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Apostila completa
Tipologia: Notas de estudo
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CONHECIMENTOS BÁSICOS
Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como política, economia, sociedade, educação, tecnologia, energia,
Produtos e serviços financeiros: depósitos à vista; depósitos a prazo (CDB e RDB); letras de câmbio; cobrança e pagamento de títulos e carnês; transferências automáticas de fundos; commercial papers; arrecadação de tributos e tarifas públicas; home/office banking, remote banking, banco virtual, dinheiro de plástico; conceitos de corporate finance; Fundos de Investimento; hot money; contas garantidas; crédito rotativo; descontos de títulos; financiamento de capital de giro; vendor finance/compror finance; leasing (tipos, funcionamento, bens); financiamento de capital fixo; crédito direto ao consumidor; crédito rural; cadernetas de poupança; financiamento à importação e à exportação – repasses de recursos do BNDES; cartões de crédito; títulos de capitalização; planos de aposentadoria e pensão privados; planos de seguros.................................................................................................................................... 13 Mercado de capitais: ações – características e direitos; debêntures; diferenças entre companhias abertas e companhias fechadas; operações de underwriting; funcionamento do mercado à vista de ações; mercado de balcão; operações com ouro. Mercado de câmbio: instituições autorizadas a operar; operações básicas; contratos de câmbio – características; taxas de câmbio; remessas; SISCOMEX. ...................................................................................................................................................................................................... 30 Operações com derivativos: características básicas do funcionamento do mercado a termo, do mercado de opções, do mercado futuro e das operações de swap............................................................................................................................................................................ Garantias do Sistema Financeiro Nacional: aval; fiança; penhor mercantil; alienação fiduciária; hipoteca; fianças bancárias; Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Crime de lavagem de dinheiro: conceito e etapas. ....................................................................... 38 Prevenção e combate ao crime de lavagem de dinheiro: Lei nº 9.613/98 e suas alterações, Circular Bacen 3.461/2009 e suas alterações e Carta-Circular Bacen 2.826/98. Autorregulação Bancária ...................................................................................................... 66 HABILIDADES NO ATENDIMENTO Legislação: Lei n.º 8.078/90; Código de Defesa do Consumidor; Resolução CMN n.º 3.694; Código de Defesa do Consumidor Bancário; Lei nº 10.048/00; Lei nº 10.098/00; Decreto nº 5.296/04.............................................................................................................. 01 Marketing em empresas de serviços. Satisfação, valor e retenção de clientes. Como lidar com a concorrência. Propaganda e promoção. Venda. Telemarketing. Etiqueta empresarial: comportamento, aparência, cuidados no atendimento pessoal e telefônico. 28 Decreto Lei nº 6523 - Regulamenta a Lei nº 8078, de 11 de setembro de 1990, para fixar normas gerais sobre o Serviço de Atendimento ao Consumidor - SAC. .............................................................................................................................................................. 37 Resolução CMN nº 3849 de 25/03/10 - Dispõe sobre a instituição de componente organizacional de ouvidoria pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil .......................................................................... 38
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A maioria das pessoas fala enquanto faz alguma coisa. Numa partida de futebol, os jogadores não só correm e chutam, mas gritam, advertem, perguntam. Difícil é ler e ao mesmo tempo fazer outra coisa. Ao lermos, a realidade em torno de nós tende a sumir de nossa atenção, porque ficamos concentrados naquilo que o texto nos diz. “Na leitura, é importante descobrir o que é relevante em cada texto e conseguir situar-se convenientemente no ponto de observação escolhido pelo autor, compreendendo suas intenções e propósitos”. A importância dada a questões de interpretação de textos deve-se ao caráter interdisciplinar, o que equivale dizer que a competência de ler texto interfere decididamente no aprendizado em geral, já que boa parte do conhecimento mais importante nos chega por meio da linguagem escrita. A maior herança que a escola pode legar aos seus alunos é a competência de ler com autonomia, isto é, de extrair de um texto os seus significados. Num texto, cada uma das partes está combinada com as outras, criando um todo que não é mero resultado da soma das partes, mas da sua articulação. Assim, a apreensão do significado global resulta de várias leituras acompanhadas de várias hipóteses interpretativas, levantadas a partir da compreensão de dados e informações inscritos no texto lido e do nosso conhecimento do mundo. Como instrução geral, podemos dizer que uma hipótese interpretativa é aceitável sempre que o texto apresenta pista ou pistas que a confirmam e sustentam. O texto abaixo é bastante apropriado. “Aquela senhora tem um piano. Que é agradável, mas não é o correr dos rios. Nem o murmúrio que as árvores fazem... Por que é preciso ter um piano? O melhor é ter ouvidos E amar a Natureza.” Que simboliza o piano no poema? Dentro do contexto que se insere o piano , representa um bem cultural, o que se percebe pela oposição que o texto estabelece entre o som do piano (bem cultural) e o correr dos rios e o murmúrio das árvores (bens naturais). O poema descarta a necessidade do piano, dando preferência à fruição dos sons da Natureza. Para que serve a linguagem? (...) Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa! Todo o sentido da vida principia à vossa porta; o mel do amor cristaliza seu perfume em vossa rosa; sois o sonho e sois a audácia, calúnia, fúria, derrota... A liberdade das almas, ai! Com letras se elabora... E dos venenos humanos sois a mais fina retorta: frágil, frágil como o vidro e mais que o aço poderosa! Reis, impérios, povos, tempos, pelo vosso impulso rodam... (...) Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência. In: Obra poética. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1985, p. 442. Esses versos foram extraídos do poema “Romance LIII ou das palavras aéreas”, em que Cecília Meireles fala sobre o poder da palavra. Mostram que a palavra, apesar de frágil, por ser constituída de sons, é ao mesmo tempo extremamente forte, porque, com seu significado, derruba reis e impérios; serve para construir a liberdade do ser humano e também para envenenar a sua vida; serve para sussurrar declarações de amor, para exprimir os sonhos, para impulsionar os desejos mais grandiosos, mas também para caluniar, para expor a raiva, para impor a derrota. A linguagem é o traço definidor do ser humano, é a aptidão que o distingue dos animais. O provérbio popular “Palavra não quebra osso”, contrapondo a palavra à ação, insinua que a linguagem não tem nenhum poder: um golpe, mas não uma palavra, é capaz de quebrar osso. Ora podemos desfazer facilmente essa visão simplista das coisas, analisando para que serve a linguagem. A linguagem é uma maneira de perceber o mundo “Este deve ser o bosque”, murmurou pensativamente (Alice), “onde as coisas não têm nomes”. (...) Ia devaneando dessa maneira quando chegou à entrada do bosque, que parecia muito úmido e sombrio. “Bom, de qualquer modo é um alívio”, disse enquanto avançava em meio às árvores, “depois de tanto calor, entrar dentro do... dentro do... dentro do quê?” Estava assombrada de não poder se lembrar do nome. “Bom, isto é, estar debaixo das... debaixo das... debaixo disso aqui, ora!”, disse, colocando a mão no tronco da árvore. “Como é que essa coisa se chama? É bem capaz de não TR nome nenhum... ora, com certeza não tem mesmo!” Ficou calada durante um minuto, pensando. Então, de repente, exclamou: - Ah, então isso terminou acontecendo! E agora quem sou eu? Eu quero me lembrar, se puder. Lewis Carroll. Aventuras de Alice. Trad. Sebastião Uchôa Leite. 3ª Ed. São Paulo, Summus, p 165- Esse texto, reproduzido do livro Através do espelho e o que Alice encontrou lá , mostra que a protagonista, ao entrar no bosque em que as coisas não têm nome, é incapaz de apreender a realidade em torno dela, de saber o que as coisas são. Isso significa que as coisas do mundo exterior só têm existência para os homens quando são nomeadas. A linguagem é uma forma de apreender a realidade: só percebemos aquilo a que a língua dá nome. Roberto Pompeu de Toledo, articulista da Veja , comenta essa questão na edição de 26 de junho de 2002 (p. 130), ao falar da expressão “risco país”, usada para traduzir o grau de confiabilidade de um país entre credores ou investidores internacionais:
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A linguagem serve para informar (função referencial) ESTADOS UNIDOS INVADEM O IRAQUE Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos sobre um acontecimento do mundo. Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na memória, transmitimos esses conhecimentos na memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pessoas, ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, somos prevenidos contra as tentativas malsucedidas de fazer alguma coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe de outro conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite- os. Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como aprendemos desde as mais banais informações do dia-a-dia até as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas filosóficos mais avançados. A função informativa da linguagem tem importância central na vida das pessoas, consideradas individualmente ou como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite conhecer o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo de conhecimentos e a transferência de experiências. Por meio dessa função, a linguagem modela o intelecto. É a função informativa que permite a realização do trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender. A função informativa costuma ser chamada também de função referencial, pois seu principal propósito é fazer com que as palavras revelem da maneira mais clara possível as coisas ou os eventos a que fazem referência. A linguagem serve para influenciar e ser influenciado (função conativa) Vem pra Caixa você também. Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a adotar esse comportamento, formulou-se um convite com uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a forma vem , de segunda pessoa do imperativo, em lugar de venha , forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta quando se usa você. Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer determinadas coisas, a crer em determinadas idéias, a sentir determinadas emoções, a ter determinados estados de alma (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode-se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, emoções, paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, num tom pejorativo, Isso é coisa de mulher , aprendemos os preconceitos contra a mulher. Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se consumirmos certos produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expressas pela linguagem também servem para fazer fazer. Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir sem questionar. Emprega-se a expressão função conativa da linguagem quando esta é usada para interferir no comportamento das pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma sugestão. A palavra conativo é proveniente de um verbo latino ( conari ) que significa “esforçar-se” (para obter algo). A linguagem serve para expressar a subjetividade (função emotiva) Eu fico possesso com isso! Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetivamos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas vezes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem A intenção do Fernando é levar o país à prosperidade ou O Fernando tem mudado o país. Essa maneira informal de se referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de insinuarem intimidade com ele e, portanto, de exprimirem a importância que lhes seria atribuída pela proximidade com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou nossa competência na conquista amorosa. Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz que empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não raro inconscientemente. Emprega-se a expressão função emotiva para designar a utilização da linguagem para a manifestação do enunciador, isto é, daquele que fala. A linguagem serve para criar e manter laços sociais (função fática) ___Que calorão, hein? __Também, tem chovido tão pouco. __Acho que este ano tem feito mais calor do que nos outros. _Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor. Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram num elevador e devem manter uma conversa nos poucos instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, apenas porque o silêncio poderia ser constrangedor ou parecer hostil. Quando estamos num grupo, numa festa, não podemos manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros. Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso, quando não se tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas. A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma função que não seja manter os laços sociais. Quando encontramos alguém e lhe perguntamos Tudo bem? , em geral não queremos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se está doente, se está com problemas. A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo social.
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Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja entre alunos de uma escola, entre torcedores de um time de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa que as pessoas não entendam bem o significado da letra do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o importante é que, ao cantá-lo, sentimo-nos participantes da comunidade de brasileiros. Na nomenclatura da lingüística, usa-se a expressão função fática para indicar a utilização da linguagem para estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um falante e seu interlocutor. A linguagem serve para falar sobre a própria linguagem (função metalingüística) Quando dizemos frases como A palavra “cão” é um substantivo; É errado dizer “a gente viemos”; Estou usando o termo “direção” em dois sentidos; Não é muito elegante usar palavrões , não estamos falando de acontecimentos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a própria linguagem. É o que chama função metalingüística. A atividade metalingüística é inseparável da fala. Falamos sobre o mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos outros. Quando afirmamos Como diz o outro, estamos comentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a que estamos enunciando; inversamente, podemos usar a metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo de dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Parodiando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica, vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não podem pescar”. A linguagem serve para criar outros universos A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte: mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros universos podem existir. O filme de Woody Allen A rosa púrpura do Cairo (1985) mostra isso de maneira bem expressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus- tratos infligidos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e ambos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o amor nunca diminui e assim por diante. A linguagem serve como fonte de prazer (função poética) Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido e os sons são formas de tornar a linguagem um lugar de prazer. Divertimo- nos com eles. Manipulamos as palavras para delas extrair satisfação. Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”, diz Tupi or not tupi ; trata-se de um jogo com a frase shakespeariana To be or not to be. Conta-se que o poeta Emílio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gorda se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez o seguinte trocadilho: É a primeira vez que vejo um banco quebrar por excesso de fundos. A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel comprido para sentar- se” e “casa bancária”. Também está empregado em dois sentidos o termo fundos : “nádegas” e “capital”, “dinheiro”. Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diversas, com significados diferentes, nesta frase do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG): ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu continência para os militares, bateu palmas para o Collor e quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata uma dor de consciência e bata em retirada. ( Folha de S. Paulo ) Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitariamente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada para informar, para influenciar, para manter os laços sociais, etc. No segundo, para produzir um efeito prazeroso de descoberta de sentidos. Em função estética, o mais importante é como se diz, pois o sentido também é criado pelo ritmo, pelo arranjo dos sons, pela disposição das palavras, etc. Na estrofe abaixo, retirada do poema “A cavalgada”, de Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/, /k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos: E o bosque estala, move-se, estremece... Da cavalgada o estrépito que aumenta Perde-se após no centro da montanha... Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª Ed. Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássicos. Observe-se que a maior concentração de sons oclusivos ocorre no segundo verso, quando se afirma que o barulho dos cavalos aumenta. Quando se usam recursos da própria língua para acrescentar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se que estamos usando a linguagem em sua função poética. Potencialidades da linguagem Depois de analisar as funções da linguagem, conclui-se que ela é onipresente na vida de todos nós. Cerca-nos desde o despertar da consciência, ainda no berço, segue-nos durante toda a vida e acompanha-nos até a hora da morte. Sem a linguagem, não se pode estruturar o mundo do trabalho, pois é ela que permite a troca de informações e de experiências e a cooperação entre os homens. Sem ela, o homem não pode conhecer-se nem conhecer o mundo. Sem ela, não se exerce a cidadania, porque os eleitores não podem influenciar o governo. Sem ela não se pode aprender, expressar os sentimentos, imaginar outras realidades, construir as utopias e os sonhos. No entanto, a linguagem parece-nos uma coisa natural. Não prestamos muita atenção a ela. Nem sempre dedicamos muito tempo ao seu estudo. Conhecer bem a língua materna e línguas estrangeiras é uma necessidade. Que é saber bem uma língua? Evidentemente, não é saber descrevê-la. A descrição gramatical de uma língua é um meio de adquirir sobre ela um domínio crescente. Saber bem uma língua é saber usá-la bem. No entanto, o emprego de palavras raras e a correção gramatical não são sinônimos do uso adequado da língua. Falar bem é atingir os propósitos de comunicação. Para isso, é preciso usar um nível de língua adequado, é necessário construir textos sem ambigüidades, coerentes, sem repetições que não acrescentam nada ao sentido. O texto que segue foi dito por um locutor esportivo: Adentra o tapete verde o facultativo esmeraldino a fim de pensar a contusão do filho do Divino Mestre, mola propulsora do eleven periquito. (Álvaro da Costa e Silva. In: Bundas, p.33.) O que o locutor quis dizer foi: Entra em campo o médico do Palmeiras a fim de cuidar da contusão de Ademir da Guia (filho de Domingos da Guia), jogador de meio de campo do time do Parque Antártica. Certamente, aquele texto não seria entendido pela maioria dos ouvintes. Portanto não é um bom texto, porque não usa um nível de língua adequado à situação de comunicação.
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Pode-se ainda acrescentar, em apoio a essa tese, que esses versos são calcados nos dois primeiros do poema homônimo de Gonçalves Dias, que é uma glorificação da terra pátria: Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; Apud: Manuel Bandeira. Gonçalves Dias: Poesia. 7ª Ed. Rio de Janeiro Agir, 1976, p. 18. Coleção Nossos Clássicos. Essa hipótese de leitura, se não é absurda quando isolamos os versos em questão, não encontra amparo quando os confrontamos com o restante do texto. Murilo Mendes mostra, na verdade, que as características da brasilidade não têm valor positivo, não concorrem para a exaltação da pátria: o poeta denuncia que a cultura brasileira é postiça, é uma miscelânea de elementos advindos de vários países. Ele mostra que os poetas são pretos que vivem em torres de ametista , alienados num mundo idealizado, evitando as mazelas do mundo real, sem se preocupar com os negros, que vivem, em geral, em condições muito precárias (trata-se de uma referência irônica ao Simbolismo e, principalmente, a Cruz e Sousa); que os sargentos do exército são monistas, cubistas , ou seja, em vez da preocupação com seu ofício de garantir a segurança do território nacional, têm pretensões de incursionar por teorias filosóficas e estéticas; que os filósofos são polacos vendendo a prestações , são prostituídos (polaca é termo designativo de prostituta) pela venalidade barata; que os oradores se identificam com os pernilongos em sua oratória repetitiva; que o romantismo gonçalvino estava certo ao afirmar que a natureza brasileira é pródiga, só que essa prodigalidade não é acessível à maioria da população. A exclamação do final é, ao mesmo tempo, a manifestação do desejo de ter contato com coisas genuinamente brasileiras e um lamento, pois o poeta sabe que não se tornará realidade. O texto de Murilo faz referência ao de Gonçalves Dias, mas, diferentemente do poema gonçalvino, não celebra ufanisticamente a pátria. Ao contrário, ironiza-a, lamenta a invasão estrangeira. O exílio é a própria terra, desnaturada a ponto de parecer estrangeira. Desse modo, os dois primeiros versos não podem ser interpretados como um elogio ao caráter cosmopolita da cultura brasileira. Ao contrário, devem ser lidos como uma crítica ao caráter postiço da nossa cultura. Isso porque só a segunda interpretação se encaixa coerentemente dentro do contexto. Por exemplo, comprova-se que o significado das frases não é autônomo. Num texto, o significado das partes depende do todo. Por isso, cada frase tem um significado distinto, dependendo do contexto em que está inserida. Que é que faz perceber que um conjunto de frases compõe um texto? O primeiro fator é a coerência, ou seja, a compatibilidade de sentido entre elas, de modo que não haja nada ilógico, nada contraditório, nada desconexo. Outro fator é a ligação das frases por certos elementos que recuperam passagens já ditas ou garantem a concatenação entre as partes. Assim, em Não chove há vários meses. Os pastos não poderiam, pois, estar verdes , a palavra pois estabelece uma relação de decorrência lógica entre uma e outra frase. O segundo fator, entretanto, é menos importante que o primeiro, pois mesmo sem esses elementos de conexão, um conjunto de frases pode ser coerente e, portanto, um todo organizado de sentido. Delimitações e Sujeito do Texto O texto é delimitado por dois brancos. Se ele é um todo organizado de sentido, ele pode ser verbal, visual (um quadro), verbal e visual (um filme), sonoro (uma música), etc. Mas em todos esses casos ele será delimitado por dois espaços de não-sentido, dois brancos, um antes de começar o texto e outro depois. É o branco do papel; é o tempo de espera para que um filme comece e o que está depois da palavra FIM; é o silêncio que precede os primeiros acordes de uma melodia e que sucede às notas finais, etc. O texto é produzido por um sujeito num dado tempo e num determinado espaço. Esse sujeito, por pertencer a um grupo social que vive num dado tempo e num certo espaço, expõe em seus textos as idéias, os anseios, os temores, as expectativas desse grupo. Todo texto, assim, relaciona-se com o contexto histórico e geográfico em que foi produzido, refletindo a realidade apreendida por seu autor, que sobre ela se pronuncia. O poema de Murilo Mendes que comentamos anteriormente mostra o anseio de uma geração, no Brasil, em certa época, de conhecer bem o país e revelar suas mazelas para transformá-lo. Não há texto que não reflita o seu tempo e o seu lugar. Cabe lembrar, no entanto, que uma sociedade não produz uma única forma de ver a realidade, um modo único de analisar os problemas estabelecidos num dado contexto. Como a sociedade é dividida em grupos sociais, que têm interesses muitas vezes antagônicos, ela produz idéias divergentes entre si. A mesma sociedade que gera a idéia de que é preciso pôr abaixo a floresta amazônica para explorar suas riquezas, produz a idéia de que preservá-la é mais rentável. É bem verdade, no entanto, que algumas idéias, em certas épocas, exercem domínio sobre outras. É necessário entender as concepções correntes na época e na sociedade em que o texto foi produzido, para não correr o risco de entendê-lo de maneira distorcida. Como não há idéias puras, todas as idéias estão materializadas em textos, analisar a relação de um texto com sua época é estudar a sua relação com outros textos. É preciso que fiquem bem claras estas conclusões: I- No texto, o sentido não é solitário, mas solidário. II- O texto está delimitado por dois espaços de não-sentido. III- O texto revela ideais, concepções, anseios, expectativas e temores de um grupo social numa determinada época, em determinado lugar. Apreensão e Compreensão do Sentido Quando Lula disse a Collor no primeiro debate do segundo turno das eleições presidenciais de 1989: Eu sabia que você era collorido por fora, mas caiado por dentro. Os brasileiros colocaram essa frase no âmbito dos “discursos da campanha presidencial” e entenderam não “Você tem cores fora, mas é revestido de cal por dentro”, mas “Você apresenta um discurso moderno e de centro-esquerda, mas é um reacionário”. Observe que há duas operações diferentes no entendimento do texto. A primeira é a apreensão , que é a captação das relações que cada parte mantém com as outras no interior do texto. No entanto, ela não é suficiente para entender o sentido integral. Uma pessoa que conhecesse todas as palavras da frase acima, mas não conhecesse o universo dos discursos da campanha presidencial, não entenderia o significado da frase. Por isso, é preciso colocar o texto dentro do universo discursivo a que ele pertence e no interior do qual ganha sentido. Alguns teóricos chamam conhecimento
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de mundo ao universo discursivo. Na frase acima, collorido e caiado não pertencem ao universo da pintura, mas da vida política: a primeira palavra refere-se a Collor e ao modo como ele se apresentava, um político moderno e inovador; a segunda diz respeito a Ronaldo Caiado, político conservador que o apoiava. A essa operação chamamos compreensão. Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura: informativa e de reconhecimento. A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras- chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à idéia- central de cada parágrafo. A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras como não , exceto , respectivamente , etc., pois fazem diferença na escolha adequada. Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter idéia do sentido global proposto pelo autor. Um texto para ser compreendido deve apresentar idéias seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela idéia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto. A alusão histórica serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques. Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem esquerda. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a idéia central extraída de maneira clara e resumida. Atentando-se para a idéia principal de cada parágrafo, asseguramos um caminho que nos levará à compreensão do texto. Produzir um texto é semelhante à arte de produzir um tecido. O fio deve ser trabalhado com muito cuidado para que o trabalho não se perca. O mesmo acontece com o texto. O ato de escrever toma de empréstimo uma série de palavras e expressões amarrando, conectando uma palavra uma oração, uma idéia à outra. O texto precisa ser coeso e coerente. Coesão É a amarração entre as várias partes do texto. Os principais elementos de coesão são os conectivos, vocábulos gramaticais, que estabelecem conexão entre palavras ou partes de uma frase. O texto deve ser organizado por nexos adequados, com seqüência de idéias encadeadas logicamente, evitando frases e períodos desconexos. Para perceber a falta de coesão, a melhor atitude é ler atentamente o seu texto, procurando estabelecer as possíveis relações entre palavras que formam a oração e as orações que formam o período e, finalmente, entre os vários períodos que formam o texto. Um texto bem trabalhado sintática e semanticamente resultam num texto coeso. Coerência A coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para quem lê, devendo, portanto, ser entendida, interpretada. Na avaliação da coerência da redação, será levada em conta o tipo de texto. Em um texto dissertativo, será avaliada a capacidade de relacionar os argumentos e de organizá- los de forma a extrair deles conclusões apropriadas; num texto narrativo, será avaliada sua capacidade de construir personagens e de relacionar ações e motivações. Tipos de Composição Descrição: descrever é representar verbalmente um objeto, uma pessoa, um lugar, mediante a indicação de aspectos característicos, de pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa, para tornar aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundível. Não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir uma impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se o uso de palavras específicas, exatas. Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais ou imaginários. São seus elementos constitutivos: personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a distingue da descrição é a presença de personagens atuantes, que estão quase sempre em conflito. A Narração envolve:
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“Parque em chamas”
1. c 2. e a) Errado. O texto não fala que a produção de carvão é positiva. b) Errado. Segundo o texto, a estiagem “abriu caminho para que as chamas tragassem...”; de acordo com esta alternativa a estiagem provocou o incêndio. Abrir caminho não é provocar. c) Errado. Se os bombeiros apagaram o fogo, pelo menos foram eficientes. d) Errado. e) Certo. 3. d - “paisagem mutilada pelo fogo”. 4. b - No comando deveria estar escrito “dedutível” (que se deduz) porque não existe a palavra “deduzível”. a) Errado. Não se pode deduzir estrita e licitamente que se “alguns dos 25 parques” (o texto só fala em três deles) estão em situação difícil, todos estarão. Três não são vinte e cinco. b) Certo. O que seria competência, por exemplo, dos legisladores. Os responsáveis pelos parques não são culpados de não terem condições. c) Errado. O texto não culpa a população nem as autoridades responsáveis pelos parques e reservas. d) Errado. O texto não culpa a população nem as autoridades responsáveis pelos parques e reservas. e) Errado. Se as pinturas rupestres existem há pelo menos 31.500 anos, certamente já resitiram a inúmeros incêndios, o que não justifica dizer que um incêndio constitua ameaça a elas. “Procura‑se uma explicação” 5. d - Objetos perdidos, lugar de futuro = emprego, técnicos = serviços (venda). 6. c 7. a 8. c - Nunca pude avaliar, pelas suas fórmulas (=pelo que argumental – “gratifica-se bem”, “lugar de futuro”, “por motivo de viagem”), quais as suas verdadeiras intenções (= o que realmente querem dizer). 9. b - Observe que a frase “... quem procura seu futuro no presente de quem anuncia acaba é fazendo o futuro dos outros” pode ser reduzida a “quem procura” ... faz “o futuro dos outros”, em que o sujeito “quem procura” é o leitor e os “outros” são os anunciantes. A única alternativa que põe na ordem certa de importância do texto “leitor – anunciante” é a letra b. Compare: letra a) anunciante – anunciante; c) anunciante – leitor; d) leitor – leitor; e) anunciante – leitor. “A rigor, se cometêssemos...” 10. c - Reler as quatro últimas linhas do texto (onírico = de sonho). 11. d - É a única alternativa de significado negativo. A publicidade, no texto, só busca ressaltar o lado positivo. 12. d - A “consciência de finitude” acontece só depois que a ilusão despertada pela publicidade acaba. A felicidade prometida nas propagandas dá ao homem a ilusão. 13. c - Por exclusão, chega-se a esta resposta, porém, como o comando se refere a “Drama do retorno” e “mito da queda”, a alternativa melhor seria: “decepção do consumidor por não ver realizadas as promessas da propaganda”. 14. a - Ressalvar = corrigir, prevenir com ressalva, excetuar... Ressaltar = destacar, sobressair, dar relevo...
Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que também é transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo. Ex: um romance, um conto, uma poesia... Texto Não‑Literário: preocupa-se em transmitir uma mensagem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de jornal, uma bula de medicamento. Basicamente existem três tipos de texto: Texto Narrativo; Texto Descritivo; Texto Dissertativo. Cada um desses textos possui características próprias de construção. Narração Ao longo de nossa vida, tomamos contato com os mais variados tipos de textos: literários e jornalísticos, em verso e em prosa, políticos, religiosos e muitos outros. Há uma classificação que, por revelarse útil tanto para a produção escrita quanto para a leitura, enraizouse na tradição escolar. Tratase do agrupamento dos textos em narrativos, descritivos e dissertativos. Antes de mais nada, é preciso deixar claro que esses tipos não são encontrados em estado puro. Narração, descrição e dissertação podem alternarse num mesmo texto. Isso não impede que, por razões didáticas, estudemos cada uma delas separadamente. Vamos ocuparnos da narração. Leia o texto que segue: Porquinhoda índia Quando eu tinha seis anos Ganhei um porquinhodaíndía. Que dor de coração me dava Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! Levava ele pra sala Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos Ele não gostava: Queria era estar debaixo do fogão. Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas... 0 meu porquinhodaíndia foi a minha primeira [namorada. Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110.
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Caracterização Formal Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O narrar surge da busca wansmitir, de comunicar qualquer acontecimento ou situação em que o em tenha sido protagonista de forma direta ou indireta. O aspecto narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade, porquanto a criação e o colorido do contexto estão em função da individualidade e do estilo do narrador. Dependendo do enfoque do redator, a narração terá diversas abordagens. Assim é de grande importância saber se o relato é feito em primepessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, há a participação do narrador; segundo, há uma inferência do último através da onipresença e onisciência. Por outro lado, já que o elemento fundamental da estrutura narrativa é a ação, dáse lugar de realce aos verbos de ação, sendo esses muito utilizad no pretérito perfeito do indicativo. Conceituação A estruturação narrativa é uma seqüência de fatos relacionados entre em que há uma ordem temporal e uma ordem causal. A ordem temporal implica referência à cronologia, e a ordem causal, tabelece uma relação causaefeito. Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo o aspecto linear e constituindo o que se denomina “flashback”. O narrador que usa essa técnica (característica comum no cinema) demonstra maior criatividade e originalidade. Elementos da narrativa Personagens Quem? Protagonista/Antagonista Acontecimento O quê?Fato Tempo Quando? Época em que ocorreu o fato Espaço Onde? Lugar onde ocorreu o fato Modo Como? De que forma ocorreu o fato Causa Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato Resultado: previsível ou imprevisível. Final: Fechado ou Aberto. Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão, obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as personagens ou o fato a ser narrado. Assim, no contexto narrativo, temos:
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Devese notar:
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A casa materna é o espelho de outras, em pequenas coisas que o olhar filial admirava ao tempo que tudo era belo: o licoreiro magro, a bandeja triste, o absurdo bibelô. E tem um corredor à escuta de cujo teto à noite pende uma luz morta, com negras aberturas para quartos cheios de sombras. Na estante, junto à escada, há um Tesouro da Juventude com o dorso puído de tato e de tempo. Foi ali que o olhar filial primeiro viu a forma gráfica de algo que passaria a ser para ele a forma suprema de beleza: o verso. Na escada há o degrau que estala e anuncia aos ouvidos maternos a presença de passos filiais. Pois a casa materna se divide em dois mundos: o térreo, onde se processa a vida presente, e o de cima, onde vive a memória. Embaixo há sempre coisas fabulosas na geladeira e no armário da copa: roquefort amassado, ovos frescos, mangasespadas, untuosas compotas, bolos de chocolate, biscoitos de araruta pois não há lugar mais propício do que a casa materna para uma boa ceia noturna. E porque é uma casa velha há sempre uma barata que aparece e é morta com uma repugnancia que vem de longe. Em cima ficaram guardados antigos, os livros que lembram a infância, o pequeno oratório em frente ao qual ninguém, a não ser a figura Texto NãoLiterário com Descrição Real Subjetiva Meu primo tinha olhos grandes e profundos e neles espelhavamse a suas mágoas e a sua desconfiança. Texto NãoLitérário com Descrição Real Objetiva “Com a finalidade de compensar as possíveis irregularidades do piso, seu freezer possui, na parte inferior dianteira, dois pés niveladores para servir de perfeito apoio no chão.” (Manual de Instruções) Texto Literário com Descrição Imaginária Subjetiva “Não sei nada dela, apenas penso saber. Na realidade, dela só sei o que parece ser. Ela é para mim uma sombra que viajou por dentro de mim, pois sou, foi embora, mas, paradoxalmente, ficou e continua. Sim, ela é uma sombra. Uma sombra carregada de carinho, de amor, de compreensão, de amizade. Uma sombra que não possui: somente é. (Trecho de redação de aluno) A descrição nãoliterária real e objetiva predomina no texto técnico, e no exemplo acima, comprovase o compromisso com a precisão e a economia lingüística. Já na descrição literária, seja real ou imaginária, os pormenores, as figuras de linguagem vão tornála mais pitoresca estilisticamente, fazendo cor que ela seja mais ou menos objetiva ou subjetiva. A partir dos recursos literários utilizados num texto descritivo, não se pode esquecer que os mesmos variam de acordo com as épocas em que foram redigidos. Desse modo, numa descrição romântica, há uma recorrência ao cromatismo, aos aspectos sonoros e visuais, aos pormenores, à idealização, poder, do escritor exercitar toda a sua capacidade para criar mundos imaginários. Já na descrição realista, percebe-se certo equilíbrio da observação e na análise. Por outro lado, a descrição modernista apresentanos a libertação da linguagem através de temas, motivos e formas inovadores. Dissertação Observe agora o texto que segue: Há três métodos pelos quais pode um homem chegar a ser primeiroministro. 0 primeiro é saber, com prudência, como servirse de uma pessoa, de uma filha ou de uma irmã; o segundo, como trair ou solapar os predecessores; e o terceiro, como clamar, com zelo furioso, contra a corrupção da corte. Mas um príncipe discreto prefere nomear os que se valem do último desses métodos, pois os tais fanáticos sempre se revelam os mais obsequiosos e subservientes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua disposição todos os cargos, conservamse no poder esses ministros subordinando a maioria do senado, ou grande conselho, e, afinal, por via de um expediente chamado anistia (cuja natureza lhe expliquei), garantemse contra futuras prestações de contas e retiramse da vida pública carregados com os despojos da nação. Jonathan Swift. Viagens de Gulliver. São Paulo, Abril Cultural, 1979, págs. 234235. Esse texto explica os três métodos pelos quais um homem chega a ser primeiroministro, aconselha o príncipe discreto a escolhêlo entre os que clamam contra a corrupção na corte e justifica esse conselho. Observese que:
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Desenvolvimento: Siga as orientações do esquema adequado à tipologia textual. Conclusão: Siga as orientações do esquema adequado à tipologia textual. Gênero textual: Este quesito contempla a adequação ao gênero em foco. Por exemplo, caso o candidato se exprima, em uma dissertação, com subjetividade própria de textos literários como a narração e a descrição , perderá pontos. Esquema: Cada tipo de texto requer esquema próprio. A utilização correta de um esquema vale ponto na prova. Leia com atenção e siga todos os passos a seguir. Quanto à introdução, Hildebrando A. de André (1998, p.