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Roscar: a “vocação” do torno No mundo da mecânica, é inegável a im- portância das roscas: seja para fixar elementos (com parafusos e porcas), seja para transmitir movimentos (com eixos roscados). Neste livro, você já aprendeu que é possível abrir roscas manualmente com tarraxas (ou cossinetes) e com os machos de roscar. Nas peças de diâmetros maiores, o limite da força humana impede que esse método seja usado. Além disso, há sempre o problema da produtividade: para produções seriadas o ideal é usar máquinas. Se existe uma máquina que tem “vocação” para a construção de roscas, essa máquina é o torno. Nesta aula, você vai aprender como abrir roscas com o torno. Métodos para abrir roscas O torno é uma máquina muito versátil. Desde que começamos a falar sobre -le, você vem ouvindo isso. Essa fama vem da grande gama de possibilidades “e se realizar as mais diversas operações com ele. Isso quer dizer que, a partir = uma barra cilíndrica de metal em bruto, você pode obter os mais variados -erfis apenas trocando as ferramentas. Com toda essa versatilidade, existe uma operação em que o torno é mente “imbatível”: abrir roscas. Como você já estudou, basicamente, srir roscas é filetar uma superfície externa de um cilindro ou cone, ou o “erior de um furo cilíndrico ou cônico. Com isso, você obtém parafusos, rcas, fusos de máquinas... Existem vários métodos para abrir roscas no torno classificados de acordo mo tipo de ferramenta que se pode usar: [ abrir roscas com tarraxa (externas) | ou machos (internas), fixados no | desandador ou no cabeçote mó- vel, diretamente ou por meio de ar? mandril. É usado para peças de O dA pequeno diâmetro (até 12 mm). SP lê com tarraxa — commachos IB: 158 e abrir roscas com ferramentas com gume de rosqueamento (perfil), fixadas no porta-ferra- mentas. Empregado para roscas de dimensões | L e passo maiores, ou roscas não normalizadas. | te O perfil da rosca que se quer obter determina = escolha da ferramenta. Ao iniciar o trabalho deve-se considerar as dimensões do filete e a dureza do mate- | rial. As roscas pequenas e finas de material macio (alumínio, ferro fundido, bronze, latão), cujos cavacos Lo se quebram facilmente, são torneadas com penetração | perpendicular ao eixo da peça com uma ferramenta que corta frontal e lateralmente. 100º EM Cult Para abrir roscas de passo grande ou quando o material a roscar for duro ou de média dureza, é aconselhável usar o método de penetração oblíqua. Nele, um dos flancos da rosca é obtido por reprodu- ção do perfil da ferramenta, enquanto que o outro é construído pelo deslocamento oblíquo do carro de espera do torno. Isso garante menor esforço de corte, eliminando vibrações. = a ====V| A ferramenta com penetração oblíqua tem a vantagem de trabalhar com ângulo adequado de formação e saída de cavaco. Com isso, o cavaco não fica preso entre a aresta cortante e a peça eos resultados da usinagem são melhores em termos de refrigeração. ] ! | Algumas diferenças entre os dois tipos de penetra- Lo DT ção da ferramenta estão mostradas no quadro a seguir. ) CARACTERÍSTICAS COM PENETRAÇÃO PERPENDICULAR COM PENETRAÇÃO OBLÍQUA Aplicação Todos os tipos de perfis; roscas Produção em série apenas com passos até 3 mm em materiais | de roscas triangulares, com macios. passos grandes. Materiais | duros ou de média dureza. Velocidadede corte Menor ve Maior vc, execução mais rápida. Ferramentadecorte | Corte feito pela ponta da ferramenta. | Corte feito lateralmente. Menor resistência da ferramenta Maior resistência da aos esforços de corte. ferramenta devido ao modo de cortar. Maior facilidade para o corte. Acabamento e Melhor Menor exatidão Es Entre as ferramentas de abrir roscas mais usadas pelos mecânicos, são usuais os bites de aço rápido montados em porta-ferramentas, ou com pastilhas de metal duro. 140 Quando a profundidade fixada pelas normas de roscas é atingida, e por meio de verificadores adequados (pente de rosca), a abertura do filete triangular é concluída. Para abrir rosca triangular com penetração oblíqua ferramenta, o eixo longitudinal da ferramenta permanece pc Ni pendicular ao eixo da peça, mas a aresta cortante AB . ferramenta desloca-se paralelamente a um dos flancos do file porque são a aresta e o bico que atacam o material. A fim de se conseguir o deslocamento oblíquo da ferramenta, é necessár inclinar o carro superior do porta-ferramentas segundo os ângulos das rosc: Assim, para a rosca métrica ou americana (60º), i = 60º + 2 = 30º; para ros Whitworth (55º), i = 55º + 2 = 27º 30. Essas são as condições teóricas pa o deslocamento da aresta cortante. Dica tecnológica | A ferramenta deverá ter um ângulo com aproximadamente 5º menos que o perfil da rosca, no sentido do deslocamento. Os sucessivos avanços da ferramenta e as profundidades dos pass são controlados respectivamente pelo anel graduado da espera e pelo ar graduado do carro transversal. Para exemplificar uma operação de abertura de rosca, vamos descrever etapas para a construção de uma rosca triangular externa por penetraçi perpendicular. Elas são: 1. Torneamento do diâmetro: omaterial é torneado no diâmetro externo (maior) rosca. A ferramenta de corte não deveiniciar o trabalho com canto vivono toy da peça. O ideal é chanfrar em um ângulo de 45º, ou arredondar com un ferramenta própria. E O O 2. Posicionamento da ferramenta e na altu El do eixo da peça: o carro superior deve est paralelo ao eixo para posicionar a ferrame. ta perpendicularmente (90º) em relaçê à peça. | 3. Verificação do ângulo da ferramenta com escantilhão e fixação. =» + A : É 4. Preparação do torno usando a caixa de câmbio com as respectivas engr nagens para selecionar o avanço. Dica tecnológica Caso o torno não tenha a caixa de câmbio, ou a rosca não seja padronizada, é necessário calcular o jogo de engrenagens na grade por meio da fórmula: p= e Pf na qual E corresponde à relação de transmissão, Pr é o passo da rosca a ser aberta e Pf é o passo da rosca do fuso. Multiplicando-se os dois termos dessa fração por um coeficiente, obtém-se o número de dentes das engrenagens motriz e conduzida da grade. 5. 8. Verificação da preparação: e acionar o torno; e aproximar a ferramenta do material para tomar referência zero no anel graduado; * dar uma profundidade de corte de 0,3 mm; | e engatar o carro principal c deixar a ferramenta | | | | | se deslocar aproximadamente 10 filetes; | e afastar a ferramenta e desligar o torno; Pe e verificar o passo com um verificador de rosca. Retorno ao ponto inicial de corte: o retorno se faz invertendo-se o sentido de rotação do motor e com o carro engatado. Nessa etapa, dá-se nova profundi- dade de corte, controlando com o anel graduado os sucessivos passos para saber quando se chega à altura correta do filete. Isso é repetido até que faltem alguns décimos de milímetros para a medida correta do filete. Término da rosca: coloca-se a ferramenta no centro do vão da rosca e com o carro em movimento dá-se a menor profundidade de corte possível até que a ferramenta de corte encoste nos flancos do filete, a fim de reproduzir exatamente sua forma, e toma-se nova referência no anel graduado. Toda a rosca deve ser repassada com a mesma profundidade de corte. Verificação com um calibrador de rosca: o calibrador deve entrar justo, mas não for- çado. Se necessário, repassa-se a rosca com o mínimo possível de velocidade de corte, até conseguir o ajuste. Outros tipos de roscas Para abrir roscas à esquerda, o carro deve ser avançado da esquerda para a direita e o sentido de rotação do fuso, invertido. O modo de construção da rosca é o mesmo. As roscas em superfícies cônicas são construídas com o auxílio do copiador ou com o deslocamento transversal do cabeçote móvel. O eixo da ferramenta deve estar em ângulo reto em relação ao eixo da peça e não em relação à superfície do cone. As roscas internas são geralmente abertas com uma ferramenta de broquear que avança normalmente na peça. A ferramenta entra na peça em sentido oposto ao que é comumente usado para abrir rosca externa, isto é, penetra no material no sentido do operador. A profun- didade de corte deve ser diminuída, pois a ferramenta tende a se flexionar se for forçada com muita intensidade por causa da distância da ponta de apoio. 141