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Administração financeira e orçamentária, Notas de estudo de Administração Empresarial

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Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 12/08/2008

guilherme-joaquim-6
guilherme-joaquim-6 🇧🇷

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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Valor do Dinheiro no tempo
VALOR DO DINHEIRO E UTILIDADE
Modelos econômicos sempre empregam alguma unidade monetária como medida de valor.
Qualquer um, em particular nós que temos um passado de altas taxas de inflação, sabemos
que padrões monetários como medida de valor têm que ser vistos com cuidado.
· Um primeiro problema é obviamente a inflação, que faz com que o padrão monetário
represente valores econômicos cada vez menores. Quando a inflação afeta proporcionalmente
todos os preços, isto é, quando as relações entre os preços não muda, podemos trabalhar com
um padrão monetário estável (normalmente, uma moeda com baixa inflação, como o dólar, ou
deflacionando com um índice de variação de preço de uma cesta de bens e serviços, como os
muitos calculados pelo IBGE, Fundação Getúlio Vargas e DIEESE) e, dessa forma comparar
valores econômicos em datas diferentes;
· Outro problema é que, mesmo em moeda estável, valores monetários em datas diferentes
têm diferentes valores econômicos. Geralmente, os agentes econômicos (ex: pessoas e
empresas) preferem receber o mesmo valor monetário (mesmo com inflação nula) mais cedo a
recebê-lo mais tarde. Isso é decorrente do fato que se recebermos um dinheiro agora (e não
houver inflação e fora o problema de segurança) temos todas as oportunidades que teríamos
se o recebêssemos depois e, provavelmente, outras que não teríamos se só o recebêssemos
mais tarde.
Portanto, deixar de receber uma quantia numa data para recebê-la mais tarde implica algum
custo de oportunidade (mais propriamente “custo de perda de oportunidade”). Esse fato é tão
universal que, em quase todas as economias de hoje, existe um mercado financeiro de risco
muito baixo cuja essência é o “aluguel” de dinheiro.
Dizemos, portanto, que o valor de uma quantia monetária recebida, ou paga, varia no tempo e
quando fazemos uma análise econômica, esse é um aspecto importante. Esse valor variado no
tempo é o que chamaremos adiante de valor do dinheiro no tempo.
Mais isso ainda não é tudo que tínhamos a comentar sobre o valor do dinheiro. Excetuando-se
os casos onde as pessoas buscam emoção forte, as pessoas não gostam de situações
arriscadas. Certamente, um gerente irá preferir um projeto que traga, com certeza, um retorno
de R$X do que outro que, sendo equivalente em outros aspectos, produza o mesmo retorno
com considerável incerteza. Como nosso mundo econômico é povoado de incertezas, essa
atitude face ao risco é um outro aspecto que pode ser decisivo em decisões e, por isso,
devemos levá-la em conta quando usamos de quantias monetárias para representar valores
econômicos
O QUE É O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO
Como vimos acima, o valor econômico associado a desembolsos (ou receitas) ocorridos em
épocas diferentes, geralmente têm valor econômico diferentes, ainda que correspondam à
mesma quantia monetária e não haja inflação. A razão disso, conforme argumentou-se, é que
o conjunto de oportunidades de uso do dinheiro recebido mais cedo, geralmente, é maior.
Conseqüentemente, se dispusermos de uma quantia de dinheiro numa data A anterior à uma
outra data B, podemos tirar partido de alguma oportunidade de aplicação do dinheiro entre A e
B para chegarmos a B com uma quantia maior do que o que teríamos se só recebêssemos a
quantia em B. Deixando de lado a questão do risco, também mencionada acima, vejamos como
tratar a questão do valor do dinheiro no tempo em condições de certeza.
Receitas e desembolsos constituem fluxos de caixa. Alternativas de decisão podem (sob
certeza), freqüentemente, ser representadas, no seu aspecto econômico por conjunto de fluxos
de caixa, utilizando-se para isso uma convenção onde, por exemplo, receitas são fluxos
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Valor do Dinheiro no tempo

VALOR DO DINHEIRO E UTILIDADE

Modelos econômicos sempre empregam alguma unidade monetária como medida de valor. Qualquer um, em particular nós que temos um passado de altas taxas de inflação, sabemos que padrões monetários como medida de valor têm que ser vistos com cuidado.

· Um primeiro problema é obviamente a inflação, que faz com que o padrão monetário represente valores econômicos cada vez menores. Quando a inflação afeta proporcionalmente todos os preços, isto é, quando as relações entre os preços não muda, podemos trabalhar com um padrão monetário estável (normalmente, uma moeda com baixa inflação, como o dólar, ou deflacionando com um índice de variação de preço de uma cesta de bens e serviços, como os muitos calculados pelo IBGE, Fundação Getúlio Vargas e DIEESE) e, dessa forma comparar valores econômicos em datas diferentes;

· Outro problema é que, mesmo em moeda estável, valores monetários em datas diferentes têm diferentes valores econômicos. Geralmente, os agentes econômicos (ex: pessoas e empresas) preferem receber o mesmo valor monetário (mesmo com inflação nula) mais cedo a recebê-lo mais tarde. Isso é decorrente do fato que se recebermos um dinheiro agora (e não houver inflação e fora o problema de segurança) temos todas as oportunidades que teríamos se o recebêssemos depois e, provavelmente, outras que não teríamos se só o recebêssemos mais tarde.

Portanto, deixar de receber uma quantia numa data para recebê-la mais tarde implica algum custo de oportunidade (mais propriamente “custo de perda de oportunidade”). Esse fato é tão universal que, em quase todas as economias de hoje, existe um mercado financeiro de risco muito baixo cuja essência é o “aluguel” de dinheiro.

Dizemos, portanto, que o valor de uma quantia monetária recebida, ou paga, varia no tempo e quando fazemos uma análise econômica, esse é um aspecto importante. Esse valor variado no tempo é o que chamaremos adiante de valor do dinheiro no tempo.

Mais isso ainda não é tudo que tínhamos a comentar sobre o valor do dinheiro. Excetuando-se os casos onde as pessoas buscam emoção forte, as pessoas não gostam de situações arriscadas. Certamente, um gerente irá preferir um projeto que traga, com certeza, um retorno de R$X do que outro que, sendo equivalente em outros aspectos, produza o mesmo retorno com considerável incerteza. Como nosso mundo econômico é povoado de incertezas, essa atitude face ao risco é um outro aspecto que pode ser decisivo em decisões e, por isso, devemos levá-la em conta quando usamos de quantias monetárias para representar valores econômicos

O QUE É O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO

Como vimos acima, o valor econômico associado a desembolsos (ou receitas) ocorridos em épocas diferentes, geralmente têm valor econômico diferentes, ainda que correspondam à mesma quantia monetária e não haja inflação. A razão disso, conforme argumentou-se, é que o conjunto de oportunidades de uso do dinheiro recebido mais cedo, geralmente, é maior. Conseqüentemente, se dispusermos de uma quantia de dinheiro numa data A anterior à uma outra data B, podemos tirar partido de alguma oportunidade de aplicação do dinheiro entre A e B para chegarmos a B com uma quantia maior do que o que teríamos se só recebêssemos a quantia em B. Deixando de lado a questão do risco, também mencionada acima, vejamos como tratar a questão do valor do dinheiro no tempo em condições de certeza.

Receitas e desembolsos constituem fluxos de caixa. Alternativas de decisão podem (sob certeza), freqüentemente, ser representadas, no seu aspecto econômico por conjunto de fluxos de caixa, utilizando-se para isso uma convenção onde, por exemplo, receitas são fluxos

positivos e desembolsos, fluxos negativos.

Análise Do Valor Do Dinheiro No Tempo

Normalmente, como já vimos, uma empresa trata seus problemas de decisão em diversos níveis. Num nível (estratégico, ou de longo prazo) considera projetos de longo prazo, financiados por capital próprio ou por empréstimos de longo prazo. Em outros níveis (tático e operacional) trata de projetos financiados por empréstimos de curto prazo. Assim, fica fácil estabelecer o “custo-oportunidade” do capital empatado nesses projetos de nível tático e operacional.

Esse custo são os juros que se paga por esses empréstimos de curto prazo. Ou seja, quando se considera qual o uso que a empresa faria de uma quantia que a empresa dispõe para aplicação de curto prazo, como no exemplo, geralmente a taxa de juro que se paga pelo dinheiro tomado emprestado para financiar o capital de curto prazo (capital de giro) é uma boa aproximação. Isso porque se essa quantia deixar de ser necessária, ela evitará a tomada de empréstimo de curto prazo (que, normalmente são os empréstimos com juros mais elevado dentre os que a companhia paga).

  • Métodos Analíticos

Os métodos analíticos são precisos porque se baseiam no valor do dinheiro no tempo. A precisão mencionada se refere à metodologia utilizada para analisar os dados do projeto.

O valor do dinheiro no tempo para cada empresa é expresso por um parâmetro denominado “Taxa Mínima de Atratividade” (“TMA”). Essa taxa é específica para cada empresa e representa a taxa de retorno que ela está disposta a aceitar em um investimento de risco (projeto empresarial), para abrir mão de um retorno certo num investimento sem risco no mercado financeiro.

Os métodos analíticos empregados em análise de investimentos são o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR).

a) Valor Presente Líquido (VPL)

O valor presente líquido (VPL) de um projeto de investimento é igual ao valor presente de suas entradas de caixa menos o valor presente de suas saídas de caixa. Para cálculo do valor presente das entradas e saídas de caixa é utilizada a Taxa Mínima de Atratividade (TMA), como taxa de desconto. O valor presente líquido calculado para um projeto significa o somatório do valor presente das parcelas periódicas de lucro econômico gerado ao longo da vida útil desse projeto. O lucro econômico pode ser definido como a diferença entre a receita periódica e o custo operacional periódico, acrescido do custo de oportunidade periódico do investimento.

Utilizando uma calculadora financeira e considerando-se uma TMA de 10% ao ano, encontramos para o projeto de investimento P um Valor Presente Líquido de R$ 20.392,54. Se considerarmos uma TMA de 15% ao ano, o Valor Presente Líquido do Projeto será zero. Para uma TMA de 0%, o lucro econômico periódico se confunde com o lucro contábil periódico e o valor presente líquido é igual ao somatório dos lucros contábeis periódicos.

Podemos ter as seguintes possibilidades para o Valor Presente Líquido de um projeto de investimento:

  • Maior do que zero: significa que o investimento é economicamente atrativo, pois o valor presente das entradas de caixa é maior do que o valor presente das saídas de caixa;
  • Igual a zero: o investimento é indiferente pois o valor presente das entradas de caixa é igual ao valor presente das saídas de caixa;
  • Menor do que zero: indica que o investimento não é economicamente atrativo porque o valor presente das entradas de caixa é menor do que o valor presente das saídas de caixa.

“Entre vários projetos de investimento, o mais atrativo é aquele que tem maior Valor Presente

a) Dilema Risco-Retorno Na Composição De Financiamentos

As características do dilema risco-retorno, também podem ser observadas quando da definição de uma política de financiamento do capital de giro.

A perda de rentabilidade provocada por uma política tradicional nos investimentos em capital de giro poderá ser minimizada através de alterações em sua estrutura de financiamento. Não obstante isso, maior preferência por fundos de curto prazo (mais baratos) na composição do passivo acarreta, paralelamente a maior retorno, elevação do risco da empresa. Esta elevação do risco é determinada, fundamentalmente, pelas seguintes razões:

· As taxas de juros a curto prazo são bem mais sensíveis às alterações conjunturais do que as taxas de longo prazo. Na realidade, empresas com maior participação de créditos de curto prazo apresentam maior risco pela natural falta de certeza no conhecimento do comportamento futuro de seus custos. Enquanto um empréstimo de longo prazo mantém o encargo de juros fixo por um período de tempo maior, um empréstimo de curto prazo, a ser renovado periodicamente, absorve com maior freqüência as oscilações (normalmente crescentes) nas taxas de juros;

· Uma política de financiamento com maior ênfase no crédito de curto prazo determina maior dependência da empresa às disponibilidades de crédito no mercado. Eventuais dificuldades de repor os recursos de curto prazo, mesmo que temporárias, poderão abalar a liquidez da empresa e gerar péssimas conseqüências junto aos seus credores.

Na realidade, os aspectos considerados envolvem o dilema maior na administração do capital de giro: risco x retorno. Utilizando-se mais de créditos de curto prazo, a empresa poderá obter, sempre que os seus custos forem inferiores aos de longo prazo, melhores resultados operacionais; no entanto, pelos motivos expostos, o risco da empresa se elevará;

b) Abordagem De Risco Mínimo

Uma postura de minimização do risco pode ser adotada através de uma abordagem conservadora para o financiamento do capital de giro.

O risco é colocado em níveis mínimos em razão de a empresa não necessitar utilizar de sua capacidade de captação de recursos a curto prazo, a qual seria acionada somente para atender a necessidades financeiras inesperadas (imprevistas). O custo desta abordagem seria bem elevado, em razão da preferência por créditos a longo prazo (normalmente mais onerosos que os de curto prazo) e da ociosidade desses recursos em vários períodos.

c) Avaliação Do Risco De Crédito

Na análise do risco são levados em conta diversos critérios e métodos. Um enfoque tradicional da análise do crédito é desenvolvido através de estudo de cinco fatores, definidos na proposição original de Brighan e Weston como os cinco CC do crédito, ou seja:

  1. Caráter: identifica a disposição do cliente em pagar corretamente seu crédito. Essa avaliação é efetuada através do conhecimento de certas características morais do devedor; tais como honestidade, integridade etc;
  2. Capacidade: procura medir o potencial de geração de recursos do cliente visando à liquidação conforme pactuada. Essa análise é feita, normalmente, através de informações históricas do desempenho do cliente, de seus padrões gerenciais etc. A variável capital, analisada de forma similar à anterior, está mais voltada para a medição dos investimentos da firma cliente, dando atenção especial ao seu patrimônio líquido;
  3. Garantias (“collateral”): julgam os ativos que o cliente pode oferecer como forma de lastrear

(garantir) seu crédito;

  1. Condições: envolve as influências do comportamento da conjuntura econômica sobre a capacidade de pagamento do cliente.

O processo de análise destes fatores tradicionais de avaliação do risco do crédito é desenvolvido, basicamente, pela tradição (experiência) que a empresa tenha com seu cliente e, também, através de uma série de informações e indicadores básicos que o administrador deverá colher junto ao consumidor e ao mercado, visando suplementar a sua decisão.

Ainda dentro do enfoque tradicional de avaliação do crédito pode-se enumerar, entre outras, as seguintes principais fontes de informações:

· Avaliação retrospectiva das demonstrações contábeis do solicitante de crédito: as quais poderão vir suplementadas com diversas informações adicionais; tais como fluxos de caixa, descrição das garantias potenciais etc;

· Empresas prestadoras de serviços em assessoria às decisões de crédito: no Brasil, esses serviços podem ser fornecidos pela SERASA, pelo Serviço de Proteção ao Crédito, pelas Associações Comerciais e Industriais etc;

· Modelos quantitativos: dentro de um enfoque menos convencional, deve-se ressaltar a crescente introdução de modelos quantitativos nas decisões de concessão de crédito, os quais se processam, principalmente, através do uso de medidas estatísticas, análises discriminantes e árvores de decisão.

RISCO

A idéia de risco aplicada nos mercados vem sendo bastante explorada na literatura financeira e pelos veículos de comunicação. A preocupação com o risco aumentou em razão das crises internacionais que experimentamos nos últimos anos. No entanto, independente da maior ou menor volatilidade dos ativos financeiros, o investidor sempre deve se preocupar com o fator risco envolvido nas aplicações.

Risco pode ser conceituado como sendo a possibilidade de ocorrência de um evento incerto e desfavorável. Outros preferem entender risco como sendo a volatilidade natural existente nos mercados de títulos de uma forma geral. Não importa qual seja a definição, a verdade é que todos os indivíduos, ou pelo menos a grande maioria deles, têm aversão ao risco.

Assumir riscos no investimento em ativos financeiros vai contra a preferência natural das pessoas, de tal forma que alguém estará disposto a tolerar algum risco se houver uma compensação financeira por isso, expressa através de uma rentabilidade mais alta, que contempla o chamado “prêmio pelo risco”. A suposição de que as pessoas, racionalmente, são avessas a riscos, acaba estabelecendo uma relação positiva entre risco e rentabilidade. Ou seja, ao investir em ações, em vez de deixar o meu dinheiro na caderneta de poupança, fica implícita a idéia de que exigirei uma rentabilidade mais alta sobre o meu investimento para compensar o maior risco assumido.

RISCO E RETORNO

É interessante atentar para os dados históricos de retorno e risco de alguns dos principais investimentos no mercado financeiro norte-americano, obtidos no livro “Princípios de Administração Financeira”, de Stephen A. Ross, Randolph W. Westerfield e Bradford D. Jordan, publicado em 1998.

Por exemplo, tomando o período de 1926 a 1994, uma carteira típica de ações ordinárias apresentou um retorno médio anual de 12,2% e um risco, medido por desvio-padrão, de 20,3%. Obrigações de empresas de longo prazo obtiveram um retorno médio de 5,7% e um risco de 8,4%. Ao mesmo tempo, Letras do Tesouro renderam, em média, 3,7%, com um risco de 3,3%. Sem se aprofundar demais na análise desses números, o que queremos chamar a atenção é para a confirmação da relação positiva entre risco e retorno a partir da observação de dados

c) Risco Do Negócio

Alguns analistas sugerem que, as mudanças na regulação dos mercados financeiros e de capitais afetam os relacionamentos entre os movimentos nos ciclos dos negócios e o mercado de ações.

Nas últimas décadas, a política monetária tem sido a base para a análise dos ciclos dos negócios. As mudanças nos agregados monetários são as maiores forças por trás dos ciclos econômicos e da taxa de inflação. Isso sem falar na atuação do governo nesses ciclos e mercados, conforme já abordado no tópico relativo às taxas de juros. Mais uma vez, nos Estados Unidos, pesquisas têm sido realizadas quanto aos ciclos dos negócios. A análise setorial tem sido de suma importância, eis que os diversos setores da economia tendem a reagir diferentemente às mudanças nos cenários econômicos, interno e externo.

Para os investidores a descoberta de que setores serão favorecidos ou prejudicados nos diferentes cenários econômicos é de vital importância, porque isso, por si só, pode conduzir a escolha de papéis com melhor potencial para valorização.

d) Risco De Mercado

Tem-se observado que, quando o mercado de ações sobe, a maioria das ações sobe também. Por outro lado, quando o mercado cai, a grande maioria das ações também cai. A mudança na psicologia do mercado pode levar à queda nos preços dos papéis, sem que tenha havido nenhuma deterioração na performance das empresas emissoras. Movimentos nos preços das ações que não possam ser atribuídos à volatilidade ou betas elevados devem estar atrelados a fatores intrínsecos à companhia emissora, fazendo com que os preços de suas ações se movam de forma contrária ao mercado, ou com melhor performance que o mercado como um todo.

Não é raro ocorrer o fato dos investidores tomarem suas posições no mercado e, após isso, o mercado mudar de direção. Quando os mesmos investidores tentam reverter suas posições, o mercado é afetado grandemente e, também não raramente, prejuízos são gerados. Em síntese, “os investidores devem avaliar os ativos em termos da compensação que esses proporcionam relativamente ao risco que eles criam”. 5.3 - Alavancagem

O QUE É ALAVANCAGEM?

Alavancagem é o uso de ativos e recursos com um custo fixo, a fim de aumentar os retornos dos proprietários da empresa

Variações na alavancagem resultam em aumento de risco e retorno. Assim:

alavancagem ==> maior risco e maior retorno < alavancagem ="=""> menor risco e menor retorno

Os Administradores têm um controle quase completo sobre o risco introduzido com a alavancagem.

ALAVANCAGEM FINANCEIRA

É a capacidade da empresa em usar encargos financeiros fixos (juros sobre empréstimos e dividendos de ações preferenciais), a fim de maximizar os efeitos de variações no lucro a/dos juros e impostos sobre lucros por ação da empresa (LPA).

a) Grau De Alavancagem Financeira (GAF)

É a medida numérica da alavancagem financeira da empresa: variação percentual no LPA LAJIR. GAF = = variação percentual no LAJIR LAJIR - J - (DP x 1 / (1 - T))

*LPA = Lucro por Ação LAJIR = Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda (lucro operacional) DP = Dividendos por Ações Preferenciais J = juros

b) Alavancagem Financeira Contabilmente

LAJIR

(-) Juros (=) Lucro Líquido Antes do Imposto de Renda (-) Impostos (-) Dividendos (=) Lucro Disponível para Acionistas Ordinários (=) Lucro por Ação (LPA)

variação do LPA Alavancagem Financeira = variação do LAIR

ALAVANCAGEM OPERACIONAL

É o uso potencial dos custos operacionais para aumentar os efeitos das mudanças nas vendas sobre o lucros da empresa antes dos juros e impostos (LAJIR).

O aumento nas vendas resulta em aumento mais que proporcional no LAJIR e vice-versa

a) Grau de Alavancagem Operacional (GAO)

É a medida numérica da alavancagem operacional da empresa: variação percentual no LAJIR Q x (p - v). GAO = = variação percentual nas vendas Q x (p - v) - F

  • F = Custo Operacional Fixo por Período Q = Quantidade de vendas (unidades) P = Preço de venda por unidade V = Custo operacional variável por unidade

b) Alavancagem Operacional Contabilmente

Receita de Vendas (-) CMV (=) Lucro Bruto (-) Despesas Operacionais

A análise das demonstrações financeiras visa relatar, a partir das informações contábeis fornecidas pelas empresas, a posição econômico financeira atual, as causas que determinaram a evolução apresentada, e as tendências futuras. Extrai a informação sobre a posição passada, presente e futura (projetada) de uma empresa.

OBJETIVOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

· Avaliar a situação econômico-financeira de uma empresa; · Avaliar a capacidade de liquidez de uma empresa; · Verificar a sua capacidade de solvência (se irá ou não falir); · Tomada de decisão de investimentos na empresa; · Tomada de decisões em relação ou não a conceder créditos; · Avaliar como a empresa está sendo administrada; · Avaliar se a empresa é ou tende a ser lucrativa ou não; · Tomada de decisão sobre o futuro da empresa.

USUÁRIOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

· Dirigentes da empresa; · Acionistas; · Credores; · Fornecedores X Clientes; · Concorrentes; · Órgãos Governamentais; · Empregados, Sindicatos e Comunidade; · Transferência de Controle Acionário, Incorporação e Fusão.

PROCEDIMENTOS PRELIMINARES DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Þ Deve-se analisar pelo menos dois anos consecutivos de demonstrações; Þ Procurar analisar de empresas do mesmo ramo para se ter um paralelo para análise; Þ Eliminar as distorções provocadas pela inflação; Þ Reclassificar algumas contas das Demonstrações Financeiras: ¨ Duplicatas Descontadas · Deverão ser reclassificadas no Passivo Circulante. ¨ Despesas do Exercício Seguinte · Deverão ser reclassificadas no Patrimônio Líquido. ¨ Receitas/Despesas Financeiras · Deverão ser reclassificadas em Não Operacionais

TÉCNICAS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

· Análise Vertical e Horizontal; · Indicadores Financeiros e Econômicos (Índices); · Análise da Taxa de Retorno Sobre Investimento - Margem de Lucro X Giro do Ativo (Fórmula Du Pont).

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS VERTICAL E HORIZONTAL

a) Análise Vertical

· Identifica a participação percentual de cada componente da demonstração financeira em relação ao seu total. · A técnica consiste em estabelecer em quanto representa o Balanço Patrimonial do total dos 100% do Ativo e Passivo, e, no DRE, da Receita Líquida.

b) Análise Horizontal

· Identifica a evolução dos diversos elementos patrimoniais e de resultados ao longo de determinado período; · É uma análise temporal do crescimento da empresa; · A técnica consiste em estabelecer o índice (base) 100 para o primeiro ano e fazer a sua evolução nos anos seguintes.

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS POR ÍNDICES

Procura relacionar elementos afins das demonstrações financeiras, de forma a melhor extrair conclusões sobre a situação da empresa.

Visando uma comparação inter-empresarial, é possível ainda obter-se em revistas especializadas, indicadores de empresas concorrentes e padrões do setor de atividade.

a) Índices De Liquidez

Medem a capacidade de pagamento da empresa:

· Índice de Liquidez Corrente (AC/PC): mede a capacidade de pagamento a curto prazo da empresa; · Índice de Liquidez Seco (AC-Estoques/PC): mede a capacidade de pagamento da empresa supondo que a mesma se desfaça dos estoques;. · Índice de Liquidez Geral (AC+RLP/PC+ELP): mede a capacidade geral de pagamento da empresa; · Índice de Liquidez Imediata (Disponível/PC): mede a capacidade a vista de pagamento da empresa frente aos seus compromissos de curto prazo.

b) Índices De Endividamento

Mostram como está composto as origens de recursos da empresa:

· Relação de capital de terceiros sobre o próprio (PC+ELP/Patrimônio Líquido): revela quanto que a empresa possui de dívidas em relação aos recursos pertencentes aos acionistas; · Composição de Endividamento (PC/PC+ELP): mostrará a relação de dívidas a curto prazo ao total das dívidas; · Endividamento Geral (PC+ELP/AT): mostra a dependência de recursos de terceiros no financiamento dos ativos; · Imobilização do Capital Próprio (AP/PL): revela quanto do investimento dos acionistas está em investimento de natureza permanente.

c) Índices De Rentabilidade

Mostram o grau de utilização dos recursos na geração de resultados:

· Margem Bruta (LB/ROL): mostra a taxa de acréscimo sobre o custo das vendas para chegar á receita (mark up); · Margem Operacional (LO/ROL): mostra o ganho puro das operações da empresa; · Margem Líquida (LL/ROL): mostra a proporção do lucro da empresa; · Giro do Ativo (ROL/ATmedio): mostra quantas vezes minha atividade superou as minhas aplicações; · Taxa de Retorno Sobre Investimento (LL/AT médio): mostra o retorno dos acionistas sobre o investimento.; · Taxa de Retorno sobre o Capital Próprio (LL/PL médio): mostra o retorno dos acionistas sobre a sua parcela de investimento.

d) Índices De Atividade

Mostra como foi a administração:

O PLANEJAMENTO FINANCEIRO E OS DADOS

· Dados estratégicos e portanto mais abstratos ou mutáveis; · Interesse dos acionistas; · Risco assumido pelos acionistas; · Projetos de investimento da concorrência; · Ciclo de vida dos projetos remunerado pelo mercado; · Política macroeconômica, incluindo a fiscal; · Risco internacional; · Dados formais contábeis e de demonstrações financeiras para subsídio a um plano (em moeda constante):

  • Balanços;
  • Demonstrações de resultado;
  • Demonstração de origem e aplicação de recursos;
  • Demonstração de mutações de patrimônio líquido;
  • Carga tributária da empresas no país. · Dados formais analíticos e consolidados de investimentos/desinvestimentos:
  • Investimentos: por substituição: expansão, novos produtos, investimentos obrigatórios ou legais;
  • Subdivisão por atividade: considerando análise estratégica de crescimento agressivo/gradual, redução agressiva/gradual ou liquidação;
  • Análise do valor agregado de cada atividade para o negócio: “Economic Value Added” – “EVA” · Dados das formas de captação/remuneração da captação; · Política de endividamento/taxas reais de juros esperada; · Política de retenção dos lucros/dividendos; · Tributação sobre encargos de financiamento.
  • Finalidade Dos Dados

· Previsão · Evitar a extrapolação ingênua; · Previsões macroeconômicas/modelos econométricos em conjunto com previsões comerciais e comportamentais da concorrência (conseguiremos manter custo e diferenciação identificáveis, aceitáveis e remuneráveis, ou seja, a série temporal dos projetos é correta?).

  • Qual É O Modelo Econômico E De Estratégia Competitiva Por Detrás Das Previsões?

· Superposição de previsões com pressupostos ou visões diferenciadas é fatal - financeira, comercial, de produção. · Disseminação da coerência é tarefa difícil e depende do alinhamento corporativo de missão, visão e estratégia. · O planejador financeiro deve identificas incoerências.

ENCONTRAR UM PLANO FINANCEIRO ÓTIMO

· Definir um plano em termos contabilísticos ou numéricos não é operacional; · Como interligar o plano financeiro com o plano operacional da empresa (via de mão dupla)?

OBSERVAR O DESENROLAR DO PLANO FINANCEIRO (controle)

· Premissas x resultados; · Ações de revisão de premissas e remodelagem do plano; · Remodelagem de investimentos/desinvestimentos; captação e remuneração.

O PLANEJAMENTO FINANCEIRO É UMA GESTÃO DE CARTEIRA DE OPÇÕES

· Investimentos olhados em si - opção presente de investimento; · Investimentos olhados em si e na abertura de opções futuras de investimentos - novos mercados, novos produtos, novos projetos rentáveis, continuidade da empresa como opção principal; · Como avaliar se uma opção presente gera opção futura? Intimamente ligado à visão estratégica da empresa. Quando as opções futuras serão exercidas? Como acoplar a sua série temporal com a da opção presente? · Quando alienar opções - venda de empresas/venda de ativos/venda de direitos?

MODELOS DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO

· Simulação; · Ideal: integração com a orçamentação, planejamento operacional e avaliação de resultados; · Utilizam demonstrações financeiras previsionais.

  • Fragilidade das demonstrações financeiras previsionais - a ausência da visão financeira

· Prevalência da visão contabilística do mundo; · Ausência de instrumentos de análise financeiras: fluxo de tesouraria; · Valor atual; · Risco de mercado. · Ausência de simulação das decisões financeiras ótimas, principalmente através da programação linear.

  • Exemplo de programação linear - o modelo “LONGER” - Objetivos

· Otimizar o cálculo do melhor plano financeiro, dadas determinadas premissas e restrições; · Projetar as conseqüências de uma estratégia financeira selecionada.

  • Exemplo de programação linear - o modelo Modigliani/Miller - o valor de avaliação de uma empresa ou projeto:

· Variáveis:x = valor do investimento no projetov = valor líquido de mercado dos ativos do projetod = disponibilidades financeiras para aplicar de imediato no projeto y = endividamento adicional contraído para o novo investimentotir = taxa interna de retorno do projeto, calculada pelo valor atual de receitas - custos e despesas a serem realizados, inclusive pagamento de juros de financiamento.r = taxa de aplicação do mercado ou mínima de atratividadet = taxa marginal do somatório dos impostos sobre lucros · Limitações definidas/calculadas pela empresa: x <= 1.000. y <= 0,40 de x d = 800. tir = 0, · Limitações definidas pelo mercado/governo: r = 0, t = 0, · O valor do projeto ou opção (O) é definido por, pressupondo apuração de lucro na empresa:O = v + [((0,09/0,10) * x) - 1] - 0,5 * y = v - 0,1x + 0,5y taxa de retorno real · Dado que v é fixo, o problema de programação linear é o de maximizar a quantidade -0,1x + 0,5y, dadas as restrições empresariais:x <= 1.000.000 x <= y + 800.000y <= x * 0, A solução ótima é encontrada quando o nível máximo de endividamento do projeto admitido pela empresa é utilizado, porque, embora a sua taxa de retorno real seja negativa, o projeto permite à empresa solicitar um empréstimo maior e o valor da redução de impostos gerada pela dívida mais que compensa a insuficiente rentabilidade real do investimento.

Da mesma forma, podemos, no caso acima, ver a contribuição derivada ou marginal de cada uma das variáveis ao valor da opção, quando, mantidas as demais constantes, calculando a derivada de cada uma e o reflexo no valor final da opção ou projeto. É o que o autor denomina

caracteristicamente de curto prazo, a qual assume diferentes formas ao longo de seu processo produtivo e de venda.

Por exemplo, um capital alocado no disponível pode ser aplicado inicialmente em estoque, assumindo posteriormente a venda realizada a forma de realizável (crédito, se a venda for a prazo) ou novamente de disponível (se a venda for efetuada à vista). Esse processo ininterrupto constitui-se, basicamente, no ciclo operacional (produção e venda) de uma empresa.

O Capital de Giro (CG) ou Capital Circulante (CC) corresponde ao ativo circulante de uma empresa. Em sentido amplo, o capital de giro representa o valor total dos recursos demandados pela empresa, para financiar seu ciclo operacional, o qual engloba as necessidades circulantes identificadas desde a aquisição de matérias-primas até a venda e o recebimento dos produtos elaborados.

Uma importante característica do capital de giro é seu grau de volatilidade, que é explicado pela curta duração de seus elementos e constante mutação dos itens circulantes com outros de natureza idêntica.

Tipicamente, os ativos circulantes representam mais de 50% dos ativos totais das empresas. No Brasil, segundo o balanço consolidado dos três últimos anos das 500 maiores empresas, a relação entre o capital de giro e o ativo total sempre foi superior a 50%. Apesar da tendência decrescente, determinada basicamente pelo aperto da liquidez verificado nesses períodos, pode-se evidenciar a importância do capital de giro como base de sustentação das operações das empresas pelo significativo nível das aplicações processadas nos itens de curto prazo. Note-se que mesmo nos momentos de maior crise conjuntural, mais da metade do total dos ativos empresariais está refletida em investimentos circulantes.

Finalmente, comparando-se o capital de giro com o ativo fixo de uma empresa, podem ser observadas duas outras importantes características:

· A primeira refere-se à baixa rentabilidade produzida pelos investimentos em itens circulantes; · A segunda característica refere-se à divisibilidade dos elementos circulantes, que se apresenta bem superior à dos ativos fixos.

Assim, o capital de giro pode ser definido como o volume de recursos de curto prazo, necessário para o financiamento do ciclo operacional da empresa. É basicamente composto pelas contas do ativo circulante: Disponível, Duplicatas a Receber e Estoques, que mantém constante movimentação, formando o que se costuma chamar de Ciclo das Operações Circulantes: Estoques de matérias-primas

Vendas à vista Duplicatas a receber

Disponível

Os recursos saem do disponível através da aquisição das matérias-primas que irão passar pelo processo de fabricação, transformando-se em produtos acabados. Esses produtos ficam estocados até o momento da venda. Se as vendas forem a vista, os recursos voltam imediatamente ao disponível. Se forem a prazo, os recursos somente retornarão ao disponível após passar por duplicatas a receber completando dessa forma o ciclo.

O ponto mais importante a ser destacado no ciclo das operações circulantes, é que toda vez que ele se completa e retorna ao disponível, traz uma parcela adicional de recursos que refere-

se ao lucro auferido na operação de venda.

Diante disso, conclui-se que a preocupação do gestor financeiro, na administração do ciclo das operações circulantes, deve concentrar-se na eficácia do seu gerenciamento e na velocidade com que ele se completa pois, como vimos, esse fato é o que vai determinar a maior ou menor rentabilidade.

DISPONÍVEL (“Orçamento de Caixa”)

O termo “disponível” refere-se a ativos de liquidez imediata, ou seja, recursos monetários armazenados pela empresa e saldos mantidos em contas correntes bancárias (de disponibilidade imediata). Representa valores que podem ser usados a qualquer momento em pagamentos de diversas naturezas. Por terem as Letras do Tesouro Nacional as mesmas características de liquidez enunciadas, eventuais posições nesses títulos serão também consideradas como disponível.

O disponível, é o ativo mais líquido e o que apresenta a menor rentabilidade para a empresa. A preocupação básica do administrador financeiro é manter o menor montante de recursos possível nesse tipo de ativo. Entretanto, a atenção deve estar voltada para que haja recursos disponíveis no momento em que se fizer necessário um desembolso de caixa, ficando assim garantida uma liquidez que possa dar sustentação às atividades operacionais da empresa.

Para decidir a quantidade mais adequada de investimento no disponível, o administrador financeiro deve sempre buscar a decisão que proporcione um equilíbrio entre os “Custos de Oportunidade” (benefícios que a empresa deixa de obter ao optar por investimentos em ativos menos rentáveis) e o “Custo de Transação” (custos incorridos pela empresa quando necessita buscar recursos no mercado de crédito ou negocia no mercado monetário sua carteira de títulos negociáveis).

1 - Razões Da Demanda De Moeda E A Manutenção De Caixa

A administração de caixa visa manter uma liquidez imediata necessária para suportar as atividades de uma empresa. Por não apresentar nenhum retorno operacional explícito, o saldo de caixa ideal deveria ser nulo. Evidentemente, essa posição extrema é inviável, já que a empresa precisa normalmente manter um certo nível de caixa para, entre outras razões, fazer frente à incerteza associada ao seu fluxo de recebimentos e pagamentos.

De acordo com estudos realizados por Keynes, as empresas devem manter recursos disponíveis por três motivos:

· Transação: necessidade de manutenção de disponibilidades para atender compromissos previstos (fornecedores, salários, impostos etc.);

· Precaução: fazer frente a compromissos oriundos de situações imprevistas (substituição não prevista de equipamentos, aumento inesperado do nível de inadimplência etc.);

· Especulação: aproveitar oportunidades inesperadas que podem trazer ganhos extraordinários à empresa (aquisição de estoques a preços abaixo dos praticados pelo mercado).

2 - O Ciclo De Caixa E O Controle De Seu Saldo

A necessidade de manter um controle mais acurado na disponibilidade de uma empresa é determinada pelo objetivo de ajustar a manutenção de um saldo de caixa que atenda aos motivos de transação, precaução e especulação mencionados anteriormente, sem que isso ocasione ao mesmo tempo uma ociosidade (inatividade) dos recursos.

· As medidas de responsabilidade e competência exclusivas do caixa são aquelas que podem ser implantadas sem que com isso haja interferências nos outros elementos do capital de giro;

· Por sua vez, as medidas provenientes de uma política mais ampla da empresa envolvem

ao flexibilizar o crédito corre o risco de ter um aumento em seu nível de incobráveis. Cabe então ao administrador financeiro, buscar um equilíbrio que minimize o dilema RISCO X RETORNO.

O nível desses investimentos depende do comportamento das vendas e da formulação de uma política de crédito para a empresa, a qual engloba os seguintes elementos:

1 - Elementos De Uma Política Geral De Crédito

a) Análise dos padrões de crédito

A empresa deve fixar os seus padrões de crédito, ou seja, os requisitos de segurança mínimos que devem ser atendidos pelos clientes para que se conceda o crédito. O estabelecimento dessas exigências mínimas envolve geralmente o agrupamento dos clientes em diversas categorias de risco, as quais visam, normalmente mediante o uso de probabilidades, mensurar o custo das perdas associadas às vendas realizadas a um ou a vários clientes de características semelhantes.

b) Prazo de concessão de crédito

Refere-se ao período de tempo que a empresa concede a seus clientes para pagamento das compras realizadas. Este prazo é normalmente medido em número de dias representativo do mês comercial (por exemplo: 30 dias, 60 dias etc.), sendo normalmente contado a partir da data de emissão da fatura representativa da operação comercial realizada ou a partir do fim do mês em que se efetua a venda (por exemplo: 60 dias "fora o mês").

O prazo de concessão de crédito varia segundo a influência de diversos fatores, sendo normalmente maior nas empresas que trabalham com produtos sazonais (brinquedos etc.). Na realidade, a definição de prazos de concessão de créditos aos clientes depende, principalmente:

· Da política adotada pela concorrência; · Das características e do risco inerentes ao mercado consumidor; · Da natureza do produto vendido; · Do desempenho da conjuntura econômica; · Do atendimento de determinadas metas gerenciais internas da empresa (giro dos ativos, políticas de estoques e compras, etc.) e de mercadologia; · Do prazo de pagamento a fornecedores, etc.

c) Descontos financeiros por pagamentos antecipados

O desconto financeiro pode ser definido como um abatimento no preço de venda efetuado quando os pagamentos das compras realizadas forem feitos a vista ou a prazos bem curtos. Normalmente, os descontos financeiros são concedidos tendo em vista, sobretudo, o incremento das vendas (espera-se que a introdução de descontos venha a atrair novos clientes ou incentivar volumes maiores de vendas) e, também, a redução de necessidades de caixa através de uma diminuição do prazo médio de cobrança. Mais extensivamente, a adoção desta política afeta identicamente o nível de investimentos em valores a receber (determinado por uma suposta redução das vendas a prazo) e o nível das despesas gerais de crédito, notadamente as perdas com devedores duvidosos.

d) Políticas de cobrança

As políticas de cobrança são definidas pelos vários critérios possíveis de serem adotados por uma empresa, visando ao recebimento, na data de seus vencimentos, dos diversos valores a receber.

Maior ampliação nos prazos normais de cobrança de uma empresa pode acarretar, entre

outras conseqüências, um aumento nos custos de inadimplência (provisão para devedores duvidosos) e um agravamento das perdas inflacionárias. Por outro lado, a adoção de medidas mais rígidas de cobrança pode refletir-se sobre as vendas, através de uma retração por parte dos consumidores. Evidentemente, deve a empresa procurar um procedimento mais próximo do "ideal", evitando, por exemplo, que as reduções em suas vendas (e, conseqüêntemente, nos lucros) superem os ganhos provenientes, principalmente de uma queda em suas despesas com devedores duvidosos. 2 - Principais Medidas Financeiras De Uma Política De Crédito

a) Despesas com devedores duvidosos: rRefere-se à probabilidade definida pela empresa em não receber determinado volume de crédito. A definição de uma política geral de crédito leva, muitas vezes, uma empresa a fixar um limite percentual a estas despesas, sendo definido, assim, como o risco máximo que a administração estaria disposta a arcar dentro das condições gerais estabelecidas;

b) Despesas gerais de crédito: envolvem basicamente os gastos efetuados no processo de análise de solicitações e na manutenção de um departamento de crédito; como pessoal, materiais, serviços de informações contratados, etc;

c) Despesas de cobranças: nestas despesas estão incluídos os gastos gerais efetuados principalmente nos diversos procedimentos de cobrança adotados pela empresa, inclusive aqueles (gastos) provenientes de eventuais ações judiciais e taxas cobradas pelos bancos pela execução desses serviços;

d) Custo do investimento marginal em valores a receber: este custo é obtido mediante a aplicação de uma taxa de retorno mínima exigida pela empresa (para seus investimentos ativos) sobre o investimento marginal (adicional) efetuado em valores a receber. O critério geral de análise de uma política de crédito prevê basicamente um confronto entre o retorno mínimo exigido pela empresa (ou o custo do dinheiro utilizado no financiamento desse investimento adicional) e a variação em seus resultados operacionais provocada pela introdução de determinada política de crédito (ou por alterações em alguns de seus elementos). Evidentemente, se o custo for inferior ao resultado operacional, sendo ambos medidos em termos marginais, tem-se uma atratividade econômica pela aceitação da proposta, ocorrendo uma propensão de rejeição na situação inversa.

3 - Influências De Uma Política De Crédito Sobre As Medidas Financeiras

A introdução de uma nova política de crédito produz importantes influências sobre determinadas variáveis financeiras de controle interno.

· Afrouxamento nos padrões usuais de crédito: ou seja, quando a direção da empresa decide conceder créditos a clientes de maior risco, surge de imediato uma expectativa de elevação no volume de vendas. No entanto, simultaneamente ao surgimento deste aspecto positivo, pode- se prever também uma necessidade de maior volume de investimentos em valores a receber (e uma possível elevação do prazo médio de cobrança) acompanhada de um crescimento nas despesas gerais de crédito, principalmente na provisão para devedores duvidosos;

· Ampliação em seus prazos usuais de crédito: é coerente esperar por uma elevação no volume de vendas, nas despesas gerais de crédito (o departamento de crédito é sobrecarregado, e as despesas de cobrança e o nível de inadimplência também tendem a aumentar) e nos investimentos em valores a receber (o ativo realizável se elevará, assim como o prazo médio de cobrança).

· Redução nos prazos de concessão de crédito: nesse caso, efeitos contrários são esperados, naturalmente, se a decisão tomada for de uma influência dessas decisões sobre os lucros da empresa. Da mesma forma, é medida pelo nível em que ocorrerem tais variações. Se o aumento nas receitas não for suficiente para cobrir as despesas marginais, verifica-se uma queda nos resultados operacionais. Ao contrário, tem-se um incremento nesses valores.

Em suma, o administrador financeiro deve interessar-se, dentro de um contexto de análise da política de crédito, por qualquer decisão (ou conjunto de decisões) que acarrete um resultado