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G EDITORA EDGARD BLUCHER LIDA. ÁRVORES | E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA Carlos Toledo Rizzini Elias do End MANUAL DE | DENDROLOGIA BRASILEIRA E CARLOS TOLEDO RIZZINI EDITORA EDGARD BLÚCHER LIDA. PREFÁCIO Este livro é uma como introdução ao estudo da Dendrologia Brasileira. Para todos os interessados que lidam com assuntos florestais, será um repo- sitório de informações sobre: distinção, caracterização, nomenclaturas cien- fica e venacular, área de ocorrência, espécies próximas, utilização da ma- deira, além de várias outras notas de interesse para O conhecimento das mais importantes árvores produtoras de lenhos úteis. Para os estudantes, consi- derando a excepcional magnitude da flora pátria, não haverá solução outra que começar o estudo da Dendrologia pelas espécies de maior valor econô- Mico: depois poderão cuidar de familiarizarem-se com espécies secundárias, sobre o lastro assim adquirido. Como se verá logo, o tratamento taxionômico das árvores é da responsa- bilidade do autor. À nomenclatura botânica usada foi revista com criterioso cuidado. Por assim dizer, raras serão aquelas que próprio autor não exa- ainou in natura ou em cultivo, no curso de 25 anos de pesquisas. Ao demais, há que mencionar os trabalhos anteriores de botânicos eminentes, OS quais constituem bom material informativo; mas têm o pesado inconveniente, para o neófito, de serem esparsos e de laboriosa localização, além de que sua aglu- tinação em um conjunto lógico e uniforme não é fácil Referimo-nos sobre- tudo a Huber, Ducke, Kuhlmann e Navarro de Andrade, não contando a indispensável Flora Brasiliensis, redigida em latim. Importantes são também o herbário e as coleções vivas do Jardim Botânico, onde o trabalho silencioso de muitos deve ser assinalado. O livro inclui, quanto ao número de espécies mencionadas 1. Espécies formalmente descritas - 139 (contando 20 eucaliptos). 2. Espécies afins daquelas — 99 (cujas características são apresentadas resumidamente). à. Espécies referidas de passagem — Sé (com uns poucos dados esparsos) à. Total de espécies focalizadas — 294. É manifesto que a flora brasileira contém mais de 294 espécies arbóreas cuxilóforas. Todavia, ninguém ignora que à importância deste excedente é. por todos Os títulos, nula —a não ser para os botânicos sistematas (pelo 9 ARVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL menos no momento) Em todo caso, uma lista, apresentada no final como “Outras Madeiras”, engloba (mais de 100) nomes de árvores cujas madeiras têm, ou poderão ter, alguma utilidade; atualmente, porém, mostram-se desti- tuídas de importância ou a têm excessivamente limitada. Quanto aos nomes vulgares, cumpre observar que podem constituir a mais simples das maneiras de identificar uma árvore cuxilófora, mas fregiien- temente vêm a ser causa de grandes confusões, e perigosas, ao demais de crros crassos. Com demasiada fregiiência, tais nomes são inseguros, pois, uma dada designação popular não raro é aplicada a espécies muito diferentes de acordo com a região. Bom exemplo é o da maçaranduba, vocábulo que todos conhecem como designativo das espécies de Manilkara (sapotáceas) e respec- tivas madeiras; com surpresa, vamos encontrar, de Minas Gerais a Banta Catarina, maçaranduba atribuído a duas espécies de Persea (lauráceas), em vista do lenho vermelho. O contrário é igualmente comum : espécies bem conhe- cidas levam Giferentes denominações em regiões distintas. É o caso de Clarisia racemosa (morácea), dita guariúba na Amazônia e oiticica de Pernambuco para o sul. Para complicar mais ainda a situação, oitícica, no Nordeste, é Licania seleropinyila (rosácea), árvore que não fornece madeira e, sim, frutos ricos em óleo secativo de boa qualidade. Logo, todo cuidado é pouco no emprego de nomes vernaculares. Um glossário, contendo mais de 500 termos técnicos empregados no texto, conduz o leitor ao conhecimento da acepção com que foram utilizados é dar-lhc-á novas noções em muitos casos. Uma lista bibliográfica permitirá consulta à recursos outros a quer tiver precisão, nos casos em que isso for exegiiível. Quase todas as ilustrações são originais; quando não o sejam, há indi- cação formal. Consistera de fotos tomadas pelo próprio autor em pontos muito variados do pais e de análises à bico de pena preparadas, sob super- visão direta do botânico, pela Sra. Cecilia Rizzini. Estas últimas ilustram folhas c frutos de praticamente todas as espécies incluidas, menos vezes minú- cias florais, julgadas de utilidade menor aos interessados destituídos de trei- namento especializado. Quejandas figuras (296), associadas às fotos (56) de cascas de árvores, permitirão identificação mais cômoda das espécies con- sideradas fundamentais, porquanto, montam ao respeitável total de 352 ilustrações de detalhes relevantes. Importa muito ao consultor levar na devida conta a natural variabili- dade das épocas de floração e de frutificação, do tempo e percentagem de germinação das sementes e, ainda, dos dados sobre crescimento de árvores. Tais são características fisiológicas sujeitas, em alto grau, às condições ambi- entais (variação fenotpica) sob as quais foram observadas e dependentes de Fatores internos ligados & constituição genética (variação genotípica). Por tanto, devem ser tomadas como indicações de caráter geral, de valor limitado ou relativo; mesmo porque nem sempre seria possível assegurar crédito dema- siado à sua procedência. 10 MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA O uutor deseja expressar sua gratidão a quantos ajudaram-no em várias oportunidades, sem que suas contribuições fossem especificamente anotadas. E. P. Heringer, Gil S. Pinto, A. P. Duarte, A. de Mattos Filho, Ida de Vattimo Gil, Osnir Marquette, Cecilia Rizzini, Wanda M. Tschaffon e o Conselho Nacional de Pesquisas são, contudo, credores de maior vulto c aqui ficam seus nomes inscritos com prazer Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 1971. Carios Toledo Ri: " ARVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL Percebe-se do antecedente o quanto importa conhecer cientificamente asnossas árvores euxilóforas, cuidar da sua preservação, e exploração racional, sem os usuais e imensos desperdícios — somente observáveis numa terra em que a opima natureza tem, até agora, conduzido O incola ao maior desprezo pelas riquezas naturais. Mas, já agora, o deserto está à vista e caminha sem obstáculo: mais valerá a compreensão gerada pela educação do que a simples repressão esporádica. Considerando as espécies tratadas neste livro, precisamente as que deno- tam hegemonia econômica, hé três grandes centros de extração de madeiras, cujo número de espécies é o seguinte: 1, Sul da Bahia e norte do Espírito Santo. Com ca. 60 espécies euxilóforas, das quais 11 são exclusivas. 2. Sul do Brasil (Paraná e Santa Catarina). Com ca. 60 espécies, das quais 7 são exclusivas . Região Amazônica. Com ca. 35 espécies, sendo 20 exclusivas. Em cada região incluída, um número bem menor de espécies do que o indicado é regularmente explorado. Matas secas, cerrado, caatinga, etc. (cf Glossário) têm importância muito limitada como fontes de madeiras serradas, já porque as árvores se tornaram raras, já porque são esparsas ou delgadas; à extração é apenas local ou esporádica. As posições acima indicadas invertem-se quando são considerados os três grandes pontos de exportação de madeiras. Tomem-se, e. g., os dados de 1966 em números redondos (excluído o pinho-do-parand. cujs cxpor- tação montou a | 186407 mº) 1. Amazônia... evereneçrs covem BO49Lm? 2. Sul do Brasil, ..ceams ema eu» ves sra 32 268 3. Leste do Brasil...... co 26440 Total. xmapeudose aca x cer 145 199 Os dois portos mais importantes são Belém e Vitória, depois Macapá e São Francisco do Sul. Quanto às designações empregadas usualmente em relação às árvores, convém esclarecer o que se segue. É costume distinguir: 1) árvores de madeira dura (Hardwoods), também ditas folhosas (Broad-leaved plants); 2) árvores de madeira mole (Softwoods), ainda ditas resinosas (Needle-leaved plants). Nota bene: madeiras moles e duras e resina há em ambos os grupos, e todas essas árvores possuem folhas. Quejandos nomes são leigos, comerciais, c devem ser substituídos, no nível científico, por designações botânicas, as únicas corretas: as árvores de madeira “dura” ou de “lei” são DICOTILEDÔNEAS (entre as quais há um sem-número de lenhos moles ou “brancos”) e as árvores de madeira “mole” ou resinosas são CONÍFERAS (entre as quais há espécies de folhas largas, com Agathis robusta, e de madeira dura, como o célebre pinho-de-riga, Pinus splvestris ou Seorch Pine). 14 MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA Essa nomenclatura, desenvolvida em clima temperado, não tem o menor sentido nos trópicos, sendo bastante falível já nas próprias terras de origem; foi criada por mera conveniência, ignorando o resto do mundo vegetal, sem interesse econômico no capítulo da exploração madeireira. Hoje, devemos empregar designações corretas, isto é, científicas. Arvore euxilófora é aquela que fornece madeira útil, qualquer seja sua natureza, e tem a vantagem de não antecipar interpretações capazes de condu. zirem a erros posteriores. As madeiras, no caso das dicotiledôneas, chamam-se porosas (hardwcod) e, quanto às coníferas, não-porosas (sofiwood) — nomes certos porque, de fato, no primeiro caso há poros (vasos vistos em seção transversal) e no segundo não (cf. coníferas no glossário). ANACARDIACEAE la. Drupa alada; epicarpo delgado; endocarpo espesso e duro. Estilete lateral. 1. Schinopsis Engl Ib. Drupa sem asa, coroada pelo cálice ampliado, seco e maior do que ela. Estilete terminal, 2. Astronium Jacq. ASTRONIUM Jacq. Com ca. 10 espécies do México à Argentina, é muitíssimo importante no Brasil. Apresenta flores polígamas (hermafroditas e masculinas na mesma árvore). la. Fruto alongado, elipsóide, envolvido por um cálice acrescente pouco maior do que ele. 2a. Drupa com 10-15 mm de compr., parda; lacínias calicinas com 2-2) mm, quase concolores (mancha parda basal esmaccida). Fo- líolos praticamente inteiros. 3a. Foliolos nitídulos em cima, com nervação delicadamente im- pressa e glabros. Fruto ca. 15 mm de compr. cálice frutifero ca. 16-20 mm Grande árvore da floresta amazônica. 1. A. lecointei Ducke 3b. Folíolos opacos, com nervuras salientes e geralmente velutinos na face inferior. Fruto ca. 10-13 mm; cálice frutiferoca. 12-15mm. Árvore pequena até mediana das matas secas, cerrado e caatinga. 2. A. fraxinifolium Schott 15 ARVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL 2. Drupa com 7-9 mm, quase negra; Iacínias calicinas com 7-9 mm, providas de forte mácula parda “central. Folíolos serreado-crenados. Floresta atlântica. 3. A. pracile Engl Ib. Fruto globoso, encimado por um cálice acrescente duas ou mais vezes maior do que ele. 2a. Folhas com 3-7 pares de foliolos mais ou menos pilosos. Cálice frutfero com tacínias obovadas medindo 5-8 mm (duas vezes maior do que a drupa esférica e súpera). 4. A. urundeuva (Fr.AlL) Engl. »b. Folhas com 2:3 pares de foliolos glabros. Cálice frutifero com laci- nias oblongas, nervosas, que medem 30-35 mm (várias vezes maiores do que a drupa obcônico-quinada e ínfera). 5. A. macrocalyx Engl OBS. — Segundo Ducke (1915-1939), A. lecointei difere de A. Jraxini- folium e de 4. gracile pelos pedicelos articulados logo acima da base nas ores masculinas e pouco abaixo do meio nas femininas, e pelos pedicelos feíferos medindo 12-15 am de compr, Em 4. “fraxinifoliwm, os pedicelos articulam-se um ponco abaixo do ápice, os frutiferos alcançando 9-1 mim Em A. gracile, tal articulação acha-se nas proximidades da ponta do pedicelo, os [ítutiferos medindo apenas 3-4 mm € sendo mais espessos 1.Astronium Jecointei Ducke Muiraquatiara, muiracatiara, aroeira, sanguessugueira. Bois de zébre, tiger wood. . Características distintivos. ÁRVORE grande; râmulos glabros, esparsa- mente lenticelosos| (sob lente). FOLHAS com 7-13 folíolos opostos ou algo alternos, ablongos ou ovados, bem acuminados, na base mais ou menos obtu- «os e Freqilentemente desiguais, entre 'membranáceos, e subcoriáceos, elabros. na face superior escuros e nitídulos, na inferior acastanhados, à nervação delicada, 5-9 x 2-3,5 em; pecíolo comum 47 cm. INFLORESCÊNCIA racemos compostos, situados abaixo das folhas novas, ca. 10-20 cm. com rumos distantes, glabérrimos; racemos simples laterais, 2-6 em: pedicelos ca mm. FLORES masculinas: 3mm de compr, verdes, 5-meras; sépalas s mm, elíticas; pétalas duas vezes maiores, com à mesma forma; anteras das na base, com filetes muito curtos, menores do que elas. mafroditas: semelhantes, porém, com filetes mais longos do MANUAL DE DENUBULUIA pino que as anteras e mais amarelas do que as masculinas. FRUTO cilindrico, apiculado, estriado, ca. 15 mm de compr. cálice acrescente pardo-amarelado, o S lacínias lanceoladas, quase enórveas, 16-20 mm; corola persistente com lacínias medindo 2-3 mm. (Estampa 1) Mudeira. Inicialmente quase branca, passando à amarelo-pardacenta com listas longitudinais escuras; quando velha, apresentá-se bem escura. Limpregos. Os mesmos referidos para 4. macrocal x, devendo-se observar que à muiraquatiara é uma das madeiras mais belas da Amazônia. “Area. Difundida pela Hiltia e assinalada na Venezuela. Segundo Heinsdijk &M Bastos (1963), alcança uma frealiência de 0,1-1.6 árvorejha e um volume de 02:68 milha. Florece sem folhas, ou quando estas comes é surgir. Espécie afim. A. fraxinifolium, abaixo descrito, do qual é bastante pró- ximo. 2. Astronium fraxinifolium Schott Gonçalo-alves (Brasil Central, Nordeste e Pará); chibatã, ubatã c aro- ira-vermelha (SP); sete-cascas (PE); gonçalo-alves, gomável, jejuírt e pau- -gonçalo (AM). Caracteristicas distintivas. Espécie vicariante de 4. lecointei, da qual difere apenas pelo porte menor, foliolos mais grossos, maiores, menos acumi- dados, com nervuras mais salientes e reticuladas, geralmente mad ou menos velutidos na página inferior; e pelo cálice frutífero menor, Cord lacínias comu- veute obovadas, obtusas (até 15 mm de compr); as flores são iguais, salvo quealgo pilosas em A. fraxinifolium. Geralmente é arvortl de 3-5 m, podendo, “as matas, atingir 12m X 60 em, sendo, portanto, incapaz de suprir 0 mer- cado com a famosa madeira; casca tanífera, grossa (10-15 mm), dura,algo Tugosa, integra, castanha, mas branco-acinzentada em virtude da presença de placas liquênicas. (Estampa 1) Madeira é empregos. Semelhantes nos de A. macrocalvr O óleo dos frutos é cáustico, O alburo apresenta-se amarelado, com 1.3 cm Area. Habita as matas secas e cerrados do Brasil Central c da Hiléia; as matas secas e caatingas do Nordeste. Informações gerais. Vloresce em julho-agosto; na Amazônia, um pouco depois. Frutifica em setembro-outubro. As sementes germinam em 7-13 dias. A importância desta espécie é antes local do que geral Espécies afins. Difere de A. urundeuva não só pelos frutos, mas também pela casca muito mais lisa, quase integra. 4 aracile Enel., da floresta e res- tinga, vai desde à Guanabara até o Paraná; pode alcançar 30m x 50 cm, mas o lenho é nitidamente inferior quanto à cor e desenhos. 17 ARVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL Informações gerais. Floresce em novembro-janeiro e frutifica em setembro- “outubro. Um quilo encerra ca. 47 500 sementes. É caducifólia. As sementes germinam em 4-7 dias. Espécie afim. Em toda a região da caatinga encontra-se outra anacar- diácea largamente dispersa: Schinopsis brasiliensis Engl., conhecida como braúna ou baraúna, nomes que pedem atenção para evitar confusão com Melanoxylon braunia Schott. Trata-se de pequena ou mediana Arvore até 12m x 60em (usualmente 6-8m x 20-40cm), que se distingue da aroeira pela casca curtamente fendida formando pequenas placas quadradas, folhas 'menores (até 3cm de compr.), fruto samaróide (3,5-4,5 cm x 8-16 mm), e pelos tamos providos de espinhos com ca. 1-2em. As folhas são aromáticas. As flores são brancas, minutas e surgem em novembro-dezembro. O fruto é cheio de massa esponjoso-farinácea; as sementes levam testa muito dura. A madeira, duríssima, é empregada sobretudo para dormentes; a casca gera também resina. É das árvores mais características e difundidas da caatinga nordestina; e.g., no Ceará é mais rara e na Bahia comunissima; neste último estado vimó-la com frutos maduros em outubro, em plena seca. (Estampa 1) 4. Astronium macrocalyx Engl. Gonçalo-alves, mirueira (sul da Bahia e norte do ES), ademo-preto, eibata, gibata-preto, guaribu-preto, guarabu-rajado, gibarão-rajado, gua- rubu-marcineiro (ES). Características distintivas. ÁRVORE que alcança 40m x 150cm, forne- cendo fustes de 22-28 m x 60-100 em; uma deu 5 toras de 4,5m x 55 cm (3,75m?); apresenta grandes sapopemas, até vários metros acima do solo; râmulos glabros, csparsamente lenticelosos. FOLHAS com 5 (até 7) folíolos entre oblongos e ovados, curtamente acuminados, a base obtusa e algo métrica, remotamente crenulados, subcoriáceos, com a nervação delicada mente impressa nas duas faces, glabros, alcançando 4-7 x 2-3,5em, pecíolo sempre canaliculado, medindo 5-7cm. FRUTOS achatados, irregularmente giiingueangulares, com 6-9 mm de diâmetro, inferos; cálice frutífero súpero, vermelho, apresentando lacínias oblongas, longas, nervosas, medindo 3-3,5 em x 9-13 mm. (Estampa 1) Madeira. Bege-rosada ou amarelo-pardacento-rosada, passando a pardo- -avermelhado-clara, com grandes manchas e veios pardo-cscuro e reilexo mais o menos dourado; superficie brilhante, lisa; sabor levemente adstrin- gente. Dura e pesada; durabilidade muito grande. Alburno amarelo-claro, 5-10cm. Empregos. Mobiliário de luxo, objetos de adorno, torncados, etc. Ainda construções civis e navais. A variedade com raias paralelas quase negras é muito estimada e chama-se gonçalo-fita. O acabamento é muito bonito e liso. 20 MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA . Astronium macrocalyx no sul da Behia, floresta pluvial de grande porte; na frente do enorme tron- eo: embaixo o autor, em cima A. de Mattos Filho. A corda dianteira marca um dos lados de uma área sob inventário. Foto Rodolfo Friburgo. Área. Comum no sul da Bahia c norte do Espirito Santo, alcançando Minas Gerais (Vale do Rio Doce). Na Bahia, observaram-se [regiiência de 0,6 árvore/ba e volume de 10m?/ha. Espécie afim. 4. concinnum Schott, da floresta atlântica (GB), que se afasta pelos folíolos mais numerosos (4-10) e menores, pelo cálice frutifero duas vezes mais curto, bem como pelos frutos ovóides ca. 3mm de compr. Pouco fregiiente. APOCYNACEAE ASPIDOSPERMA Mart. & Zucc. Gênero complicado, rico em espécies de distinção laboriosa, que se caracteriza pela presença, no tubo corolino, de fissuras ou rimas por detrás das anteras (fendas epistaminais : cf. Woodson, 1951), e pelos folículos acha- tados, contendo sementes aladas. Woodson (ib.) considera 52 espécies. Como várias de suas fusões de espécies próximas são ilegítimas, baseadas na insu- ficiência das coleções que examinou, no desconhecimento das árvores vivas e, 2 ÁRVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL ainda, dos habitais destas — pode avançar-se ca. 130 espécies, sendo umas 80 no Brasil, abrindo lugar para as reveladas subsequentemente. Vivem em todos os tipos de vegetação, estendendo-se desde o México até a Argentina; a maioria, porém, é brasileira. Numerosas espécies fornecem estimadas madeiras amarelas, amareladas ou amarelo-rosadas, ditas localmente pereiro, peroba, guatambu e perobinha, nomes esses seguidos de vários qualificativos; na região amazônica ouvem-sc carapanaúba e araracanga. Todas são ricas em alcalóides vários. Agradeço ao distinto conhecedor deste magno gênero. Apparício P. Duarte, os conselhos que me deu. Woodson (1951) dividiu o gênero em várias séries de espécies, das quais as subsequentes, acrescidas de uma posterior. importam dendrologicamente. Série RAMIFLORA Woods. Árvores perenifólias, dotadas de látex branco e casca delgada, rígida. Folhas alternas, acumuladas nas pontas dos ramos, membranáceas, grandes, com nervação proeminente e conspicuamente reticulada em ambas às faces. Inflorescência ramiflora, disposta em pequenos fascículos sésscis inseridos ao longo dos ramos desfolhados, distantes das extremidades folhosas destes, paucifloros: brácteas persistentes. Corola salviforme, pilosa, crassa, com lacínias horizontais ou reflexas; tubo manifesto. Folículos avantajados, obovado-suborbiculares, plano-convexos, glabros, densamente Ienticelosos. Sementes com asa circular e núcleo seminífero central. Uma espécie de flo- resta pluvial 1. A. ramiflorum M. Arg. Série PYRICOLLA Woods. Árvores caducitólias, providas de látex branco e casca moderadamente espessa, rimosa. Folhas alternas ou agregadas nas pontas dos ramos, membra- náoeasa subcoriáceas, pequenas ou médias, a nervação delicadamente impressa ou subvisível. Inflorescência mais ou menos terminal, pedunculada, sem brác- teas. Corola salviforme, pequena. Foliculos piriformes (ou obovados ou dola- briformes), desigualmente biconvexos, atenuados na base em estipe cons- pícuo, mais ou menos lenticelosos, glabros ou tomentosos. Sementes ovais ou elipsóides, com núcleo seminifero central. la. Inflorescência densamente rufo ou fulvo-tomentela. Folhas abaixo de 20mm na largura. Corola, na flor aberta, com lacínias reniformes (dificil de examinar: raspar os pélos sob a binocular de 24 x pelo menos). Foli- culos densamente rufo-tomentosos 2. A. parvifolium A. DC. 1b. Inflorescências glabras. Folhas além de 20mm na largura. Corola com lacinias ovais. Frutos sem pêlos ferrugíneos. 22 MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA 2a. Árvore, no máximo, com 20cm de diam., da restinga. Folhas elíticas, nítidas, com nervação secundária delicada, mas nitidamente visível Folículos densamente lenticelosos. 3. A. pyricollum M. Arg. 2b. Árvore 2-3 vezes maior, da mata pluvial. Folhas oblongas, alongadas, com nervação lateral invisível (raramente mal perceptível). Folículos providos de lenticelas mínimas, conquanto copiosas, somente visíveis à lupa. 4. A. olivaceum M. Arg. OBS. — CE. Handro (1962) sobre as espécies distintas que Woodson (1. c.) subordinou a A. pyricollum, entre as quais se acha 4. olivaceum. Série PYRIFOLIA A. P. Duarte. Destacada da anterior para acomodar as duas entidades abaixo mencio- nadas. Os caracteres de ambas coincidem, salvo no que se segue. Corola longa, no minimo medindo 15 mm, com lacínias finas pelo menos duas vezes maiores do que o tubo. Folículos praticamente sem estipe, finamente ou esparsamente cobertos de lenticelas. ta. Árvore pequena (até Sm), da caatinga, revestida de casca fina, lisa e cinzenta. Folhas pequenas (3,5-5 x 2-3 cm), opacas, geralmente bastante atenuadas na base. Folículos com 4-5 x 3-3,5 cm, desprovidos de lenti- celas (ou com lenticelas minutíssimas sob lente). 5. A. pyrifolium Mart tb. Árvore grande das matas secas e de calcário, cuja casca é espessa, anfrac- tuosa e pardacenta. Folhas medianas (9-15 x 5-8cm), membranáceas & translúcidas (raro subcoriáceas), pouco atenuadas ou arredondadas na base. Folículos com 7 x Sem, esparsa mas evidentemente Ienticelosos 6. A. populifolium A.DC. Série POLYNEURA Woods. Árvores decíduas, conduzindo látex branco ou escasso e casca espessa, áspera, sulcada. Folhas alternas, membranáceas e firmes, com venação mani- festa em ambas as páginas, reticulada. Inflorescência terminal, tirsiforme ou cimosa, com brácteas persistentes. Corola tubulosa, coriácea, glabra. Ovário cilíndrico. Folículos falcitormes ou cilindricos, sésseis, glabros, fortemente lenticeiosos. Semente com asa muito excêntrica, basal la. Árvore de 25-3m x 100cm, da floresta pluvial. Corola puberulenta, as lacínias alcançando metade do comprimento do tubo. Folhas com nervação cerrada, fina e saliente; pecíolo com 10-15 mm. Frutos pequenos (3,5-4,5em x 10-15mm), achatados. Inflorescências densas. 7. 4. polyneuron M. Arg as: ÁRVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL sabor ligeiramente amargo. Pesada e dura, porém, menos compacta do que nos outros dois guatambus. Alburno indistinto do cerne. Empregos. Carpintaria, xilogravura, utensílios vários, fôrmas de sapato, espulas, réguas, tacos, etc. Bonita quando envernizada. Área. Característica da floresta pluvial atlântica, ocorrendo de Minas Gerais e Rio de Janeiro a Santa Catarina, muito fregiiente; neste último estado chamam-na de “peroba”, achando-se altamente difundida. Em MG encontra-se ainda na margem dos campos c nas matas secas, suportando aí forte período sem chuvas. Vulgar também no RJ e GB. É o mais espalhado dos guatambus. Informações gerais. Floresce de novembro a janeiro (SP) ou de setembro a novembro (MC). Frutifica em julho-agosto (SP) ou em dezembro-feverciro (MG). Um quilo encerra ca. 5 500 sementes, que germinam em ca. 8-12 dias. Pode multiplicar-se mediante estacas de uns 30cm x 1Omm, colocadas em areia lavada úmida, onde enraizam Espécies afins. A. pyricollum M.Arg., pequiá-da-restinga, próprio das areias do litoral (restinga) desde Pernambuco até o Rio de Janeiro, sendo raro na mata de encosta da Serra do Mar. É árvore pequena, dificilmente superando 5m x 20cm, cujo lenho é esbranquiçado e durissimo. À. parvifolium A.DC., árvore de uns 5-15m, cuja casca é espessa, rimosa e internamente lútea; muito frequente no RJ e GB (onde a chamam de peguiá-marfim), menos em MG e SP; é peculiar à mata, a madeira mostra-se amarelo-queimada, dura e muito compacta. Woodson (1951) considerava 4. olivaceum como sinônimo de A. pyricolhum. Convém levar em conta ainda A. nigricans Handro, con- fundido com A. pyricolium às vezes e dotado de frutos semelhantes aos de A. parvifolium. Difere de ambos pelas folhas oblongas, ferruginco-pálidas na face inferior e fuscas na superior. Ocorre nas matas serranas de PE e Paraiba, e nas matas litorâneas da BA; dizem-no pereiro-amarelo e pereiro-bravo. É árvore de uns 15-20m x 40-60cm, com grossa casca rugosa e madeira amarcla. 4, nigricans discrepa de 4. olivaceum, com o qual se parece em geral, pela coloração foliar, peciolos duas vezes mais curtos, nervuras impressas e indumento folicular. 7. Aspidosperma populifolium A. DC. Guatambu-vermelho, guatambu, guatambu-rosa, peroba, peroba-rosa, peroba-paulista, pereiro, pereiro-vermelho. Características distintivas. ÁRVORE mediana; rêmulos com nós bem marcados e às pontas branco-puberulentas. CASCA com ca. I0mm, funda- mente gretada em sentido vertical e com rachaduras transversais, dura, mas revestida de fina e macia película suberosa externa, pardo-amarelada, por dentro castanho-clara. FOLHAS largamente ovadas, comumente desiguais MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA na base arredondada, curta e obtusamente acuminadas, tipicamente membra- náccas c translúcidas, mais ou menos provida de pêlos aplicados na face inferior, as nervuras distantes e finamente impressas, pouco ou bastante mais claras em baixo, 7-12 x 5-7em; peciolo 2-3,5cm. INFLORESCÊNCIA vindo com as folhas novas, corimbiforme, 1-4 em cada axila foliar, pauciflora, ca. 3 em. de compr.; pedúnculo 7-10 mm; pedicelos ca. 2 mm. CÁLICE com lacínias subuladas, 3-4 cm de compr.; pilosas. COROLA com tubo de ca. 5mm, pubérulo, as lacínias glabras, lanceoladas, acuminadas, ca. 1Smm de compr. OVÁRIO esparsamente piloso; estigma um tanto clavado. FRUTO suborbicular, 7 x Sem, ferrugineo, grosso, esparsamente lenticeloso ; mente discóide, 5-6 cm diam., com o núcleo seminífero ligeiramente excên- trico e a usa ampla, pálida, membranácea. (Estampas 1 e 2) Madeira. Rósco-amarelada, com estrias ou veios avermelhados, podendo ser amarela e com manchas levemente rosadas; superfície lisa e sem brilho. Pesada, dura e muito compacta. Cerne indiferenciado do alburno. Empregos. Idênticos aos dus anteriores; excelente para xilogravura. Área. Ao contrário dos outros dois descritos, pertence às matas secas e de calcário, em Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia. Em Várzea da Palma (MG) dizem-no “peroba-rosa”, em vista da coloração do lenho. Conhecido, ao demais, no Paraguai. Floresce entre novembro e fevereiro, principalmente neste último, e frutifica, segundo poucos dados, em agosto. Espécie afim. A. pyrifolium Mart., pequena árvore dotada de casca fina, lisa, dura e cinzenta; é largamente distribuída no sertão nordestino sob o nome de pereiro; pode assumir o hábito de simples arbusto na caatinga mais sáfara. Woodson (1951) deu as duas espécies como sinônimas, sob a designação de 4. pyrifolium 8. Aspidosperma polyneuron M. Arg. Peroba, peroba-rosa, peroba-amargosa, peroba-rajada, peroba-aça, sobro (FS). Aspidosperma peroba Fr. AI. (1865). Palo rosa. Características distintivas, Árvore que atinge até 35m x 150cm, gerando excelentes fustes retilíncos de uns 12-20m x 70-100cm por via de regra; copa rala de ramificação corimbiforme; râmulos trifurcados, esparsamênte lenticelosos na ponta. CASCA espessa (1,5-4cm), rija, pardacenta, profun- demente sulcada, rugosa, com o ritidoma rosado por dentro e a parte viva amarelada, do que resultam dois estratos nítidos compondo a casca. FOLHAS variáveis quanto à forma, oblongas a obovado-elíticas, curta c obtusamente acuminadas ou com o ápice arredondado, atenuadas na base, firmemente membranáceas ou subcoriáceas, algumas vezes lustrosas na face superior, as nervuras secundárias muito apertadas e paralelas, a venação terciária carac- teristicamente bem impressa e saliente em ambas as páginas, sem pêlos, ARVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL 7:15 x 2-4em; pecíolo 5-1$mm. INFLORESCÊNCIA em glomérulos ter- minais c subterminais, fulvo-pubérulos ou glabros, compactos e globosos quando jovens, depois mais ou menos corimbiformes, I-4cm de compr.; pedúnculo nulo ou até Smm; pedicelos ca. mm. CÁLICE com Tobos larga- mente ovados, ca. Imm, pilósulos. COROLA cor de creme, ca. 3-4mm de compr.; levemente pilósala ou quase glabra. OVÁRIO puberulento; estigma clavátulo. FRUTO elipsóide e manifestamente achatado (às vezes atenuado na base), rostrado no ápice, séssil, 3,5-5 x 10-15mm, com uma crista mais ou menos proeminente, pardo-escuro, densamente coberto de lenticelas bem visíveis: sementes 1-4, elíticas, 25-40 x 8-10mm, providas de núcleo semi- nífero basal, do qual parte uma asa membranácea, parda. (Estampa 2) Madeira. Do róseo-amarelado ao amarelo-queimado levemente rosado ; comumente, porém, é vermelho-rosada, uniforme ou com veios vermelho- -violáceos; superfície opaca, algo áspera; sabor amargo. Pesada, dura e durá- vel, mas não em contacto com a terra úmida. Racha facilmente. Albumo rosado. Empregos. Madeira usadíssima na vida diária. Carpintaria, vigas, esqua- árias, escadas, tacos, vagões, carroçaria, etc. Área. Do centro e extremo sul da Bahia, onde é menos comum, e norte do Espirito Santo, onde abunda, ao norte c oeste do Paraná, chegando à Argentina, Paraguai e Peru. No Rio de Janeiro e Guanabara ainda se observam uns-poucos individuos. Em Minas Gerais já é rara. Atualmente serrada no ES e no PR, neste ao lado de Machaeriun scleroxylon, em grande escala. Prefere a mata pluvial, ocorrendo também em tipos mais secos — como, p.ex, em Curvelo (MG) junto com Plathymenia foliolosa e Copaifera langs- dorffi, todas com grande desenvolvimento. Informações gerais. Floresce em novembro-dezembro e frutifica em outubro; para o sul, assinalam-se, respectivamente, abril-maio e junho-agosto Um quilo contém ca. 11 500 sementes, que germinam em ca. 16 dias. Almeida (1943) informa que, no ambiente florestal da Gávea (GB), 24 árvores de 17 anos, revelaram o seguinte: altura máxima-l4m; altura minima-2m; diâmetro máximo-20cm: diâmetro mínimo-2em; a maioria apresentou: 5,3-8,2m x x 4-10 em. Espécie afim. A. cylindrocarpon M. Arg., do Paraná, Mato Grosso São Paulo, Goiás c Minas Gerais, em matas secas e de afloramentos calcários. Difere da peroba-rosa pelo porte menor, folhas com pecíolo longo e nervuras laxas, inflorescências paniculadas e frouxas, e, sobretudo, pelos frutos seme- Ihantes, porém, duas vezes maiores, quase cilindricos (obtusos no ápice) e pedicelados. Em Macaúbas, no centro da Bahia, G. Bondar (5.3.1955) colheu Imaterial de uma árvore que só difere de 4. polyneuron pelas folhas menores (4-7 x 1-2em), pilosiúsculas ao longo da nervura central superior e velu- tinas cm toda a face inferior; não se pôde decidir, graças à falta de flores, se 28 MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA se trata de simples variedade ou de espécie independente, de qualquer sorte muito rara. (Estampa 2) 9. Aspidosperma album (Vahl) R. Ben. Araracanga, araraúba, pequiá-marfim (Manaus). Características distintivas. ÁRVORE que chega a 25-30m x 60-80cm; râmulos robustos, sem lenticelas. CASCA grossa (2cm), rígida, superfície ligeiramente rimosa, grosseira e irregular, pardo-acinzentada, por dentro pardacenta-amarelada e com a região liberiana violáceo-pálida; o látex é vermelho-sanguíneo, espesso. FOLHAS elíticas a obovadas, arredondadas e emarginadas no ápice, cuneadas, marcadamente coriáceas, 2 nervação secun- dária espaçada e proeminente em ambas as páginas, glabras, albo-pruinosas em baixo, levemente revolutas nas margens de sabor amargo, 8-15 x 4-7cm; pecíolo 15-25 mm. INFLORESCÊNCIA terminal, muito ampla para o gênero, no conjunto corimbiforme, 10-1$cm; pedúnculos distintamente achatados, antes pruinosos do que tomentosos (como as folhas jovens), até 10cm; pedi- celos ausentes ou extremamente curtos, de maneira que as flores se mostram agregadas em capítulos globosos ao longo dos ramos laterais da inflores- cência. CÁLICE densamente lúteo-tomentelo, os lobos largamente ovados e ca. 1-2mm. COROLA com tubo distintamente anguloso, glabro, as lacínias estreitamente subuladas até lineares, ca. 3mm, apertadamente helicoidais no botão, OVÁRIO glabro. FRUTO suborbicular, convexo, contraído em um estipe de ca. 1Smm, espesso, robusto, 7-9cm diam., branco-a ou amarelado, com crista forte e excêntrica, mais ou de pêlos curtos, muito densos e entrelaçados, as lenticelas ausentes; sementes circulares, 7-8em diam., com núcleo seminífero central, a asa membranácea, translúcida, ampla, quase alva. (Estampa 2) Madeira. Pardo-avermelhado-clara, variando a tonalidade do amarelado ao róseo, uniforme; superfície lisa, fácil de polir. Pesada, dura e compacta Anéis de crescimento mais ou menos nítidos. Albumo pouco mais claro do que o cerne, até lcm apenas Empregos. Serve bem como peroba. Construções civis e navais, carpin- taria c marcenaria, moendas de engenho e dormentes de primeira classe. Área. Mais comum no Amazonas e nas Guianas, colonizando as matas úmidas de terra firme. Venezuela. Florescc em abril-setembro c frutífica em setembro. Espécies afins. Ecológica e morfologicamente muito aparentado com A. desmanthum (cf). As áreas são contíguas, não se superpondo em geral. A. desmanthum prevalece no Pará, enquanto que 4. album se observa no Ama- zonas e Guianas. Próximo ainda de 4. spruceanum Benth, arvoreta pouco frequente nas várzeas da zona do Rio Negro; nesta espécie as folhas são mais largas (até llem) e os frutos medem 10-12 x 5-6cm 29 ARVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL carpintaria, tanoaria, marcenaria, caixotaria, tabuados, ripados, compen- sados, palitos, instrumentos musicais, etc. Outra utilização importante é na fabricação de pasta para papel. Almeida & Araújo (1950) verificaram que as traqueídes (o pinho, proce- dente de uma conífera, não possui fibras) medem entre 2,8 e 8,8mum, ficando as mais frequentes entre 3,5 e 6.0mm, com predominância das de 4.3mm; a largura é de 0,035mm. Tais traqueídes mostram-se mais rígidas e de colo- ração inferior, dando papéis um pouco mais escuros e ásperos, do que as ori- undas de coníferas exóticas; mas isto não diminui o seu valor, O rendimento médio é de 90%, para a pasta mecânica, de 75%4 para a pasta semiquímica e de 50% para a “celulose”. O centro das árvores velhas escurece e tem de ser separado em se tratando de pasta mecânica. Nos pontos de inserção dos ramos no tronco há um corpo extremamente duro — o nó de pinho — que precisa ser removido também (nas árvores adultas). Área. A principal situa-se nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no planalto e vertente mediterrânca da Serra do Mar. Esparsamente observa-se nas regiões elevadas de S. Paulo e sul de Minas Gerais. Alcança o Território de Missiones, na Argentina. Segundo um inventário procedido pelo Instituto Nacional do Pinho, cm 1949-50 havia a seguinte quantidade de árvores desta essência: Paraná — 151 000 000 com menos de 40cm de diam. e 60 000 000 com mais e 40cm. Santa Catarina — 38 000 000 com 20-40 cm de diam. e 34 000 000 com mais de 40cm. Rio Grande do Sul — 5 000 000 com 20-40cm de diam. e 10 000 000 com mais de 40cm. TOTAL — 298 000 000 de pinheiros. Informações gerais. A emissão das flores dá-se em abriljunho c a mata ração das pinhas em abril-maio; todavia, pinhões maduros podem apa- recer desde fevereiro até dezembro, de acordo com o que Reitz & Klein (1966) estabelecem algumas variedades. Um quilo contém 150-180 sementes, que germinam em ca. 30-35 dias; em semeadura direta no solo: 60-120 dias A germinação é hipogéia, permanecendo os cotilédones no interior do pinhão, mas este pode sair um pouco para fora da terra; forma-se robusto hipocótilo que se continua, para baixo, pela raiz primária, a qual irá dar origem a uma forte raiz axial. Shimoya (1962) fornece dados citológicos a respeito do ciclo reprodutivo desta espécic. O pinheiro cresce melhor sob precipitações bem repartidas « temperaturas suaves (médias em torno de 20-21ºC durante o verão e de 10-L1%C durante O inverno); mas aceita algumas variações. Em regime de estação seca bá de o solo ser profundo e fértil, isto é, substrato útil à agricultura; muitos fracassos foram devidos a plai os em terras esgotadas e abandonadas pela lavoura 32 MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA (os solos cobertos de cerrado são os menos aceitáveis em virtude da baixa fertilidade). Solo profundo, verão fresco, inverno frio e umidade constante <ão-lhe, portanto, necessários ao melhor crescimento. Van Goor (1965) mostra os hábitos radiculares mui diversos que O pinheiro pode assumir conforme a natureza química e a profundidade do substrato. Em solos profundos, assentados sobre rocha básica, a árvore em pauta mantém um sistema superficial formado de raízes adventícias e laterais, horizontais, irradiando em torno da base da raiz. primária; esta, então, apre- senta parco desenvolvimento, raras descendo a mais de 70cm. Ao contrário, nos solos em cujo seio reina acidez, grossa raiz axial afunda verticalmente até uns 5m. Consegiientemente, solos ácidos e rasos (com menos do 100cm) influenciam de maneira negativa o crescimento de 4. angustifolia; do mesmo modo atuam os solos sobrejacentes a rochas básicas se a profundidade for superior à Im. Sabe-se que as raizes desta conifera conduzem micorrizas endo- tróficas, revestindo a forma de nodosidades globosas e visíveis à vista desar- mada; cf. fig. de raízes de Podocarpis lambertii, que são semelhantes (Est. 18). A. angustifolia só mui raramente apresenta regeneração natural na flo- resta onde vivc; como não tolera sombra, ali o crescimento é lenilssimo, e as plantas são raquíticas. Mas pode, com fregiência, colonizar o campo. espécie heliófila. Está ausente da área central da floresta atlântica, ocorrendo, contudo, em várias partes dessa mesma área, porém acima do limite arbóreo, isto é, nas zonas campestres serranas, Isto indica que, à semelhança de diversas espécies de Pinus, ela é uma espécie pioneira; dá início a condições silvestres e atrai a floresta pluvial, permanecendo nela como emergente até que se complete o seu ciclo vital; depois desaparece em vista da ausência de regene- ração no ambiente sombrio da mata. Este movimento se observa na direção do extremo sul do país, onde, em razão desse comportamento, o pinheiro é membro de variadas comunidades As sementes perdem depressa o poder germinativo; aos 6 meses, este desce abaixo de 30% e, ao fim do primeiro ano, está praticamente esgotado. Contudo, conservadas sob resfriamento, mantêm tal poder por mais tempo. O crescimento nos primeiros anos é lento e há restrições de clima e solo, con- forme vimos. Como conclui Golfari (1971) em útil trabalho: “Araucaria angustifolia é uma espécie excelente para reflorestamento, mas que tem uma série de problemas devido aos quais seu cultiva se torna às vezes antieconômico " Nas matas mais secas do planalto, o pinheiro-do-paraná domina comple- temente, gerando florestas tipo parque, limpas por dentro, ou se associa à imbuia é no mate (Ilex paraguariensis St. Hil.); outras árvores, como O cedro (Cedrela fissilis Well), guarantã, louro-pardo, casca-d'anta (Drymis brasiti- ensis Miers), pessegueiro-brabo (Primus sellowii Koehne), canelas (cf.), podem estar presentes. Pinheiro, imbuia, mate c cedro, nessa ordem, são os membros mais conspícuos e importantes das associações. Nas matas mais úmidas dois novos associados aparecem, podendo assumir notável hegemonia: xaxim 33 ARVORES E MADEIRAS UTEIS DO BRASIL (Dicksonia sellowiana (Prels.) Hook.) e o pinheirinho (Podocarpus lambertii Klotz.). Em pontos favoráveis, a floresta pluvial atlântica, da qual os dois últimos são membros típicos, pode ocupar inteiramente o pinheiral por dentro e por baixo dos pinheiros. Aí vamos encontrar, em certos locais, uma reprodu- ção fiel da ora organense, v g., podendo conter até Urbanolophiwn glaziovii (Bur. & K. Sch.) Melchior escalando os enormes troncos de velhos pinheiros e Cyrianthera pohliena Nees, ambas entidades características da floresta pluvial de Cordilheira Marítima. Outros elementos, como palmeiras e bambus, soem ocorrer nas variadas comunidades, segundo dados disponíveis. Nas matas virgens a frequência é de 50 árvores/hectare, das quais 30 denotam diâme:ro acima de 45 cm. BIGNONIACEAE la. Dois estames exsertos (três estaminódios inclusos). Corola tubulosa. Cápsula ensiforme, lenhosa. Folhas digitadas com 5 foliolos serreados. 1. Paratecoma Kuhim. tb. Quatro estames inclusos (um estaminódio). Corola infundibuliforme. Cápsula linear ou cilíndrico-linear, coriácea. Folhas variáveis 2a. Cápsula com valvas planas e lisas. 3a, Folhas simples ou digitadas. 2. Tabebuia Gomes 3b. Folhas penadas. 3. Tecoma Juss. 2b. Cápsula com valvas côncavas e costuladas (percorridas por cons- vícuas linhas longitudinais em relevo) 4 Cybistax Mart Obs. — Tecoma e Cybistax, ambos com uma só espécie no Brasil, não têm qualquer valor como produtores de madeira útil. PARATECOMA Kuhlm. Bem caracterizado pelos 2 estames exsertos, 3 estaminódios, cápsula lenhosa de forma peculiar, forma da corola, ctc.; desse modo afasta-se do aparentado Tabebuia (e Tecoma). Compreende uma única espécie, que vem a ser uma das primeiras árvores fornecedoras de lenho no Brasil. 12. Paratecoma peroba (Record) Kuhim. & Peroba-de-campos, peroba, peroba-amarela, ipê (BA), peroba-tremida, peroba-tigrina, ipé-peroba, ipê-rajado (MG). Paratecoma diandra Kublm. « Características distintivas. ÁRVORE que chega a 40m x 200cm; usual- mente as toras medem 50-100 de diam. CASCA fendida longitudinalmente, 34 MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA Parateco-na peroba no centro da Bahia (Andaraí), mata pluvial mais ou menos sect; tronco de ca. 12 ancs formando cristas, e ligeiramente fissurada em sentido transversal, espessa, rígida, pardo-claro-acinzentada. FOLHAS digitadas, com 5 folíolos oblon- go-caudados (ápice com 2-4cm de compr.), obtusos na base, fundamente serreados, membranáceos, glabros, com as nervuras delicadamente impressas, 7:20 x 2,5-7cm; pecíolo comum até 10cm; peciólulos 1-4 em. INFLORES- CÊNCIA formada por cimeiras bi-trifloras, 8-15cm de compr., apenas pubé- rula; pedicelos bibracteolados, 6-7mm. FLORES alvacentas; cálice campa- nulado, com 5 lobos denticulados; corola 3-3,5cm, longamente tubulosa, com limbo curto, finamente velutina; estames 2 exsertos, cujas anteras são curvas e com lóculos divergentes na maturidade; estaminódios (curtos filetes sem anteras) 3, ocultos no tubo corolino; disco conspicuo; ovário e estilete providos de pêlos brevíssimos; estigma foliácco, bilobado, FRUTOS ensi- formes, com bordos cortantes, lenhosos, muito duros, densamente cobertos de minutas verrúculas amareladas, deiscentes mediante fendas localizadas no meio das duas faces (cápsula loculicida), 20-32 x 2-2,5cm; as duas valvas, separadas, libertam um dissepimento laminar, como sucede em Tabebuia e gêneros relacionados. As dimensões acima são as normais, que observamos em Minas Gerais e na Bahia; 1. G. Kublmann trouxe do Espírito Santo frutos 2-2,5 vezes mais compridos. SEMENTES dotadas de asa membra- nácea e translúcida, que circunda o núcleo seminifero, central e reniforme ; o conjunto mede 3. 5-4em x 9-12 mm. (Estampa 3) 35 ARVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL ornementais, em virtude des maciças florações vivamente coloridas na ausên- cia da folhagem, que ressurge depois. O gênero Tabebuia é aqui tratado segundo a maneira usual depois da Flora Brasiliensis, onde as espécies, exceto duas, foram colocadas em Tecoma. O procedimento que adotamos data de Bentham & Hooker (Genera Plan- tarums, 2.º vol., p. 1042, 1876) c se acha explicado cm Sprague & Sandwith (1932). De sorte que Tabebuia Gomes compreende, na sinonímia, Tecoma Juss. sensu Burcau & K. Schumann in FI. Bras., 8 (2): 315, 1897, e Cowralia Splitg. (ibiclem) As espécies de interesse dendrológico maior separam-se assi la. Folhas digitadas. Cápsula linear ou cilindrico-linear. Madeiras de lei, escuras, contendo lapachol 2a. Corola amarela 3a. Corola medindo 8-10cm de comprimento a 1. T. vellosoi Tol 3. Corola medindo 6-8cm de comprimento. 2. T. serratifolia (Vahl) Nichols. 2h. Corola rósco-violácea. 3a. Folhas com 7 folíolos (poucas com 5). 3. T. heptaphylla (Vell.) Tol. 3b. Folhas com 5 folíolos (poucas com 3). 4a. Folíolos de margem inteira e mais ou menos pilosos na face inferior (às vezes quase glabros, mas há tufos bar- bados nas axilas das nervuras 4”. petiginosa (Mart) Standl. db. Foliolos de margem serreada ou inteira, glabros. 5. T. ipe (Mart.) Standl 1b. Folhas simples. Cápsula mais ou menos tetrágona. Madeiras brancas, moles, sem lapachol 2a. Arvoreta paludicola do litoral. Cálice liso, medindo 1-2em de compr. Cápsula até 15em de comprimento. 6. T. cassinoides (Lam.) P. DC. 2b. Arvoreta silvestre. Cálice costulado, medindo 2,5-3 em. Cápsula com 15:32 em de compr 7. T. obtusifolia Bur. 38 MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA 13. Tabebuia serratifolia (Vahl) Nichols. Pau-darco-umarelo, piliva-amarela, ipê-ovo-de-macuco, opa. Tecoma serratifolia (Vahl) G. Don, Tecoma araliacea (Cham.) DC., Tabebuia ara- liacea (Cham.) Morong & Brit. Características distintiva. ÁRVORE cm geral de 5-15m, podendo alcançar 20-25m x 80-90cm. CASCA ca. 10-15mm; ritidoma delgado (1-?mm), duro, pardo-acinzentado, com manchas liquênicas claras, todo fissurado de maneira a delimitar finas placas que se desprendem aos poucos; lber laminado, reticulado sob lente, apresentando miríades de pontos bri- lhantes à luz favorável, tornando-se rósco-purpurino após exposição ao sol. FOLÍOLOS 5 desiguais, oblongos ou oval-oblongos, de base arredondada que pode ser curtamente cuneada, brevemente acuminados, as margens ser- readas, crenado-serreadas ou raramente inteiras, de membranáceos a subco- riáceos, elabros ou com pélos na face inferior, que exibe escamas esparsas e domácias saculiformes e/ou barbadas nas axilas das nervuras secundá- rias, estas distantes 9-20 mm entre si, medindo 8-15 x 3-7 cm (chegando até 17 x Bem). Flores livres, ou em triades curtamente pedunculadas, dis- postas em conjuntos umbeliformes nas pontas dos râmulos. CÁLICE campa- nulado, pubérulo, com 10-15mm compr., com lacínias arredondadas. CORO- LA amarclo-dourada, medindo 6-8cm compr. (podendo atingir L0cm), exter- namente com longos e esparsos pêlos alvos abaixo do lábio superior; o tubo é infundibuliforme e o limbo amplo. OVÁRIO cônico, com 2-4mm compr. FRUTO coriácco, glabro, pardo, no ápice prolongado em ponta de ca. lem, o pediceio crasso, alcançando 20-35cm x 2,5-3,5cm; sementes retangulares, medindo 2,5-4cm x 9-13mm, a asa hialina e curta, o núcleo seminífero central e quadrado. (Estampa 3) Madeira. Pardo-clara ou pardo-olivácea até pardo-acastanhado escura, sempre com reflexo esverdeado; superfície pouco brilhante, lisa, de aspecto oleoso. Muito pesada, duríssima e indefinidamente durável sob quaisquer condições. Esta, os demais ipês e a peroba-de-campos contêm cristais ama- relos de lapachol, o qual, sob ação dos álcalis, se torna intensamente vermelho; sendo abundante o lapachol, a madeira assume tonalidade amarelo-esverdeada É difícil de serrar. O alburmo, com 3-5cm, é amarelo-pardacento-claro. Empregos. Construções pesadas e estruturas externas, civis e navais; e.g., quilhas de navio, pontes, dormentes, postes; tacos de soalho e de bilhar; tanoaria; bengalas, cangas, eixos de roda, varais de carroça; e assim por diante. Nota-se que não é resislente ao gusano marinho. Área. Própria das florestas pluviais, é fregúente na Amazônia. Ocorre esparsamente desde o Ceará (serras) até S. Paulo e Mato Grosso. No sul da Bahia alcança, juntamente com T. impetiginosa, uma frequência de 1,4 árvo- re/ha e um volume de L,7mºjha. No norte do Espírito Santo, Heinsdijk 39 ÁRVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL Cascas de Tabebuia À esquerda, T hepiaphylla; à direita. T. impetiginosa. etal. (1965) acharam, para ambos os ipês, um volume de 1,3m?/ha. Conhece-se ainda do México, América Central, Guianas, Colombia, ctc. Informações gerais. Floresce em julho-outubro e frutifica em outubro- -novembro. Em geral as flores surgem com as folhas jovens. As sementes, cujo poder germinativo dura pouco, germinam em ca. 8-12 dias. Espécie afim. Extremamente semelhante à supradescrita é Tabebuia vellosoi Tol., mais conhecida entre nós como Tecoma longiflora (Vell.) Bur. & K Sch. Esta difere da precedente por exibir constantemente corola maior e mais ampla (8-10cm compi.), o que pode suceder também com T. serratijolia; os frutos soem medir em T. vellosoi 30-40 cm x 1,5-2em; o ovário atinge 5-7mm compr.; as flores coexistem com as folhas adultas. Tirante estas peque- 40 MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA nas diferenças, são indistinguíveis, o que tem gerado grande variabilidade nos nomes aplicados ao material herborizado. 7. vellosoi recebe os mesmos nomes vulgares, mas sua área é muito menor: sul da Bahia e Minas Gerais até o Rio de Janeiro e Guanabara; observa-se especialmente nas serras da Cadeia Marítima (Serra dos Órgãos, Itatiaia, Mantiqueira, etc.). Onome T. vellosoi [oi aplicado por Toledo (1952) considerando o binã Tabebuia longiflora (Gris.) Greeom., preexistente; trata-se de uma espécie das Índias Ocidentais. Dois outros ipês-amarclos comuns são árvores menores: Tabebuia alba (Cham.) Sandw. caracterizada pelo macio súber que reveste o tronco, ocorre no cerrado e na floresta atlântica: e T. chrysotricha (Mart.) Stand. n. comb, distinta pelos folíolos obovados e denso indumento fulvo de todas as partes, vive na floresta atlântica (esta possui um símile no cerrado, T. ochracea (Cham.) Standl. comb. nov., imediatamente distinto pelos folíolos muito rígidos e pelo córtex suberoso). Nota. Na primeira edição deste livro, atribuimos à nós à autoria das combinações refe- rentes a T. chrysotricha e T. ochravea, que só agora conseguimos localizar na literatura. São de PC Siandley 14. Tabebuia impetiginosa (Mart) Stand! Ipê-roxo, pau-d'arco-roxo, ipê-una, ipê-preto. Tecoma imperiginosa Mart. Tabebuia impetiginosa (Mart.) Tol. (1952) Características distintivas. ÁRVORE comumente de 8-10m, quando isolada, na floresta alcançando até 30m x I00cm. CASCA ca. 2-3em; riti- doma espesso, rígido, pardo-escuro até negro por fora, internamente pardo, sulcado longitudinalmente e fissurado transversalmente, não desprendendo placas; líber laminado, reticulado, exibindo, sob incidência luminosa favo- rável, miríades de pontos brilhantes. FOLÍOLOS 5 desiguais, coriáceos, oblongos ou oval-oblongos, de base arredondada e curtamente cuneada ou quase truncada, o ápice acuminado, as margens íntegras, mais ou menos pubes- centes c escamosos, sobretudo na página inferior, ou ainda apenas com as axilas das nervuras barbadas, as nervuras laterais afastadas entre si 6-10 mm, medindo 8-22 x 4-12cm. FLORES em tríades que se ordenam em conjuntos corimbiformes; os eixos da inflorescência ramificam-se dicotomicamente, são grossos e densamente cobertos de um indumento fulvo-claro;; este reveste também os pedicelos é o cálice; bractéolas largas, fulvo-pilosas e em geral caducas. CÁLICE campanulado, flocoso-tomentoso, ca. 5-&mm compr., antes crenado do que laciniado, pois é quase inteiro. COROLA róseo-violácea, a fauce amarela, externamente pulverulento-tomentosa (pêlos in vivo violá- ceos), internamente albo-vilosa abaixo do lábio superior, medindo 6-7em compr. OVÁRIO elipsóide, glabro, ca. 3-5mm comp:. FRUTO linear, coriá- ceo, pontudo, medindo 25-30em x 15-20mm: sementes retangulares, com 3,5-5cm x 5-8 mm, a asa amarelada e curta, o núcleo seminifero central é elítico. (Estampa 3) 4