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Guias e Dicas
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Antidiabéticos, Notas de estudo de Farmácia

Diabetes e terapia farmacológica

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 13/11/2013

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louise-cristina-freitas-saraiva-1 🇧🇷

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O DIABETES
A síndrome do diabetes resulta de um grupo heterogêneo de distúrbios
metabólicos caracterizados por hiperglicemia. A hiperglicemia pode resultar de uma
ausência absoluta de insulina [diabetes melito tipo 1, também denominado diabetes
melito insulino-dependente (DMID)] ou de uma insuficiência relativa de produção de
insulina na presença de resistência à insulina [diabetes melito tipo 2, também
denominado diabetes melito não-insulino-dependente (DMNID)]. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2006)
O diabetes tipo 1, que é responsável por cerca de 10% dos casos, ocorre mais
comumente em indivíduos jovens, mas algumas vezes em adultos, sobretudo nos
indivíduos não-obesos e indivíduos idosos quando a hiperglicemia aparece pela
primeira vez. Acredita-se que o diabetes tipo 1 seja consequência de uma lesão
infecciosa ou ambiental tóxica em pessoas cujo sistema imune está geneticamente
predisposto a desenvolver uma resposta auto-imune vigorosa contra antígenos das
células β do pâncreas. (KATZUNG, 2005)
Na ausência de células β, a insulina não é sintetizada nem liberada, e a
concentração de insulina circulante aproxima-se de zero. Dessa forma, os tecidos
sensíveis à insulina não conseguem captar e armazenar glicose, aminoácidos e lipídios,
até mesmo na presença de níveis plasmáticos circulantes elevados dessas substâncias
energéticas. (GOLAN, 2009)
O diabetes tipo 2 responde por cerca de 90% dos casos e representa um grupo
heterogêneo de formas mais leves de diabetes. Ocorre predominantemente em adultos,
embora, ocasionalmente, seja observado em adolescentes.
O diabetes tipo 2 começa com um estado de resistência à insulina. Os tecidos que
antes eram normalmente responsivos à insulina tornam-se relativamente refratários à
ação do hormônio e necessitam de níveis aumentados de insulina para responder de
modo apropriado. Em muitos casos, a resistência à insulina resulta de obesidade ou de
um estilo de vida sedentário. (GOLAN, 2009)
Portanto, embora os pacientes com diabetes tipo 2 geralmente tenham níveis
circulantes elevados de insulina, esses níveis não são suficientes para superar a
resistência à insulina nos tecidos-alvo.
A INSULINA
A insulina é liberada das células β do pâncreas em baixa taxa no estado basal e
numa taxa muito mais alta no estado estimulado, em resposta a uma variedade de
estímulos, em particular a glicose.
A insulina liga-se a receptores presentes na superfície das células-alvo. Apesar de
praticamente todos os tecidos expressarem receptores de insulina, os tecidos que
armazenam energia (fígado, músculo e tecido adiposo) expressam níveis muitos mais
elevados de receptores de insulina e, por conseguinte, constituem os principais tecidos-
alvo da insulina.
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O DIABETES

A síndrome do diabetes resulta de um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos caracterizados por hiperglicemia. A hiperglicemia pode resultar de uma ausência absoluta de insulina [diabetes melito tipo 1, também denominado diabetes melito insulino-dependente (DMID)] ou de uma insuficiência relativa de produção de insulina na presença de resistência à insulina [diabetes melito tipo 2, também denominado diabetes melito não-insulino-dependente (DMNID)]. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006) O diabetes tipo 1, que é responsável por cerca de 10% dos casos, ocorre mais comumente em indivíduos jovens, mas algumas vezes em adultos, sobretudo nos indivíduos não-obesos e indivíduos já idosos quando a hiperglicemia aparece pela primeira vez. Acredita-se que o diabetes tipo 1 seja consequência de uma lesão infecciosa ou ambiental tóxica em pessoas cujo sistema imune está geneticamente predisposto a desenvolver uma resposta auto-imune vigorosa contra antígenos das células β do pâncreas. (KATZUNG, 2005) Na ausência de células β, a insulina não é sintetizada nem liberada, e a concentração de insulina circulante aproxima-se de zero. Dessa forma, os tecidos sensíveis à insulina não conseguem captar e armazenar glicose, aminoácidos e lipídios, até mesmo na presença de níveis plasmáticos circulantes elevados dessas substâncias energéticas. (GOLAN, 2009) O diabetes tipo 2 responde por cerca de 90% dos casos e representa um grupo heterogêneo de formas mais leves de diabetes. Ocorre predominantemente em adultos, embora, ocasionalmente, seja observado em adolescentes. O diabetes tipo 2 começa com um estado de resistência à insulina. Os tecidos que antes eram normalmente responsivos à insulina tornam-se relativamente refratários à ação do hormônio e necessitam de níveis aumentados de insulina para responder de modo apropriado. Em muitos casos, a resistência à insulina resulta de obesidade ou de um estilo de vida sedentário. (GOLAN, 2009) Portanto, embora os pacientes com diabetes tipo 2 geralmente tenham níveis circulantes elevados de insulina, esses níveis não são suficientes para superar a resistência à insulina nos tecidos-alvo.

A INSULINA

A insulina é liberada das células β do pâncreas em baixa taxa no estado basal e numa taxa muito mais alta no estado estimulado, em resposta a uma variedade de estímulos, em particular a glicose. A insulina liga-se a receptores presentes na superfície das células-alvo. Apesar de praticamente todos os tecidos expressarem receptores de insulina, os tecidos que armazenam energia (fígado, músculo e tecido adiposo) expressam níveis muitos mais elevados de receptores de insulina e, por conseguinte, constituem os principais tecidos- alvo da insulina.

A insulina promove o armazenamento de gordura e de glicose no interior das células-alvo especializadas e influencia o crescimento e as funções metabólicas de uma ampla variedade de tecidos.

Efeitos da insulina

No fígado: inibe glicogenólise e gliconeogênese; aumenta armazenamento de glicose na forma glicogênio. No músculo: aumenta captação de glicose e síntese de proteínas; aumenta síntese de glicogênio. No tecido adiposo: reduz ácidos graxos livres e promove armazenamento de triglicerídeos; aumenta captação de glicose produzindo glicerofosfato.

TERAPIA FARMACOLÓGICA DO DIABETES

O principal objetivo da terapia farmacológica no diabetes consiste em normalizar os parâmetros metabólicos, como a glicemia, para reduzir o risco de complicações a longo prazo. Como os pacientes com diabetes tipo 1 produzem pouca ou nenhuma insulina endógena, a terapia consiste em reposição com insulina exógena. A capacidade de pacientes com diabetes tipo 2 de produzir insulina sugere que esses indivíduos podem ser tratados com agentes disponíveis por via oral que: (1) controlam os níveis de glicemia ao diminuir a velocidade de absorção dos açúcares pelo trato gastrointestinal; (2) aumentam a secreção de insulina pelas células β do pâncreas; ou (3) sensibilizam as células-alvo à ação da insulina. (GOLAN, 2009)

TRATAMENTO DO DIABETES TIPO 1

A insulina constitui o único tratamento para pacientes com diabetes tipo 1. As preparações comerciais de insulina diferem em vários aspectos, incluindo diferenças na espécie animal a partir da qual são obtidas; pureza, concentração e solubilidade; e tempo de início e duração de sua ação biológica. Como a insulina é uma proteína sujeita a rápida degradação no trato gastrointestinal, não é efetiva como agente oral. Com efeito, a insulina é administrada por via parenteral, tipicamente com injeção subcutânea com agulha de calibre fino, que cria um pequeno depósito do hormônio no local de injeção. A velocidade de absorção desse depósito de insulina depende de uma variedade de fatores, incluindo a solubilidade da preparação e a circulação local. Quanto mais rápida a absorção de determinada preparação, mais rápido também o seu início de ação e mais curta a duração de ação. A variabilidade entre pessoas e a variabilidade de um local de injeção para outro podem produzir grandes diferenças na velocidade de absorção e, portanto, no perfil de ação da insulina injetada. A insulina inalada e a bomba de insulina são formas de administração mais recentes, que já estão sendo usadas no Brasil por algumas pessoas e vem apresentando ótimos resultados. A insulina inalada é de ação rápida e serve para corrigir ou prevenir picos de hiperglicemia, portanto não substitui todas as aplicações de insulina, obrigando

O principal perigo da insulinoterapia é o de que a administração de insulina na ausência de ingestão adequada de carboidratos pode resultar em hipoglicemia.

TRATAMENTO DO DIABETES TIPO 2

  1. Secretagogos da insulina: sulfoniluréias e meglitidinas

Sulfoniluréias

  • Tolbutamida, clorpropamida, glibenclamida, glimepirida. As sulfoniluréias estimulam a liberação de insulina das células β do pâncreas, aumentando, assim, a insulina circulante para níveis suficientes para superar a resistência à insulina. Ligam-se a um receptor que está associado a um canal de potássio sensível ao ATP, inibindo o efluxo de íons potássio através do canal, com consequente despolarização. Por sua vez, a despolarização abre um canal de cálcio regulado por voltagem, resultando no influxo de cálcio e na liberação de insulina. (KATZUNG,

São disponíveis por via oral e metabolizadas pelo fígado. Em geral, esses fármacos são seguros, e o principal efeito adverso consiste em hipoglicemia devido à secreção excessiva de insulina. A terapia convencional com múltiplas doses, que produz níveis sanguíneos prolongados de sulfoniluréias de ação longa pode induzir um estado de refratariedade das células β pancreáticas, levando a uma perda de resposta satisfatória à terapia.

Meglitidinas

  • Repaglinida e nateglinida. Essas drogas estimulam a liberação de insulina pelas células β do pâncreas ao regular o efluxo de potássio através dos canais de potássio. Agem de forma semelhante às sulfoniluréias, só que em receptores diferentes. Diminuem a glicemia de forma mais rápida e têm um tempo de atuação no organismo mais curto, sendo, portanto indicadas para controle das excursões de glicose pós-prandiais. Devem ser tomadas imediatamente antes de cada refeição. Existe o risco de hipoglicemia se a refeição for adiada ou omitida, ou se tiver um conteúdo inadequado de carboidratos. A absorção, o metabolismo e o perfil de efeitos adversos das meglitinidas assemelham-se aos das sulfoniluréias.
  1. Sensibilizadores da insulina: biguanidas e glitazonas

Biguanidas

  • Fenformina, Buformina e Metformina.

As biguanidas atuam ao aumentar a sensibilidade à insulina. O alvo molecular das biguanidas parece ser a proteinocinase dependente de AMP (AMPPK). As biguanidas ativam a AMPPK, bloqueando a degradação dos ácidos graxos e inibindo a gliconeogênese e a glicogenólise hepáticas.

O efeito adverso mais comum consiste em leve desconforto gastrintestinal, que é habitualmente transitório e pode ser minimizado por uma titulação lenta da dose. A acidose láctica representa um efeito adverso potencialmente mais grave.

Não afetam diretamente a secreção de insulina, de modo que o seu uso não está associado ao desenvolvimento de hipoglicemia. Além disso, ao contrário da insulina e dos secretagogos da insulina, as biguanidas estão associadas a uma redução dos lipídios séricos e a uma diminuição do peso corporal.

Glitazonas

  • Rosiglitazona e pioglitazona. Constituem uma classe de agentes antidiabéticos orais recentemente introduzidos, que potencializam a sensibilidade dos tecidos-alvo à insulina. Sua principal ação consiste em diminuir a resistência à insulina, aumentando a captação no metabolismo da glicose no músculo e tecido adiposo. Quando utilizados isoladamente, são capazes de restaurar os níveis de glicose dentro da faixa normal ou não-diabética, sem causar hipoglicemia, pois não aumentam os níveis de insulina.
  1. Inibidores da α-glicosidase
  • Acarbose e miglitol. As glicosidases são enzimas que ajudam no processo de absorção através da clivagem dos carboidratos complexos, produzindo glicose. A acarbose e o miglitol são inibidores competitivos das α-glicosidases intestinais, provocam diminuição da velocidade de absorção da glicose que vem dos alimentos, especialmente dos carboidratos pelo intestino. Por conseguinte, esses fármacos ajudam a reduzir o pico pós-prandial da glicemia. O miglitol difere estruturalmente da acarbose e tem uma potência seis vezes maior na inibição da sacarose. Os inibidores da α-glicosidase são efetivos quando tomados nas refeições, porém não são efetivos quando administrados em outros momentos.

Outros fármacos

  • Agonistas do receptor do GLP-1;
  • Inibidores da DPP-4.

O GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon 1) é um hormônio produzido na porção final do intestino delgado, pela célula L. Ele é secretado quando o alimento chega nessa parte do intestino.