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Atos administrativos
Tipologia: Notas de estudo
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Como redigir ofícios, memorandos, e-mails e outras formas de correspondência oficial
Como redigir ofícios, memorandos, e-mails e outras formas de correspondência oficial
A Elisabete, que é luz,
e a Nadja, Beatriz, Nathália e Emanuel, outros astros.
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Apresentação
Padronizar os atos administrativos é condição essencial à eficiência das instituições públicas e decorre da necessidade de racionalizar o trabalho da Administração. Atos padronizados dão caráter profissional à documenta- ção, tornam uniformes os documentos e lhes atribuem boa aparência e legibilidade. Um outro fator leva à necessidade da padronização: o controle da qualidade. Atos não norma- tizados, irregulares, revelam desconcerto, apontam de- sacerto, até desorganização, porque são precariamente con- cebidos e produzidos. É comum um mesmo órgão público utilizar diferentes modelos de portaria, ofício, memorando, executados em variados formatos de papel, às vezes até com texto em co- lorido. A qualidade decai na mesma proporção do mau gos- to; a legibilidade é dificultada. Há má idealização do ato, má diagramação e exposição desordenada das idéias. Constata-se, por tudo isso, que a observação de normas na elaboração dos atos oficiais contribui para textos objeti- vos, comunicativos, limpos. Este livro baseia-se num conjunto de concepções sobre atos administrativos que reuni num manual para o Tribunal Superior Eleitoral. Sai, porém, com maior quantidade de informações. Nele me foi possível expor pontos de vista que não considerei adequados a uma obra institucional. A
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Princípios
É curioso constatar a relação entre a redação de atos ofi- ciais (ofícios, memorandos, portarias, etc.) e o Direito. A muitos escapa que a escrita de um simples despacho deve atender a dois princípios constitucionais caros às atividades da Administração: a impessoalidade e a publicidade. Essa exigência é evidenciada logo nas primeiras páginas do Manual da Presidência da República (Brasília: Presidência da República, 1991. p. 5), publicação muito utilizada pelos ór- gãos do Poder Executivo. Há, porém, na Administração, quem produza atos oficiais sem critério, sem rigor, esque- cendo-se de que estes, como mensagens de natureza públi- ca, necessitam de uniformidade, condição essencial à comu- nicação eficiente e objetiva. Por comodidade ou descaso, há quem ignore as normas de elaboração de atos administrativos. Há instituições que acatam sem o menor desconforto esse descuido, conside- rando filigrana estabelecer padrões para a redação oficial. Não é raro encontrar uma mesma instituição valendo-se de um sem-número de formas para o ofício ou o memo- rando, ou utilizando-se de um mesmo modelo para am- bos. Isso não é só desaconselhável, como também pouco prático e antieconômico. O ideal é que toda correspondência utilizada no âmbito de uma entidade, seja ela pública ou privada, siga padrões
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de elaboração, normas concebidas para a eficiência da co- municação. A comunicação eficiente, aliás, é um dos requisitos para o sucesso das organizações. É fator de economia e interfere positivamente nos resultados da empresa, mas, para chegar a isso, é necessário seguir alguns pequenos conselhos. Diz o Manual da Presidência da República:
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto da linguagem, cla- reza, concisão, formalidade e uniformidade. Fundamen- talmente, esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no art. 37: A administração pública direta, indire- ta ou fundacional, de qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, pu- blicidade (...). Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.
Da publicidade
Para dar real publicidade a um ato é necessário que seu texto seja claro. Publicar em diário oficial texto obscuro ou dúbio cumpre mera formalidade. A publicidade de um ato extrapola a divulgação pura e simples, por qualquer meio. Ao cidadão deve ser dado conhecer o conteúdo do ato, a sua mensagem efetiva. Nisso reside a verdadeira pu- blicidade. Nos casos em que o texto é eminentemente téc- nico, pelo menos os especialistas na matéria devem com- preender a linguagem em que ele se apresenta. E há casos em que não é possível de nenhum modo compreender a escrita. Atos dessa natureza, incompreensíveis, não dão
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A redação oficial deve preocupar-se acima de tudo com a eficácia e a exatidão das informações.
Polidez
Todos os cuidados relacionados à impessoalidade tam- bém constituem requisitos da polidez, qualidade essencial aos atos oficiais. O tratamento respeitoso e digno deve estar pre- sente em todo documento, qualquer que seja o destinatário. Expressões rudes ou irreverentes, intimidades, linguagem rés ao chão, tudo isto denuncia falta de cortesia.
A quem se fala
A consideração do destinatário é um outro importante fa- tor para a eficácia da redação oficial. Em qualquer processo de comunicação, é tão importante saber a quem se fala quanto aquilo que se diz. Em muitos casos, o modo de dizer estará subordinado ao perfil do destinatário, e a pergunta a quem se fala determinará em alto grau o modo de concepção da men- sagem. Pensar no destinatário é um dos indicadores de quali- dade da comunicação. Diz Adalberto J. Kaspary no seu Reda- ção oficial: normas e modelos (14. ed. Porto Alegre: Edita, 1998):
A mensagem não compreendida exatamente pelo seu receptor pretendido torna-se, muitas vezes, motivo de conflitos ou, ao menos, de reações inadequadas, quan- do sua finalidade é concorrer para o funcionamento har- mônico e operante de um órgão ou setor de trabalho. O destinatário é, pois, elemento de extrema importância a ser considerado em qualquer comunicação.
Clareza, objetividade e concisão
A clareza, a objetividade e a concisão são elementos que devem presidir a elaboração dos atos oficiais. Elas impedem que o
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texto do ato chegue ao obscuro e ao incompreensível e asse- guram a comunicabilidade, portanto a eficácia, da mensagem. A mensagem de uma instituição deve comunicar de modo transparente e ser o resultado de uma aspiração quase utó- pica, representada na frase de Geir Campos: Eu quisera ser tão claro que ao dizer rosa! todos soubessem o que haviam de pensar. Mais, quisera ser tão claro que ao dizer já! todos soubessem o que haviam de fazer. A padronização do leiaute e dos textos dos atos oficiais deve contribuir para essa finalidade básica: comunicar com impessoalidade e clareza. A clareza do texto, aliada à corre- ta diagramação do documento, possibilita a rápida compre- ensão do conteúdo da mensagem pelo leitor.
Para dizer só o necessário: a concisão
O autor de Grande sertão: veredas, Guimarães Rosa, assim resumiu, num insight poético: Escrever é a arte de cortar palavras. O professor William Strunk Jr., de altos estudos da língua inglesa, ensinou de modo mais extenso:
A prosa vigorosa é concisa. A frase não deve ter palavras desnecessárias nem o parágrafo frases des- necessárias, pela mesma razão que o desenho não deve ter linhas desnecessárias, nem a máquina partes des- necessárias. Isso não quer dizer que o autor faça bre- ves todas as suas frases, nem que se evite todo deta- lhe, nem que trate seus temas só na superfície: apenas que cada palavra conta (Correio Braziliense. Brasília, mar.
Esse ensinamento é válido para qualquer tipo de texto, seja ele literário ou técnico-administrativo. É a base de toda boa escrita e parece simples. Apenas parece. Alcançar um
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Estrutura complexa
Toda escrita é uma estrutura complexa. Passar da idéia ao texto exige treinamento constante. Escrever bem é escre- ver sempre. E no caso da redação oficial, é necessário co- nhecer ainda os aspectos específicos desse tipo de mensa- gem. Ela exige unidade, deve ser escrita em padrão culto de lin- guagem e seguir formalidades que a caracterizam de modo in- confundível.
Atualização permanente
O estilo da redação oficial, apesar de seus vários aspec- tos limitadores, não deve estagnar. Ele precisará estar sem- pre em atualização. O redator, ao longo do exercício de sua atividade, deverá estar permanentemente buscando a maneira mais eficiente de produzir o texto, a forma mais agradável (ela é geralmente a mais simples) de dizer a mensagem, para evitar a construção apática, as fórmulas desgastadas, a es- trutura débil. É certo que não se pode realizar uma revolução a cada escrita, mas não se pode também acomodar ao que já se tornou inexpressivo.
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Linguagem e texto
Ao redigir atos oficiais, deve-se obedecer de certa forma aos mesmos princípios de organização de qualquer outro tipo de texto para alcançar clareza na exposição e, assim, comunicação eficaz. A eficácia de que falo refere-se à capa- cidade de fazer o leitor compreender com facilidade aquilo que está escrito e mais ainda de convencê-lo, se for o caso, com o argumento dessa escrita. No manual que desenvolvi para o Tribunal Superior Elei- toral (Manual de padronização de atos oficiais administrativos. Bra- sília: TSE/SDI, 2002), em que tive o apoio da equipe de editoração daquela instituição e a crítica valiosa de muitos, dediquei um capítulo inteiro a esse tema, com fundamento em minha experiência como editor e jornalista, e nos estu- dos que desenvolvi acerca da teoria do texto, da teoria lite- rária e da comunicação empresarial. São considerações pon- tuais do que coligi de mais significativo sobre a arte/técnica da escrita, que agora apresento em resumo.
O pensamento humano se organiza, articula-se e ga- nha nitidez à medida que o indivíduo exercita a lingua- gem. Quanto mais nos esforçamos para exprimir nossas
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servirão para dizê-lo. É impressionante como raramente fa- zemos isso em nossa vida diária. O que dizemos normalmente nos sai por impulso, após um mínimo de reflexão. O mestre J. Mattoso Câmara Jr. ensina em seu Manual de expressão oral e escrita (2. ed. J. Ozon, 1966. p. 10):
A precisão lógica da exposição lingüística importa, an- tes de tudo, no problema da composição, que consiste em ajustar e concatenar os pensamentos. O próprio ra- ciocínio ainda não exteriorizado depende disso para de- senvolver-se. Antes de nos fazermos entender pelos outros, te- mos de nos entender a nós mesmos (...).
Para seduzir, ainda que em uma comunicação oficial, é preciso um mínimo de preocupação estética com o argu- mento, o que pressupõe a escolha de palavras, um agradável ritmo frasal, um tom ideal e, sobretudo, leveza. O sentimen- to estético (artístico) é inerente ao ser humano. Todos reco- nhecem uma escrita pesada e seca, às vezes ríspida; todos reconhecem de imediato uma sentença sem vida. É possível, pois, vencer a monotonia e a esterilidade de um ato administrativo com o uso de uma linguagem mais inspirada (que nem por isso deve deixar de ser adequada e objetiva). Às vezes uma única palavra muda radicalmente a forma de recepção de um texto. E deve-se levar em conta que, por si só, a correção gramatical é fator de atração. Uma escrita com erros grosseiros impõe reação à mensa- gem, depõe contra o emissor, reduz o seu status e expõe debilidade cultural.
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É ainda de Mattoso, na obra citada (p. 12), a afirmação de que a obediência às regras gramaticais se impõe por três motivos:
Em primeiro lugar, elas consubstanciam as conclusões de várias gerações de homens que se especializaram em estudar a língua e em observar a sua ação e os seus efeitos no intercâmbio social. Muitas normas e conven- ções da gramática representam uma experiência longa e coletiva em matéria de expressão lingüística, e acatá- las é seguir uma estrada batida e correr menos riscos, mesmo no âmbito da lógica da formulação. Em segundo lugar, acham-se apoiadas por um consenso geral e atra- vés delas se facilita a projeção de nossas idéias e a aceitação do que assim dizemos. Finalmente, estranho como pareça, é perfeitamente lícito afirmar que uma ati- tude de independência em face de regras gramaticais cabe de direito aos literatos, antes que aos que usam a linguagem com objetivo prático. Do literato espera-se uma visão pessoal em questões de forma lingüística, já que a língua é a sua preocupação primária e a matéria- prima de sua arte.
A gramaticalidade é essencial ao ato administrativo, mas deve-se ter cuidado com os excessos. Grandes efeitos retóri- cos e escrúpulos exagerados de gramaticalidade podem atri- buir ao texto jeito de literatura, artificialidade ou empáfia verdadeiras armadilhas à boa comunicação.
Redigir bem resulta do desenvolvimento de uma técnica de escrita que deve ser cuidadosamente adquirida. Se é pro- duto de técnica, envolve trabalho sistemático e supõe