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O idealismo filosofico, Summaries of Sociology of Education

História da filosofia contemporânea.

Typology: Summaries

2024/2025

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FUNDAÇÃO E ABSOLUTIZAÇÃO ESPECULATIVA DO IDEALISMO
FICHTE E O IDEALISMO ÉTICO
Johann Gottlieb Fichte, nasceu em Rammenau, na Saxônia em 1762. De uma família
pobre, foi guardador de gansos para ajudar a família. Mas a miséria constituiu para ele
uma elevada escola moral. Em 1792, depois da iluminação provocada pela leitura da
Crítica da razão prática, publicou o Ensaio de uma crítica de toda revelação, que marcou
seu sucesso.
No decurso da história, o idealismo manifestou-se de diferentes formas. Uma das
primeiras formas foi a metafísica platónica: a celebérrima doutrina das Ideias. Depois
foi o idealismo emanatista dos neoplatônicos; mais tarde, sob a influência destes
últimos, apareceram elaborações sulcadas de idealismo também no seio do cristianismo:
como é o caso as célebres de Agostinho e Boaventura. Trata-se de idealismo metafísico,
já que é atribuída às ideias solidez que ultrapassa a do pensamento e que tem as mesmas
qualidades que o ser. Para todos os filósofos da antiguidade e da Idade Média raiz das
coisas é sempre o ser, não o pensamento.
A partir de Descartes, desenvolve-se, na filosofia moderna, novo tipo de idealismo que
se chama de noético. Ele chega a concepção idealista do homem ao defini-lo como res
cogitans (coisa pensante).
O ponto de partida: Kant
É considerado o fundador do idealismo moderno, ele toma (inspira-se da) a filosofia de
Kant como ponto de partida de modo particular sobre as questões da liberdade. A
investigação da natureza do conhecimento, realizada por Kant nos Prolegômenos a toda
Metafísica Futura que queira se apresentar como ciência e na Crítica da Razão Pura,
mostrara que é válido, enquanto conhecimento objetivo, aquele que resulta da
aplicação das formas e categorias apriorísticas do sujeito aos dados empíricos. Como
consequência, Kant demonstrara também que a metafísica não poderia pretender validez
teórica, em virtude de passar por cima das formas da sensibilidade e aplicar as
categorias do entendimento diretamente à coisa-em-si. Segundo a Crítica da Razão
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FUNDAÇÃO E ABSOLUTIZAÇÃO ESPECULATIVA DO IDEALISMO

FICHTE E O IDEALISMO ÉTICO

Johann Gottlieb Fichte, nasceu em Rammenau, na Saxônia em 1762. De uma família pobre, foi guardador de gansos para ajudar a família. Mas a miséria constituiu para ele uma elevada escola moral. Em 1792, depois da iluminação provocada pela leitura da Crítica da razão prática, publicou o Ensaio de uma crítica de toda revelação, que marcou seu sucesso. No decurso da história, o idealismo manifestou-se de diferentes formas. Uma das primeiras formas foi a metafísica platónica: a celebérrima doutrina das Ideias. Depois foi o idealismo emanatista dos neoplatônicos; mais tarde, sob a influência destes últimos, apareceram elaborações sulcadas de idealismo também no seio do cristianismo: como é o caso as célebres de Agostinho e Boaventura. Trata-se de idealismo metafísico, já que é atribuída às ideias solidez que ultrapassa a do pensamento e que tem as mesmas qualidades que o ser. Para todos os filósofos da antiguidade e da Idade Média raiz das coisas é sempre o ser, não o pensamento. A partir de Descartes, desenvolve-se, na filosofia moderna, novo tipo de idealismo que se chama de noético. Ele chega a concepção idealista do homem ao defini-lo como res cogitans (coisa pensante). O ponto de partida: Kant É considerado o fundador do idealismo moderno, ele toma (inspira-se da) a filosofia de Kant como ponto de partida de modo particular sobre as questões da liberdade. A investigação da natureza do conhecimento, realizada por Kant nos Prolegômenos a toda Metafísica Futura que queira se apresentar como ciência e na Crítica da Razão Pura, mostrara que só é válido, enquanto conhecimento objetivo, aquele que resulta da aplicação das formas e categorias apriorísticas do sujeito aos dados empíricos. Como consequência, Kant demonstrara também que a metafísica não poderia pretender validez teórica, em virtude de passar por cima das formas da sensibilidade e aplicar as categorias do entendimento diretamente à coisa-em-si. Segundo a Crítica da Razão

Pura, não é possível provar teoricamente a existência de Deus, a imortalidade da alma e a liberdade. De todas as abordagens da coisa-em-si e da essência última da realidade, e mostrando a falta de solidez de tais construções, Kant procurou, contudo, outros fundamentos para a metafísica. Essa tarefa é realizada na Crítica da Razão Prática, obra em que Kant procura mostrar como toda metafísica é resultado das exigências práticas, isto é, morais, do homem. Diante da imensidão do mundo, o homem reconhece sua própria incapacidade de compreender-se dentro de todo, utilizando apenas os conhecimentos científicos. "O idealismo de Fichte é de carácter prático e moral. A sua especulação parte de uma interrogação prática, moral: qual é a missão do homem? Quais são as condições essenciais para que o homem, o eu, possa existir? Acontece assim que em Fichte a metafísica e a teorética em geral são, subordinadas à moral e à prática. O carácter ético da filosofia fichtiana evidencia-se por mais dois motivos: a essência do eu não consistir no conhecer, mas no querer (a razão prática é a raiz de qualquer outra razão); o mundo não é concebido como objeto do conhecimento, mas como obstáculo a superar: "jamais encontramos o ser pelo prazer de contemplá-lo. O mundo se nos apresenta sempre como esfera dos nossos deveres. Um mundo diferente do actual, são totalmente separadas "(Battista Mondin, vol.3, p. 24) Em síntese: segundo Kant, não é a metafísica ( uma certa concepção do que seja o mundo e todas as coisas que se encontram nele) o fundamento da ordem moral. Pelo contrário, são as exigências da razão prática que geram a metafísica e constituem seus postulados. Consequentemente, a filosofia kantiana estabelece que a razão prática, o mundo moral por ela instituído e, sobretudo, a liberdade que está em sua essência são independentes da teorização produzida pela razão pura. Com base em Kant, parecia possível construir um sistema de idealismo ético. Para realizar tal projecto, Fichte procurou solucionar as dualidades que persistiram na obra de Kant: coisa-em-si e aparência, conteúdo e forma, absoluto e prático, formal e material, inteligência e coração, razão prática e razão pura. Solução Fichtiana sobre as dualidades kantiana : de acordo Fichte, a solução deveria ser buscada num princípio situado em terreno prévio a toda relação entre sujeito e

a) De Reinhold, Fichte reconhece o mérito de ter chamado a atenção para a necessidade de reconduzir a filosofia a um princípio único, que não se encontra tematizado em Kant b) De Schulze, Fichte reconhece o mérito de tê-lo feito refletir muito e, com suas críticas céticas, tê-lo feito compreender que a solução de Reinhold era insuficiente, sendo necessário, portanto, procurar o princípio único em plano mais elevado. c) De Maimon, Fichte reconhece o mérito de ter mostrado a impossibilidade da "coisa em si", extraindo disso algumas consequências frutíferas, mas sobretudo aplainando-lhe o caminho para chegar às últimas conclusões que lhe permitissem unificar o sensível e o inteligível. A novidade de Fichte, é o golpe de génio que o levou à criação da nova filosofia, consistiu na transformação do EU penso kantiano em EU puro, entendido como intuição pura, que se autopõe (se autocria) e, autopondo-se, cria toda a realidade, e na relativa identificação da essência desse Eu com a liberdade. Ao pôr o EU como princípio primeiro e dele deduzir a realidade, Fichte criava o idealismo, cujos pontos principais devemos examinar agora. O EU Puro de Fichte é uma intuição intelectual, o eu entende a si mesmo e se autodeclara. Esse Eu provê o fundamento das coisas em si e dos fenómenos do mundo, assegurando assim a união entre o intelecto e o sensorial. Assim o Eu Puro torna-se a origem única e que está acima de todos os outros princípios. O EU fundamenta a ciência pelo facto de que é o EU que pensa e pensando dá sentido a todas as ligações lógicas que estão na base da ciência. Para Fichte até o Ser é algo derivado da ação do Eu, ou seja, não é a ação que vem do ser, mas ao contrário, é o agir do Eu que define e cria o ser. O ser é o resultado do agir, e quem age inicialmente é o Eu. Nb: O EU de Fichte é o princípio originário e absoluto ( realidade suprema e fundamental, independente de todas as demais, as vezes aplica-se a Deus ou ao divino ) de toda a realidade, e se qualifica essencialmente como actividade que antes de tudo põe a si mesma e, portanto, põe todas as coisas; desse modo, o EU é condição incondicionada de si mesmo e da realidade.

Na metafísica anterior a Fichte, a atividade, o agir, era sempre considerado consequência do ser (operari sequitur esse), o ser era condição do agir; o idealismo de Fichte inverte, ao contrário, o antigo axioma e afirma que esse sequitur operari: a ação precede o ser, o ser é produto do agir. E, assim, o Eu penso kantiano, que era a estrutura transcendental fundamental do sujeito, torna-se em Fichte atividade, auto-intuição (pg.50). A DOUTRINA DA CIÊNCIA E OS TRÊS PRINCÍPIOS DO IDEALISMO DE FICHTE ( pg. 51) Para Aristóteles, o princípio de todo saber científico era o princípio de não-contradição; na filosofia moderna wolffiana e para o próprio Kant era o princípio de identidade (A=A), para Fichte, ao contrário o princípio se autopõe (EU=EU) e, desse modo, põe a identidade A=A. A doutrina da ciência aborda o eu mediante uma intuição intelectual, que apreende sua estrutura e descobre seus princípios. Esses princípios são e constituem o fundamento da ação moral e todo pensamento científico, ou seja, o princípio de identidade, que lhe serve de fundamento, não pode ser princípio vazio, mas deve ter conteúdo, e o seu primeiro conteúdo não pode se senão a identidade do pensamento consigo mesmo.  O primeiro princípio do idealismo de Fichte, sua condição incondicionada, é, portanto: o Eu põe absolutamente a si mesmo. Este princípio é constitutivo do eu é uma versão metafísica do princípio da identidade lógica, segundo a qual A é igual a A. Para Fichte, este princípio (de Identidade) deriva ainda de outro princípio, de natureza inteiramente especial, particular. O princípio A=A é puramente formal, dizendo-nos apenas que, se existe A, então A=A. Há uma ligação lógica (se...então). Essa ligação só pode ser posta pelo EU que pensa. Portanto, o princípio originário só pode ser o próprio EU. O EU não é posto por algo diferente, mas se autopõe. EU=EU não significa identidade abstrata e formal, mas sim a identidade dinâmica de princípio autoposto.  O segundo princípio: o Eu opõe a si um não-eu. O segundo também é encontrado por Fichte pela análise do pensamento lógico. Em lógica, os juízos podem ser incluso (uma coisa é x) e exclusivo (aquela coisa não é x). Dessa dualidade decorre o segundo princípio da sua doutrina da ciência e da estrutura

referir-nos ao ser em si, mas somente ao ser para nós, ao ser que é estabelecido por nós, o fundamento do ser objetivo não é o ser em si, mas atividade em virtude da qual é posto, isto é, o pensamento. Em outras palavras, o ser para nós (o objeto) é possível somente sob a condição da autoconsciência: a consciência é, o fundamento do ser (Mondein, p.25) O FUNDAMENTO DA LEI MORAL Fichte resolve o problema da relação entre mundo fenomênico e mundo numénico, sustentando que:  A lei moral é o nosso ser-no-mundo-inteligível  A ação real constitui o nosso ser-no-mundo-sensível  A liberdade, enquanto poder absoluto de determinar o sensível segundo o inteligível, é a junção dos dois mundos: o verdadeiro princípio de tudo é, portanto, a liberdade do Eu O Homem realiza sua tarefa moral de modo pleno quando entra em relação com outros homens, para tornar-se plenamente homem, cada homem tem necessidade dos outros homens, a multiplicidade de homens implica o surgimento de muitos ideias e, portanto, de um conflito entre ideias diferentes; nesse conflito, uma vez que a ordem moral do mundo é o próprio Deus, não pode deixar de prevalecer aquele que é moralmente melhor. A multiplicidade de homens implica também o surgimento do direito e do Estado. Visto que o homem não está só, mas é parte de uma comunidade, é ser livre ao lado de outros seres também livres, e deve, portanto, limitar sua liberdade pelo reconhecimento da liberdade alheia. Todo o homem deve limitar sua própria liberdade, de modo que todos e cada um possam igualmente exercer a sua. Assim, nasce o direito. O direito fundamental é aquele que cada homem tem à liberdade (àquela liberdade que é concretamente co-possível no contexto de sociedade feita de homens livres). O segundo é o da propriedade. Cada qual tem direito a poder viver mediante seu próprio trabalho. (pgs. 55-56)

A ORIGEM DO DIREITO E DO ESTADO

A vida associada implica o surgimento do "direito", porque em comunidade o homem deve limitar a própria liberdade com o reconhecimento da liberdade do outro; o direito fundamental do homem é, portanto, o direito à liberdade; o segundo é o direito à propriedade (contra o comunismo). O Estado nasce de um contracto social e, portanto, de um consenso das vontades dos indivíduos, e deve garantir o trabalho a todos, impedindo que haja pobres; para atingir este objetivo, o Estado pode, se necessário, fechar o comércio exterior e tornar-se Estado comercial fechado (REALE,G-D Antiseri; vol. 5, pg.55). Ele trata do problema que outrora atormentara Kant sobre a relação entre o mundo sensível ou fenomênico e o mundo numénico com o qual se relaciona nosso agir moral. Fichte sustenta que a lei moral constitui nosso ser-no-mundo-inteligível (elo estrutural com o inteligível), a ação real constitui nosso ser-no-mundo-sensível e a liberdade é o elo entre os dois mundos, enquanto é poder absoluto de determinar o mundo sensível segundo o inteligível.