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Analise ANÁLISE 'A PROCURA DA FELICIDADE E MOTIVAÇÃO
Tipologia: Exercícios
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Psicologia CURSO DE PSICOLOGIA Disciplina: Processos Psicológicos Básicos: Motivação e Emoção Prof. Ms. Felipe Augusto Monteiro Cravo Aluno: Alessandro Almeida e Elisson Oliveira - 6º Período – Noturno – 2019 Ensaio sobre motivação e o filme “A Procura da Felicidade” Consensualmente a psicologia concebe “motivação” como um fator que direciona e/ou energiza o comportamento humano e animal, sendo influenciado por aspectos biológicos, cognitivos e sociais. 1 Entretanto, o conceito de motivação é multideterminado e pode ter como perspectiva definições e usos errôneos, inclusive dentro da Psicologia, como o exemplo supracitado, onde ele é uma “energia”, ou uma “força”, dentre outros conceitos que foram usurpados da física. A palavra “motivação” vem do latim motivus da raiz movere que significa movimento, ou seja, uma ação a algo. Para a análise do comportamento, esse conceito se relaciona diretamente com o comportamento e não com o indivíduo, diferente de outras perspectivas que se utilizam desse constructo para qualificar, generalizar como tendência ou até mesmo criar uma entidade chamada “motivação” que não se pode encontrar ou mapear, coisas das quais não concordam com sua raiz epistemológica. 2 Não obstante, como ainda não há no estudo do comportamento um consenso sobre o que é a motivação e como ela se dá, abre-se espaço aos falaciosos para que vendam o conceito como produto, materializando-o, e claro, motivados pelo capitalismo. O drama estadunidense baseado em fatos reais “A Procura da Felicidade” é um retrato desse conceito materializado. Deixando um pouco a questão da exploração capitalista de lado, daremos ênfase às contingências e operações estabelecedoras que motivaram o protagonista no enredo de superação proposto. Chris Gardner (Will Smith) se dedica ao trabalho de vender scanners de uso médico, um investimento de baixa rentabilidade que acaba por encurralar o personagem, oprimindo-o a obrigação de vender os produtos a todo custo. Aqui podemos observar a operação estabelecedora que é a privação de dinheiro que, conjuntamente a estímulos aversivos como: a esposa ficar brava e deixar a casa (punição negativa), as pressões sociais sobre débitos a serem pagos e desapontar o filho, dos quais Chris se comporta a fim de evitá-los, estabelecem o valor reforçador dessa contingencia, ou seja, a probabilidade de se comportar a fim de eliminar esses estímulos aversivos e tentar ganhar dinheiro é aumentada. (^1) FELDMAN, R.S. Introdução a Psicologia. – 10. ed. – Porto Alegre: AMGH, 2015. Pg. 289. (^2) HÜBNER, M. M. C., MOREIRA, M. B. Temas Clássicos da Psicologia Sob a Ótica da Análise do Comportamento – Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2012. Pg 74 - 79
Psicologia CURSO DE PSICOLOGIA A todos estes fatores, acresce-se também o seu histórico de vida e aprendizagem, do qual, na pequena explicação no início da obra, é relatado o abandono do pai, que veio a conhecer tardiamente, somado ao fato de ser negro num país como os Estados Unidos na década de 80. Por fim, todos esses estímulos a serem evitados, somados ao histórico de vida e a reforços positivos como o de querer uma vida melhor para o filho, ter uma história diferente do pai ou até mesmo um carro esportivo demonstrado em uma das cenas, constitui-se uma foto da contingência que tanto motiva o personagem. O fato de responder sagazmente às diversidades também colabora para o desenvolvimento do personagem em direção aos seus objetivos, sendo uma resposta específica. Analisando dessa forma, percebemos que muitos fatores concorrem para que o protagonista seja “motivado” a responder de forma insistente a quaisquer adversidades que surjam em seu caminho. O problema reside na percepção de que esses fenômenos podem ser (e são) reduzidos e relativizados a fim de serem utilizados como régua para mensurar uniformemente o comportamento humano, materializando-os como produtos, um dos pontos em que o conceito de “meritocracia” é falho. Quando se tem a oportunidade de entrar em contato com esses produtos motivacionais, é inevitável a reflexão sobre o objetivo para tanto, a motivação, o “para quê”. Ainda mais quando esses produtos são palestras de empresas, mascaradas pela preocupação com o bem estar do funcionário, enquanto esse mesmo dinheiro poderia ser usado em aumentos salariais ou outras beneficies. O termo de “alienação” pode ser encaixado nesse sentido. Ao relacionar o título da obra “A Procura da Felicidade”, pensada a partir de um trecho da declaração de independência dos Estados Unidos: “ We hold these truths to be self- evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness”^3 , pode se observar, nesse caso, que a materialização de conceitos não é privilégio somente da motivação. Nesse caso o protagonista diz: “Foi então que comecei a pensar sobre Thomas Jefferson na Declaração de Independência e da parte sobre o nosso direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade. E eu me lembro de pensar como ele sabia colocar a parte busca lá dentro? (^3) JEFFERSON, T. The Declaration of Independence. Action of Second Continental Congress, July 4, 1776 The Unanimous Declaration of the thirteen united States of America.
Psicologia CURSO DE PSICOLOGIA O termo “motivação” deriva da raiz latina motivus, também frequentemente associado a raiz movere. O conceito carrega por si só, um sentimento de movimento, de uma ação direcionada a algo. Entretanto, para compreendermos melhor o que a psicologia chama de motivação, não podemos parar nessa definição rasa. Visando um aprofundamento da temática, lançaremos mão das principais teorias motivações existentes, aplicando-as ao filme “A Procura da Felicidade”, drama norte-americano, baseado em fatos reais, que retrata a vida de Chris Gardner. Porém, antes disso, vejamos o que consensualmente os psicólogos definem como o processo de motivação: fator que direciona e energiza o comportamento dos seres humanos e de outros organismos, possuindo bases biológicas, cognitivas e sociais. Aqui fica evidente a complexidade do conceito, que levou ao desenvolvimento de variadas abordagens, na tentativa de explicar essa “energia” que guia o comportamento das pessoas em direções específicas. 5 Na base das pesquisas temos a Abordagem dos Instintos, que surge como pedra angular do processo, partindo de uma visão evolucionista, onde nosso processo motivacional provém de programações filogenéticas inatas, ou seja, comportamentos úteis a sobrevivência da espécie, denominados instintos.^6 A teoria dos instintos deixou muitas lacunas, em especial com relação aos comportamentos aprendidos. Surgem então as abordagens de redução do impulso da motivação , que pregam que nossa motivação surge em busca de homeostasia do ser. Para isso, teríamos impulsos primários, tais como fome, sede, sono e sexo, e secundários que contrastam com os primários, não atendendo a uma necessidade biológica óbvia, por exemplo, a satisfação em atingir alguma meta social, que precisam ser saciados. 7 Entre os impulsos secundários, podemos elencar as necessidades relacionadas a realização , afiliação e motivação para o poder. A primeira refere-se à característica estável e aprendida em que uma pessoa se empenha para atingir um nível de excelência. A segunda indica em relacionar- se com os outros, enquanto a terceira é uma tendência a procurar exercer impacto sobre os outros. Em maior ou menor grau, essas necessidades acabam concorrendo para nosso processo motivacional.^8 (^5) FELDMAN, R.S. Introdução a Psicologia. – 10. ed. – Porto Alegre: AMGH, 2015. Pg. 289. (^6) KUTZ, 2001 apud FELDMAN, 2015. Pg. 289. (^7) MCKINLEY et al., 2004; SELI, 2007 apud FELDMAN, 2015. Pg. 290. (^8) FELDMAN, 2015. Pg. 312.
Psicologia CURSO DE PSICOLOGIA As abordagens de redução de impulso também deixam lacunas, como por exemplo, em comportamentos motivados por mera curiosidade, ou por busca de emoções. Aqui surgem as abordagens de excitação da motivação , que suprem os espaços deixados, sugerindo que, quando os níveis de estimulação e atividade são muito baixos, tentamos aumentá-los buscando estimulação, um exemplo são os atletas de esportes radicais.^9 Temos as abordagens de incentivo da motivação, que concebem a motivação de uma forma bem diferente das anteriores. Segundo essa visão, as propriedades desejáveis do estímulo externo – sejam notas, dinheiro– são responsáveis pela motivação de uma pessoa. Essa abordagem pode ser associada à da redução do impulso , uma vez que o incentivo e satisfação da necessidade podem estar dialogando.^10 Ficando cada vez mais elaboradas, chegamos as Abordagens Cognitivas , que trazem a motivação como produto dos pensamentos, das expectativas e dos objetivos o indivíduo, ou seja, suas cognições. Teríamos aqui uma motivação intrínseca e extrínseca, sendo que a primeira se relaciona com o prazer envolvido no ato, contrastando com a segunda, que envolve alguma recompensa concreta tangível na ação realizada. 11 Outra postulação de peso é a de Abraham Maslow. Ele criou um modelo de necessidades motivacionais estruturado em uma hierarquia. Nesse sentido, primeiramente o indivíduo teria motivação para suprir as necessidades fisiológicas , somente então, escalaria para a necessidade de segurança , depois as necessidades de amor e pertencimento , seguidas pela necessidade de estima e por fim, atingira a auto realização. Esta abordagem destaca a complexidade das necessidades humanas e enfatiza a ideia de que, até que as necessidades biológicas mais básicas sejam satisfeitas, as superiores não terão espaço, ou seja, quem tem fome, não vai se preocupar com sua autoestima.^12 Percebemos que, na verdade, as teorias não se contradizem, mas são complementares, assim como o ser humano é de uma complexidade ímpar, seria impossível subjugá-lo à uma única condição. Cabe ainda acrescentar a este trabalho a visão Behaviorista do processo que definimos como motivação. Dentro da análise do comportamento, a motivação é parte de conjunto (^9) ZUCKERMAN, 2002; CAVENETT & NIXON, 2006; ROETS & VAN HIEL, 2011 apud FELDMAN, 2015. Pg.
(^10) PINEL, et al , 2000; LOWERY, et al, 2003; BERRIGE, 2004 apud FELDMAN, 2015. Pg. 291. (^11) LEPPER, ET AL. 2005; SHAIKHOLESLAMI & KHAYYER, 2006; FINKELSTEIN, 2009 apud FELDMAN,