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Tipologia: Notas de estudo
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8.5 Literatura Surda ........................................................................................... 76 9 PRODUÇÃO E TRADUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE SURDOS ................................................................................................................... 77 9.1 Produção e Tradução de Materiais Didáticos Para o Ensino de Surdos ...... 78 9.2 Formas de Produção e Tradução de Materiais Didáticos na Educação de Surdos ................................................................................................................... 81 9.3 Avaliação de Materiais Didáticos Para o Ensino Dos Sujeitos Surdos ......... 85 10 A PEDAGOGIA BILÍNGUE .............................................................................. 88 10.1 Princípios da Pedagogia Bilíngue ............................................................. 89 10.2 Questões Culturais, Identitárias e Bilinguismo .......................................... 93 10.3 O Professor Como Mediador da Aprendizagem na Perspectiva da Diferença Cultural ................................................................................................................... 95 10.4 A Importância da Aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais Por Parte da Sociedade ......................................................................................................... 97 11 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................. 100
Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos!
comprometimento), quanto à etiologia (causa da surdez) e o período de aquisição da mesma. Assim, O conhecimento sobre as características da surdez permite àqueles que se relacionam ou que pretendem desenvolver algum tipo de trabalho pedagógico com pessoas surdas, a compreensão desse fenômeno, aumentando sua possibilidade de atender às necessidades especiais constatadas. (BRASIL, 2006, p.15). Por isso, conhecer alguns aspectos clínicos da surdez faz-se necessário para o desenvolvimento de uma boa prática educativa. 2.2 Graus de Perda Auditiva A surdez pode ser unilateral quando a perda auditiva ocorre em apenas um ouvido, e bilateral quando ocorre nos dois. O grau de comprometimento pode ser decisivo no desenvolvimento da linguagem, o nível de perda é medido em termos de decibéis. A audição é considerada normal quando a captação de som ocorre até 16 dB. Quando a captação ocorre de 16 e 70 dB, a pessoa possui uma deficiência auditiva, podendo ser classificada em: surdez leve (16 a 40 dB) audição muito próxima da normal, o desenvolvimento da linguagem oral ocorre normalmente. Pode haver dificuldades com a percepção de alguns fonemas, no entanto, não requer grandes mudanças metodológicas por parte do professor. Usar um tom mais alto de voz e falar pausadamente facilitará a compreensão do aluno; surdez moderada (41 a 70 dB) é possível a percepção de sons altos, ocorrendo um atraso na linguagem oral e dificuldade na articulação das palavras, por não captar os fonemas corretos. A criança que possui esse tipo de surdez não consegue se comunicar em local com muito barulho e pode ser por vezes desatenta, apresentando dificuldades na leitura e escrita. Requer adaptações metodológicas mais específicas, pois além do que foi dito para a surdez leve é necessário o aumento de recursos visuais para garantir a aprendizagem do aluno;
Acima de 70 dB a pessoa é considerada surda, necessitando do uso de língua de sinais para se comunicar; surdez severa (71 a 90 dB) a voz humana não é perceptível, o que impossibilita a aquisição da linguagem oral de modo espontâneo. O uso de aparelhos auditivos pode ajudar, mas se faz necessário o uso de língua de sinais, pois sua aptidão visual supera a auditiva. O professor deverá privilegiar o uso de imagens e ter o domínio da LIBRAS para que haja uma boa comunicação entre eles; surdez profunda (acima de 91dB) não há percepção de praticamente som algum, apenas ruídos muito altos como uma bomba, por exemplo, nesse caso o som pode ser de longe percebido. Não há desenvolvimento da linguagem oral e apenas um implante coclear poderia fazê-la ouvir. A linguagem desenvolvida deverá ser a de sinais, que é a língua natural do surdo. (BRASIL, 2006; SANTIAGO, 2010; GESSER, 2009). Fonte: www.ouviclin.com.br Percebe-se então, que dependendo do grau da perda auditiva, a alfabetização e educação do aluno surdo deverão ocorrer através da língua de sinais, cabendo ao professor dá a ela o devido valor. Por isso, a necessidade de intérpretes na sala de
2.4 Tipos de Surdez ou Perda Auditiva Para entendermos os tipos de surdez existentes é necessário que se entenda um pouco como funciona o ouvido humano. O ouvido é composto por três partes: a externa, também chamada de ouvido externo, que compreende o pavilhão auricular, o conduto auditivo e a membrana timpânica; as outras duas são internas e estão localizadas dentro da caixa craniana, o ouvido médio onde estão localizados três ossos muito pequenos (martelo, bigorna e estribo) e o ouvido interno, nele estão situados a cóclea, os canais semicirculares e o nervo aditivo. Podemos observar melhor na imagem abaixo: Fonte:www.tectronica.files.wordpress.com As ondas sonoras são captadas pelo ouvido externo e passa para o ouvido médio onde são conduzidas pelo martelo, bigorna e estribo até a cóclea que fica na parte interna do ouvido. É na cóclea que o som é processado, vibra e vai para o cérebro, passando pelo nervo auditivo. Quando ele chega aos centros auditivos do cérebro é possível a compreensão da mensagem recebida. Os tipos de surdez variam de acordo com a localização da lesão no aparelho auditivo. O MEC divide em quatro os tipos de perda auditiva, são elas: Condutiva - patologias localizadas no ouvido externo e/ou médio. Geralmente são ocasionadas por causas pós-natais e em sua maioria são reversíveis após tratamento;
Neurossensorial - de origens pré-natais. Localiza-se no nervo coclear e esse tipo de lesão é irreversível; Mista - afeta ao mesmo tempo o ouvido externo e/ ou médio e o ouvido interno. Ocorre devido a fatores genéticos, determinantes de má formação. Esse caso também é irreversível; Central - alteração localizada no cérebro. Pode ser localizada desde o tronco cerebral até as regiões subcorticais e córtex cerebral. (BRASIL, 2006, p.16). É através da identificação do tipo de surdez que será possível determinar o tratamento indicado e ainda o uso de dispositivos de amplificação sonora. 2.5 Identidades Surdas Além dos aspectos clínicos descritos anteriormente, outro fator altamente relevante no processo de ensino da pessoa surda é a dificuldade decorrente de sua limitação linguística que ocasiona problemas emocionais, sociais e cognitivos, influenciando a aprendizagem e sua identidade. De acordo com Perlin (1989) apud Santiago (2010), existem cinco categorias de identidades surdas: política, híbrida, de transição, incompleta e flutuante. Por isso, é um erro pensar que as pessoas surdas formam um grupo homogêneo. Essas identidades são classificadas como: a) Identidade surda política – há o predomínio da experiência visual em detrimento da auditiva; b) Identidade surda híbrida – acontece com surdos que usam identidades diferentes em momentos diferentes; c) Identidade surda de transição – é caracterizada por um momento específico da vida do surdo. É exatamente aquele em que ele passa de um mundo ouvinte, onde sempre foi obrigado a viver, para uma nova experiência com o mundo surdo. d) Identidade surda incompleta – aquela em que a pessoa surda sofre pressões de toda a espécie para não se identificar com outros surdos; e) Identidade surda flutuante – quando o surdo não aceita a própria surdez e faz de tudo para se enquadrar no mundo ouvinte. (SANTIAGO, 2010, p.214- 215).
história dos surdos, pois deu-se os primeiros passos para a integração em sociedade com o objetivo de oportunizar o acesso à educação e ao trabalho aos surdos. Na Grécia antiga, na qual se cultuava o corpo e a beleza física, as pessoas com deficiência eram afastadas da sociedade, sendo privadas do convívio social e posteriormente atiradas ao rio Tibre. Segundo Silveira (2012), as pessoas com deficiência eram vistas como um perigo à sociedade, já que eram incapacitadas de procriar a própria espécie. Em algumas culturas as pessoas com deficiência eram associadas a imagens demoníacas, a forças sobrenaturais que as levavam a serem imperfeitas e associadas também com bruxaria e feitiçaria. No século XIX, há registro de algumas tentativas de recuperação e reconstrução de membros; em alguns casos não só de membros, mas também a reconstrução do psíquico. 3.1 A História da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) No ano de 2010, o IBGE constatou que existia aproximadamente 9.722. milhões de brasileiros com problemas de audição, sendo que 2,6 milhões eram surdos. A Libras é uma das línguas utilizadas no Brasil e reconhecida nacionalmente pela Lei nº 10.436/2002. No entanto, ainda há um número relevante de pessoas que vê a Libras apenas como mímica, gestos soltos no ar, movimentos sem nexo ou, ainda, simplesmente uma cópia fiel da língua portuguesa. Pesquisas na área da linguística aplicada apontam que há uma complexidade na estrutura gramatical da língua, inclusive ao que se refere às formas de expressão e a sua contextualidade, assim como qualquer outro idioma ou língua oral, conseguindo expressar ideias de diversos níveis de compreensão e complexidade. Em 2005 ocorreu um fato importante para a comunidade surda no Brasil, a regulamentação do Decreto n° 5.626/2005 que regulamenta e oficializa a difusão da língua de sinais e a insere como disciplina obrigatória nas instituições de ensino, para a formação de professores, instrutores de libras. Além disso, esse decreto auxilia na divulgação da língua de sinais brasileira e do português para as pessoas com deficiência auditiva/surdos, nos cursos de formação de tradutores e intérpretes de libras, assim como, garante o direito ao acesso à saúde e à educação para surdos.
É importante lembrar que a Libras foi criada a partir da língua de sinais francesa. Com a vinda do francês Eduard Hernest Huet para o Brasil, que foi aluno do Instituto de Paris, a educação de surdos teve início durante o segundo império. Nessa época, promoveu-se a Libras, com forte influência da França. No entanto, não havia escolas especiais para surdos, por isso Huet solicitou ao imperador Dom Pedro II um estabelecimento para educar os surdos brasileiros. No dia 26 de setembro de 1857 foi fundado o instituto de surdos-mudos do Rio de Janeiro, atualmente conhecido como Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). A partir desse momento, o Brasil deu seus primeiros passos para a educação de surdos, utilizando o ensino do alfabeto manual. Em meados de 1911, o INES adotou a metodologia do oralismo para que os surdos tivessem a oportunidade de se comunicar e conseguir com eficácia expressar suas vontades e pensamentos. 3.2 Metodologia Oralista Entre 1930 e 1947, o doutor Armando Paiva Lacerda desenvolveu sua metodologia com base na oralização, a qual nomeou de pedagogia emendativa. Acreditava-se que a oralização era a única forma de inserir o surdo na sociedade. O processo pelo qual uma sociedade expulsa alguns de seus membros obriga a que se interrogue sobre o que, em seu centro, impulsiona essa dinâmica (CASTEL, 1998 apud QUADROS, 2006, p. 14). No INES, ainda na gestão de Lacerda e para o êxito de sua metodologia, os surdos eram submetidos a testes que tinham como finalidade a identificação do nivelamento da inteligência ou a aptidão para o exaustivo processo de oralização. E, de acordo com as capacidades cognitivas, os surdos eram separados em grupos. O
A aquisição da língua brasileira de sinais pelas crianças surdas é algo que ainda nos inquieta, nos retira da zona de conforto. É algo que mostra, muitas vezes, diversas lacunas nos processos de aprendizado e ensino-aprendizagem; mostra as fragilidades de um processo de inclusão social falho, despreparado para uma sociedade diversa e diferente. A escola, assim como as demais instituições sociais, não está preparada para atender às especificidades linguísticas, culturais e identitárias dessa minoria que ora se apresenta. Neste capítulo, você aprenderá sobre as questões relacionadas à aquisição da língua brasileira de sinais pela criança surda, bem como os estágios que a compõe, os processos pelos quais ela passa e sobre a importância da Libras no cotidiano escolar. 4.1 Competências Linguísticas, Discursivas e Sociolinguísticas da Libras Cerca de 95% das crianças surdas são filhas de pais ouvintes, e essa condição acarreta uma série de questões que podem determinar sua trajetória escolar e, consequentemente, sua formação (SKLIAR, 1997). Prover o acesso à língua desde a mais tenra idade é essencial para garantir um desenvolvimento pleno e integral do sujeito, além de proporcionar sua percepção e interação com o mundo que o cerca. Quadros e Cruz (2011) apontam que somente 5% das crianças surdas são filhas de pais surdos e, por isso, possuem o input linguístico adequado no período de aquisição da linguagem. Neste ponto, trazemos para a reflexão o conceito de cultura surda, apresentado por Strobel no livro A Imagem do Outro Sobre a Cultura Surda , publicado em 2009. A autora define cultura surda como a forma de “[...] o sujeito surdo entender o mundo e modificá-lo a fim de torná-lo acessível e habitável ajustando-o com suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas [...]” (STROBEL, 2009, p. 27). Qual a relação da cultura surda com o uso da língua brasileira de sinais? Quando pensamos que a aquisição da língua pelas crianças surdas é análoga à das crianças ouvintes, nos causa estranheza quando recebemos um discente surdo em nossa sala de aula que não domina a língua brasileira de sinais (Libras).
As crianças ouvintes, logo ao nascerem, entram em contato com a língua majoritária — no nosso caso, a língua portuguesa —, na modalidade oral, por meio dos mais diversos canais. No entanto, a maioria das crianças surdas não possui esse contato linguístico desde o nascimento. A língua brasileira de sinais é um dos artefatos culturais apresentados por Strobel (2009) cuja importância é fundamental. Por isso, há a necessidade de uso da Libras desde o nascimento, para que essa criança cresça imersa em sua cultura e crie sua identidade. Infelizmente, essa é a realidade de apenas 5% das crianças surdas. Ao crescerem e se desenvolverem, tomando consciência de sua condição, alguns surdos passam a frequentar as associações e a se relacionar com seus pares e desenvolvem/adquirem os demais artefatos culturais, além da língua e da identidade. Pensando em contextos de aquisição de língua pelas crianças surdas, Quadros e Cruz (2011) nos apresentam três espaços onde há possibilidade de acontecer esse processo, são eles: o lar, a escola e a clínica, cada um deles com a sua importância, dependendo da história de vida da criança surda. No lar, primeiro local de contato com a língua, os bebês terão contatos com os pais, surdos ou não, mas que sinalizam. Algum outro familiar (tio, tia, avó ou avô, etc.) é fundamental nesse espaço. A escola pode oferecer um espaço que atenda às especificidades linguísticas desses indivíduos, por meio da presença de adultos surdos ou ouvintes, mas fluentes em Libras, e/ou da presença de outras crianças surdas para que a língua “aconteça” nas relações. Por último e não menos importante, a clínica é o local onde, por meio, preferencialmente, de uma abordagem oralista, a criança tem contato com a linguagem antes de ingressar à escola comum (QUADROS; CRUZ, 2011). Outro fator, além dos apresentados anteriormente, que influencia na aquisição da língua é o período em que a surdez foi detectada. Alguns diagnósticos costumam ser concluídos quando as crianças estão no 3º ou 4º ano de vida. Isso, comparado às
4.2 Recepção e Produção da Libras As práticas de produção e recepção da Libras estão relacionadas ao contato com seus pares linguísticos, de preferência surdos adultos e sinalizantes. As crianças surdas precisam desse referencial para se reconhecerem enquanto surdas e linguisticamente diferentes, a fim de interagir e modificar o mundo que as cerca. Esses adultos servirão como um modelo a ser seguido linguística e culturalmente (MARTINS, 2019). Tendo explicitado anteriormente que cerca de 95% das crianças surdas são filhas de pais ouvintes, a língua de sinais, em grande parte dos lares, não circulará com a devida frequência e importância, ou seja, as crianças surdas terão acesso tardiamente à Libras, por isso a importância da presença de um adulto surdo. É importante que os pais ouvintes aprendam a Libras para se comunicarem com seus filhos, minimizando, assim, as barreiras comunicativas e informacionais. Ao atingirem a idade escolar, muitas crianças surdas chegam à escola sem uma língua adquirida, pronta e internalizada. O paradigma atual é o de uma escola inclusiva, uma escola para todos, uma escola que viva e promova a diversidade; uma escola onde essa diferença é valorizada, é estimulada, é trabalhada nos currículos e nas relações existentes nesse templo do saber. Contudo, é uma escola cuja língua majoritária é a língua portuguesa, uma escola cujo currículo é pensado por e para ouvintes, uma escola cujas práticas, métodos e avaliações também são pensados por e para ouvintes. E os discentes surdos, onde estariam nesse espaço do saber? Por meio de qual língua adquirirá os conhecimentos curriculares e manterá as relações estabelecidas? Como estão sendo pensadas as especificidades dos discentes surdos na escola para todos? 4.3 A Libras nas escolas No ano de 1996, foi publicada a Lei nº 9.394, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996). No corpo dessa legislação, é facultado ao discente estudar na escola mais próximo da sua residência, além de adaptações curriculares e atendimento educacional especializado, quando necessário. Uma reflexão: sabendo que a criança surda precisa estar em contato com seus pares
linguísticos, quem garante que na escola próximo da sua residência haverá outras crianças surdas regularmente matriculadas? No ano de 2002, a língua brasileira de sinais (Libras) é reconhecida como meio de comunicação e expressão da comunidade de surdos do Brasil por meio da publicação da Lei nº 10.436, também conhecida como Lei de Libras (BRASIL, 2002). Na constituição dessa legislação, a Libras passa a ser disciplina obrigatória nos cursos de formação de professores (licenciaturas e magistério) e fonoaudiólogos, além de optativa nos demais cursos de graduação. É provável que a Libras ainda não seja uma disciplina obrigatória nas escolas de educação básica de nosso país por ser considerada um meio de comunicação de um determinado grupo social. O Decreto nº 5.626, de 2005, que regulamenta a Lei de Libras, apresenta a possibilidade de o ensino para as crianças surdas ser ministrado em Libras do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, além das formações para professores, intérpretes, instrutores e outros atores da educação de surdos (BRASIL, 2005). Chamo a atenção para o inciso I do art. 22º do referido Decreto: [...] escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental”. No parágrafo, primeiro define escolas ou classes bilíngues: “São denominadas escolas ou classes bilíngues aquela em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo [...] (BRASIL, 2005, documento on-line). Escola inclusiva ou bilíngue? Instrução em Libras ou em língua portuguesa? Como pensar esse quebra-cabeça da educação de surdos? Uma escola bilíngue para surdos não seria uma escola especial? Estaríamos regredindo, uma vez que a escola especial data do período do paradigma da integração, ou seja, anteriormente à década de 1990? A escola comum (inclusiva), em que atualmente os discentes surdos estão matriculados, é uma escola cuja língua de instrução é a língua portuguesa, nesse caso, não estariam eles (surdos) sendo excluídos de todo o processo educativo? Línguas diferentes e com status diferentes se tensionando dentro do mesmo espaço.