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Michel Serres - seu pensamento e filosofia, Notas de estudo de Sociologia Ambiental

Uma descrição sistemática do pensamento de Michel Serres, tendo em conta as suas obras bem como seus principais contributos na área do conhecimento.

Tipologia: Notas de estudo

2023

Compartilhado em 26/03/2024

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Baixe Michel Serres - seu pensamento e filosofia e outras Notas de estudo em PDF para Sociologia Ambiental, somente na Docsity! 3 ÍNDICE Vida e obra de Michel Serres............................................................................................................4 Contexto histórico-filosófico do surgimento da obra.....................................................................4 Autores que debatem o mesmo assunto............................................................................................4 Tese da obra.........................................................................................................................................5 Guerra, paz...........................................................................................................................................5 Clima....................................................................................................................................................5 Guerra e violência...............................................................................................................................5 Direito e história.................................................................................................................................6 Concorrência.......................................................................................................................................6 Nós........................................................................................................................................................6 Contrato natural...................................................................................................................................7 Os dois tempos....................................................................................................................................7 Camponês e marinheiro......................................................................................................................7 Prazo longo e curto.............................................................................................................................7 O filósofo das ciências.......................................................................................................................7 O jurista. Três direitos sem mundo...................................................................................................8 O contrato social.................................................................................................................................8 O direito natural..................................................................................................................................8 A declaração dos direitos do homem................................................................................................8 O contrato natural...............................................................................................................................9 Do governo..........................................................................................................................................9 Amor.....................................................................................................................................................9 Considerações finais.........................................................................................................................10 4 Vida e obra de Michel Serres Michel Serres, filósofo contemporâneo francês, viveu entre 1930 à 2019. Passou grande parte de sua infância numa província onde era cultivada a simplicidade bucólica e rígidos valores espirituais. Meio à população de camponeses, navegando com seu pai ao longo do rio Garonne, aprendeu a arte da pesca e a amar as águas dos rios e mares. Seu pai, apelidado de Valmy, pescador e britador, além de marinheiro do Garonne, converteu-se ao catolicismo após a experiência da Primeira Guerra Mundial, que o fizera recruta aos 17 anos. A tradição do catolicismo francês influenciou a infância de Serres através do cultivo do Evangelho, que, segundo ele, era o único livro de sua família, o que lhe incutiu indelevelmente a crença em uma luta entre o bem e o mal presentes no mundo. Ainda assim, o filósofo resiste em pertencer ou filiar-se a qualquer Região. Contexto histórico-filosófico do surgimento da obra Michel Serres dirige-se fundamentalmente para a advertência quanto ao uso e abuso dos recursos naturais do planeta Terra, por parte do ser humano, notadamente a partir do desenvolvimento das ciências e das técnicas associadas ao uso industrial. A filosofia biocêntrica de Serres traduz uma preocupação quanto ao futuro da humanidade e da natureza, do mundo objetivo, caso não haja um acordo de paz entre homem e a natureza. A obra é resultado da conferência internacional sobre o ambiente e as mudanças climáticas. Autores que debatem o mesmo assunto Sob a mesma perspectiva do debate sobre a relação homem e natureza, autores como Hans Jonas, Sachs vão debater em torno da relação hemem e natureza. Serres (1991) ressalta a necessidade de considerar a natureza nos contractos que regulam a nossa vida em sociedade . Sachs (1986) , na sua obra Ecodesenvolvimento crescer sem destruir: Terra dos Homens. segue na mesma linha e diz que para a satisfação das necessidades locais e de acordo com a cultura local, havendo o aproveitamento dos recursos, dos ecossistemas em que as comunidades estão inseridas, tais interferências devem ser baseadas nos ciclos ecológicos, garantindo a sua continuidade. Tanto Serres quanto Sachs consideram o homem como elemento integrante do ambiente, porém Serres sugere que o termo meio ambiente seja esquecido, pois este supõe que nós, seres humanos, estamos instalados no centro de um sistema de coisas que gravitam em torno de nós, umbigos do universo, senhores e possuidores da natureza. 7 inter-relações cruzadas e recíprocas, entre os indivíduos e os subgrupos, os seus instrumentos, os seus objectos-mundo. Contrato natural Os dois tempos A língua francesa utiliza uma só palavra para falar do tempo que passa e corre - time, zeit - e o tempo que faz - weather, wetter . Nos dias de hoje, o nosso saber e as nossas inquietações, o nosso industrioso saber-fazer intervém de modo catastrófico nessa natureza global. A partir de agora, ela (a natureza) não só depende de nós, em contrapartida dependemos, desse sistema atmosférico movente, inconstante mas muito estável, determinista e estocástico. Camponês e marinheiro O maior acontecimento do século XX continua a ser, sem nenhuma contestação, o desaparecimento da agricultura como actividade principal da vida humana, em geral, e das culturas singulares. Os homens de hoje, são indiferentes ao clima, excepto durante as suas férias, em que redescobrem, de forma arcádica e estúpida a sua paixão pela ecologia. Onde as Espécies sujas, como os macacos e automobilistas, depressa poluem ingenuamente aquilo que não conhecem, que raramente os atinge e nunca lhes diz respeito, e deixam atrás de si a sua imundície, porque não habitam o espaço por onde passam e, portanto, não se importam de o sujar. ‘’ Perdemos o mundo e transformámos as coisas em mercadorias, e com as nossas filosofias construímos cosmistas, sem cosmos, pois falamos apenas de linguagem ou de política ou lógica e não da natureza.’’ (SERRES:1999: 52). Prazo longo e curto Mas é no tempo, uma vez mais, vivemos nós, mesmo quando ele se reduz ao tempo que passa e corre? Resposta hoje é universal: no muito curto prazo. Para salvaguardar a Terra ou respeitar o tempo, no sentido da chuva e do vento, será necessário pensar a longo prazo e, por não vivermos nele, teremos desaprendido de pensar. Tudo como se o muito curto prazo estivesse ligado à destruição. SERRES (1999: 54) afirma que pode-se , decerto, atrasar os processos já lançados, legislar para se consumirem menos combustíveis fósseis, replantar em massa as florestas devastadas, ela cabe-nos a nós, administradores, jornalistas e cientistas, homens de curto prazo e de especialidades de grande rigor expandir a informação, 8 se existe uma poluição material, técnica e industrial devemos lutar para preservação do ambiente. O filósofo das ciências O inimigo objectivo comum aflige o mundo, com prejuízos que esperamos sejam ainda reversíveis, esse petróleo derramado no mar, esse óxido de carbono evaporado para a atmosfera em milhões de toneladas, esses produtos ácidos e tóxicos trazidos pelas chuvas, de onde chegam essas imundícies que sufocam com asma os nossos filhos e enchem de manchas a nossa pele, resultado do nosso domínio e as nossas possessões. Domínio e possessão, eis a palavra-chave lançada por Descartes, no dealbar da idade científica e técnica, quando a nossa razão ocidental partiu à conquista do universo. A nossa relação fundamental com os objectos resume-se à guerra e à posse. O jurista: três direitos sem mundo O contrato social Os filósofos do direito natural moderno fazem, por vezes, remontar as nossas origens a um contrato social que teríamos, pelo menos virtualmente, estabelecido entre nós para entrar no colectivo que nos transformou nos homens que somos. A partir do pacto, tudo se passa como se o grupo que o assinara, ao construir o mundo, apenas passasse a enraizar-se na sua história. A partir daí, esquecemos essa natureza, a partir de então distante, silenciosa, inerte, afastada, infinitamente. O direito natural Os mesmos filósofos designam por direito natural um conjunto de regras que existiriam à margem de qualquer formulação. Por ser universal, decorreria da natureza humana e, como fonte de leis positivas, deriva da razão porque ela governa todos os homens. A natureza reduz-se à natureza humana que, por sua vez, se reduz à história. A declaração dos direitos do homem Como o contrato social, ela ignora e passa em silêncio o mundo, que nós apenas conhecemos porque o temos dominado. Monopolizada pela ciência e pelo conjunto de técnicas associadas ao direito de propriedade, a razão humana derrotou a natureza exterior, num combate que dura desde a pré-história, mas que se acelerou de forma acentuada com a revolução industrial. Razão humana maior, natureza exterior menor. O sujeito do conhecimento e da acção 9 beneficia de todos os direitos e os seus objectos de nenhum. Condiciona a natureza humana que, a partir desse momento, passa a condicioná-la. A natureza conduz-se como um sujeito. O contrato natural Portanto, o retorno à natureza, implica acrescentar ao contrato exclusivamente social a celebração de um contrato natural de simbiose e de reciprocidade em que a nossa relação com as coisas permitiria o domínio e a possessão pela escuta admirativa, a reciprocidade, a contemplação e o respeito, em que o conhecimento não suporia já a propriedade, nem a acção o domínio ou parasitismo, nem estes os seus resultados ou condições estercorárias. Entretanto, o parasita agarra tudo e não dá nada, o hospedeiro dá tudo e não agarra nada. O direito de dominação e de propriedade reduz-se ao parasitismo. Pelo contrário, o direito de simbiose define-se pela reciprocidade: aquilo que a natureza dá ao homem é o que este lhe deve dar a ela, tornada sujeita de direito. Do governo A partir de agora, o governante deve sair das ciências humanas, das ruas e dos muros da cidade, tornar-se físico, emergir do contrato social, inventar um novo contrato natural, devolvendo à palavra natureza o sentido original das condições em que nascemos - ou deveremos renascer amanhã. O contrato natural leva-nos a considerar o ponto de vista do mundo na sua totalidade. Qualquer contrato cria um conjunto de laços com a natureza definido por um conjunto de relações, cuja rede unifica a Terra inteira; o contrato natural conecta nessa rede. Amor Sem amor, não há qualquer elo nem aliança. Eis, enfim, duas vezes, duas leis. Amai-vos uns aos outros, eis a nossa primeira lei. Nenhuma outra, desde há dois mil anos, soube ou pôde evitar, a não ser em raros momentos, o inferno sobre a terra. Esta obrigação contratual divide- se numa lei local, que exige que amemos o próximo, e uma lei global que requer que amemos, pelo menos, a humanidade se não acreditamos num Deus. Eis agora a segunda lei, que nos exige que amemos o mundo. Devemos, por isso, aprender e ensinar à nossa volta o amor do mundo ou da nossa Terra. Amar os nossos dois pais, natural e humano, a terra e o próximo; amar a humanidade, a nossa mãe humana e a nossa mãe natural que é a Terra.
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