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FALA TUDO SOBRE CARBONATITOS, SEUS AMBIENTES DE FORMAÇÃO E TIPOS DE ROCHAS
Tipologia: Esquemas
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OS CARBONATITOS CRETÁCICOS DA PLATAFORMA BRASILEIRA E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS | 15
Este capítulo busca oferecer informações sobre a evolução histórica do conceito de carbo- natitos e as controvérsias iniciais que caracterizaram a definição e a aceitação do termo. Obje- tiva também discutir os critérios gerais empregados na classificação dessas rochas, sendo o de natureza química o mais difundido internacionalmente.
Carbonatitos começaram a ganhar destaque na literatura internacional no século XX, quando rochas carbonáticas presentes em distritos alcalinos passaram a ser interpretadas como sendo de origem magmática, endossando, assim, opinião há muito emitida por Brøgger (1921) — tido na literatura como o grande mentor dessa hipótese —, em seus estudos sobre a geologia e a petrologia do complexo carbonatítico de Fen, na Noruega. Ali, Brøgger definiu e usou o termo carbonatito, além de sugerir pela primeira vez a existência de magma car- bonatítico, ainda que Högbom (1895) já tivesse, na realidade, descrito muitos anos antes a presença de diques de rochas ígneas com presença significativa de carbonatos nos trabalhos realizados na ilha de Alnö, na costa nordeste da Suécia. Bowen (1924), Daly (1933) e Shand (1943), petrólogos de grande prestígio internacional à época, foram alguns dos pesquisa - dores que manifestaram maior ceticismo à ousada proposição de considerar os assim cha - mados “calcários ígneos”, até então vistos como representando megaxenólitos de material sedimentar, como de formação magmática. Os questionamentos à hipótese foram de tal ordem que levaram Johannsen (1939) a deixar de incluir no seu famoso compêndio sobre a descrição das rochas ígneas um dos maiores, senão o maior, livros de referência sobre a sua classificação sistemática na ocasião – os termos søvito e rauhaugito, respectivamente carbonatitos ricos em cálcio e magnésio, como novos tipos petrográficos magmáticos. Von Eckermann, que iniciou os trabalhos de mapeamento geológico no distrito carbonatítico de Alnö em 1935, interrompidos por ocasião da Segunda Guerra Mundial, publicou em 1948 a sua monografia clássica sobre a ocorrência, tida como a obra com maior riqueza de detalhes em química, petrologia e estrutura produzida desde os estudos de Brøgger (1921) em Fen. O autor não hesitou em chamar os carbonatitos de rochas ígneas e admitir seus magmas como gerados por diferenciação normal em condições de alta pressão de vapor, temperaturas razoavelmente baixas (400-600ºC) e grande abundância em álcalis, sobretudo em potás- sio. Sustentou, ainda, que esses álcalis seriam responsáveis por processos metassomáticos envolvendo fenitização, especialmente das encaixantes regionais, e formação das rochas alcalinas silicáticas associadas. As dúvidas até então reinantes sobre as condições físicas de colocação dos carbonatitos e da viabilidade da existência de magmas carbonatíticos encon- traram respostas irrefutáveis nas pesquisas pioneiras de petrologia experimental desenvol- vidas por Wyllie e Tuttle (1960a, 1960b, 1962) nos laboratórios da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Esses trabalhos revolucionaram os conceitos sobre o tema,
16 | OS CARBONATITOS CRETÁCICOS DA PLATAFORMA BRASILEIRA E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS confirmando a possibilidade de formação de magmas carbonatíticos de baixa temperatura e demonstrando que fundidos com grande diversidade composicional são capazes de precipitar calcita em condições variáveis de pressão e temperatura, com os fundidos podendo persistir até temperaturas da ordem de 600ºC. Os resultados serviram ainda para colocar um ponto final na mais polêmica teoria vigente à época para a gênese das rochas alcalinas insatura - das em sílica, a de assimilação de calcário, defendida por Shand (1943). A descoberta de lavas carbonatíticas ricas em sódio ( natrocarbonatitos ) no vulcão ativo de Oldoinyo Lengai, na Tanzânia (Guest, 1956; Dawson, 1962), foi um marco de grande importância científica e histórica e – ao lado do enorme progresso alcançado nos estudos baseados principalmente em dados experimentais (p. ex., Koster van Groos e Wyllie, 1963; Gittins e Tuttle, 1964; Bailey e Schairer, 1966, entre outros) e, sobretudo, em geoquímica isotópica (C, O, Sr), nos quais se tornaram evidentes as diferenças de abundância em Sr nas razões desse elemen- to em carbonatitos e calcários sedimentares – levou à consolidação e à aceitação final da origem magmática para os carbonatitos. Presentemente, sabe-se que a concentração em elementos terras raras (ETR) pode ser utilizada para discriminar entre carbonatos de rochas de origem sedimentar e ígnea. Em geral, o conteúdo de ETR nos carbonatos sedimentares raramente é superior a 200 ppm, enquanto nos carbonatitos varia de 500 a >10000 ppm (Loubet et al ., 1972; Eby, 1975; Möller et al. , 1980). Mais comprovações sobre a origem magmática viriam com os trabalhos experimentais realizados a partir da década dos 1970 (p. ex., Wyllie e Huang, 1976) e, especialmente, os de Kjarsgaard e Hamilton (1989) sobre o sistema carbonatítico-silicático, comprovando que um líquido carbonatítico pode se separar por imiscibilidade de um fundido silicático enriquecido em CO 2 em determinadas condições de pressão e temperatura. Na mesma ocasião, Gittins (1989), um dos grandes nomes da petrologia moderna, admitiu que os carbonatitos poderiam ser originados por meio de baixo grau de fusão parcial do manto superior. Estudos isotópicos têm confirmado que fontes man - télicas astenosféricas ou litosféricas (ou ambas) exerceram um papel importante na gênese de muitos carbonatitos. Mas, por outro lado, há que se reconhecer, como ressalvado por Bell (1989) e Bell e Blenkinsop (1989), que eles também promoveram alguma confusão nas re- lações envolvendo carbonatitos e rochas alcalinas associadas. Os dados existentes indicam claramente que carbonatitos podem se derivar das mesmas fontes responsáveis pela forma- ção das alcalinas associadas, mas que nem todas essas rochas silicáticas possuem a mesma origem dos carbonatitos. Os avanços alcançados nos últimos anos com base principalmente em isótopos de Sr-Nd-Pb, no comportamento dos isótopos estáveis, na composição de gases nobres e em trabalhos experimentais sobre equilíbrio de fases têm confirmado, de forma inequívoca, que os carbonatitos são derivados do manto e que não apresentam quase sinais de contaminação pela crosta (Jones et al. , 2013). Várias publicações reunindo livros-textos e artigos de revisão sobre a mineralogia, geoquímica e origem dos carbonatitos estão dis- poníveis na literatura internacional, com destaque, entre eles, para os seguintes: Heinrich (1966), Tuttle e Gittins (1966), Gittins (1989), Bell (1989), Mitchell (2005), Woolley e Church (2005), Woolley e Kjarsgaard (2008) e Jones et al. (2013). Na atualidade, um tema, dentre outros relacionados à gênese dos carbonatitos, vem des- pertando a atenção dos pesquisadores que se dedicam à petrologia do magmatismo alcalino: a relação entre os carbonatitos e as rochas silicáticas que ocorrem temporal e espacialmente lado a lado em muitos dos complexos conhecidos na literatura. Como é bem estabelecido, carbona- titos são comumente associados a determinadas rochas silicáticas, especialmente aquelas que apresentam pronunciadas afinidades alcalinas, como os nefelinitos, ijolitos, fonolitos e nefelina
18 | OS CARBONATITOS CRETÁCICOS DA PLATAFORMA BRASILEIRA E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS tipo de rocha específico, como também para caracterizar uma suíte de rochas geneticamente relacionadas e que incluem carbonatitos variados. Do exposto, verifica-se que a tarefa de definição de carbonatitos baseada tão somente em dados mineralógicos apresenta certas limitações, o que tem levado alguns pesquisadores a in- cluir outros critérios, principalmente os de natureza química, a fim de chegar-se a propostas de definição que sejam menos questionáveis. Como exemplo, cite-se o trabalho de Barker (1996), que procurou relacionar um conjunto de evidências que, embora não conclusivas, uma vez jun- tas poderiam se constituir em elementos importantes para o trabalho de definição dos carbona- titos. Algumas dessas evidências, e outras mais, foram compiladas por Comin-Chiaramonti et al. (2007a) e são mencionadas a seguir:
Como é de conhecimento generalizado, a variação expressiva presente na mineralogia e na química dos carbonatitos, fator responsável pelo emprego na literatura de grande diversidade de nomes para designar essas rochas, levanta sérias dúvidas sobre o real significado da apre- sentação de uma composição média de análises. A proposta sugerida por Streckeisen (1978) baseia-se em concentrações modais dos minerais, com os carbonatitos sendo divididos nos se- guintes grupos:
OS CARBONATITOS CRETÁCICOS DA PLATAFORMA BRASILEIRA E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS | 19 nato seja de fato rico em Fe e que tenha se alterado posteriormente para uma fase menos rica no elemento e com mais óxidos de ferro. Essas considerações, ainda que pertinentes, não se constituíram, no entanto, em óbices para que a proposta aprovada pelo comitê de nomenclatura da associação internacional não diferisse muito daquela sugerida por Streckeisen (1978). No livro que reúne as recomendações desse comitê, editado por Le Maitre (2002), distinguem-se as seguintes classes de carbonatitos para rochas com mais de 50% de carbonato na moda: