINEZ, 2004). Ademais, utilizam para seu cálculo bases científicas e métodos adequados, servindo como instrumento para o processo de tomada de decisão e previsão (SICHE et al., 2007). Pode-se dizer que os índices revelam o estado de um determinado fenômeno, sendo construído por meio de uma gama de elementos com certo tipo de relacionamento (PRABHU et al., 1999; SHIELDS et al., 2002). No caso do presente estudo a metodologia de índices é proposta para que a eficácia seja evidenciada. Não há um padrão estabelecido quando índices são desenvolvidos. No presente estudo, a criação do Índice de Eficácia (IE) será uma adaptação dos índices utilizados por Kageyama (2004), Conterato, Schneider e Waquil (2007) e Melo e Parré (2007) para estudar o desenvolvimento rural. PINTO, N. G. M.; CORONEL, D. A. Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos. Revista Unemat de Contabilidade, 2017. v. 6, n. 11. 126 𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑗 nível de Eficiência do j-ésimo objeto de análise estudado 𝛼 intercepto da regressão; 𝛽1 é coeficiente angular de relação das variáveis da regressão; 𝜇 é o termo de erro aleatório. Portanto, utiliza-se a eficiência como variável dependente e a eficácia como independente. As variáveis devem ser transformadas na forma de logaritmo natural (ln) a fim de que sejam verificadas as elasticidades das relações estudadas. Espera-se baseado nas evidências empíricas de que a eficiência leve a eficácia, que a relação dessa equação seja positiva, confirmando a relação levantada na literatura. 5 Considerações Finais Apesar da discussão de eficiência e eficácia ser constantemente debatida dentro da administração ela ainda possui caminhos pelos quais avançar. Um desses caminhos é o desenvolvimento de forma mais consolidada de questões quantitativas. A partir disso, este estudo consistiu em desenvolver e demonstrar um modelo de metodologia científica a fim de analisar estas questões. O modelo proposto foi dividido em três etapas. A primeira delas consistiu em levantar os aspectos iniciais do estudo bem como o que e em que realidade serão verificados os aspectos de eficiência e eficácia, bem como a necessidade de contextualização desses aspectos dentro da realidade escolhida a ser estudada. A segunda etapa do modelo proposto balizou-se em escolhas metodológicas relacionadas a eficiência e eficácia, com a determinação de um método de análise específico para cada uma dessas questões. O modelo de eficiência é desenvolvido a partir da técnica de eficiência de Análise Envoltória de Dados (DEA). Já o modelo de eficácia é realizado a partir da elaboração de um índice a fim de mensurar esse aspecto. Ademais, a terceira e última etapa do modelo de análise explicitado nesse trabalho procura verificar as relações existentes entre eficiência e eficácia. Assim, para verificar essa relação análises econométricas de regressão devem ser realizadas com o objetivo de investigar o grau de influência da eficiência na eficácia da realidade estudada. Diante desse modelo, sabe-se que aspectos conceituais de eficiência e eficácia são triviais para a área de administração. Contudo, o objetivo desse estudo não é inovar no debate conceitual sobre esses aspectos, mas sim propor modelos de análise quantitativa que não são PINTO, N. G. M.; CORONEL, D. A. Eficiência e eficácia na administração: proposição de modelos quantitativos. Revista Unemat de Contabilidade, 2017. v. 6, n. 11. 127 tão evoluídos quanto às questões teóricas desses assuntos. Apesar de procurar captar aspectos de desempenho a principal limitação deste trabalho está relacionada à escolha de métodos específicos para mensurar eficiência e eficácia, limitando as escolhas metodológicas e os possíveis resultados encontrados nessas questões as escolhas metodológicas realizadas. REFERÊNCIAS ASOCIACIÓN ESPAÑOLA DE CONTABILIDAD Y ADMINISTRACIÓN DE EMPRESA – AECA. Indicadores de gestión para lãs entidades públicas. Documento nº 16. Principios de Contabilidad de Gestión, 1997. BANKER, R. D.; MAINDIRATTA, A. 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