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A psicologia como ciência: processo histórico e correntes teóricas, Resumos de Psicologia da saúde

Uma visão geral sobre a psicologia como ciência, abordando seu processo histórico de constituição e as principais correntes teóricas que a influenciaram. Ele discute como a psicologia evoluiu de sua origem na filosofia e teologia para se tornar uma ciência independente, com a criação de institutos de pesquisa e o desenvolvimento de diversas escolas de pensamento, como o behaviorismo, a psicanálise, a gestalt e a psicologia humanista. O texto também aborda a importância da psicologia na saúde, destacando seu papel na compreensão da subjetividade humana e sua contribuição para a reabilitação, promoção e prevenção da saúde. Além disso, são apresentadas as características da psicologia como ciência, com seu objeto de estudo, métodos e técnicas específicas.

Tipologia: Resumos

2024

Compartilhado em 05/06/2024

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stefany-mileski 🇧🇷

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PSICOLOGIA EM SAÚDE
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PSICOLOGIA EM SAÚDE
UNIDADE 1
A psicologia como ciência: processo histórico e
correntes teóricas
A psicologia é essencial na saúde, mas muitos a interpretam erroneamente
como apenas cuidado emocional. Na verdade, os psicólogos orientaram em
diversos aspectos: planejamento de cuidados, antecipação de necessidades,
orientação da equipe e ações de prevenção. Seu papel vai além do
atendimento clínico, abrangendo uma compreensão ampla da subjetividade
humana.
Momento histórico de constituição da psicologia: da filosofia a
uma ciência independente
💡
A formação da psicologia é influenciada por diferentes momentos
históricos e contextos específicos de cada época e região.
Compreender a história da psicologia envolve mais do que conhecer
pensadores notáveis e as escolas de pensamento que orientam suas
práticas.
A psicologia, que se originou da junção dos conceitos gregos de 'alma' e
'razão', evoluiu ao longo da história com uma multiplicidade de teorias. Na
antiguidade, fenômenos humanos eram interpretados como provenientes da
alma. Com o tempo, pensadores como Sócrates começaram a especular sobre
a existência de uma 'mente' além da alma, uma ideia que foi posteriormente
reforçada por Platão e Aristóteles, destacando a capacidade de raciocínio do
ser humano.
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PSICOLOGIA EM SAÚDE

UNIDADE 1

A psicologia como ciência: processo histórico e

correntes teóricas

A psicologia é essencial na saúde, mas muitos a interpretam erroneamente como apenas cuidado emocional. Na verdade, os psicólogos orientaram em diversos aspectos: planejamento de cuidados, antecipação de necessidades, orientação da equipe e ações de prevenção. Seu papel vai além do atendimento clínico, abrangendo uma compreensão ampla da subjetividade humana.

Momento histórico de constituição da psicologia: da filosofia a

uma ciência independente

💡 A formação da psicologia é influenciada por diferentes momentos

históricos e contextos específicos de cada época e região. Compreender a história da psicologia envolve mais do que conhecer pensadores notáveis e as escolas de pensamento que orientam suas práticas.

A psicologia, que se originou da junção dos conceitos gregos de 'alma' e 'razão', evoluiu ao longo da história com uma multiplicidade de teorias. Na antiguidade, fenômenos humanos eram interpretados como provenientes da alma. Com o tempo, pensadores como Sócrates começaram a especular sobre a existência de uma 'mente' além da alma, uma ideia que foi posteriormente reforçada por Platão e Aristóteles, destacando a capacidade de raciocínio do ser humano.

Durante a Idade Média, o conceito de alma foi substituído

pelo de consciência, associando a consciência cristã à razão

filosófica e científica. Apesar de ser um período de forte

religiosidade, as indagações e respostas eram baseadas na

intuição e observações sem validade científica.

A entrada na Idade Moderna marcou o desenvolvimento da psicologia como ciência, separando-se da filosofia e valorizando o racionalismo e o empirismo. No século XIX, Wilhelm Wundt criou o Instituto de Psicologia na Alemanha, marcando o início da psicologia experimental e avançando os estudos de várias escolas de pensamento.

Quadro 1. Escolas de pensamento da psicologia científica e suas características.

profissão de psicólogo no Brasil em 1962. Durante muito tempo, a profissão seguiu um modelo biologicista, sem considerar a contextualização histórica e social do ser humano. A prática psicológica atendia à lógica do mercado, visando a adaptação do indivíduo ao sistema, expandindo a clínica psicológica.

💡 A partir da década de 1970, iniciou-se movimentos com um outro

olhar sobre a psicologia, por meio das contribuições europeias, com a teoria das representações sociais. Passou a fomentar novos rumos no campo da psicologia social.

A psicologia da saúde no Brasil é um campo emergente desde a década de 1970, surgindo da observação de que a condição psicológica do paciente afeta significativamente sua recuperação. Pesquisas na área começaram a se concentrar na reabilitação em saúde, principalmente em ambientes hospitalares. No entanto, a psicologia da saúde vai além do contexto hospitalar, abordando a aceitação da doença, a adaptação a ambientes não familiares, luto e mais. Ela também se concentra na reabilitação, promoção e prevenção de saúde, considerando aspectos sociais e comunitários. Por isso, o profissional desta área está preparado para atuar em todos os níveis de atenção, na saúde privada ou pública.

💡 Outra consideração importante sobre a psicologia da saúde é a

condição do psicólogo de saber trabalhar em equipe, uma vez que todos os outros campos da saúde (enfermagem, fisioterapia, nutrição, odontologia, medicina, terapia ocupacional etc.) atuam em conjunto para o cuidado ampliado em saúde.

A psicologia como ciência: os objetos de estudo e

seus métodos

O senso comum é o conhecimento diário e intuitivo, adquirido por vivências e cultura. Por exemplo, sabemos que uma compressa quente alivia cólica menstrual e chá de camomila beneficia o sono, sem entender os detalhes científicos.

Ciência, do latim scientia (conhecimento), busca entender leis naturais para explicar o universo. Segundo Gnipper  2019 , é um conjunto de conhecimentos precisos sobre a realidade. Portanto, ciência é um conhecimento minuciosamente estudado e verificável.

O método científico permite a produção de conhecimento válido ou a correção de conhecimentos pré-existentes, através de regras que eliminam a subjetividade. Varia conforme a pesquisa e pode ser experimental, dialético, empírico-analítico ou histórico. As etapas básicas são: observação, problema, hipóteses, experimentação, análise de dados e conclusão.

Fazer ciência implica expandir uma visão de mundo limitada para um conhecimento mais amplo e fundamentado em estudos rigorosos. Isso permite a continuidade do conhecimento, pois pode ser reavaliado e desenvolvido a partir de um fato objetivo. Para ser científico, o conhecimento precisa ter objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas, processo cumulativo de conhecimento e objetividade.

💡 Para entender a psicologia como ciência, é importante

compreender seu objeto de estudo: o ser humano. Apesar de ter surgido de questionamentos sobre o ser humano, abordando alma, mente, sentimentos, comportamento e aprendizagem, a psicologia vai além da intervenção psicológica, englobando elementos da biologia, economia, história e antropologia.

A diversidade do estudo humano é vasta, incluindo o comportamento, a consciência, o inconsciente e as relações. Partindo de várias vertentes filosóficas, os fenômenos psicológicos são variados. Bock, Furtado e Teixeira 1999, p. 22 afirmam que existem ciências psicológicas, não uma única psicologia, destacando que para os estudantes e psicólogos, tudo é relativo.

psicologia desejava no rol das ciências, algo muito

importante no início do século XX.

O behaviorismo evoluiu para entender o comportamento como interação entre indivíduo e ambiente, onde o ambiente estimula respostas comportamentais. Os termos chave, estímulo e resposta, são ações do organismo em resposta ao ambiente, permitindo a investigação experimental e a importância da interação humana com o ambiente.

Ivan Pavlov desenvolveu a teoria do condicionamento clássico, base teórica do behaviorismo. O condicionamento clássico refere-se a respostas involuntárias aos estímulos do ambiente, como a reação dos olhos à luz súbita ou o coração acelerado de um susto.

Reações também podem ser provocadas por associação a outro estímulo, tornando-se reflexos condicionados. Por exemplo, uma pessoa pode desenvolver medo e taquicardia de chuva forte após um trauma de sua casa desabando em uma tempestade. Após o incidente, o som da chuva se torna um estímulo condicionado que causa taquicardia.

Na sequência, outro personagem importante na história do

behaviorismo foi Skinner  1904  1990 . Seu estudo foi uma

das maiores influências nessa abordagem, e o pesquisador

tornou-se conhecido pelos experimentos com ratos e da

caixa de Skinner. Foi ele quem desenvolveu importantes

teorias, como o condicionamento operante.

O condicionamento operante é um método de aprendizagem baseado em consequências que influenciam a repetição de um comportamento através de reforço e punição. Por exemplo, num experimento, um rato recebe comida ao pressionar uma alavanca azul (reforço) e um choque ao pressionar uma alavanca vermelha (punição), levando-o a preferir a azul.

No dia a dia, comportamentos são mantidos ou diminuídos de acordo com as consequências. Se a criança chora e ganha colo, o choro é reforçado. Se apanha do irmão ao entrar no quarto, ela evita o quarto ou o irmão. Isso é um comportamento operante. Também há a extinção do comportamento: se a criança chora e não ganha colo, ou se o irmão para de agredi-la, ela pode mudar seu comportamento.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=30&v=zUSgQK3f348&e mbeds_widget_referrer=https://sereduc.blackboard.com/&embeds_refer ring_euri=https://cdn.embedly.com/&embeds_referring_origin=https://cd n.embedly.com&source_ve_path=MjM4NTE&feature=emb_title

Essa é principal base do behaviorismo, mas as práticas clínicas e estudos desenvolveram-se durante todo o século, e, a partir dessa matriz, outras importantes teorias surgiram, como a psicologia cognitivo-comportamental.

Até meados do século XX, a psicanálise dominava a psicoterapia, com o behaviorismo focado em análise comportamental. Entretanto, na década de 1950, a eficácia da psicanálise foi questionada, ampliando o crescimento das teorias comportamentais. Na década de 1960, insatisfeitos com ambos os modelos, terapeutas cognitivos como Beck, Bandura e Ellis começaram a destacar processos cognitivos no tratamento da depressão. Beck, conhecido por trabalhos sobre depressão e ansiedade, inaugurou a era cognitiva na psicoterapia.

Nessa nova perspectiva, a racionalidade direciona as ações humanas, não apenas o ambiente. Quando o paciente racionaliza as situações que causam

Quadro 2. As estruturas do aparelho psíquico.

💡 CURIOSIDADE^ Freud e Breuer, também psiquiatra, estudavam a

histeria. Na época, muitos acreditavam que era uma doença das mulheres e que os sintomas eram fingidos. Anna O., uma inteligente jovem da aristocracia austríaca, começou a ter comportamentos como paralisações, alucinações, ficava estrábica e esquecia a língua materna (alemão), falando em inglês ou francês. Breuer iniciou o tratamento com hipnose, mas passou a tratá-la com a escuta, incentivando-a a falar o que estava em sua mente. Os sintomas melhoraram, e, então, se instaurou a técnica da associação livre, até hoje utilizada na psicanálise.

A teoria psicanalítica destaca a sexualidade infantil, descoberta por Freud através de neuroses na prática clínica. Ele percebeu que desejos reprimidos e conflitos sexuais centravam a vida psíquica do sujeito, com eventos traumáticos da infância causando sintomas adultos. Isso confirma que a sexualidade existe desde o início da vida, com um desenvolvimento longo e complexo para além da reprodução. A libido é a energia dos instintos sexuais, com cinco fases de desenvolvimento: oral, anal, fálica, latência e genital. A fase fálica, dos três aos cinco anos, inclui o complexo de Édipo, condicionando a personalidade do indivíduo.

Freud, na teoria psicanalítica, validava as falas dos pacientes, reais ou imaginadas, focando na realidade psíquica. Ele introduziu o conceito de pulsão , um estado de grande energia de autoconservação ou autodestruição. A psicanálise vê o sintoma como o resultado de um conflito entre o mecanismo de defesa e o desejo, sendo geralmente o ponto inicial da investigação psicanalítica.

Freud na teoria psicanalítica valorizava todos os relatos dos pacientes, reais ou imaginados, focando na realidade psíquica. Ele introduziu o conceito de pulsão , um estado de grande energia voltada para a autoconservação ou autodestruição. Além disso, a psicanálise considera o sintoma como um conflito entre a defesa e o desejo, geralmente o início da investigação psicanalítica.

A teoria psicanalítica, desenvolvida por Freud, aprofunda o entendimento da psique humana. Grande parte de sua obra, baseada em experiências pessoais, define a estrutura da personalidade. Como método terapêutico, a análise incentiva o autoconhecimento para cura através da interpretação de sonhos, palavras e atitudes. O psicanalista ajuda o paciente a entender seus comportamentos e o que eles significam em sua história e sofrimento.

A psicanálise, importante tanto na clínica terapêutica quanto na análise de fenômenos sociais, é mais do que os estereótipos associados a Freud. Contribuiu para a construção social e saúde mental, com influências de figuras como Jung, Klein, Anna Freud, Lacan e Winnicott. A psicanálise não é uma escola da psicologia, sendo independente e influenciando a atuação psicoterápica, mesmo entre psicólogos sem formação psicanalítica.

GESTALT

condições ambientais alteram nossa interpretação do que é percebido. A tendência da nossa percepção à boa forma também se relaciona à relação figura-fundo: formas mais claras facilitam a identificação da figura e do seu fundo.

Na primeira figura, muitas pessoas acabam mencionando a

imagem de duas pessoas se olhando; na segunda imagem,

um vaso (ou o contrário), mas, ao se distanciar a imagem e

focar o fundo, fica mais clara ou tendenciosa a percepção

da imagem.

Figura 3. Relação figura e fundo. Fonte  Shutterstock. Acesso em: 11/09/2020.

A gestalt define o comportamento pelos estímulos ambientais, divididos em geográfico (físico) e comportamental (nossa interpretação subjetiva do físico). Nosso comportamento é moldado pela percepção deste último. Por exemplo, uma rua mal iluminada à noite pode ser percebida de maneira diferente por um morador de longa data e um visitante. Da mesma forma, um estádio pode ter diferentes significados dependendo se está lá para um jogo de futebol ou um show de banda desconhecida, seja como espectador ou trabalhador. A gestalt também valoriza o "insight", uma compreensão súbita e profunda de uma situação antes despercebida, geralmente após a compreensão do todo.

HUMANISTA

A psicologia humanista recebeu grande influência da

filosofia de base existencial e fenomenológica. A partir de

1950, um grupo de psicólogos começou a questionar os

estudos e intervenções da psicologia da época, voltados

para fatores relacionados ao ser humano, mas em corrigir

patologias, sem focar no próprio ser humano.

Enquanto o behaviorismo estava voltado para o comportamento, a psicanálise para o inconsciente e a gestalt para a percepção, a psicologia humanista buscou conhecer o ser humano em si, humanizando o aparelho psíquico e contrariando a visão do ser humano condicionado pelo mundo externo. Desejavam analisar as pessoas a partir de uma perspectiva mais positiva. Para eles, o ser humano tem total consciência do mundo e dos fenômenos à sua volta.

A psicologia humanista foca no conteúdo consciente, desejos e aspirações do ser humano, valorizando o livre arbítrio, autorrealização, espontaneidade e criatividade. Abraham Maslow, fundador do movimento, acreditava na tendência natural para a autorrealização, o auge da existência humana. Ele criou a pirâmide de Maslow, uma escala de necessidades que, quando todas satisfeitas, levam à autorrealização.

A psicologia existencialista vê o ser humano como livre e capaz de moldar seu futuro, sendo responsável por sua história. O psicodrama de Moreno usa dramatização para promover autoconhecimento. A psicologia humanista, embora varie, enfatiza que o ser humano está em constante transformação e é livre e responsável por suas escolhas, contrapondo-se às abordagens comportamentais, psicanalíticas e à divisão mente-corpo.