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Guias e Dicas
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AIDIPI, Notas de estudo de Cultura

saude coletiva

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 28/09/2011

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claudia-cristina-oliveira-5 🇧🇷

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MINISTÉRIO DA SAÚDE
AIDPI
Atenção Integrada às Doenças
Prevalentes na Infância
Curso de Capacitação
Introdução
Módulo 1
2.ª edição revista
1.ª reimpressão
Série F. Comunicação e Educação em Saúde
Brasília – DF
2003
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MINISTÉRIO DA SAÚDE

AIDPI

Atenção Integrada às Doenças

Prevalentes na Infância

Curso de Capacitação

Introdução

Módulo 1

2.ª edição revista 1.ª reimpressão

Série F. Comunicação e Educação em Saúde

Brasília – DF

© 1999. Ministério da Saúde. Organização Mundial da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Série F. Comunicação e Educação em Saúde Tiragem: 2.ª edição revista – 1.ª reimpressão – 2003 – 200 exemplares

Management of childhood Illness foi preparado pela Divisão de Saúde e Desenvolvimento Infantil (CHD), da Organização Mundial da Saúde (OMS) em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), através de um contrato com a ACT Internacional, Atlanta, Geórgia, USA. A versão em português, que corresponde ao Curso de Capacitação sobre Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância foi preparada pela Unidade de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância, Programa de Doenças Transmissíveis, Divisão de Prevenção e Controle de Doenças (HCP/HCT/AIDPC), da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), em Coordenação com UNICEF-TACRO, Washington, DC, USA, Agosto 1996, sendo feita adaptação às normas nacionais e autorizada a publicação pela OPAS/OMS no Brasil.

Edição, distribuição e informações MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Políticas de Saúde Área da Saúde da Criança Esplanada dos Ministérios, bloco G, 6.º andar, sala 636 CEP: 70058-900, Brasília – DF Tels.: (61) 315 2407/315 2866/315 2958/224 4561 Fax: (61) 315 2038/322 3912

Este material foi adaptado com a valiosa colaboração dos consultores e as instituições abaixo mencionados aos quais a Área da Saúde da Criança do Ministério da Saúde e a OPAS/OMS agradecem o empenho e dedicação:

Coordenadora da revisão atual: Drª Maria Anice Saboia Fontenele e Silva – Área da Saúde da Criança/SPS/MS

Colaboradores da revisão do módulo de introdução: Dr. Grant Wall Barbosa de Carvalho Filho – IPPMG/UFRJ; Dr. Ruben Schindler Maggi – IMIP/PE Capa: Dino ( Vinícius Ferreira Araújo) – Projeto Promoção da Saúde/SPS Projeto Visual: Roberto Vieira – Editora MS Editoração: Thiago Antonucci – Editora MS

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Ficha Catalográfica

Catalogação na fonte – Editora MS

EDITORA MS Documentação e Informação SIA, Trecho 4, Lotes 540/ CEP: 71200-040, Brasília – DF Tels.: (61) 233 1774/2020 Fax: (61) 233 9558 E-mail : editora.ms@saude.gov.br

Brasil. Ministério da Saúde. AIDPI Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância: curso de capacitação: introdução: módulo 1. / Ministério da Saúde, Organização Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde. – 2. ed. rev., 1.ª reim- pressão – Brasília: Ministério da Saúde, 2003.

32 p.: il. – (Série F. Comunicação e Educação em Saúde)

ISBN 85-334-0605-

  1. Saúde Infantil. 2. Capacitação em serviço. I. Brasil. Ministério da Saúde. II. Organização Mundial da Saúde. III. Organização Pan-Americana da Saúde. IV. Título. V. Série.

NLM WA 320

INTRODUÇÃO

Este manual constitui o primeiro de um conjunto de módulos contendo o material didático utilizado nos cursos de capacitação em Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), promovidos pelo Ministério da Saúde, destinados principalmente a profissionais de saúde que atendem crianças nos serviços de atenção básica no Brasil.

A AIDPI tem por finalidade promover uma rápida e significativa redução da mortalidade na infância. Trata-se de uma nova abordagem da atenção à saúde na infância, desenvolvida original- mente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência (UNICEF), caracterizando-se pela consideração simultânea e integrada do conjunto de doenças de maior prevalência na infância, ao invés do enfoque tradicional que busca abordar cada doença isoladamente, como se ela fosse independente das demais doenças que atingem a criança e do contexto em que ela está inserida.

Cabe ao profissional de saúde a difícil missão de acolher a criança e seu acompanhante, com- preender a extensão do problema que a aflige e propor procedimentos de fácil aplicação e compro- vada eficácia. Constitui sua função implícita estabelecer um canal de comunicação com a mãe ou com a pessoa responsável pela criança, de modo que ela apreenda as recomendações, referentes ao tratamento e aos cuidados a serem prestados no domicílio, assim como memorize os sinais indica- tivos de gravidade que exigem o retorno imediato da criança ao serviço de saúde.

A utilização de sinais e sintomas que apresentam uma boa relação de sensibilidade e especifi- cidade, permitindo um diagnóstico mais preciso, constitui o ponto alto dessa estratégia. Associada a uma sistematização adequada do atendimento, dotada de forma e seqüência bem encadeadas, que priorizam a gravidade, com um potencial de flexibilidade capaz de se adequar às mais diversas situações epidemiológicas, essa estratégia de atenção à criança na área de saúde pública revelou a melhor relação de custo/benefício, segundo relatório do Banco Mundial, em 1993.

É nosso desejo que este material represente uma contribuição na melhoria da atenção presta- da à saúde infantil que, associada a ajustes na organização dos serviços e a um processo de educa- ção permanente desenvolvido com a família e a comunidade, propicie uma melhoria significativa dos nossos indicadores de saúde no Brasil.

1 A AIDPI E A SITUAÇÃO DE SAÚDE DA CRIANÇA

NO BRASIL

Neste capítulo, você irá conhecer a realidade da saúde de nossas crianças. Será apresentada a estratégia Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) e explicada a proposta de capacitação nessa abordagem de atenção à criança.

A estratégia AIDPI se alicerça em três pilares básicos: o primeiro é a capacitação de recursos humanos no nível primário de atenção, com a conseqüente melhoria da qualidade da assistência prestada; o segundo é a reorganização dos serviços de saúde, na perspectiva da AIDPI; e o último é a educação em saúde, na família e na comunidade, de modo que haja uma participação de todos na identificação, condução e resolução dos problemas de saúde dessa família, especialmente os menores de 5 anos de idade.

No Brasil, a estratégia AIDPI foi adaptada às características epidemiólogicas da criança e às normas nacionais. As condutas preconizadas pela AIDPI incorporam todas as normas do Ministério da Saúde relativas à promoção, prevenção e tratamento dos problemas infantis mais fre- qüentes, como aqueles relacionados ao aleitamento materno, promoção de alimentação saudável, crescimento e desenvolvimento, imunização, assim como o controle dos agravos à saúde tais como: desnutrição, doenças diarréicas, infecções respiratórias agudas e malária, entre outros. A operacio- nalização dessa estratégia vem sendo efetivada principalmente pelas Equipes de Saúde da Família (ESF) e capilarizada em todo território nacional.

A seguir, vamos tecer algumas considerações sobre a situação da saúde de crianças menores de 5 anos, no Brasil, num contexto mais amplo, objetivando maior compreensão e melhor eficácia no enfrentamento dos problemas identificados.

A Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) é um dos indicadores mais eficazes para refletir não somente aspectos da saúde de crianças, como a qualidade de vida de uma determinada população. Existem claras associações entre riqueza e nível de desenvolvimento de um país ou região e suas TMI. Nas regiões pobres do mundo, onde essas taxas são mais elevadas, a maioria das mortes infantis poderia ser evitada com medidas simples e eficazes. Mais de 70% desses óbitos devem-se a pneumonia, diarréia, desnutrição, malária e afecções perinatais, ou uma associação delas.

Enfrentar os fatores condicionantes e determinantes da mortalidade infantil tem sido um constante desafio para as autoridades brasileiras nas últimas décadas, levando o Ministério da Saúde a intensificar, a partir de 1984, sua atuação na promoção da saúde dos menores de 5 anos, com a criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC). Esse programa visa a promover a saúde da criança de forma integral, dando prioridade ao atendimento de crianças per- tencentes a grupos de risco, melhorando a qualidade do atendimento.

Apesar da mortalidade infantil mostrar uma tendência ao descenso nos últimos 21 anos, ainda permanece elevada, com uma TMI estimada de 28,6 por mil nascidos vivos para 2001 (censos demográficos de 1970 a 1991, resultados preliminares do censo de 2000, assim como a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde – PNDS). Ver Gráfico 1.

Gráfico 1 Mortalidade Infantil Brasil, 1980 a 2001

Gráfico 2 Taxas de Mortalidade Infantil para as Regiões - BR 1990-

85, 82, 78, 75, 70, 66, 62, 58, 54, 50, 48,0 45, 42,8 40, 38,4 36, 34,8 33,3 31, 30,7 29,6 28,

80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 2000 2001

0,

20,

40,

60,

80,

100,

IBGE. Censos Demográficos de 1970 a 1991 e Resultados Preliminares do Censo Demográfico de 2000

Fonte:IBGE, Censos Demográficos e PNAD´s

∃ (^) ∃ (^) ∃ ∃ (^) ∃ (^) ∃ (^) ∃ ∃ (^) ∃

∋ (^) ∋ ∋ (^) ∋ (^) ∋ ∋ (^) ∋ (^) ∋ ∋

!

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1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

0,

20,

40,

60,

80, Norte Nordeste (^) ∋ Sudeste (^) ∃ Sul Centro-Oeste

Fonte: IBGE. Censos Demográficos de 1970 a 1991 e Resultados Preliminares do Censo Demográfico de 2000

Apresentamos a seguir, as principais causas de óbitos em menores de 5 anos, no Brasil, nos anos de 1990 e 1999, segundo o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM/CENEPI/MS).

Gráfico 4 Principais Causas de Óbitos em Menores de 5 anos Brasil - Mortalidade Proporcional, 1990 e 2000

Podemos notar com clareza a redução dos óbitos nessa faixa etária durante esse período, assim como a modificação ocorrida nas principais causas. Vale salientar o acréscimo substancial das afec- ções perinatais no componente da mortalidade, acompanhado pelas anomalias congênitas, a redu- ção acentuada das doenças diarréicas e das infecções respiratórias agudas (IRA). Nota-se a melho- ria da qualidade dos dados coletados, que se reflete no decréscimo das causas mal definidas.

Gráfico 5 Principais Gastos Hospitalares em Menores de 5 Anos Brasil - SUS, 2001

39,

19,

9,

6,

11,

13,

45,

12,

5,

10,

4,

20,

Afec. perinatais Mal definidas IRA´s Anomalias congenitas Diarreias Outras causas

1990 2000

Total de Óbitos: 113.777 Total de Óbitos: 78.

FONTE:CENEPI/MS SIMEXECUÇÃO:SAÚDE DA CRIANÇA/SPS

IRAs 41,5%

Septicemia 4,0%

Afecções Perinatais 16,0%

C.Externas 1,8%

D.Diarréicas 10,4%

Outras 22,4%

Def. Nutricionais 1,1% Malform. Congen. 2,9%

Fonte: Datasus/MS - SIH_SUS Execução: Saúde da Criança-SPS/MS Total Gastos< 5 anos: R$ 656.515.002,

Apresentamos anteriormente (Gráfico 5) o detalhamento do gasto efetuado com as interna- ções e óbitos, ocorridos na rede pública e conveniada de saúde do SUS, em menores de 5 anos, no ano de 2001, baseado nas Autorizações de Internações Hospitalares (AIH), do DATASUS/MS. Isso representou um gasto total de R$ 656.515.002,98. A maior causa de despesas com hospitali- zações foi devido às IRA, que representaram 41,5%, seguidas pelas afecções perinatais com 16,0% e pelas doenças diarréicas com 10,4%; completando a lista estão as septicemias, que contribuíram com 4,0%, as malformações congênitas com 2,9%, as causas externas com 2,4%, e as deficiências nutricionais com 1,1%. O conjunto das demais causas compreendeu 22,4%.

Apresentamos, no gráfico abaixo, as principais causas de internações e óbitos em menores de 5 anos, ocorridos no Brasil, na rede do SUS, no ano de 2001.

Gráfico 6 Principais Causas de Internações e Óbitos em < de 5 Anos Brasil - Procedimentos Realizados pelos SUS, 2001

Temos, assim, bem definidas as causas relevantes que devem ser enfrentadas, visando à melho- ria da atenção prestada à população infantil, assim como a redução e otimização do gasto público.

O Ministério da Saúde tem promovido ações específicas na saúde infantil, como programas de incentivo ao aleitamento materno, controle das doenças diarréicas agudas, controle das doen- ças respiratórias agudas, programa ampliado de imunizações, promoção de alimentação saudável e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, entre outros. Nessa última década, foram incorporadas ações específicas em estratégias de reforço à atenção básica, que visam a apresentar um novo paradigma de modelo assistencial, como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e, posteriormente, o Programa Saúde da Família (PSF), que apontam para a necessidade de um trabalho amplo e integrado. Todos abrangem ações destinadas a melhorar a atenção presta- da e a reduzir a morbimortalidade na infância, sendo implementados prioritariamente em muni- cípios de maior risco para mortalidade infantil.

Apresentamos no Gráfico 7, a seguir , como se deu a implantação da Estratégia AIDPI, que se iniciou no Ceará, Pará , Pernambuco e Sergipe, a partir de 1997, com adesão gradativa dos outros Estados brasileiros. No ano anterior começou a capacitação dos multiplicadores nacionais e a adaptação do material genérico da OMS às normas técnicas nacionais. Em 2002, todos os Estados contavam com multiplicadores capacitados, que são denominados facilitadores.

EXECUÇÃO: Área da Saúde da Criança

759.

25.

118. 37.

356.121 297.

21.335 24.

18, 17,

35,

0,

3,

15,

1,60 4,

I RA SepticemiaAfecções Perinatais C.Externas

D.Diarréicas OutrasDef. Nutricionais Malform. Congênitas

0

100.

200.

300.

400.

500.

600.

700.

800.000 Internações

0,

12,

24,

36,

48,

% Óbitos Internações% Óbitos

FONTE: DATASUS /MS

T ot al I n t ern aç ões < 5 anos: 1. 68 0. 74 7 T ot al Óbi t o s < 5 an os : 3 1. 33 3

A estratégia AIDPI só pode ser efetiva se a família levar a criança doente no momento opor- tuno a um profissional de saúde que recebeu capacitação adequada. Por isso, um aspecto impor- tante da prática da atenção integrada é recomendar às famílias ( e procurar certificar sobre a com- preensão da mensagem transmitida) quais os casos apresentados pela criança doente que devem procurar atendimento urgente no serviço de saúde, sobre as consultas de rotina para vacinação e controle de crescimento e desenvolvimento, assim como aconselhamento sobre os cuidados a serem prestados à criança em casa e sobre as medidas de prevenção e promoção da saúde. Nesse sentido, o trabalho já realizado em numerosos municípios brasileiros pelo PSF e PACS é funda- mental para a implantação e implementação dessa estratégia.

Um trabalho relevante que vem sendo desenvolvido, especialmente nos últimos quatro anos, é o envolvimento de docentes de escolas médicas e de enfermagem. Visa, principalmente, a inser- ção do conteúdo programático abordados na Estratégia AIDPI nas diversas disciplinas dos cursos da área da saúde. Muitas dessas escolas integram os Pólos de Capacitação do PSF, responsáveis pelos cursos dados às suas equipes, que utilizam a estratégia AIDPI no atendimento à criança.

As fases ou etapas da implantação de AIDPI na docência são:

  1. Preliminar : participação de docentes em Seminário de Sensibilização sobre AIDPI;
  2. Inicial : conta com docentes capacitados em cursos de docentes, de facilitadores ou curso operacional;
  3. Intermediária : conta com disciplinas abordando conteúdo programático de AIDPI em cursos para alunos e internos;
  4. Avançada : realiza cursos formais sistemáticos de AIDPI para alunos e internos;
  5. Ultra Avançada : desenvolve atividades de pesquisa em temas de AIDPI, além dos cursos regulares.

2 ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES

NA INFÂNCIA

O objetivo da estratégia AIDPI não é estabelecer um diagnóstico específico de uma determi- nada doença, mas identificar sinais clínicos que permitam a avaliação e classificação adequada do quadro e fazer uma triagem rápida quanto a natureza da atenção requerida pela criança: encami- nhamento urgente a um hospital, tratamento ambulatorial ou orientação para cuidados e vigilân- cia no domicílio.

As condutas de atenção integrada descrevem como tratar crianças doentes que chegam ao ser- viço de saúde no nível primário, tanto para a primeira consulta como para uma consulta de retor- no, quando se verificará se houve melhora ou não. Embora a AIDPI não inclua todas as doenças, abrange aquelas que são as principais causas pelas quais se leva uma criança ao serviço de saúde.

Uma criança que retorna com problemas crônicos ou que é acometida de doenças menos comuns, talvez necessite de atenção especial, o que não é o objeto deste curso. Da mesma forma, o curso não se destina ao tratamento de traumas ou outras emergências graves decorrentes de aci- dentes ou ferimentos, assim como não inclui o tratamento de outras doenças da infância. Nesses casos, ou se a criança não responde às condutas de tratamento padronizado indicadas neste curso, apresenta um estado grave de desnutrição ou retorna repetidamente ao serviço de saúde, deve-se referi-la a um serviço de saúde, onde poderá receber tratamento especializado.

Embora os profissionais de saúde tenham experiência no manejo de doenças comuns da infância e recebam capacitação específica para cada doença como, por exemplo, infecções respira- tórias agudas ou doença diarréica aguda, muitas vezes a capacitação não ajuda a sistematização da consulta clínica, quando a criança apresenta vários problemas. Com limitações de tempo e de recursos é difícil para os profissionais de saúde identificar e tratar todos os problemas de saúde da criança ao mesmo tempo. É preciso levar em conta que existem relações importantes entre as doenças. Por exemplo: episódios repetidos de diarréia podem ocasionar ou agravar a desnutrição; essa por sua vez, nas formas graves ou complicadas, pode precipitar manifestações de xeroftalmia.

O profissional de saúde pode usar os procedimentos de atenção integrada apresentados neste curso para avaliar rapidamente todos os sintomas e sinais que a criança apresenta, classificar o qua- dro e adotar a conduta adequada. Se a criança está gravemente doente deverá ser encaminhada para um hospital. Se a doença não é grave, poderão ser adotadas as normas de tratamento ambulatorial ou domiciliar, orientando-se a mãe ou o responsável pela criança quanto ao tratamento, aos cuidados que lhes devem ser prestados no domicílio, assim como sobre os sinais indicativos de gravidade daque- les casos que exigirão retorno imediato da criança ao serviço de saúde para uma reavaliação.

2.2 OBJETIVO DO CURSO DE CAPACITAÇÃO

Este curso de capacitação foi elaborado com o propósito de ensinar as condutas de ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA a médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde que atendem crianças no nível de atenção primária.

O profissional de saúde receberá orientação de como tratar as crianças doentes seguindo os quadros de conduta que incluem informações sobre como:  avaliar sinais e sintomas de doenças, o estado nutricional e de vacinação da criança;  classificar a doença, identificar o tratamento adequado para cada classificação e deci- dir se cabe referi-la ou não ao hospital;  administrar tratamentos prévios antes de referir a criança ao hospital (como a primei- ra dose de um antibiótico, vitamina A, uma injeção de antimalárico ou começar o tra- tamento para evitar uma hipoglicemia) e como referir a criança;  administrar tratamentos no serviço de saúde como, por exemplo, terapia de hidrata- ção oral (TRO), nebulização e aplicação de vacinas;  ensinar a mãe a administrar medicamentos específicos em casa, como um antibiótico oral, um antimalárico oral ou um suplemento alimentar específico;  recomendar à mãe sobre a alimentação e os cuidados a serem prestados à criança em casa;  orientar à mãe quando deve retornar imediatamente e para a consulta de retorno; e  reavaliar o caso e prestar a atenção apropriada quando a criança voltar ao serviço de saúde.

2.3 MÉTODOS E MATERIAIS DO CURSO

Além do Manual de Quadros de Conduta, você receberá uma série de apostilas, que chama- mos módulos, para explicar-lhe cada passo. Esses módulos são assim denominados:

 Avaliar e Classificar a Criança Doente de 2 Meses a 5 Anos de Idade  Identificar o Tratamento  Tratar a Criança  Aconselhar a Mãe ou o Acompanhante  Atenção à Criança de 1 Semana a 2 Meses de Idade  Consulta de Retorno

Os módulos incluem exercícios que lhe ajudarão a conhecer cada um dos passos. A maior parte desses exercícios proporciona informações clínicas que descrevem a criança doente e fazem uma série de perguntas. Alguns exercícios usam fotografias ou vídeos. É preciso que você ESTUDE E FAÇA OS EXERCÍCIOS de cada módulo.

Existe o GUIA DO FACILITADOR, que serve de orientação para os professores do curso, denomina- dos facilitador e instrutor clínico, assim como o MANUAL DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO PÓS-CAPACITAÇÃO, destinado a profissionais de nível central ou que trabalham nas regionais de saúde e que fazem o seguimento dos treinandos. Objetiva identificar e superar eventuais dificuldades encon- tradas pelo profissional que atende nessa nova abordagem, assim como ajudar o gerente local a reor- ganizar a atenção básica para uma maior resolutividade e eficácia. Esses dois módulos somente são usados nos cursos para facilitadores e docentes.

Além desses módulos, há o M ÓDULO DE FOTOGRAFIAS e fitas de videocassete que mostram a metodologia do atendimento e vários casos clínicos. Existem formulários de registros de casos, car- tazes, fôlderes, folhetos explicativos para a mãe e acompanhante, bem como uma vasta bibliogra- fia para apoiar o aprofundamento das bases técnicas da estratégia AIDPI e para atualização de tra- balhos publicados sobre os temas abordados.

Durante aproximadamente a metade de cada dia do curso, você visitará serviços de saúde e áreas de internação para poder observar e realizar sessões práticas na atenção de crianças doentes. Nessas sessões clínicas você avaliará, classificará e tratará crianças e ensinará às mães como cuidar delas em suas casas. As sessões de prática clínica lhe darão oportunidade para aplicar os conheci- mentos adquiridos através dos módulos. Você poderá fazer perguntas e receber orientação se sur- girem dificuldades. Ao final do curso, você terá obtido experiência no tratamento de crianças segundo a estratégia de ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA e se sentirá seguro para continuar aplicando esse método em seu serviço de saúde.

Cada curso contará com um coordenador e terá, para cada grupo de oito a dez treinandos, um facilitador, um co-facilitador e um instrutor clínico. Onde a AIDPI estiver sendo implantada ou onde não existir pessoas com experiência nesse tipo de curso, deverá haver um coordenador administrativo (do estado, município ou instituição), responsável pelos aspectos logísticos e ope- racionais, e um coordenador técnico, externo, que dará apoio às questões técnicas e acompanhará o desenrolar do curso. Em cursos com um pequeno número de participantes (oito), o coordena- dor poderá atuar também como facilitador.

2.4 COMO SELECIONAR OS QUADROS DE CONDUTA APROPRIADOS

A maior parte dos serviços de saúde tem algum tipo de procedimento para inscrever crianças e identificar se vieram à consulta porque estão doentes ou por qualquer outra razão, como uma visita de rotina, aplicação de uma dose de vacina, controle de crescimento e desenvolvimento. Quando a mãe traz a criança ao serviço de saúde porque está doente e lhe encaminham o caso, você precisa primeiramente saber a idade da criança, para poder selecionar o quadro de conduta apropriado e começar o processo de avaliação. Dependendo do procedimento adotado ao inscre- ver os pacientes no seu serviço de saúde, é possível que já tenha sido anotado o nome da criança, sua idade e outra informação pertinente, como, por exemplo, seu endereço. Se não for o caso, você deverá começar perguntando o nome e a idade da criança.

Determine em que grupo de idade a criança se encontra:

 de 1 semana a 2 meses de idade; ou  de 2 meses a 5 anos de idade.

Se a criança tem entre 2 meses e 5 anos de idade, consulte o quadro intitulado AVALIAR E CLAS - SIFICAR A CRIANÇA DOENTE DE 2 MESES A 5 ANOS DE IDADE. A expressão “... a cinco anos de idade” significa que a criança ainda não completou 5 anos. Assim, esse grupo de idade inclui uma crian- ça que tenha 4 anos, 11 meses e 29 dias, porém não inclui uma criança que já tenha 5 anos.

Uma criança que tenha 2 meses se enquadrará no grupo de 2 meses a 5 anos de idade, não no grupo de 1 semana a 2 meses de idade, ou seja, até 1 mês e 29 dias. Caso a criança ainda não tenha completado 2 meses, deverá ser usado o quadro AVALIAR , CLASSIFICAR E TRATAR A CRIANÇA DE 1 SEMANA A 2 MESES DE IDADE.

No módulo seguinte, AVALIAR A CRIANÇA DOENTE DE 2 MESES A 5 ANOS DE IDADE , você aprende- rá a avaliar e classificar uma criança dessa faixa etária. A forma de atender a uma criança menor de 2 meses é ensinada mais adiante, no módulo ATENÇÃO À CRIANÇA DE 1 SEMANA A 2 MESES DE IDADE.

Bebe muito mal: A criança bebe muito pouca quantidade de líquidos,

segundo a mãe. No contexto deste curso, sugere incapa- cidade para beber.

Capacidade de comunicação: Técnicas utilizadas para ensinar e recomendar à mãe,

como: perguntar e escutar, elogiar, recomendar e verifi- car se foi entendido o que se explicou.

Classificação grave: Doença muito grave que requer atenção urgente e indi-

ca a necessidade de referir o paciente a um hospital para internação. As classificações de doenças graves apare- cem nas faixas vermelhas no quadro de AVALIAR E CLAS - SIFICAR.

Classificar: Significa selecionar uma categoria considerando a gra-

vidade da doença baseando-se nos sinais e sintomas apresentados pela criança. Classificar não é fazer um diagnóstico.

Consulta de retorno: Uma visita de retorno ao serviço de saúde solicitada

pelo profissional de saúde para reavaliar a criança, ou seja, certificar se o tratamento está fazendo efeito ou se é necessário tratamento adicional ou encaminhamento da criança ao hospital.

Doença: Doença ou grupo de doenças específicas, classificadas

segundo sinais e sintomas. Por exemplo, DOENÇA FEBRIL MUITO GRAVE : essa classificação inclui várias doenças, como meningite, malária cerebral e sep- ticemia.

Enfermidade: Conjunto de sinais e sintomas de doenças que precisam

ser avaliados e classificados para eleger o tratamento.

Estado nutricional: Condição de nutrição da criança. Neste curso, a desnu-

trição clínica é considerada se a criança apresenta sinais de edema bilateral de dorso de pés, emagrecimento acentuado ou ambos (classificada como desnutrição grave). As crianças com déficit de peso para a idade clas- sificada como peso muito baixo, peso baixo ou ganho insuficiente são consideradas como portadoras de défi- cit de crescimento e, indiretamente, dependendo da história alimentar e socioeconômica, como forma não clínica de desnutrição.

Febre: No contexto deste curso, febre abrange: uma história de

febre (como informado pela mãe); quando ao tocar a criança nota-se que ela está quente; que a temperatura axilar é igual ou superior a 37,5ºC ou a temperatura retal superior a 38ºC.

Fórmulas infantis: São fórmulas de dietas lácteas preparadas especialmen-

te para crianças menores de 1 ano de idade.

Ganho insuficiente de peso: Quando o sentido da curva de peso está estacionário ou

descendente.

Hipotermia: Temperatura do corpo abaixo do normal (menos de

35,5ºC axilar ou menos de 36ºC, temperatura retal).

Hospital: Qualquer instalação de saúde com leitos e insumos para

atender os pacientes internados, onde existem profissio- nais com experiência para tratar crianças gravemente doentes.

Atenção integrada: Visão conjunta do atendimento às doenças nos diferen-

tes aspectos da promoção, prevenção e tratamento. A AIDPI complementa o Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC/MS) que inclui as cinco ações básicas de saúde.

Nascido a termo: Criança nascida a partir da 37.ª semana de gestação.

Paciente internado: Paciente que se encontra hospitalizado e recebe trata-

mento médico, alimentação e outros cuidados necessários.

Paciente externo: Paciente que é atendido em serviços ambulatoriais de

hospitais, centros, postos de saúde ou outros serviços de atenção primária.

Serviços de saúde do pri- meiro nível de atenção:

São locais como, por exemplo, um centro de saúde, posto rural de saúde ou o ambulatório externo de um hospital, onde as pessoas procuram, no início da doença atual, a atenção básica dentro do sistema de saúde.