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1 Bases Neurológicas e Cognitivas do Desenvolvimento da ..., Esquemas de Neurociência

Bases Neurológicas e. Cognitivas do ... da aprendizagem, como poderá oferecer um ensino que dê oportunidades de ... Neuropsicologia: foca na interação.

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Birinha90
Birinha90 🇧🇷

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Bases Neurológicas e
Cognitivas do
Desenvolvimento da
Aprendizagem
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Baixe 1 Bases Neurológicas e Cognitivas do Desenvolvimento da ... e outras Esquemas em PDF para Neurociência, somente na Docsity!

Bases Neurológicas e

Cognitivas do

Desenvolvimento da

Aprendizagem

Apresentação

Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar o que você

sabe. Ensinar é lembrar os outros que eles sabem tanto quanto você. Somos,

todos, aprendizes, fazedores, professores. Richard Bach.

O que é aprender? O que é ensinar? Qual a relação entre ensino e aprendizagem?

São esses os principais questionamentos presentes nesta matéria.

Queridos alunos: vamos dar início a uma disciplina muito importante para quem

já é professor, porque lhe dá oportunidade de refletir sobre a sua prática

pedagógica e para o que ainda não o é, de entrar em contato com um campo da

ciência discriminado (que é o campo das ciências humanas) pelos que adentram

nas áreas experimentais laboratoriais, mas que nos permite um conhecimento

das teorias que regem o ensino e a aprendizagem.

Um professor que desconhece os saberes fundamentais que cercam os princípios

da aprendizagem, como poderá oferecer um ensino que dê oportunidades de

construção e produção do conhecimento de uma maneira metódica, crítica,

científica e ética?

Começaremos o estudo sobre a Didática, registrando que ela sempre existiu na

história da humanidade porque o homem sempre ensinou e aprendeu. No

entanto, a escola como uma instituição para todos só foi instituída socialmente,

como forma de transmitir o legado cultural construído pela humanidade, somente

há pouco mais de duzentos anos.

O desenvolvimento geral do individuo será resultado de suas potencialidades genéticas e, sobretudo, das habilidades aprendidas durante as várias fases da vida. A aprendizagem está diretamente relacionada com o desenvolvimento cognitivo. As passagens pelos estágios da vida são marcadas por constante aprendizagem. “Vivendo e aprendendo”, diz a sabedoria popular. Assim, os indivíduos tendem a melhorar suas realizações nas tarefas que a vida lhes impõe. A aprendizagem permite ao sujeito compreender melhor as coisas que estão à sua volta, seus companheiros, a natureza e a si mesmo, capacitando-o a ajustar-se ao seu ambiente físico e social.

A teoria da instrução de Jerome Bruner (1991), um autêntico representante da adordagem cognitiva, traz contribuições significativas ao processo ensino-aprendizagem, principalmente à aprendizagem desenvolvida nas escolas. Sendo uma teoria cognitiva, apresenta a preocupação com os processos centrais do pensamento, como organização do conhecimento, processamento de informação, raciocínio e tomada de decisão. Considera a aprendizagem como um processo interno, mediado cognitivamente, mais do que como um produto direto do ambiente, de

fatores externos ao aprendiz. Apresenta-se como o principal defensor do método de aprendizagem por descoberta (insight).

A teoria de Bruner apresenta muitos pontos semelhantes às teorias de Gestalt e de Piaget. Bruner considera a existência de estágios durante o desenvolvimento cognitivo e propõe explicações similares às de Piaget, quanto ao processo de aprendizagem. Atribui importância ao modo como o material a ser aprendido é disposto, assim como Gestalt, valorizando o conceito de estrutura e arranjos de idéias. “Aproveitar o potencial que o indivíduo traz e valorizar a curiosidade natural da criança são princípios que devem ser observados pelo educador” (BRUNER, 1991, p. 122).

A escola não deve perder de vista que a aprendizagem de um novo conceito envolve a interação com o já aprendido. Portanto, as experiências e vivências que o aluno traz consigo favorecem novas aprendizagens. Bruner chama a atenção para o fato de que as matérias ou disciplinas tais como estão organizadas nos currículos, constituem-se muitas vezes divisões artificiais do saber. Por isso, várias disciplinas possuem princípios comuns sem que os alunos – e algumas vezes os próprios professores – analisem tal fato, tornando o ensino uma repetição

sem sentido, em que apenas respondem a comandos arbitrários, Bruner propõe o ensino pela descoberta. O método da descoberta não só ensina a criança a resolver problemas da vida prática, como também garante a ela uma compreensão da estrutura fundamental do conhecimento, possibilitando assim economia no uso da memória, e a transferência da aprendizagem no sentido mais amplo e total.

Segundo Bock (2001), a preocupação de Bruner é que a criança aprenda a aprender corretamente, ainda que “corretamente” assuma, na prática, sentidos diferentes para as diferentes faixas etárias. Para que se garanta uma aprendizagem correta, o ensino deverá assegurar a aquisição e permanência do aprendido (memorização), de forma a facilitar a aprendizagem subseqüente (transferência). Este é um método não estruturado, portanto o professor deve estar preparado para lidar com perguntas

e situações diversas. O professor deve conhecer a fundo os conteúdos a serem tratados. Deve estar apto a conhecer respostas corretas e reconhecer quando e porque as respostas alternativas estão erradas. Também necessita saber esperar que os alunos cheguem à descoberta, sem apressa-los, mas garantindo a execução de um programa mínimo. Deve também ter cuidado para não promover um clima competitivo que gere, ansiedade e impeça alguns alunos de aprender.

O modelo de ensino e aprendizagem de David P. Ausubel (1980) caracteriza-se como um modelo cognitivo que apresenta peculiaridades bastante interessantes para os professores, pois centraliza-se, primordialmente, no processo de aprendizagem tal como ocorre em sala de aula. Para Ausubel, aprendizagem significa organização e integração do material aprendido na estrutura cognitiva, estrutura esta na qual essa organização e integração se processam.

Psicólogos e educadores têm demonstrado uma crescente preocupação com o modo como o indivíduo aprende e, desde Piaget, questões do tipo: “Como surge o conhecer no ser humano? Como o ser humano aprende? O conhecimento na escola é diferente do conhecimento da vida diária? O que é mais fácil esquecer?”

Em nosso entendimento a escola faz parte de um contexto que engloba a sociedade, sua organização, sua estrutura, sua cultura e sua história. Desse modo, qualquer projeto de ensino – aprendizagem está ligado a este contexto e ao modo de cultura que orienta um modelo de homem e de mulher que pretendemos formar, para responder aos desafios desta sociedade. Por esta razão, pensamos que é de fundamental importância que os professores saibam que tipo de ser humano pretendem formar para esta sociedade, pois disto depende, em grande parte, as escolhas que fazemos pelos conteúdos que ensinamos, pela metodologia que optamos e pelas atitudes que assumimos diante dos alunos. De certo modo esta visão limitada ou potencializada o processo ensino- aprendizagem não depende das políticas públicas em curso, mas do projeto de formação cultural que possui o corpo docente e seu compromisso com objeto de estudo.

Como o ato pedagógico de ensino- aprendizagem constitui-se, ao longo prazo, num projeto de formação humana, propomos que esta formação seja orientada por um processo de autonomia que ocorra pela produção autônoma do conhecimento, como forma de promover a

democratização dos saberes e como modo de elaborar a crítica da realidade existente.

Isto quer dizer que só há crítica se houver produção autônoma do conhecimento elaborado através de uma prática efetiva da pesquisa. Entendemos que é pela prática da pesquisa que exercitamos a reflexão sobre a realidade como forma de sistematizar metodologicamente nosso olhar sobre o mundo para podermos agir sobre os problemas. Isto quer dizer que não pesquisamos por pesquisar e nem refletimos por refletir. Tanto a reflexão quanto à pesquisa são meios pelos quais podemos agir como sujeitos transformadores da realidade social. Isto indica que nosso trabalho, como professores, é o de ensinar a aprender para que o conhecimento construído pela aprendizagem seja um poderoso instrumento de combate às formas de injustiças que se reproduzem no interior da sociedade.

Piaget (1969), foi quem mais contribuiu para compreendermos melhor o processo em que se vivencia a construção do conhecimento no indivíduo.

Apresentamos as idéias básicas de Piaget (l969, p.14) sobre o

desenvolvimento mental e sobre o processo de construção do conhecimento, que são adaptação, assimilação e acomodação.

Piaget diz que o individuo está constantemente interagindo com o meio ambiente. Dessa interação resulta uma mudança contínua, que chamamos de adaptação. Com sentido análogo ao da Biologia, emprega a palavra adaptação para designar o processo que ocasiona uma mudança contínua no indivíduo, decorrente de sua constante interação com o meio.

Esse ciclo adaptativo é constituído por dois subprocessos: assimilação e acomodação. A assimilação está relacionada à apropriação de conhecimentos e habilidade. O processo de assimilação é um dos conceitos fundamentais da teoria da instrução e do ensino. Permite-nos entender que o ato de aprender é um ato de conhecimento pelo qual assimilamos mentalmente os fatos, fenômenos e relações do mundo, da natureza e da sociedade, através do estudo das matérias de ensino. Nesse sentido, podemos dizer que a aprendizagem é uma relação cognitiva entre o sujeito e os objetos de conhecimento.

A acomodação é que ajuda na reorganização e na modificação dos esquemas assimilatórios anteriores do indivíduo para ajustá-los a cada nova experiência, acomodando-as às estruturas mentais já existentes. Portanto, a adaptação é o equilíbrio entre assimilação e acomodação, e acarreta uma mudança no indivíduo.

A inteligência desempenha uma função adaptativa, pois é através dela que o indivíduo coleta as informações do meio e as reorganiza, de forma a compreender melhor a realidade em que vive, nela agi, transformando. Para Piaget (1969, p.38), a inteligência é adaptação na sua forma mais elevada, isto é, o desenvolvimento mental, em sua organização progressiva, é uma forma de adaptação sempre mais precisa à realidade. É preciso ter sempre em mente que Piaget usa a palavra adaptação no sentido em que é usado pela Biologia, ou seja, uma modificação que ocorre no indivíduo em decorrência de sua interação com o meio.

Portanto, é no processo de construção do conhecimento e na aquisição de saberes que devemos fazer com que o aluno da EJA seja motivado a desenvolver sua aprendizagem e ao mesmo tempo superar as dificuldades que sentem em assimilar o conhecimento adquirido.

processos mentais têm influências físicas e as questões físicas alteram o indivíduo a nível emocional. Além disso, as pesquisas realizadas no ramo exploram mais de uma área do conhecimento. Por esse motivo, essa ciência é considerada multidisciplinar, reunindo diversas especialidades, como bioquímica, biomedicina, fisiologia, farmacologia, estatística, física, engenharia, economia, linguística, entre outras que objetivam investigar o comportamento, os mecanismos de aprendizado e a aquisição de conhecimento humanos.

São várias as finalidades das pesquisas na área da neurociência. Entre elas, destaque para o entendimento de como nossas vivências são capazes de alterar o cerébro e como interferem no seu desenvolvimento. Dessa forma, essa disciplina abrange a inteligência, o raciocínio, a capacidade de sentir, de sonhar, comandar o corpo, tomar decisões, fazer movimentos, entre outros.

Alguns setores específicos também se utilizam da neurociência, como é o caso dos profissionais em engenharia médica, no desenvolvimento de equipamentos e soluções a portadores de necessidades especiais. Da mesma forma, podemos citar profissionais da informática que desenvolvem softwares, para viabilizar as

atividades de pessoas com algum tipo de limitação intelectual ou física.

Para compreender esse complexo mecanismo, os cientistas consideram a forma como funcionam os processos a nível cognitivo, principalmente no que se refere à decodificação e transmissão de informação realizadas pelos neurônios, bem como suas respectivas funções e comportamentos.

2.1. A evolução da neurociência

Estudar o sistema nervoso pode parecer relativamente fácil, mas não é. O entendimento sobre o funcionamento dos mecanismos de regulação desse órgão tem sido um dos maiores desafios da humanidade desde a Antiguidade. O termo Neurociência surgiu recentemente, em 1970, mas os estudos do cérebro humano são de muitos anos atrás, datam desde a filosofia grega, antes de Cristo. Isso se deve ao fato de que esse é o órgão mais complexo do corpo humano, constituído por milhares de células.

Os filósofos da Grécia desenvolveram teorias sobre o cérebro através de simples observações, já os romanos iniciaram seus estudos dissecando animais. No século XVIII, levado pelo Iluminismo, surgiram os

estudos mais aprofundados do sistema nervoso.

A teoria da evolução de Charles Darwin também contribuiu significativamente para o entendimento da estrutura e funcionamento cerebrais. Mas foi o surgimento de tecnologias como Raio X e tomografias computadorizadas que otimizou as pesquisas na área e inaugurou efetivamente a Neurociência.

Atualmente, a cibernética também tem oferecido contribuições para essa disciplina, principalmente por meio da neurociência computacional. O seu principal objetivo é compreender e imitar o funcionamento do sistema nervoso para o desenvolvimento de máquinas que auxiliem o ser humano em diversos campos.

2.2. Neurociência em Correlação a

Aprendizagem

A emoção interfere no processo de retenção de informação. É preciso motivação para aprender. A atenção é fundamental na aprendizagem. O cérebro se modifica em contato com o meio durante toda a vida. A formação da memória é mais efetiva quando a nova informação é associada a um conhecimento prévio. Para você, essas afirmações podem não ser inovadoras, seja por causa da sua experiência em sala, seja por ter estudado Jean Piaget (1896-1980), Lev Vygotsky (1896- 1934), Henri Wallon (1879-1962) e David Ausubel (1918-2008), a maioria da área da Psicologia cognitiva. A novidade é que as conclusões são fruto de investigações neurológicas recentes sobre o funcionamento cerebral.

"O que hoje a Neurociência defende sobre o processo de aprendizagem se assemelha ao que os teóricos mostravam por diferentes caminhos", diz a psicóloga Tania Beatriz Iwaszko Marques, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), estudiosa de Piaget. O avanço das metodologias de pesquisa e da tecnologia permitiu que novos estudos se tornassem possíveis. "Até o século passado, apenas se intuía como o cérebro funcionava. Ganhamos precisão", diz Lino de Macedo,

desenvolvimento do cérebro decorre da integração entre o corpo e o meio social. O educador precisa potencializar essa interação por parte das crianças", afirma Laurinda Ramalho de Almeida, professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e especialista em Wallon.

Para tornar mais claro o diálogo entre Neurociência, Psicologia e Pedagogia, NOVA ESCOLA mostra cinco conclusões neurocientíficas ligadas à aprendizagem. Confira, nos comentários dos especialistas, o que grandes teóricos dizem a respeito desses temas e reflita sobre a relação deles com sua prática em sala.

2.3. Fatores de Interferência no

Processo de Desenvolvimento da

Aprendizagem:

2.3.1. Emoção

Ela interfere no processo de retenção da informação

Os pesquisadores Larry Cahill e James McGaugh, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, publicaram nos anos 1990 os resultados de estudos em que foram mostradas duas séries de imagens a pessoas. Uma tinha um caráter emocional

e a outra era neutra. O grupo teve uma recordação maior das emotivas. Por meio de um tomógrafo, foi observada a relação entre a ativação da amígdala (parte importante do sistema emotivo do cérebro) e o processo de formação da memória. "Quanto mais emoção contenha determinado evento, mais ele será gravado no cérebro", diz Iván Izquierdo, médico, neurologista e coordenador do Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

A emoção, para Piaget: "O psicólogo valoriza o termo afetividade, em vez de emoção, e diz que ela influencia positiva ou negativamente os processos de aprendizagem, acelerando ou atrasando o desenvolvimento intelectual."

  • Lino de Macedo

A emoção, para Vygotsky: "Para compreender o funcionamento cognitivo (razão ou inteligência), é preciso entender o aspecto emocional. Os dois processos são uma unidade: o afeto interfere na cognição, e vice-versa. A própria motivação para aprender está associada a uma base afetiva."

  • Claudia Lopes da Silva

A emoção, para Wallon: "O pesquisador defende que a pessoa é

resultado da integração entre afetividade, cognição e movimento. O que é conquistado em um desses conjuntos interfere nos demais. O afetivo, por meio de emoções, sentimentos e paixões, sinaliza como o mundo interno e externo nos afeta. Para Wallon, que estudou a afetividade geneticamente, os acontecimentos à nossa volta estimulam tanto os movimentos do corpo quanto a atividade mental, interferindo no desenvolvimento."

  • Laurinda Ramalho de Almeida

Implicações na Educação: O professor, ao observar as emoções dos estudantes, pode ter pistas de como o meio escolar os afeta: se está instigando emocionalmente ou causando apatia por ser desestimulante. Dessa forma, consegue reverter um quadro negativo, que não favorece a aprendizagem.

2.3.2. Motivação

Ela é necessária para aprender

"Da mesma forma que sem fome não apreendemos a comer e sem sede não aprendemos a beber água, sem motivação não conseguimos aprender", afirma Iván Izquierdo. Estudos comprovam que no cérebro existe um sistema dedicado à motivação e à recompensa. Quando o

sujeito é afetado positivamente por algo, a região responsável pelos centros de prazer produz uma substância chamada dopamina. A ativação desses centros gera bem-estar, que mobiliza a atenção da pessoa e reforça o comportamento dela em relação ao objeto que a afetou. A neurologista Suzana Herculano-Houzel, autora do livro Fique de Bem com Seu Cérebro (208 págs., Ed. Sextante, tel. 21/2538-4100, 19,90 reais), explica que tarefas muito difíceis desmotivam e deixam o cérebro frustrado, sem obter prazer do sistema de recompensa. Por isso são abandonadas, o que também ocorre com as fáceis.

A motivação, para Piaget : "É a procura por respostas quando a pessoa está diante de uma situação que ainda não consegue resolver. A aprendizagem ocorre na relação entre o que ela sabe e o que o meio físico e social oferece. Sem desafios, não há por que buscar soluções. Por outro lado, se a questão for distante do que se sabe, não são possíveis novas sínteses."

  • Tania Beatriz Iwaszko Marques

A motivação, para Vygotsky: "A cognição tem origem na motivação. Mas ela não brota espontaneamente, como se existissem algumas crianças com vontade

desafio e se for possível estabelecer uma relação entre esse elemento novo e o que já se sabe, a atenção é despertada."

  • Tania Beatriz Iwaszko Marques

A atenção, para Ausubel: "A mente é seletiva. Segundo Ausubel, só reconhecemos nos fenômenos que acontecem a nossa volta aquilo que o nosso conhecimento prévio nos permite perceber. Não hesitamos, por exemplo, em interromper uma atividade quando sentimos um cheiro de fumaça no ambiente. Conhecer padrões é fundamental para se dedicar, agir e aprender sobre o que importa."

  • Evelyse dos Santos Lemos

A atenção, para Vygotsky: "No decorrer do processo de desenvolvimento, a atenção passa de automática para dirigida, sendo orientada de forma intencional e estreitamente relacionada com o pensamento. Ou seja, ela sofre influência dos símbolos de um meio cultural, que acaba por orientá-la. Atenção e memória se desenvolvem de modo interdependente, num processo de progressiva intelectualização."

  • Claudia Lopes da Silva

Implicações na Educação: Falta de atenção não é sinônimo de indisciplina ou de desinteresse por parte das crianças. Ela pode ser decorrente de um meio desestimulante ou de situações inadequadas à aprendizagem. Para evitar isso, o professor deve focar a interação entre ele, o saber e o aluno, refletindo sobre as atividades propostas e modificando-as se necessário.

2.3.4. Plasticidade cerebral

O cérebro se modifica em contato com o meio durante toda a vida

A interferência do ambiente no sistema nervoso causa mudanças anatômicas e funcionais no cérebro. Assim, a quantidade de neurônios e as conexões entre eles (sinapses) mudam dependendo das experiências pelas quais se passa. Antes, acreditava-se que as sinapses formadas na infância permaneciam imutáveis pelo resto da vida, mas há indícios de que não é assim. Nos anos 1980, um estudo pioneiro do neurocientista norte-americano Michael Merzenich, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, demonstrou que o cérebro de macacos adultos se modificava depois da amputação de um dos dedos da mão. A perda do membro provocava atrofia dos neurônios da região

responsável pelo controle motor do dedo amputado. Porém ele observou também que essa área acabava sendo ocupada pelos neurônios responsáveis pelo movimento do dedo ao lado.

A influência do meio, para Vygotsky: "A cognição se constitui pelas experiências sociais, e a importância do ambiente nesse enfoque é fundamental. À medida que aprende, a criança - e seu cérebro - se desenvolve. A ideia é oposta à da maturação, de acordo com a qual se deve aguardar que ela atinja uma prontidão para poder ensiná-la."

  • Claudia Lopes da Silva

A influência do meio, para Wallon: "A relação complementar e recíproca entre os fatores orgânicos e socioculturais está presente em todas as análises de Wallon. Para ele, a criança nasce com um equipamento biológico, mas vai se constituir no meio social, que tanto pode favorecer seu desenvolvimento como tolhê- lo."

  • Laurinda Ramalho de Almeida

A influência do meio, para Piaget: Para o estímulo provocar certa resposta, é necessário que o indivíduo e seu organismo sejam capazes de fornecê-la. Por isso, não basta ter um meio

provocativo se a pessoa não participar dele ou, como complementaria o teórico, se ela for incapaz de se sensibilizar com os estímulos oferecidos e reagir a eles. A aprendizagem, portanto, não é a mesma para todos, e também difere de acordo com os níveis de desenvolvimento de cada um, pois há domínios exigidos para que seja possível construir determinados conhecimentos."

  • Lino de Macedo

Implicações na Educação: O aluno deve ser ativo em suas aprendizagens, mas cabe ao professor propor, orientar e oferecer condições para que ele exerça suas potencialidades. Para isso, deve conhecê-lo bem, assim como o contexto em que vive e a relação dele com a natureza do tema a ser aprendido.

2.3.5. Memória

Ela é mais efetiva na associação com um conhecimento já adquirido

A ativação de circuitos ou redes neurais se dá em sua maior parte por associação: uma rede é ativada por outra e assim sucessivamente. Quanto mais frequentemente isso acontece, mais estáveis e fortes se tornam as conexões sinápticas e mais fácil é a recuperação da memória. Isso se dá por repetição da

sejam aprendidos e fiquem na memória, e dar condições para que o aluno construa sentido sobre o que está vendo em sala.

3. Analise do Cérebro Humano

O cérebro humano é composto por cerca de 86 bilhões de neurônios, e cada um deles pode formar até 10 mil conexões entre si. Considerando que ocorram transmissões de informações em cada uma dessas conexões, há um número gigantesco de combinações de estados que pode ocorrer em cada instante no cérebro. Nosso cérebro é percorrido por correntes elétricas a cada milésimo de segundo, e o simples fato de alguém assistir a um vídeo na internet ou ouvir a voz de um narrador gera uma tempestade de correntes elétricas no cérebro que resultam em pensamentos, emoções e consciência. Pode até parecer mágica, mas não é. O que existe no interior de nossa cabeça é um órgão de complexidade única no planeta Terra, e que a partir do caos gerado pela interação de milhares correntes elétricas, produz a experiência de viver no mundo. O que normalmente chamamos de cérebro, na verdade, se chama encéfalo, e o cérebro é apenas uma de suas partes juntamente com o cerebelo e o tronco encefálico. Se o encéfalo fosse uma parede, os neurônios e células da glia seriam os tijolos.

Partes distintas do encéfalo estão envolvidas em diferentes funções biológicas, cognitivas, sensoriais e motoras. As funções psicológicas estão interligadas de uma maneira muito complexa com o tecido neural. Porém, nem sempre há somente uma área envolvida, pois vários dos feitos humanos envolvem o funcionamento conjunto e simultâneo de diversas regiões do encéfalo. Além disso, em caso de danos a uma área, outras regiões podem retomar as funções prejudicadas parcial ou totalmente. E pra não deixar dúvidas: diferentemente do que se diz por aí, não usamos apenas 10% de nosso cérebro. Na verdade, ele é utilizado quase que completamente e quase o tempo todo.

3.1. Policronização

O cérebro é capaz de reunir informações e interpretar cada evento de um modo único. Se, por exemplo, uma bola se desloca no espaço, o cérebro a processa como um objeto que possui uma forma esférica e que se movimenta à frente de um campo constituído por alguma cor. Outros parâmetros podem ser a velocidade e a emissão do som. Todos esses aspectos são processados em diferentes áreas do cérebro, que precisa concatenar esses dados para transformá-

los no objeto observado, ou seja, uma bola em movimento.

A ideia que sustenta o conceito de policronização fornece exatamente esse contexto, onde o cérebro é capaz de utilizar uma quantidade nita de células em um processo que codica os eventos de uma maneira quase que innita

No caso da memória operacional, existem redes no córtex pré-frontal que atuam durante a codicação do evento. Essas mesmas redes são usadas para processar diversos eventos, mesmo que eles ocorram em tempos diferentes.

3.2. Como o cérebro Filtra as

informações

Continuamente, as pessoas recebem uma série de sinais captados por seus sentidos. Contudo, é impossível processar

todo esse volume ao mesmo tempo. Anal, a memória de trabalho é bastante limitada. Por isso, o indivíduo não consegue processar todas as informações que chegam a ele a cada segundo.

Há dois filtros no cérebro. Um deles é o chamado SAR (Sistema Ativador Reticular) e o outro é a amigdala.

3.2.1. Sistema Ativador

Reticular (SAR)

O SAR é um feixe de nervos situado na base do crânio, ou seja, na parte mais fundamental e primitiva do cérebro. Inclusive, se houver qualquer dano nesses nervos, muito provavelmente o indivíduo entrará em estado de coma.

O SAR cumpre várias funções ligadas ao funcionamento básico do organismo, além de ltrar tudo que é recebido pelo organismo. Assim, ele encaminha algumas informações para o consciente, e diante da impossibilidade de fazê-lo, direciona-as para o subconsciente.

Alguns fenômenos ligados ao funcionamento do SAR podem ajudar o individuo a entender os critérios usados para nesse processo de ltragem. Por exemplo, quando alguém decide comprar um modelo especico de carro, é normal que ele comece a reparar mais naquele