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A P.E do Reino Unido para a U.E, Resumos de Ciência Política

Este resumo analisa a Política Externa (P.E) do Reino Unido na sua relação com a União Europeia (U.E). Para o efeito, o capítulo apresenta uma abordagem que se sustenta, primeiramente, na revisão bibliográfica, onde descreve-se a evolução histórica da P.E do Reino Unido para a U.E. Em seguida, analisa-se a utilidade que os diferentes instrumentos de P.E têm na P.E do Reino Unido para a U.E, onde dá-se ênfase aos instrumentos políticos, económicos e militares.

Tipologia: Resumos

2021

Compartilhado em 06/03/2023

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CAPÍTULO 4: IMPACTO POLÍTICO E ECONÓMICO DO BREXIT PARA O
REINO UNIDO
As consequências do Brexit são difíceis de prever, uma vez que, é a primeira vez que
um país membro decide sair do bloco económico desde sua criação. Não obstante, trata-
se de um assunto recente e que ainda não produziu grande impacto na Comunidade
Internacional. Contudo, é possível observar alguns impactos significativos na
economia, na política e na sociedade do Reino Unido e dos países europeus. É neste
âmbito que o presente capítulo procura identificar o impacto político e económico do
Brexit para o Reino Unido.
4.1. Impacto Económico
Do ponto de vista económico os efeitos foram imediatos. No dia seguinte ao referendo,
a libra esterlina registou uma forte queda, assim como o dólar australiano e o dólar
neozelandês. A bolsa e o mercado mobiliário sofreram uma forte queda naquela semana,
por isso, o governo britânico baixou as taxas de juros e fez empréstimos bancários para
conter uma possível perda de capitais (Bezerra, 20181).
Em consequência da subida da inflação e da estagnação do crescimento dos salários,
registou-se uma diminuição do consumo por parte dos britânicos. Em 2017 as despesas
de consumo cresceram em média 0,2% por mês, o pior resultado desde 2013. Segundo a
ONS (2018), a despesa das famílias cresceu 1,7% em 2017, abaixo dos 3,1% registados
em 2016. Dados divulgados mostraram que o número de novos carros particulares
registados no Reino Unido tem vindo a cair drasticamente, continuando uma tendência
que se tinha vindo a verificar nos últimos dois anos, mas que se intensificou desde o
referendo. Também a poupança das famílias desceu para os 4,9% em 2017, o valor mais
baixo desde que há registos.
Ainda nesta perspectiva (Dhingra et al., 2015: 20), sustentam que, conforme é sabido a
UE é o principal parceiro económico do Reino Unido, respondendo por cerca da metade
do comércio do Reino Unido e suas exportações para o bloco correspondem a quase
15% do produto interno bruto (PIB) daquele país. Naturalmente, a saída do Reino
Unido, consequentemente, do mercado único associado à área de livre comércio, levou
a uma redução do fluxo de comércio entre ambas partes, assim como um aumento nos
1 Bezerra Juliana. (2018) Brexit. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/brexit/>. Acessado
em: 20 de Abril de 2022.
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CAPÍTULO 4: IMPACTO POLÍTICO E ECONÓMICO DO BREXIT PARA O

REINO UNIDO

As consequências do Brexit são difíceis de prever, uma vez que, é a primeira vez que um país membro decide sair do bloco económico desde sua criação. Não obstante, trata- se de um assunto recente e que ainda não produziu grande impacto na Comunidade Internacional. Contudo, já é possível observar alguns impactos significativos na economia, na política e na sociedade do Reino Unido e dos países europeus. É neste âmbito que o presente capítulo procura identificar o impacto político e económico do Brexit para o Reino Unido. 4.1. Impacto Económico Do ponto de vista económico os efeitos foram imediatos. No dia seguinte ao referendo, a libra esterlina registou uma forte queda, assim como o dólar australiano e o dólar neozelandês. A bolsa e o mercado mobiliário sofreram uma forte queda naquela semana, por isso, o governo britânico baixou as taxas de juros e fez empréstimos bancários para conter uma possível perda de capitais (Bezerra, 2018^1 ). Em consequência da subida da inflação e da estagnação do crescimento dos salários, registou-se uma diminuição do consumo por parte dos britânicos. Em 2017 as despesas de consumo cresceram em média 0,2% por mês, o pior resultado desde 2013. Segundo a ONS (2018), a despesa das famílias cresceu 1,7% em 2017, abaixo dos 3,1% registados em 2016. Dados divulgados mostraram que o número de novos carros particulares registados no Reino Unido tem vindo a cair drasticamente, continuando uma tendência que se tinha vindo a verificar nos últimos dois anos, mas que se intensificou desde o referendo. Também a poupança das famílias desceu para os 4,9% em 2017, o valor mais baixo desde que há registos. Ainda nesta perspectiva (Dhingra et al., 2015: 20), sustentam que, conforme é sabido a UE é o principal parceiro económico do Reino Unido, respondendo por cerca da metade do comércio do Reino Unido e suas exportações para o bloco correspondem a quase 15% do produto interno bruto (PIB) daquele país. Naturalmente, a saída do Reino Unido, consequentemente, do mercado único associado à área de livre comércio, levou a uma redução do fluxo de comércio entre ambas partes, assim como um aumento nos (^1) Bezerra Juliana. (2018) Brexit. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/brexit/>. Acessado em: 20 de Abril de 2022.

custos directos desse comércio em função da reintrodução tanto de barreiras tarifárias como não tarifárias. Já no ponto de vista da União Europeia, a saída do Reino Unido da organização também não é positiva economicamente e a enfraquece como bloco económico. Isto porque, o Reino Unido tem uma das economias mais fortes e dinâmicas da Europa. Somente em 2014, o Reino Unido contribuiu com 11,3 bilhões de euros à UE, o segundo maior valor oferecido pelos países-membros. Ao lado dos países como Alemanha e França, o Reino Unido é um dos pilares da economia do bloco económico, de modo que a consequência da saída deste do bloco implica no compartilhamento desta responsabilidade financeira entre os outros países (Dhingra et al ., 2016: 5). 4.2. Impacto Político Na política, o primeiro-ministro britânico, na altura David Cameron, que era favorável a permanência do Reino Unido, renunciou ao cargo tendo sido substituído por Theresa May. O Reino Unido teve ainda que renegociar todos os tratados comerciais e políticos já firmados com os países membros da União Europeia, especialmente com os Estados Unidos e o Japão, para permitir que as empresas britânicas vendam produtos e serviços para países da UE sem serem atingidas por tarifas excessivas e outras restrições (Alves, 2015: 18). O que pode significar em perdas económicas, aumento de tributação na comercialização e principalmente maior burocracia nas negociações internas na medida em que a negociação de novos acordos de comércio possivelmente implicaria em diversas regras, protocolos e regulamentos que as associações requerem, o que poderia colocar o Reino Unido em situações delicadas para manter seu status comercial e político para com a UE e o resto do mundo. A saída do Reino Unido da União Europeia também reacendeu a polémica no tocante à independência escocesa. Isto porque, historicamente, grande parte dos escoceses sempre defenderam a saída da Escócia do Reino Unido, o que resultou, no ano de 2014, a realização de um referendo que propunha a independência daquele país. Na época, com uma mínima diferença nos votos, os eleitores votaram pela permanência da Escócia no Reino Unido (Smeral, 2009: 3). No mesmo sentido, em relação ao Brexit , segundo o

Lang, (2016: 14^2 ) citado por Pedroza, et al (2018: 664), sustenta que os escoceses foram

relativamente mais favoráveis ao lado da permanência do Reino Unido na União (^2) Lang, João Pedro (2016), Brexit: o início do fim da União Europeia. Disponível em: http://mercadopopular.org/2016/06/brexit-o-inicio-do-fim-da-uniao-europeia/.

tripartição de poderes e usurparia as competências legislativas do Congresso britânico ( Ibid). Após as considerações anteriores, é preciso identificar o que poderia ser obtido como vantagem do Brexit para o Reino Unido. Há o argumento de que o Reino Unido estaria mais livre para reduzir tarifas de importação para outros países, o que traria impacto positivo para o bem-estar britânico (Busch; Matthes, 2016: 19). Com relação aos Estados Unidos da América, que é o país que mais recebe mercadorias do Reino Unido (OEC, 2017), notícias recentes indicam a intenção de um acordo entre os dois países com disposição para o aumento dos fluxos comerciais. Dhingra et al. (2016: 5), estimam os custos e os benefícios do Brexit e indicam que, a despeito da economia feita com a redução da participação financeira do Reino Unido na União Europeia, é preciso considerar que mesmo com a saída o Reino Unido não deixa de pagar determinados montantes para a UE, para continuar tendo acesso ao Mercado Comum. Dessa forma, os custos em razão da menor integração com a União Europeia em termos de comércio poderiam superar a economia mencionada. Os autores citados ressaltam ainda que é preciso levar em conta quais políticas que o Reino Unido pretende adoptar após saída. Por outro lado, não se pode deixar de considerar que não apenas o Reino Unido teria perdas com o Brexit , mas também a União Europeia. Belke et al. (2017: 28), comparam o impacto da saída do Reino Unido à magnitude do Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) com o sinal invertido, uma vez que o fluxo comercial entre UE e Reino Unido é equivalente ao que ocorre entre UE e Estados Unidos. Em síntese, pode-se concluir que o Brexit remeteu e ainda poderá arremeter implicações negativas quanto positivas, para o Reino Unido, como na questão da criação de futuros acordos comerciais bilaterais que fortaleceriam o comércio com países como Estado Unidos e Japão; quanto negativas como do ponto de vista económico, no qual a saída acarretou em uma suposta queda drástica do PIB do país; e político, como no provável retorno das discussões de separatismo da Escócia. Por seu turno, para a União Europeia, o mesmo se verificou, em torno, sobretudo, de questões de regulamentos económicos e investimento estrangeiro directo, a saída do Estado britânico do bloco europeu gerou diversas consequências positivas e negativas. Lista de Referências

Alves, Juliana Helena De Lima (2015), “ A saída do Reino Unido da União Europeia: um Dilema sobre as Consequências Económicas e Políticas ”. (Artigo apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília), 2-23. Belke, A. et al. (2017), “The Economic Impact of Brexit: Evidence from Modelling Free Trade Agreements”. Atlantic Economic Journal. Volume n°. 45, 317-331. Busch, Philipp; Matthes A. (2016). As causas do Brexit, a história da União Europeia e suas ideologias conflituantes. Disponível em: https://www.mises.org.br/ArticlePrint.aspx?id=2449. Consultado em 24 de Abril de

Dhingra, S. et al. (2015), “The consequences of Brexit for UK trade and living standarts”. Centre for Economic Performance , London School of Economics and Political Science. Dhingra, S. et al. (2016), “The Costs and Benefits of Leaving the EU: Trade Effects”. Economic Policy. Volume n°. 32, n°. 92, 651-705. OEC-The observatory of Economic Complexity (2017). United Kingdom. Disponível em: https://oec.world/en/profile/country/gbr. Consultado em 15 de Abril de 2022. ONS-Office for National Statistics (2018). Balance of payments , UK: disponível em: https://www.ons.gov.uk/economy/nationalaccounts/balanceofpayments/bulletins/ balanceofpayments/apriltojune. Consultado em 01 de Abril de 2022. Pedroza, B. C. et al. (2018), Brexit: “Uma Analise Acerca da Saída do Reino Unido da União Europeia”, Derecho y Cambio Social. Nº59, 652-672. Smeral, E. (2009). “The Impact of the Financial and Economic Crisis on European Tourism”. Journal of Travel Research. Volume n°. 48, n° 1, 3-13.