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Tutoria sobre aleitamento materno
Tipologia: Trabalhos
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Não perca as partes importantes!
→ Tipos de Aleitamento: De acordo com a OMS, o padrão de AM pode ser classificado: AM Exclusivo (AME): quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama/ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos (ou seja, exclusivamente), com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. AM Predominante: recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), suco de frutas e fluidos rituais; AM: quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos. AM Complementado: quando a criança recebe, além do leite materno, alimentos complementares (qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementar o leite materno e não de substituí-lo). (O termo “suplemento” tem sido utilizado para água, chás e/ou leite de outras espécies; AM Misto ou Parcial: recebe, além do leite materno, outros tipos de leite.
Existem circunstâncias em que o aleitamento materno não é possível. Nestes casos específicos, é recomendado o uso de fórmulas lácteas modificadas para lactentes, que embora ainda não tenham conseguido reproduzir as propriedades imunológicas e digestibilidade do leite materno, atendem as necessidades nutricionais estimadas, quando utilizados como fonte única de nutrientes durante os primeiros seis meses de vida. Há diversos motivos que se levam a substituição do aleitamento natural pelo artificial, tais como hipogalactia da puérpera, ingurgitamento mamário, interrupção da produção de leite por causas psicoemocionais, razões específicas que comprometem a saúde da mãe e da criança, como a contaminação da lactante pelo vírus HIV/até mesmo, por desejo da mãe. Existem vários riscos à saúde da criança alimentada com fórmulas infantis, como alterações gastrintestinais, risco de contaminação na hora do preparo, alergias alimentares devido à proteína do leite de vaca ser considerada um potente alérgico. Alterações respiratórias, pois lactentes não amamentados têm 17 vezes mais chances de serem internados com pneumonia, indicando que o leite materno protege a criança contra pneumonia e impede a adesão e colonização de patógenos bacterianos respiratórios em orofaringe de lactentes aumentando a imunidade das mucosas contra infecções. As fórmulas infantis em pó têm sido associadas a casos de enfermidades graves e mortes, decorrentes de infecções por Enterobacter sakazakii e Salmonella. Nesse sentido, as crianças não amamentadas, além de não contarem com a proteção conferida pelo leite materno, correriam um risco adicional pela possibilidade de consumirem um produto inseguro. Ambas as bactérias têm causado infecções em crianças, inclusive doenças graves que levam a sequelas e mortes. Os recém-nascidos são os que correm maior risco de infecção, em especial os pré-termos, os de baixo peso ao nascer e os imunologicamente comprometidos.
A composição química do leite é variada, devido à variação individual das espécies, raças, período de lactação, saúde do animal, alimentação (tipo de pastagem), intervalo entre as ordenhas, estação do ano e clima. O leite é um alimento líquido contendo cerca de 86% de água. Está constituído por mistura de várias substâncias, como lactose e minerais em solução, proteínas em forma coloidal (estando a caseína dispersa e a albumina e a globulina em solução), gorduras em forma de emulsão também dispersas no líquido e vitaminas e gases também em solução. A tabela apresenta as diferenças na composição química dos leites mais consumidos, de acordo com os macronutrientes e cálcio:
Proteínas: O leite de vaca contém em média 3,5g/100ml de proteínas, sendo basicamente a lactoalbumina, a lactoglobulina e a caseína, que representa 80% das proteínas do leite, formadoras da massa branca observada quando o leite se coagula. A caseína é definida como o grupo de proteínas precipitadas do leite cru que se precipita em pH baixo, pela ação de ácidos e da enzima quimosina, o que resulta numa formação de coalhada no estômago, facilitando a ação das enzimas digestivas. Existem diferenças físico-químicas entre a caseína humana e a bovina, o que leva à formação de coalhadas diferentes, podendo afetar o tempo de hidrólise e o esvaziamento gastrointestinal. A caseína forma um coágulo duro de difícil digestão para o bebê, enquanto a lactoalbumina está presente em maior quantidade no leite materno e forma coágulos macios em flocos, fáceis de digerir. Carboidratos: 4,70% formam aproximadamente 29% das calorias totais do leite. A maior parte destes é a lactose e não existem variações acentuadas nos diferentes estágios da lactação. Gorduras: De 3,2% a 6%, podendo variar conforme a raça, época do ano, região e manejo. Tanto no leite humano como no bovino a parte principal do conteúdo dos lipídios é formada por triacilgliceróis. A parte restante contém fosfolipídios (lecitina), esteróides, carotenóides, vitaminas lipossolúveis E , K e alguns ácidos graxos livres. Vitaminas: A - retinol – 0,4mg/100g; C – 21,2mg/100g; D – 0,0006/100g; Tiamina (B1) – 0,44mg/100g; Riboflavina (B2) –; 1,75mg/100g Sais minerais: Composição média de sais (mg/100ml) do leite de vaca:
Não resta dúvidas sobre a superioridade do aleitamento materno! O leite humano é um líquido complexo que contém carboidratos, proteína, lipídios, vitaminas, minerais, substâncias imunocompetentes (IgA, enzimas, interferon), além de fatores tróficos ou moduladores de crescimento. Devido à sua composição nutricional balanceada, o leite humano é considerado um alimento completo e suficiente para atender as necessidades nutricionais da criança durante os seis primeiros meses de vida. A criança está em AM quando ela recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de estar recebendo ou não outros alimentos. O AM protege mãe e criança contra algumas doenças e promove o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança e o bem-estar físico e psíquico da díade mãe-filho. Benefícios: → Para a criança: O AM além de suprir todas as necessidades nutricionais do lactente nos primeiros meses de vida, proporciona as condições ideais para a comunicação e a troca de afeto entre mãe e filho. As crianças amamentadas O leite humano promove também a longo prazo contra a obesidade, aterosclerose, hipertensão arterial e infarto do miocárdio. A concentração mais elevada de colesterol do leite humano favorece a indução de sistemas enzimáticas que regulam sua biossíntese e catabolismo. “Complementando o que Herlem falou, A proteção imunológica transmitida pelo leite humano pode refletir-se também a longo prazo: o isolamento de um peptídeo de albumina bovina como possível desencadeante do DM tipo I e a obs de que as crianças amamentadas por mais de 4 meses, apresentam tx menor dessa doença. Esse efeito pode ser especialmente benéfico em famílias de alto risco dessa doença.” → Para as mães: O aleitamento é importante é importante para a realização feminina, pois completa o processo de maternidade. As vantagens iniciam-se logo após o parto, protegendo-a da anemia por sangramento uterino prolongado. A amamentação provoca liberação de ocitocina que induz menor perda sanguínea e involução uterina mais rápida; propicia o fornecimento de nutrientes da mãe para o filho, com gasto de aprox. 500cal/dia (assim sua forma física volta ao normal mais rapidamente). A mulher que amamenta tem taxas menores de câncer de mama
● Criança portadora de galactosemia, doença rara em que ela não pode ingerir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose.
Já nas seguintes situações maternas, recomenda-se a interrupção temporária da amamentação: ● Infecção herpética, quando há vesículas localizadas na pele da mama. A amamentação deve ser mantida na mama sadia; ● Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto ou até dois dias após o parto, recomenda-se o isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta. A criança deve receber Imunoglobulina Humana Antivaricela Zoster (Ighavz), disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais, que deve ser administrada em até 96 horas do nascimento, aplicada o mais precocemente possível; ● Doença de Chagas, na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente; ● Consumo de drogas de abuso:a Academia Americana de Pediatria (contraindica o uso durante o período da lactação das drogas de abuso anfetaminas, cocaína, heroína, maconha e fenciclidina. A Organização Mundial da Saúde considera que o uso de anfetaminas, ecstasy, cocaína, maconha e opióides não são contraindicadas durante a amamentação. Contudo, alerta que as mães que usam essas substâncias por períodos curtos devem considerar a possibilidade de evitar temporariamente a amamentação. Há carência de publicações com orientações sobre o tempo necessário de suspensão da amamentação após uso de drogas de abuso. No entanto, alguns autores já recomendaram determinados períodos de interrupção. Ainda assim, recomenda-se que as nutrizes não utilizem tais substâncias. Se usadas, deve-se avaliar o risco da droga versus o benefício da amamentação para orientar sobre o desmame ou a manutenção da amamentação. Drogas consideradas lícitas, como o álcool e o tabaco, também devem ser evitadas durante a amamentação. Contudo, nutrizes tabagistas devem manter a amamentação, pois a suspensão da amamentação pode trazer riscos ainda maiores à saúde do lactente.
Nas seguintes condições maternas, o aleitamento materno não deve ser contraindicado: ● Tuberculose: recomenda-se que as mães não tratadas ou ainda bacilíferas (duas primeiras semanas após início do tratamento) amamentam com o uso de máscaras e restrinjam o contato próximo com a criança por causa da transmissão potencial por meio das gotículas do trato respiratório. Nesse caso, o recém-nascido deve receber isoniazida na dose de 10 mg/kg/dia por três meses. Após esse período, deve-se fazer teste tuberculínico (PPD): se reator, a doença deve ser pesquisada, especialmente em relação ao acometimento pulmonar; se a criança tiver contraído a doença, a terapêutica deve ser reavaliada; em caso contrário, deve-se manter isoniazida por mais três meses; e, se o teste tuberculínico for não reator, pode-se suspender a medicação, e a criança deve receber a vacina BCG; ● Hanseníase: por se tratar de doença cuja transmissão depende de contato prolongado da criança com a mãe sem tratamento, e considerando que a primeira dose de rifampicina é suficiente para que a mãe não seja mais bacilífera, deve-se manter a amamentação e iniciar tratamento da mãe; ● Hepatite B: a vacina e a administração de imunoglobulina específica (HBIG) após o nascimento praticamente eliminam qualquer risco teórico de transmissão da doença via leite materno; ● Hepatite C: a prevenção de fissuras mamilares em lactantes HCV positivas é importante, uma vez que não se sabe se o contato da criança com sangue materno favorece a transmissão da doença; ● Dengue: não há contraindicação da amamentação em mães que contraem dengue, pois há no leite materno um fator antidengue que protege a criança; ● Consumo de cigarros: acredita-se que os benefícios do leite materno para a criança superem os possíveis malefícios da exposição à nicotina via leite materno. Por isso, o cigarro não é uma contra indicação à amamentação. O profissional de saúde deve realizar abordagem cognitiva comportamental básica, que dura em média de três a cinco minutos e que consiste em perguntar, avaliar, aconselhar, preparar e acompanhar a mãe fumante. No aconselhamento, o profissional deve alertar sobre os possíveis efeitos deletérios do cigarro para o desenvolvimento da criança, e a eventual diminuição da produção e da ejeção do leite. Para minimizar os efeitos do cigarro para a criança, as mulheres que não conseguirem parar de fumar devem ser orientadas a reduzirem o máximo possível o número de cigarros (se não possível a cessação do tabagismo, procurar fumar após as mamadas) e a não fumarem no ambiente em que a criança se encontra; ● Consumo de álcool: assim como para o fumo, deve-se desestimular as mulheres que estão amamentando a ingerirem álcool. A ingestão de doses iguais ou maiores que 0,3g/kg de peso pode reduzir a produção láctea. O álcool pode modificar o odor e o sabor do leite materno levando a recusa do mesmo pelo lactente.
(Obs: Leite da mãe/Ordenado.) O AM exclusivo é o modo ideal de nutrir a criança até os 4 - 6 meses de vida, pois atende as necessidades nutricionais, metabólicas, confere proteção imunológica e proporciona ainda as melhores condições para a interação entre mãe e filho. Nos países desenvolvidos, a prática do aleitamento artificial levou ao aumento da obesidade e das alergias e, para aqueles em desenvolvimento, contribuiu para a desnutrição, as infecções (especialmente diarréia e infecções respiratórias) - e a mortalidade infantil. Nas crianças que não recebem o Aleitamento Natural, a relação entre a diarréia infecciosa, a desnutrição e as infecções subsequentes é esperada. Em relação à doenças respiratórias, as crianças amamentadas ao peito, no 1º semestre de vida, recebem efeito protetor com relação às otites. Crianças amamentadas exclusivamente ao peito, por pelo menos 4 meses, tem redução de 50% no número de episódios no 1º ano de vida. O AM protege a criança também contra outras infecções e no RN, há evidências em relação à sepse e à enterocolite necrosante. É comprovada a proteção contra a infecção urinária (tudo isso, quando amamentadas exclusivamente até os 6 meses). Essa proteção se dar por um oligossacarídeo da urina que reduz a adesividade bacteriana às células uroepiteliais e/ou a maior concentração de fatores imunológicos na urina de crianças que recebem leite humano. Outras doenças não-infecciosas que o leite humano exerce proteção: Desnutrição marasmática; Kwashiorkor; Doença alérgica; Anemia ferropriva; Hipocalcemia neonatal; Acrodermatite enteropática e a Morte súbita. Além dessas, há uma relação entre doenças dentárias e o desmame precoce. As crianças amamentadas por mais de 4 meses tem proteção contra o desenvolvimento de Leucemias, Linfomas e início mais tardio da Doença de Chron. Por outro lado, as crianças em aleitamento artificial recebem proteínas estranhas em grande quantidade e apresentam processos alérgicos mais frequentes que crianças amamentadas. Isso é mais como nas primeiras 6 semanas de vida, quando ocorre a absorção de moléculas proteicas inteiras pela mucosa intestinal. As crianças amamentadas ao peito são mais ativas desde o período neonatal, frequentemente aprendem a andar mais precocemente e apresentam personalidade mais estável e melhor adaptação social. Em relação ao desenvolvimento neuropsicomotor, há um melhor desenvolvimento da criança decorre apenas da melhor estimulação, pelo contexto mais adequado da relação entre mãe e filho. Em relação à mãe, as condições do AM exclusivo, a inibição da ovulação pode chegar a 98% no primeiro semestre após o parto (atuação na diminuição do efeito contraceptivo).
Quando a criança suga o peito, a musculatura da boca tem papel ativo, e a língua, função de ordenha. O modo de sucção/verdadeira ordenha é completamente diferente daquele realizado para retirar o leite da mamadeira. A atividade de sucção do peito é importante para o desenvolvimento do Psiquismo, sendo muito mais íntima e afetuosa, juntamente com as sensações táteis, olfatórias, térmicas e auditivas. Apesar de a sucção do recém-nascido ser um ato reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite do peito de forma eficiente. Quando o bebê pega a mama adequadamente – o que requer uma abertura ampla da boca, abocanhando não apenas o mamilo, mas também parte da aréola –, forma-se um lacre perfeito entre a boca e a mama, garantindo a formação do vácuo, indispensável para que o mamilo e a aréola se mantenham dentro da boca do bebê. A língua eleva suas bordas laterais e a ponta, formando uma concha (canolamento) que leva o leite até a faringe posterior e esôfago, ativando o reflexo de deglutição. A retirada do leite (ordenha) é feita pela língua, graças a um movimento peristáltico rítmico da ponta da língua para trás, que comprime suavemente o mamilo. Enquanto mama no peito, o bebê respira pelo nariz, estabelecendo o padrão normal de respiração nasal. O ciclo de movimentos mandibulares (para baixo, para a frente, para cima e para trás) promove o crescimento harmônico da face do bebê. A técnica de amamentação, ou seja, a maneira como a dupla mãe/bebê se posiciona para amamentar/mamar e a pega/sucção do bebê são muito importantes para que o bebê consiga retirar, de maneira eficiente, o leite da mama e também para não machucar os mamilos. A técnica de amamentação, em especial o posicionamento da dupla mãe-bebê e a pega/sucção do bebê, são importantes para a retirada efetiva do leite pela criança e proteção dos mamilos. Uma posição inadequada da mãe e/ou do bebê dificulta o posicionamento correto da boca do bebê em relação ao mamilo e à aréola, podendo resultar em “má pega”. Esta, por sua vez, interfere na dinâmica de sucção e extração de leite, dificultando o esvaziamento da mama, com consequente diminuição da produção do leite e ganho de peso insuficiente do bebê, apesar de, muitas vezes, ele permanecer longo tempo no peito. Muitas vezes, o bebê com pega inadequada é capaz de obter o leite anterior, mas tem dificuldade de retirar o leite posterior, mais nutritivo e rico em gorduras. Além disso, a má pega favorece traumas mamilares. Estudos
Portanto, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar e, a partir dessa compreensão, cuidar tanto da dupla mãe/bebê, como de sua família. É necessário que busque formas de interagir com a população para informá-la sobre a importância de adotar práticas saudáveis de aleitamento materno. O profissional precisa estar preparado para prestar assistência eficaz, solidária, integral e contextualizada, que respeite o saber e a história de vida de cada mulher, e que a ajude a superar medos, dificuldades e inseguranças.
Orientações básicas que devem ser repassadas às mães/famílias: (técnica de aconselhamento) → Início da amamentação: Deve ser iniciada tão logo quanto possível após o parto. A OMS e o MS recomendam contato pele a pele na primeira hora de vida, sempre que as condições de saúde da mãe e do bebê permitirem. A maioria dos bebês suga na pri- meira hora de vida, se lhe for dada oportunidade. A sucção precoce da mama reduz o risco de hemorragia pós-parto, ao li- berar ocitocina, e de icterícia no recém-nascido, por aumentar a motilidade gastrointestinal. → Duração das mamadas: O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser preestabelecido, pois o tempo necessário para esvaziar uma mama varia entre os bebês e, em uma mesma criança, pode variar dependendo da fome, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite armazenado na mama, entre outros fatores. Independentemente do tempo necessário, é importante que a criança esvazie a mama, pois o leite do final da mamada – leite posterior – contém mais calorias e sacia a criança. → Uso de suplementos: Água, chás e, sobretudo, outros leites devem ser evitados, pois há evidências de que o seu uso está associado com desmame precoce e aumento da morbimortalidade infantil. A mamadeira, além de ser importante fonte de contaminação, pode ter efeito negativo sobre o AM, pois algumas crianças desenvolvem preferência por bicos de mamadeira, apresentando dificuldade para amamentar ao seio. Alguns autores atribuem esse comportamento à “confusão de bicos”. → Uso de chupeta: O uso de chupeta tem sido desaconselhado por diversas razões, entre as quais a possibilidade de interferir com o AM. Crianças que usam chupetas, em geral, são amamentadas menos frequentemente, o que pode prejudicar a produção de leite. Embora não haja dúvidas quanto à associação entre uso de chupeta e desmame precoce, ainda não está esclarecida a relação causa/efeito. É possível que o uso da chupeta seja um sinalizador de que a mãe está tendo dificuldades na amamentação ou de que tem menor disponibilidade para amamentar. Além de interferir com o AM, o uso de chupeta afeta negativamente a formação do palato. A comparação de crânios de pessoas que viveram antes do advento dos bicos de borracha com crânios mais modernos sugerem o impacto negativo dos bicos na formação da cavidade oral.
Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado em 1973, tem como missão organizar a Política Nacional de Vacinação, contribuindo para o controle, a eliminação e/ou erradicação de doenças imunopreviníveis. Está vinculado ao Sistema Único de Saúde, sendo coordenado pelo Ministério da Saúde de forma compartilhada com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. O PNI define os calendários de vacinação considerando a situação epidemiológica, o risco, a vulnerabilidade e as especificidades sociais, com orientações específicas para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos e povos indígenas.
Evento adverso pós-vacinação (EAPV) é qualquer ocorrência médica indesejada após a vacinação e que, não necessariamente, possui uma relação causal com o uso de uma vacina ou outro imunobiológico (imunoglobulinas e soros heterólogos). Um EAPV pode ser qualquer evento indesejável ou não intencional, isto é, sintoma, doença ou um achado laboratorial anormal (CIOMS; WHO, 2012). Os eventos adversos que podem ser imputados às vacinações são apenas uma fração dos que ocorrem após as vacinações. Os eventos adversos podem ser inesperados ou esperados, tendo em vista a natureza e características do imunobiológico, bem como o conhecimento já disponível pela experiência acumulada. Entre os eventos esperados, podemos ter eventos relativamente triviais, como febre, dor e edema local, ou eventos mais graves, como convulsões febris, episódio hipotônico-hiporresponsivo, anafilaxia etc. Eventos inesperados são aqueles não identificados anteriormente, às vezes com vacinas de uso recente, como ocorreu com a vacina rotavírus rhesus/humana (invaginação intestinal), ou mesmo com vacinas de uso mais antigo, como por exemplo, visceralização e falência múltipla de órgãos, observada muito raramente após a vacina febre amarela. São ainda eventos inesperados aqueles decorrentes de problemas ligados à qualidade do produto, como por exemplo, contaminação de lotes provocando abscessos locais, ou teor indevido de endotoxina em certas vacinas, levando a reações febris e sintomatologia semelhante à sépsis. Uma distinção também importante é entre vacinas vivas e não vivas. As vacinas virais vivas apresentam imunidade duradoura, por vezes com uma única dose. Entretanto, têm o potencial de causar eventos adversos graves quando são administradas em pessoas com deficiência imunológica ou com fatores individuais de predisposição ainda desconhecidos (“idiossincrásicos”). As vacinas não vivas geralmente são imunógenos potentes. Porém, a repetição exagerada do número de doses de algumas vacinas, como tétano e difteria, pode provocar eventos adversos relacionados à deposição de imunocomplexos. São três os pontos básicos para a investigação:
pescoço para mostrar desinteresse ou saciedade, afastando a cabeça ou jogando-a para trás. Portanto, em função dessas limitações funcionais, nessa fase ela está preparada para receber basicamente refeição líquida, preferencialmente o leite materno. Por volta dos quatro a seis meses de vida a aceitação e tolerância da alimentação pastosa melhoram sensivelmente não só em função do desaparecimento do reflexo de protrusão da língua, como também pela maturação das funções gastrointestinal e renal e também do desenvolvimento neuromuscular. Por volta dos seis meses de vida, o grau de tolerância gastrointestinal e a capacidade de absorção de nutrientes atingem um nível satisfatório e, por sua vez, a criança vai se adaptando física e fisiologicamente para uma alimentação mais variada quanto a consistência e textura. As crianças menores de seis meses que recebem com exclusividade o leite materno começam a desenvolver a capacidade de autocontrole da ingestão muito cedo, aprendendo a distinguir as sensações de fome, durante o jejum e de saciedade, após a alimentação. Essa capacidade permite à criança, nos primeiros anos de vida, assumir autocontrole sobre o volume de alimento que consome e os intervalos entre as refeições, segundo suas necessidades. Posteriormente, esse autocontrole sofrerá influência de outros fatores, como o cultural e o social. Deve-se sempre pesquisar a história familiar de reações alérgicas antes da introdução de novos alimentos. Na idade de 6 a 12 meses o leite materno pode contribuir com aproximadamente metade da energia requerida nessa faixa etária e 1/3 da energia necessária no período de 12 a 24 meses. Assim, o leite materno continua sendo uma importante fonte de nutrientes após os 6 meses de idade, além dos fatores de proteção que fazem parte da sua composição. O leite materno é uma importante fonte de energia e nutrientes para crianças doentes e reduz o risco de mortalidade em crianças mal nutridas. Após os seis meses, a criança amamentada deve receber três refeições ao dia (duas papas de fruta e uma papa salgada/comida de panela). Após completar sete meses de vida, respeitando-se a evolução da criança, a segunda papa salgada/comida de panela pode ser introduzida (arroz, feijão, carne, legumes e verduras). Receitas de papas podem ser encontradas no anexo A. Entre os seis aos 12 meses de vida, a criança necessita se adaptar aos novos alimentos, cujos sabores, texturas e consistências são muito diferentes do leite materno. Com 12 meses a criança já deve receber, no mínimo, cinco refeições ao dia. Nos primeiros dias da introdução dos alimentos complementares, não é preciso se preocupar com a quantidade de comida ingerida; o mais importante é proporcionar introdução lenta e 109 Saúde da Criança – Aleitamento Materno e Alimentação Complementar gradual dos novos alimentos para que a criança se acostume aos poucos. Além disso, como consequência do seu desenvolvimento a criança não se satisfaz mais em apenas olhar e receber passivamente a alimentação. É comum querer colocar as mãos na comida. É importante que se dê liberdade para que ela explore o ambiente e tudo que a cerca, inclusive os alimentos, permitindo que tome iniciativas. Isso aumenta o interesse da criança pela comida.
O consumo de leite de vaca integral por crianças menores de um ano é nutricionalmente inadequado, pois apresenta quantidade limitada de vitaminas, carboidratos, ferro, zinco, cálcio e elevadas quantidades de proteína com inadequada relação entre a caseína e as proteínas do soro. Além disso, seu consumo regular pode levar à sensibilização precoce da mucosa intestinal e induzir hipersensibilidade às proteínas do leite de vaca, predispondo ao surgimento de doenças alérgicas e de pequenas hemorragias na mucosa intestinal, colaborando para o aumento da deficiência de ferro e maior suscetibilidade à anemia. Além disso, ainda há evidências de que esse consumo pode predispor ao aparecimento de doenças como câncer, DM tipo I, refluxo gastroesofágico e problemas neurológicos. Alguns aspectos foram associados significativamente ao consumo precoce de leite de vaca integral, como ter realizado menos de seis consultas, ter nascido em hospital público, não ter amamentado antes de sair da maternidade e não ter plano de saúde. Por outro lado, residir com os pais, não realizar consultas de pré-natal, ter baixo peso ao nascer, condições do parto e ter sido orientada sobre amamentação não apresentaram associação com o uso precoce do leite de vaca integral. A dermatite atópica, as pneumopatias alérgicas e a alergia intestinal são associadas à ingestão de leite de vaca. Essa situação se agrava em crianças com potencial alérgico, que iniciam a produção da IgA mais tardiamente, e a permeabilidade da mucosa às macromoléculas pode ser mais prolongada. Por esse motivo, é recomendado que os filhos de pais alérgicos sejam amamentados exclusivamente ao peito por pelo menos 3 meses.