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"AMEIXAS D'ELVAS" (em fresco), (passas), (confítadas), Notas de aula de Cultura

Embora não seja possível calcular a data da introdução da ameixeira Rainha. Claudia na região do Alto Alentejo, não restam duvidas da origem francesa do ...

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Gustavo_G
Gustavo_G 🇧🇷

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PEDIDO DE REGISTO DA DENOMINAÇÃO
DE ORIGEM:
"AMEIXAS D'ELVAS" (em fresco), (passas), (confítadas)
Proponente: Coabo - Cooperativa Agricola de Borba
Rua Humberto S. Fera., 24
7150 Borba
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PEDIDO DE REGISTO DA DENOMINAÇÃO

DE ORIGEM:

"AMEIXAS D'ELVAS" (em fresco), (passas), (confítadas)

Proponente: Coabo - Cooperativa Agricola de Borba Rua Humberto S. Fera., 24 7150 Borba

A CO ABO agradece a participação neste trabalho de:

João M. Mota Barroso - Universidade de Évora Carlos A. Caldeira Guerra - Direcção Reginal de Agricultura do Alentejo Joaquim Zita Cortes - Associação de Produtores de Ameixa do Alto Alentejo

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Nota prévia

O estudo que agora se apresenta como suporte do pedido de denominação de origem para as "Ameixas dElvas", ainda que beneficiando da preciosa colaboração de várias entidades regionais que sempre se tem interessado pelo problema, está longe de traduzir as potencialidades que a cultura tem na região e a esperança que a mesma representa hoje para largas dezenas de agricultores, confrontados com a busca de alternativas para o sistema de agricultura praticado na região. Circunstâncias diversas, onde a falta de tempo e de meios para a realização do trabalho predominaram, estiveram entre as responsáveis pela sua modéstia e possivelmente incompleta justificação técnica.

Mesmo assim, estamos conscientes de ter mais uma vez respondido ao desafio do Ministério da Agricultura Português, no sentido de valorizar os produtos regionais portugueses de inquestionável qualidade, que podem representar no futuro um dos factores mais importantes para a competetividade da nossa agricultura.

O mérito conseguido desde há longas décadas pelas "Ameixas d'Elvas" junto dos mais exigentes mercados, quer nacionais quer internacionais, por si só mais do que justificaria a protecção deste produto, cuja origem se encontra associada a uma pequena e bem delimitada região do Alentejo. Elevar as "Ameixas dElvas" à categoria de produto com Denominação de Origem parece-nos da mais elementar justiça, quando é conhecido por exemplo ser este produto um dos que já no século passado, viajava juntamente com o nosso Vinho do Porto para as mais exigentes casas da Europa e da America da especialidade.

A confiança no valor deste produto, por parte dos agricultores, resultado das particulares condições ecológicas da região e da experiência de séculos dos que foram continuando e aperfeiçoando velhas receitas conventuais, foi recentemente confirmada quando aproveitando os incentivos da reestruturação agrícola Comunitária, estes de imediato se lançaram na implantação de novos e modernos pomares de ameixeira "Rainha Claudia'. Com a promoção das "Ameixas dElvas" a Denominação de Origem iniciar-se-á sem duvida a segunda e mais importante fase, que diz respeito à comercialização.

1 -Introdução histórica

1.1 -Da cultura

Embora não seja possível calcular a data da introdução da ameixeira "Rainha Claudia" na região do Alto Alentejo, não restam duvidas da origem francesa do material vegetal inicial, nem do facto da cultura se ter expandido a partir da zona de Elvas para as regiões vizinhas. A prová-lo está o nome de "ameixa de França" ainda hoje utilizado em Elvas para designar a variedade, a que MORAES (1986) também se refere no seu Manual Prático de Agricultura. De qualquer das formas a cultura desta variedade na região remonta a centenas de anos, devido à sua associação à doçaria regional da qual como veremos adiante se conhecem relatos bem mais antigos.

O nome de "abrunho" geralmente utilizado em Portugal para designar as variedades indígenas não seleccionadas de ameixeiras e que aparece na região de Estremoz e Borba a designar a "Rainha Claudia", pode explicar que a introdução se tenha de facto realizado primeiramente em Elvas e só depois se expandido às regiões vizinhas, já sem o conceito de cultura importada.

Extremamente fácil de propagar por pôlas, a expansão da cultura foi-se fazendo sobretudo pelas explorações familiares de pequena dimensão, ocupando sobretudo as extremas das propriedades e bordejando os cursos de água e caminhos. Constituía assim em geral uma cultura secundária, que os agricultores aproveitavam sobretudo para o fabrico de passa e consumo em fresco na própria exploração.

Só no inicio do séc.XX se implantaram os primeiros pomares contínuos desta variedade, sobretudo na região de Elvas, a que não foi estranho o grande dinamismo que nessa altura se verificava na industria da corifítagem das conhecidas "Ameixas dElvas". Embora não haja qualquer cadastro que nos possa dar uma ideia do numero de ha em cultura nesse periodo, podemos calcular que pela ordem de grandeza da produção de ameixa confitada e seca de algumas das fábricas de então, seriam de largas dezenas de ha a superfície então cultivada.

A forma de propagação utilizada, sem recurso a qualquer tipo de enxertia, teve como consequência a criação de uma variabilidade de material bastante grande, do qual os agricultores foram seleccionando os clones melhor adaptados às condições ecológicas da região e consolidando assim um produto bem característico e de grande qualidade que quer em fresco quer transformado, sempre caracterizou a produção deste tipo de Ameixas da região do Alto-Alentejo.

Após a crise da industria de transformação a seguir à Segunda Grande Guerra, a area de cultivo foi diminuindo, passando então o fabrico das passas a ser o principal destino da produção. Sem um esquema de comercialização forte e implantado junto dos agricultores, a valorização das passas de ameixa, embora presentes em pequenas quantitades em todos os pontos do país, nunca chegou a entusiasmar os produtores que assim foram pouco a pouco abandonando a plantação de novas árvores. Ao mesmo tempo que reduzia a importância ao nivel das explorações, a cultura foi merecendo cada vez

peninsular, exigia que à sua mesa do quartel general montado na herdade da Gramicha, estivessem sempre presentes as já famosas "Ameixas dElvas". No entanto, foi só no Verão de 1834 que se deu inicio e em condições modestíssimas, a uma industria que viria anos mais tarde a projectar a nivel mundial o nome de Elvas e de Portugal.

Ficou na história da cidade, essa figura impar que foi José da Conceição Guerra, iniciador desta actividade industrial no ano de 1834. Nascido em Elvas a 30 de Junho de 1811, foi apenas com 23 anos de idade, que deu começo a uma industria fluorescente, começando com a laboração de 45 kg de ameixa em improvisadas instalações na rua João de Olivença, num prédio onde em tempos idos tinha estado instalada uma judiaria medieval, continuando nessas instalações, embora progressivamente aumentadas e permanentemente melhoradas e adaptadas até à extinção da sua firma já nos nossos dias. Desde esse Verão de 1834, foi constante a sua progressão e melhoria tecnológica, substituindo, investigando e caminhando sempre para novas soluções técnicas, numa constante evolução tecnológica ainda hoje invejável e continuada.

Trinta anos passados e as três arrobas de ameixa então fabricadas, atingem em 1864 a importante cifra de 27 000 Kg. Como consequência de uma politica de qualidade sempre presente, a quantidade fabricada foi constantemente aumentando, chegando a atingir nos princípios deste século, as 75 toneladas de ameixa confitada.

Como curiosidade e prova do interesse regional desta industria, num período de algumas dezenas de anos, abriram e fecharam em Elvas, mais de 50 fábricas, que por falta de técnica e outras razões, não poderam competir, resultando no seu quase desaparecimento nos nossos dias.

Foi a partir de 1892, que a fabricação começou a ser menos artesanal e mais mecanizada, depois da instalação de uma unidade de vapor, várias cubas de cobre com capacidade para 50 kg, que em cerca de 10 minutos coziam a ameixa. A confitagem passou a ser feita através de um processo continuo de "pontos" sucessivamente mais concentrados, permitindo uma maior capacidade de laboração e incomparavelmente mais rápida. Apesar das modificações sofridas, esta instalação industrial continuou a ser um importante polo de emprego, contribuindo para o bem estar social de grande numero de famílias Elvenses, numa região onde o emprego estava quase confinado aos trabalhos agrícolas. As alterações no modo de fabricação não provocaram na qualidade nenhuma alteração e a confirmá-lo estão os 203 prémios obtidos em exposições nacionais e internacionais ao longo de mais de 100 anos de existência nas mais variadas partidas do Mundo. Premiada em Paris pela primeira vez em 1855 com a medalha de cobre de Napoleão JH, a que se juntaram mais 17 outras ainda em vida do seu fundador, a fabrica de Conceição Guerra foi ainda agraciada com mais 185 prémios e medalhas de ouro, prata e cobre (Fig. 1.7).

Para ilustrar um pouco melhor a importância que esta e outras industrias similares tinham nesa altura na região, mencionaremos que paralelamente à fabricação das famosas "Ameixas dElvas", esta industria se foi transformando numa autêntica agro-alimentar dos nossos dias, através da variedade de produtos agrícolas que transformava, como as conhecidas "azeitonas de Elvas", a "sopa Juliana" com base em produtos hortícolas,

inúmeros frutos regionais confitados, secos, calda ou compotas e toda a gama de "caça cozinhada" e pronta a servir, caçada nesta explêndida região cinegética.

A embalagem teve desde a primeira hora importância capital, sendo as caixas feitas em cartão e mais tarde também em madeira. Os primeiros forros das caixas consistiam duma rudimentar estilização de flores e frutos, a vermelho e azul e a vermelho e verde sobre papel branco. Este modelo, embora viesse sendo aperfeiçoado, manteve-se com pequenas alterações e era o único aceite em Inglaterra, primeiro e principal país importador.

Até 1856 os forros eram simples e os já descritos, tendo a partir deste ano, evoluído bastante no material empregue e na forma, passando a haver forros luxuosos, em relevo, impressos a ouro sobre papeis de côr. Em 1867 inicia-se o emprego do ouro e branco, já feito por processos mecânicos numa casa de Paris (fig 1.6). Os anos de 1870, 1873, 1877, 1899 e 1906 foram os mais significativos em alterações ornamentais e feitio das embalagens, mantendo-se sempre o cartão e a madeira como materiais eleitos e utilizados.

No entanto os modelos foram-se multiplicando e modificando em conformidade com a apetência dos mercados importadores. Desde os decorados com motivos e vistas regionais, passando pelos mais variados e coloridos cromos de desenhos e pinturas de quadros célebres, com paisagens, naturezas mortas, figuras, etc, até à velha tradição freiral ou conventual de recorte de papeis. Esta ultima, suprassumo de graça e delicadeza, enlevo dos olhos na policromia das cores e expontâneidade de formas e desenhos, próprias de autênticos artistas artesãos, arte em desaparecimento da mais pura artesania, executadas por mãos invulgarmente hábeis e de grande sensibilidade artística, constituíram sempre um empenho tão grande dos industriais como a própria transformação dos frutos. Pela colecção existente e conservada até aos nosso dias, podemos afirmar sem medo de sermos desmentidos, que a arte do recorte no papel foi noutros tempos ainda não muito distantes, inigualável na cidade de Elvas, a merecer um criterioso estudo. Estas riquíssimas obras de arte artesanal, altamente trabalhosas e belas, abertas à tesoura com embutidos de papel de cores eram quase exclusivamente destinadas à exportação para a América, sobretudo para os E U A.

A forma das caixas variava entre o redondo, oval e rectangular. As caixas ou caixotes de madeira eram sempre rectangulares e distinguiam-se apenas no tamanho e no maior ou menor luxo na confecção. Em certo tempo tentou-se a introdução do aglomerado fino de cortiça na feitura das embalagens, caixas redondas, rectangulares ou em tarros, mas a iniciativa não teve a aceitação esperada e desejada.

No respeitante aos mercados, diremos que o primeiro e principal foi o Reino Unido e a sua Casa Real, à semelhança do que acontecia com a Corte Portuguesa e outras Casa Reais europeias. Seguiam-se-lhe os EUA, Brasil e outros países da América Latina, países Europeus e Asiáticos, além do comércio interno com as ilhas e ex-colónias de África, conforme se pode depreender das exposições onde concorreram e dos prémios nacionais e internacionais ganhos.

2 -Caracterização ecológica da região

Características dos solos Não só pelas exigências especificas da espécie, mas sobretudo devido ao tipo de propagação antigamente utilizado -sem a utilização de porta-enxertos, o tipo de solo teve e continua a ter uma importância determinante na expansão da cultura. Em virtude da grande sensibilidade do material à má drenagem dos solos, a cultura foi-se associando principalmente aos solos sem grandes problemas nesse aspecto. A verdade é que a qualidade dos frutos assim obtidos acabou por beneficiar das características desses mesmos solos e hoje é mais este ultimo facto que comanda a eleição dos solos, do que propriamente as restrições de adaptação dos porta-enxertoa utilizados.

As manchas de solos onde a cultura hoje encontra as melhores condições não só de longevidade das árvores mas sobretudo de qualidade dos frutos, são as que correspondem às genericamente caracterizadas por CARY (1985) como as regiões dos Calcários e Barros do Alto Alentejo. Correspondem estas regiões a solos de razoável fertilidade, boa drenagem interna e bem providos de Potássio e Cálcio, elementos essenciais para uma boa qualidade dos frutos em prunoideas. Esta região é de resto em todo o Alentejo a mais favorável para as culturas arbóreas, onde a predominância é de solos delgados derivados de xistos e granitos, com drenagem deficiente, logo muito marginais para a cultura de fruteiras, sobretudo de prunoideas.

A regão dos calcários situada nos concelhos de Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Sousel, corresponde a solos do tipo Vermelho Mediterrânico (Pvc e Vcc) derivados de rochas calcárias, em geral profundos, ainda com bastantes afloramentos rochosos, e constitui um autêntico solar para a Rainha Claudia. De facto os frutos dos pomares aqui instalados sempre mereceram a preferência dos industriais de Elvas, devido à sua excepcional qualidade.

A região dos Barros do Alto Alentejo estende-se sobretudo pelos concelhos de Elvas, Campo Maior e Fronteira, corresponde a solos de muito boa fertilidade, profundos, derivados de xistos, mas. devido à sua textura mais fina, apresentam-se mais compactos e com uma drenagem interna inferior à dos calcários. Nesta região os pomares são em geral mais produtivos, mas a qualidade dos frutos é ligeiramente inferior.

Recursos hidricos A disponibilidade de recursos hidricos das duas regiões referidas é muito diferente. Na região dos calcários e em virtude da sua geologia a captação de águas superficiais é imposivel, daí que o único recurso é a realização de poços ou furos artesianos. Esta solução é muito limitativa da expansão das áreas regadas em virtude da progressiva escassez deste recurso e do preço a que fica a sua exploração. A maior altitude relativa desta região relativamente à peneplanice alentejana impossibilita igualmente que se projecte trazer água de zonas vizinhas. A realização de furos é hoje a solução mais utilizada, mas apesar da riqueza dos aquíferos subterrâneos da região, é hoje assumido que esta solução vai trazer problemas no mturo, em virtude do consumo estar a ultrapassar de longe a recarga desses aquíferos.

Na região de Elvas e Campo Maior as disponibilidades de água para rega são um problema menor, devido à existência do perímetro de rega do Caia, que poderá ainda ser alargado a outros aproveitamentos. A possibilidade de realizar captações superficiais, mesmo ao nivel das explorações oferece menos problemas, para além dos recursos subterrâneos menos explorados, poderem também contribuir para a rega de algumas áreas.

Características do clima De um modo geral pode classifícar-se o clima da região como um clima mediterrânico de feição continental. Entre as características mais importantes que vale a pena referir, pois condicionaram a adaptação da cultura da ameixeira Rainha Claudia a esta região, estão o somatório de horas com temperatura abaixo de 7°C, que como se pode ver na fig 2.1 varia de 600 na região de Borba até 800 na região mais interior de Campo Maior. A data da ultima geada é outro importante registo climático que ao afectar a floração influencia a regularidade de produção da variedade. Como se pode ver pela fig 2.3, no inicio de Abril, data da floração da Rainha Claudia na região, o perigo de geadas é quase nulo, sobretudo na região de Borba.

Também a precipitação neste período pode constituir um sério problema para a cultura não só por dificultar a polinização, mas também por ser responsável pelo aparecimento de doenças criptogâmicas de difícil combate. Observações de muitos anos permitem ver que a prbabilidade de ocorrerem chuvas neste período é muito pequena, não ultrapassando em média os 10%. Aliás já PEREIRA (1970) referia no seu estudo sobre a Zonagem da Ameixeira, que a distribuição da precipitação nesta região era a mais favorável do país para a cultura da Ameixeira Europeia.

As temperaturas da Primavera e Verão, sobretudo durante o período de maturação dos frutos, que corresponde aos meses de Junho e Julho, são bastante altas, chegando na ultima quinzena de Julho a atingir com frequência os 35 °C. Este Verão quente é essencial para a acumulação de açucares nos frutos e um importante factor de qualidade que está associado à cultura da Rainha Claudia. Prova evidente disto está no facto de nos anos em que as temperaturas são ligeiramente mais baixas, como por exemplo aconteceu no ano de 1993 durante este período a qualidade dos frutos à maturação logo se ressentir.

3 -Adaptação ecológica e expansão da cultura

Originária da Grécia e presentemente em cultura numa série de países do Sul da Europa, nomeadamente no sudoeste e França, Noroeste de Espanha, centro de Itália e sul de Portugal, a variedade de ameixeira "Rainha Claudia Verde' encontrou na região do Alto Alentejo interior, condições ideais ao seu desenvolvimento.

De facto as boas condições de clima desta região, que proporciona as horas de frio necessárias para a variedade, associadas às moderadas temperaturas durante a época de floração que ocorre nesta região já fora do período de geadas e ainda às altas temperaturas durante a maturação dos frutos, fazem com que o seu comportamento produtivo, quer em termos de regularidade de produção, quer em termos de qualidade dos seus frutos seja único em toda a Europa. A comprovar este facto está a preferência que

Fig .2.2 - Data da primeira geada. Valores médios 1941-60. Serviço Meteorológico Nacional.

Fig. 2.3 - Data da ultima geada. Valores médios 1941-60. Serviço Meteorológico Nacional.

Fig 2.5 - Normais climatológicas de 1931-60 para o sul de Portugal, relativas à temperatura média do ar nos meses de Abril e Julho. Sg. o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (1974).

sempre lhe foi dispensada desde há muito tempo pelos principais mercados consumidores do País relativamente à mesma variedade proveniente de outras regiões.

Entre outros factores que contribuiem para a qualidade das ameixas desta região estão sobretudo o tipo de solos utilizado: -mediterrânicos vermelhos derivados de calcário e pardos de xisto, ambos de razoável fertilidade, mas sobretudo de muito boa drenagem; - e o baixo nivel de adubação e rega utilizado nos pomares, que constitui sem duvida uma antecipação ao que hoje se designa de produção integrada, e que se considera ser uma excelente prática de sustentabilidade para a exploração frutícola. Ainda a comprovar a excepcional adaptação desta variedade à região está o baixíssimo numero de tratamentos fitossanitários necessário, por vezes mesmo nulo, sem que isso constitua qualquer cedência às boas práticas culturais necessárias.

Podemos pois concluir que as condições edafo-climáticas referidas constituiem um nicho ecológico bem defenido, ideal para a cultura e sem duvida responsável pela qualidade dos produtos a que dá origem. É um facto que sem qualquer tipo de restrição à sua expansão para regiões vizinhas, ela não aconteceu e continua ao fim de séculos de cultivo restringida às mesmas regiões de sempre, por sinal bem pequenas. Mesmo nos períodos de maior dinamismo da comercialização dos seus produtos, a cultura da Rainha Claudia nunca saiu dos concelhos de Elvas, Campo Maior, Borba, Vila Viçosa e Estremoz, sinal evidente da dificuldade de viabilizar a sua produção em áreas circun- vizinhas.

Um dos elementos sem duvida mais condicionantes à sua expansão para o litoral do Alentejo são as necessidades de frio, que mesmo na região em causa já se encontram no seu limite inferior. A observação de árvores desta variedade a vegetar em outras regiões com menos de 600 horas com temperatura abaixo de 7°C, já permitiu observar que para além dos frutos possuírem características bem diferentes, a sua produtividade é bastante irregular e escassa, sobretudo nos anos com pouco frio. Por outro lado a expansão mais para o interior da península está condicionada ao aparecimento de geadas na altura da floração.

A influência negativa da serra de S. Mamede e os solos graníticos de muito deficiente drenagem e fertilidade, condicionaram a expansão para Norte, enquanto que os delgados de xisto da bacia do Guadiana impediram que a cultura se expandisse para sul. Desta forma a cultura ficou restringida à região dos chamados barros do Alto Alentejo e calcários, e para o interior da linha com pelo menos 600 horas de frio.

4 - Evolução da área cultivada. Cadastro actual

A crise da industria de transformação que ocorreu durante os anos cinquenta e sessenta, foram o acontecimento que marca o inicio do decréscimo da superfície de Rainha Claudia' plantada na região. No estudo de zonagem da ameixeira efectuado por A.M. Pereira em 1954, refere-se ainda a existência de 70 372 árvores em produção nos concelhos de Elvas, Borba e Estremoz, sem duvida os mais importantes em termos de área cultivada. Porém em 1986 antes da recente e rápida expansão de novos pomares, o

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Quadro 1- Cadastro actual em ha da superfície plantada de 'Rainha Claudia

Verde' Concelho FreguesiaFreguesia^ velhos^ novos^ Total (ha)^ Total (ha)

 - Borba Matriz 79.8^10 89.8 133. pomares pomares Freguesia Concelho - S.Tiago R. M. 1.0 37.9 38. - Orada 2.0 2.75 4. - Estremoz S. Maria 2.5 19.5 22.0 63. - Glória 4.05 7.78 11. - Arcos 7.95 12.47 20. - S. Domingos 8.75 8. - S. Lourenço 0.5 0. - Aviz Ervedel 2.0 2.0 2. - Monforte S. Aleixo 1.0 1.0 1. 
  • V. Viçosa N.S. Conceição 6.5 15.5^22 30. - Pardais 8.5 8.
  • Alandroal N.S. Conceição 1.5 1.5 1. - Redondo Freixo 1.5 1.5 1. - Sousel Cano 2.5 2.5 2. - Elvas Ajuda e Salvad. 1.25 1.2 2.45 29. - S. Brás 9.4 4.0 13. - Assunção 4.0 4. - Caia e S. Pedro 3.2 3. - Alcaçova 2.6 2. - Vila Boim 0.5 0. - Barbacena 0.25 0. - S. Vicente, Ventosa 3.25 3.
  • Campo Maior N.S. Espectação 1.0 14.0 15.0 20. - S. João Baptista 5.0 5.

Fig.4.1- N e d e p o m a r e s p o r c o n c e l h o - 1 9 9 3

Aalndroal -vehlos TO

Aalndroal -novos I 1

Bobra -vehlos

Bobra -novos

Campo Maoir -vehlos

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Bobra -novos

Campo Maoir -vehlos

Campo Maoir -novos

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Va Vli çiosa-novos

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0 20 40 60 8 0 1 0 0 (ha)