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Belo Horizonte, 2007
GUIA TEÓRICO-PRÁTICA DE
ALONGAMENTOS MUSCULARES.
Elder Lopes Bhering Igor Lorentz de Assis Rodrigo Santos Galo Neto Marco Aurélio Souza Silva Rodrigo Márcio de Andrade
AGRADECIMENTOS:
Agradecemos a colaboração das estagiárias Lílian e Jéssica pela ajuda na confecção das fotos desta apostila. A todos que colaboraram direta e indiretamente para este trabalho.
Muito Obrigado.
INTRODUÇÃO:
FLEXIBLIDADE
A capacidade física flexibilidade tem sua importância já estabelecida nos programas de reabilitação (COOK et al., 2002) e no treinamento de atletas (HARDY JONES, 1986). Dentre os seus benefícios tem sido descrito melhora da amplitude de movimento (ADM), prevenção de lesões e melhora do alinhamento postural (LA ROCHE et al., 2006). Um dos métodos descritos na literatura para promover melhora da flexibilidade é o do alongamento muscular. O termo alongamento pode ser entendido como o conteúdo de um treinamento utilizado para se desenvolver a capacidade flexibilidade. Um exercício de alongamento tem como princípio garantir, de forma adequada o maior afastamento possível da origem e inserção da musculatura envolvida (GRECO CHAGAS, 2002). Nesta apostila serão descritos vários exercícios de alongamento visando a melhora da flexibilidade específica de determinados músculos. Várias técnicas de alongamento são descritas na literatura. Hutton (1992) descreve a técnica estática, balística e de facilitação neuromuscular proprioceptiva como sendo as mais conhecidas. Destas, a técnica estática, de forma passiva, tem sido a mais utilizada devido a sua simplicidade na execução e baixo risco de lesão (ROBERTS WILSON, 1999). Quanto aos componentes ideais da carga de treinamento da flexibilidade ainda não há consenso na literatura (ROBERTS WILSON, 1999). Alguns artigos comprovaram a eficiência para a técnica passivo estática, de durações entre 15- segundos (GAJDOSIK, 1991; TAYLOR et al., 1990), 4 repetições (TAYLOR et al.,
- e intensidade máxima do alongamento (BHERING et al. 2005). Sendo assim, o objetivo desta apostila é sugerir exercícios de alongamento padronizados, baseado em conhecimentos cinesiológicos e biomecânicos, respeitando cargas de treinamento e flexibilidade, cujos efeitos já foram descritos na literatura.
Alongamento de músculos dos Membros Inferiores:
Isquiotibiais:
Indicações e Objetivos:
- Déficit de flexibilidade em flexão de quadril com extensão de joelho devido a encurtamento dos músculos isquiotibiais. Melhorar ADM´s limitadas pelo encurtamento;
- Espasmo de isquiotibiais. Promover relaxamento muscular;
- Retroversão pélvica por encurtamento dos isquiotibiais. Melhorar alinhamento da pelve.
Posicionamento para o alongamento de forma passiva: (foto 1) Paciente:
- Decúbito Dorsal;
- Membros estendidos.
Terapeuta:
- De pé ao lado do membro a ser alongado;
- Uma das mãos no calcâneo (mão distal) e a outra anteriormente ao joelho do paciente (mão proximal).
Procedimento ou Execução passiva: (foto 2)
- O terapeuta realiza flexão de quadril com a mão distal enquanto mantém extensão de joelho com a mão proximal;
- Respeitar o limite do paciente. Manter por 20 segundos;
- Repetir o procedimento 4 vezes.
Foto 1 Foto 2
Posicionamento para alongamento passivo: (foto 5) Paciente:
- Decúbito Dorsal;
- Membros estendidos.
Terapeuta:
- De pé ao lado do membro a ser alongado;
- Membro Inferior do paciente em flexão de quadril e extensão de joelho, com a perna apoiada no ombro do terapeuta;
- Uma mão segura a ponta do pé do paciente (mão distal) e a outra mantém o joelho em extensão (mão proximal).
Procedimento ou Execução passiva: (foto 6)
- Terapeuta realiza dorsiflexão de tornozelo com a mão que está posicionada distalmente;
- Pode ser associado com alongamento dos isquiotibiais;
- Respeitar o limite do paciente, mantendo por 20 segundos na posição de alongamento;
- Procedimento repetido 4 vezes.
Foto 5 Foto 6
Posicionamento para alongamento ativo: (foto 7) Paciente:
- De pé, com calcanhar apoiado no chão e o restante sobre uma rampa;
- Joelho estendido.
Terapeuta:
- Apenas orienta o paciente.
Procedimento ou Execução ativa: (foto 7)
- Paciente realiza extensão de quadril em CCF (desloca o quadril para frente) sem
que o calcanhar perca o contato com o chão;
- Manter no limite de tolerância do paciente por 20 segundos, repetindo o procedimento por 4 vezes.
Foto 7 Observações:
- Como pode ser associado com o alongamento dos isquiotibiais, observar um possível encurtamento destes, que impeça o tríceps sural de ser alongado;
- Associar com isquiotibiais pode ser uma boa forma de ganhar tempo;
- Respeitar o limite do paciente;
- Observar as primeiras execuções ativas, para garantir que o exercício esteja sendo feito corretamente;
- Observar, na forma ativa, se o paciente realiza flexão de coluna ao invés de extensão de quadril
Tríceps Sural (Sóleo):
Indicação e Objetivos:
- Déficit de dorsiflexão do tornozelo, devido a encurtamento do sóleo: Melhorar ADM limitada;
- Espasmo do músculo tríceps sural: Relaxar musculatura;
- Processo de remodelação tecidual do tendão de Aquiles: Orientar deposição das fibras de colágeno.
Posicionamento para alongamento ativo: (foto 8) Paciente:
- Em pé com calcanhar apoiado no chão e o restante sobre a rampa;
- Joelho semi-fletido.
Terapeuta:
- Apenas orienta o paciente.
- Uma mão segura a tíbia e fíbula distalmente (mão distal) e a outra posicionada sobre a tuberosidade isquiática (mão proximal).
Procedimento ou Execução passiva: (foto 9)
- Terapeuta realiza flexão do joelho com a mão distal enquanto a mão proximal impede a anteversão da pelve do lado do membro que está sendo alongado;
- Manter no limite do paciente por um período de 20 segundos;
- Repetir o procedimento 4 vezes.
Foto 9 Posicionamento para alongamento ativo: (foto 10) Paciente:
- Decúbito Ventral;
- Membro inferior do paciente em extensão de quadril e flexão de joelho;
- Corda presa na região anterior do pé.
Terapeuta:
- Apenas orienta o paciente e observa possíveis compensações.
Procedimento ou Execução ativa: (foto 10)
- Paciente traciona a corda, aumentando a flexão de joelho até o seu limite, onde sustenta durante 20 segundos;
- Repetir o procedimento 4 vezes.
Foto 10 Observações:
- Ficar atento a uma possível anteversão pélvica e aumento da lordose lombar. O exercício pode não estar sendo eficaz e ainda sobrecarregar a coluna lombar,
gerando dor;
- Pode ser colocado um travesseiro no abdome, na altura da EIAS, para se evitar aumento da lordose lombar;
- Em caso de dores à flexão de joelho, pode ser realizada uma maior extensão de quadril (maior afastamento da origem do retofemural), colocando travesseiros sob o fêmur distalmente e, assim, evitar sobrecarga na articulação do joelho (ex.: casos de lesão meniscal e derrame articular);
- Observar as primeiras execuções ativas para garantir que o exercício esteja sendo feito corretamente;
Adutores do Quadril:
Indicações e Objetivos:
- Déficit de abdução do quadril pelo encurtamento dos adutores. Melhorar ADM limitada;
- Coxa em adução e/ou rotação interna, favorecendo valgismo de joelhos devido encurtamento dos adutores. Melhorar alinhamento do quadril;
- Espasmo da musculatura adutora. Promover relaxamento da mesma.
Posicionamento para alongamento passivo: (foto 11) Paciente:
- Decúbito dorsal;
- Perna do paciente abdução.
Terapeuta:
- De pé, ao lado do membro a ser alongado, entre a maca e perna do paciente que está em abdução;
- Uma mão segura a perna do paciente distalmente (mão distal) e a outra posicionada sobre a EIAS (mão proximal).
Procedimento ou Execução passiva: (foto 11)
- Terapeuta com a mão distal ou com ajuda do corpo promove o movimento de abdução do quadril até o limite suportado pelo paciente, onde irá sustentar por 20 segundos;
- Repetir o procedimento 4 vezes;
- A mão proximal estabiliza a pelve, impedindo sua rotação;
trato ílio-tibial. Melhorar alinhamento do joelho;
- Espasmo do tensor e trato ílio-tibial. Promover relaxamento do músculo e do trato ílio-tibial.
Posicionamento para alongamento passivo 1: (foto 13) Paciente:
- Decúbito Dorsal;
- Membro inferior a ser alongada em adução e extensão de joelho;
- Membro inferior contralateral cruzado (flexão de quadril e de joelho com adução) sobre a perna a ser alongada e com o pé apoiado sobre a maca.
Terapeuta:
- De pé, do lado contralateral ao membro a ser alongado;
- A mão distal segura próximo ao tornozelo,o membro inferior a ser alongado e a outra mão é posicionada sobre o joelho do membro que está flexionado (mão proximal).
Procedimento ou Execução passiva 1: (foto 13)
- Terapeuta realiza movimento de adução do quadril com a mão distal, enquanto a mão proximal estabiliza a articulação do joelho do membro em flexão, impedindo que a pelve acompanhe o movimento de adução do quadril;
- Realizar o movimento até o limite do paciente e sustentar por 20 segundos, repetindo o procedimento por 4 vezes.
Foto 13
Posicionamento para alongamento passivo 2 (Posição do Teste de Ober): (foto 14) Paciente:
- Decúbito Lateral; Sendo o membro que não está em contato com a maca, o lado a ser alongado;
- Membro em contato com a maca em flexão de quadril e joelho;
- Membro a ser alongado em leve extensão de quadril e extensão total de joelho;
- As costas do paciente deverão estar próximas à beira da maca.
Terapeuta:
- De pé, posicionado posteriormente ao paciente;
- Uma mão segura a perna do paciente a ser alongada distalmente sustentando o peso da mesma, “pegada em berço” (mão distal) e a outra posicionada sobre a crista ilíaca (mão proximal).
Procedimento ou Execução passiva 2: (foto 14)
- Terapeuta estabiliza a pelve do paciente com a mão proximal, impedindo que ela rode ou incline durante o movimento; o terapeuta realiza adução, rotação externa e extensão da perna a ser alongada;
- A estabilização na pelve deve ser mantida durante toda a execução;
- Ir até o limite do paciente e sustentar por 20 segundos;
- Repetir procedimento 4 vezes.
Foto 14 Observações:
- Ficar atento a compensações durante o alongamento;
- Já que esta manobra pode gerar estresse nesta articulação, antes questionar o paciente se não está ocorrendo dor na região interna do quadril (virilha);
- Observar se na forma 2 a estabilização da pelve está sendo mantida.
Tibial Anterior:
Indicação e Objetivos:
- Déficit de flexão plantar do tornozelo devido encurtamento do tibial anterior. Melhorar ADM limitada;
- Espasmo do músculo tibial anterior. Relaxar musculatura.
Posicionamento para alongamento ativo: (foto 15) Paciente:
- Ajoelhado na maca ou sobre um tatame;
- Joelho fletido a 90° e tornozelo em flexão plantar.
- Uma mão segura o pé do membro contralateral (mão proximal) e a outra mão (mão distal) é posicionada distalmente sobre a coxa do membro a ser alongada.
Procedimento ou Execução passiva: (foto 16)
- Terapeuta com a mão proximal ajuda o paciente a estabilizar, em flexão, o quadril contralateral, enquanto realiza com a mão distal o movimento de extensão de quadril no membro que está sendo alongado;
- Sustentar por de 20 segundos na intensidade máxima do alongamento;
- Repetir o procedimento 4 vezes.
Foto 16
Posicionamento para alongamento ativo: (foto 17) Paciente:
- Ajoelhado na maca ou num tatame;
- Um membro com flexão de quadril e de joelho; e o outro em extensão de quadril e semi-flexão de joelho.
Terapeuta:
- Apenas orienta o paciente e observa compensações.
Procedimento ou Execução ativa: (foto 17)
- Paciente realiza o movimento de flexão de quadril com o membro que está a frente - Cadeia Cinética Fechada (CCF) - mantendo o membro que está em extensão de quadril fixo na posição inicial;
- Paciente vai até o seu limite, mantendo durante 20 segundos e repetindo o procedimento 4 vezes;
- Pode ser adicionada uma pressão extra por parte do terapeuta na região da espinha ilíaca póstero-superior do membro que está sendo alongado, a fim de aumentar a extensão de quadril e a intensidade do alongamento.
Foto 17 Observações:
- O membro a ser alongado é o membro que permanece em extensão de quadril durante o alongamento;
- Observar compensações na coluna lombar durante a execução ativa, principalmente se for realizado pressão extra pelo terapeuta;
- Durante o alongamento passivo pode ser associado alongamento de reto femural. Para isso, o terapeuta deve aumentar a flexão de joelho no membro que está em extensão de quadril.
*Fáscia Plantar: (Estrutura predominantemente ligamentar mas que também pode se apresentar encurtada ou rígida)
Indicações e Objetivos:
- Pé cavo por encurtamento da fáscia plantar. Diminuir os arcos plantares;
- Fasceíte plantar por tensão aumentada da fáscia devido a encurtamentos dos músculos que inserem na mesma. Relaxar a musculatura e diminuir tensão da fáscia plantar;
- Espasmo da musculatura que insere na fáscia plantar e dor: Promover relaxamento dos músculos, diminuir tensão da fáscia plantar e aliviar a dor.
Posicionamento para alongamento passivo: (foto 18) Paciente:
- Decúbito dorsal;
- Membros inferiores estendidos.
Terapeuta:
- De pé, ou sentado à frente do paciente;
- Uma mão segura o pé do paciente no antepé e na região dos artelhos (mão distal) e a outra no calcâneo, estabilizando o pé (mão proximal).
Procedimento ou Execução passiva: (foto 18)
- Terapeuta, com a mão distal, realiza o movimento de extensão dos metatarsos e
Alongamento de Músculos dos Membros Superiores:
Peitoral Maior:
Indicações e Objetivos:
- Déficit de flexibilidade em abdução horizontal, rotação externa e abdução de ombro devido a encurtamento do peitoral maior: Melhorar a ADM limitada pelo encurtamento.
- Espasmo do músculo peitoral maior. Promover relaxamento muscular.
- Postura em Abdução escapular ou rotação interna de úmero por encurtamento do peitoral maior. Melhorar o alinhamento da cintura escapular.
Posicionamento para alongamento passivo: (fotos 20 e 21) Paciente:
- Sentado
- Palma das mãos na região posterior da cabeça com aproximadamente 90º de abdução de ombro.
Terapeuta:
- De pé, atrás do paciente
- Com o apoio da coxa estabiliza o tronco do paciente
- Segura de forma bilateral os cotovelos do paciente
Procedimento ou Execução passiva: (fotos 20 e 21)
- Terapeuta realiza abdução horizontal de ombro, até o limiar de tolerância ao alongamento.
- Respeitar a tolerância do paciente, mantendo por 20 segundos.
- Repetir 4 vezes.
Foto 20 Foto 21
Posicionamento para o alongamento de forma ativa: (foto 22) Paciente:
- Decúbito dorsal
- Cotovelos estendidos
- Segurando um halter em cada mão (1/2 Kg ou 1Kg) ,
Terapeuta:
- Apenas orienta o paciente.
Procedimento ou Execução ativa: (foto 23)
- O paciente leva os MMSS da posição de adução horizontal a uma posição de abdução de ombro de ± 100° de forma que os alteres faça uma força em abdução horizontal.
- Repetir por 4 vezes e manter 20 segundos.
Foto 22 Foto 23
Observações:
- Contra indicado em casos de instabilidade anterior de ombro.
- Na forma ativa o paciente é orientado a permanecer com flexão de joelho e quadril (pés apoiados na maca), a fim de melhor posicionar a coluna lombar.
Peitoral Menor:
Indicações e Objetivos:
- Espasmo do músculo peitoral menor: Promover relaxamento muscular.
- Postura em inclinação anterior da escapula (descolamento do ângulo inferior da escápula do gradil costal) ou protusão do ombro. Melhorar o alinhamento da cintura escapular.