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Guias e Dicas
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bergamini, cecília whitaker - psicologia aplicada à administração de empresas, Notas de estudo de Informática

livro de Cecília Bergamini que aborda a Psicologia Organizacional entre outros temas relacionados

Tipologia: Notas de estudo

2018
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Compartilhado em 18/04/2018

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Psicologia Aplicada à Administração de Empresas

Palcologla do comportamento organizacional

ste texto trata dos principais aspectos da psicologia do comportamento humano nas organizações. Parte da concepção de que as questões com que se defrontam os administradores têm, o mais das vezes, forte conteúdo humano, muito mais do que simples decorrência de problemas técnicos. Noâmbrto das empresas, as questões tratáveis via ciências do comportamento seriam, assim, em número supe- rior às que se resolvem mediante ajustes que não envolvem o quadro pessoal. A ação administrativa, quer no que se refere às funções de planejamento e de contro- le, quer sobretudo no que respeita às funções de organização e de direção-motiva- ção, estaria voltada essencialmente para aspectos humanos, abrindo grande leque de aplicações para os conhecimentos desenvolvidos pela Psicologia. A orientação em que se fundamentou a preparação deste texto foi no sentido de su- gerir a validade da aplicação da Psicologia à administração de empresas, com des- taque às áreas em que as contribuições dessa ciência parecem ser mais relevan- tes. Os principais tópicos abordados são os seguintes:

  • A psicologia do comportamento organizacional. A psicologia e a busca de sintomas comportamentais nas organizações.
  • O comportamento humano: metodologia, evolução dos estudos e aplicações. O legado de Freud. As contribuições de Moreno e Lewin. O condicionamento operante de Skinner.
  • O comportamento nas organizações: os grupos, a liderança e a mo- tivação. O estilo comportamental, os pequenos grupos, o fenômeno da liderança. As principais teorias motivacionais: cognitivas, hedonistas, do instinto e do impulso.
  • A busca do ajustamento e da produtividade. O comportamento nor- mal. A frustração [10 contexto motivacional. O ajustamento e a solução da frustração. A gerência de RH e o comportamento organizacional.

NOTA SOBRE A AUTORA CEciLIA WHITAKER BERGAMINI é doutora em Administração de Empresas pela aculdade de Economia e Administração da USP, tendo sido graduada em Psicolo- gia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Sedes Sapientiae da Pontifícia Uni- versidade Católica de São Paulo. Desde 1966 é professora na Escola de Adminis- tração de Empresas de São Paulo (FGV) e na Faculdade de Economia e Adminis- tração da USP, ministrando cursos na área de Comportamento Organizacional. Vem atuando há mais de dez anos como psicóloga organizacional e atualmente é con- _ sultora de empresas. Sua principal área de especialização envolve diagnóstico de estilos comportamentais e desenvolvimento humano/orqanizacionai. Escreveu mais de três livros pela Atlas: Motivação, Avaliação de desempenho humano na em- presa e Desenvolvimento de recursos humanos - uma estratégia de desenvol- vimento organlzaclonal.

APLICAÇÃO Livro-texto para a disciplina PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO, dos cursos de Administração.

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DIREITOS RESERVADOS - Nos termos da Lei que resguarda os direitos au- li, •• prolhlda a reprodução total ou parcial, bem como a produção de apostilas a partir I. livro, de qualquer forma ou por qualquer meio - eletrônico ou mecânico, inclusive I da processos xerográficos, de fotocópia e de gravação - sem permissão, por escrito, Iltor.

OICÃO

,. tiragem - 1992

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Impresso no Brasil Printed in Brazil

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SUMÁRIO

'Prefácio, 9 "

1 A PSICOLOGIA DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL, 11 Mudança de ênfase: dos at íplcos para a normalidade, 11 O homem atual: comportamento e autoconheci mento, 13 A Psicologia e a busca de sintomas comportamentais, 15 A natureza das ciências do comportamento, 17 A Psicologia e o comportamento organizacional, 19

2 O COMPORTAMENTO HUMANO: METODOLOGIA, EVOLUÇÃO DOS ESTU- DOS E APLICAÇÕES, 22 Observações introdutórias, 22 A lógica do comportamento e a história de vida, 22 O estudo de caso: um legado de Freud, 23 O método do caso nas organizações, 24 O aspecto impalpável do psiquismo humano, 27 A observação do comportamento aparente, 27 As contribuições de Moreno e Lewin, 28 O método da observação, 29 O método da observação nas organizações, 29 A complexidade do comportamento humano, 31 Variáveis que afetam o comportamento, 31 O método experimental, 32 O método experimental nas organizações, 33 Limitações do método experimental, 33 A evolução do estudo do comportamento, 34 Corno era considerado o comportamento na Antiguidade, 35 Do Renascimento ao cartesianismo, 37

PREFACIO

Após as sete tiragens das duas primeiras edições, 'tornou-se impe- rioso que uma revisão da presente obra fosse feita, pois, a essa altura, nos tornamos irremediavelmente responsáveis pelo público conquista- do. Essa deve ser talvez a única e, quem sabe, a melhor forma de que dispõe um autor para retribuir o apoio que recebeu. É esse apoio, não resta a menor dúvida, o grande manancial em que se busca energia quando nos lançamos a um trabalho de tal envergadura. Psicologia Aplicada- à Administração começou singelamente por volta de 1968 sob forma de um conjunto de apostilas que pu- dessem auxiliar meus alunos a interligarem com maior facilidade aqueles tópicos mais significativos da Ciência do Comportamento apli-

. cada ao contexto àrganizacional. Não apenas a partir das contribuições feitas pelos próprios alunos, como também em razão do volume de obras publicadas dentro desse campo, os sumários iniciais acabaram sendo enriquecidos, transformando-se, em 1973, na primeira edição deste livro. A rapidez com que novas pesquisas têm surgido nesses últimos cinco anos trouxe novas luzes que não poderiam ser menosprezadas ao se pretender uma atualização quanto à forma de compreensão dos desafios, das motivações e dos problemas do homem em situação de trabalho. O assunto tem enfeitiçado tantos bons profissionais de gran- de valor cientfflco, que se chega a ter a impressão de que, ao deixar de lê-los pelo simples espaço de seis meses, já não mais se conseguirá recu- perar o tempo perdido na marcha necessária ao constante aperfeiçoa- mento didático. Quando nos sentimos impelidos a rever uma edição de um livro de formaç~o é porque percebemos o quanto antigas idéias evolufram 9

Nestas últimas duas décadas, cada vez mais o ser humano tom chamado a atenção dos estudiosos e merecido cuidadosos estudos íI fim de que possa ser mais bem conhecido sob todos os aspectos qu lhe são peculiares. É sobretudo do ponto de vista comportamental que muito se tem escrito e lido sobre o assunto. Não há a menor sombra de dúvida de que todos procuram conho- cer-se melhor a si mesmos e aos outros com os quais convivem, quer nu situação individual, social ou organizacional. É bem por essa razão qut se pode entender o quanto as ciências do comportamento estão apa recendo entre aquelas que despertam maior interesse. Muito esforço se tem feito para que tal acervo de conhecimentos venha cada vez mais encontrar-se à mão das pessoas para que elas possam resolver os seus problemas do dia-a-dia. Concretamente, nós mesmos, nossos amigos, nossos parentes, nossos colegas de escola e de trabalho, nossos superio res e subordinados constituem exemplos vivos do nosso grande into resse sobre o assunto.

A medida que as pessoas estejam procurando cada vez mais infor

mar-se sobre o assunto, as ciências comportamentais vêm deixando ti se qualificarem como aquele conjunto de conhecimentos voltados apenas ao estudo dos seres atípicos ou pouco comuns, tais como os débeis mentais, os neuróticos, os psicóticos e os gênios. Está-se perco bendo que tal enfoque do tema não cobre senão parte do objeto d( pesquisa de uma das mais significativas áreas de estudo do comporto mento humano que é a Psicologia. '1 '

ampliando a abrangência daqueles paradigmas anteriormente postula- dos de forma mais restrita. Em sã consciência, não se pode deixar de transmitir tudo isso àqueles que, mesmo não sendo pessoalmente co- nhecidos pelo autor, são por ele gratamente estimados e respeitados. É preciso que o leitor, saiba o quanto e o como todos aqueles as.suntos tratados em nosso trabalho inicial foram sendo reestudados com o pas- sar do tempo. É este em grande parte o objetivo desta terceira edição totalmente reformulada. Outro objetivo que procuramos atingir foi o de acrescentar al- guns tópicos cuja ausência empobrecia a visão mais completa de as- pectos importantes do comportamento organizacional. Tendo sido reescrita em sessenta por cento do seu conteúdo, a presente edição deteve-se num exame mais profundo da Metodologia, Evolução dos Estudos e Aplicações da Psicologia apresentados no Capítulo 2. Por sua vez, o Capítulo 4 introduz no livro um temário novo, focalizando a Dinâmica do Relacionamento Interpessoal nos Pequenos Grupos, re- vendo os principais pressupostos do Fenômeno da Liderança e dando um novo desencadeamento a esse aspecto tão crucial do comporta- mento humano que é o da Motivação.. Finalmente, perdurou durante todo o trabalho de atualização e ampliação desta terceira edição a vontade de enriquecê-la o máximo possível com exemplos verdadeiros ocorridos durante vários anos de experiência prática dentro de empresas brasileiras. Nosso intuito aqui é o de poder oferecer alguma contribuição, por modesta que seja, à construção de um roteiro de conhecimentos básicos que facilite com- preender como as pessoas norteiam seus comportamentos dentro das nossas empresas. A todos os meus críticos que são os meus leitores amigos o meu muito obrigada.

~

A PSICOLOGIA DO 1.

COMPORTAMENTO
ORGANIZACIONAL

MUDANÇA DE ENFASE: DOS ATfplCOS PAR'A A NORMALIDADE

A Autora.

rn freqüência, percebe-se que as pessoas parecem ter uma capa, Idade multo grande de inventar uma infinidade de coisas que as tor- rn duenecessárias e infinitamente infelizes. Ao servir-se de conheci- ntos mais clentfficos a respeito de si mesmo, o indivíduo tem maior lbllldade de encarar-se de forma mais inteligentemente avisada, montando suas possibilidades de ser mais feliz, uma vez que tenha Ido mais adequado ao comportar-se. Se estados de mal-estar físico usados por uma doença qualquer determinam um comportamento iclente, como, por exemplo, falta de atenção, estados psicológicos radáveis, semelhantemente, incapacitam o indivíduo, reduzindo produtividade. Como c'iêntia afeta ao estudo do comportamento humano, a Icologia é, hoje, mais acessível às pessoas em geral e seus conceitos despiram de uma retórica científica de diffcil apreensão, para re- tratar com maior simplicidade a realidade existencial do dia-a-dia de da um. Num sentido bem mais amplo, sabemos que todos têm problemas consigo mesmos e podemos estar certos de que a existência de tais pro- blemas internos não significa, necessariamente, anormalidade psíquica. Toda uma sobrecarga de difig~_ades, dúvidas e conflitos impõe-se normalmente a cada um de nõs em nossas atividades cotidianas. Os problemas e situações -desa!'jradáveis exigem que cada um empregue

recursos a fim de colimar soluções mais confortáveis. E claro que o

.esforço para consegu ir tais sol uções pode vi r a precipitar desgaste psicológico e determinar uma espécie de esvaziamento de energia psí- quica, dando lugar a uma sensação interna de pressão, consumidora do tônus vital, objetivamente constatável sob forma de apatia e perda de motivação. A compreensão desse desgaste reacional fica mais fácil se obser- vamos que, assim como os obstáculos do mundo físico consomem energia, requerendo a intervenção de qualquer tipo de força para se- rem suplantados, no mundo psíquico também o mesmo acontece. Uma vez que alguém se vê diante de um impasse, há que reagir para livrar-se da situação conflitiva e nesse momento o reduto de forças internas é solicitado a entrar em ação, para que providências sejam to- madas com. vista à solução do problema, daí o desgaste interno. ' A cada comportamento há que se fazer com que o reduto de re- cursos pessoais seja utilizado. Isso não quer dizer que tais recursos se esgotem definitivamente; pelo contrário, eles vão recompondo-se e a cada obstáculo vencido a pessoa sente-se como que realimentada em seu próprio eu e mais predisposta a enfrentar novas e futuras etapas de 14 vida. Caso não possa fazê-Io sozinho, deve compreender que precisa

de ajuda. Na atualidade, grande número de pessoas já consegue detec- tar o momento em que o auxílio de um especialista se faz necessário e por iniciativa própria o procuram, sem se atribu írem erradamente a conotação de pessoas fracas. Há pouco mais de uma década muitos se ofendiam quando se Ihes recomendava que procurassem um psicólogo ou psiquiatra e, como defesa, apresentavam a inevitável resposta: "A inda não estou louco".

A PSICOLOGIA E A BUSCA DE SINTOMAS COMPORTAMENTAIS

A psicologia tem deixado de ser apanágio de catedráticos e espe- cialistas no assunto, e pessoas mais esclarecidas já compreendem que, conhecendo um pouco sobre o assunto, o comportamento humano torna-se mais significativo. Elas estão em condições de ir além do mero significado aparente do comportamento humano e procuram não em- barcar tão facilmente na observação superficial dqs outros, o que não raro leva a percepções distorcidas a respeito da real-maneira de ser de cada um. Foi principalmente a partir dos estudos psicanal íticos feitos por Freud, falecido em 1939, que se tem procurado ir um pouco além dos sintomas cornportarnentais aparentes. Não se trata de justificar, mas de tentar explicar melhor as reações humanes.para que se possa chegar o mais próximo possível dos reais "Porquês" da conduta humana. De outra forma, muitos comportamentos fndesejáveis levam a simples co- notação de má vontade, falta de educação e assim por diante. É preci- so compreender que a iD!enC;:~9primeira de cada pessoa é a de ser produtiva. Se isso não ocorre no seu trabalho, na sua vida familiar, na sua carreira escolar e assim por diante, é porque essa pessoa deve estar acumulando dentro de si alguma inadequação pessoal. Se nos-lembras- semos de que toda pessoa-problema para nós é antes de tudo um pro- blema para si mesma, a convivência e o entendimento entre todos fica- riam mais fáceis, e muito sofrimento advindo de desencontros pessoais poderia ser evitado. ' A título de exemplo, ilustrando o fato de que existem sempre boas razões pessoais para determinadas condutas que julgamos indese- jáveis, há casos narrados pela psicologia aplicada à situação empresarial que muito 'bem ilustram a importância de se compreenderem os reais porquês dos fatos. Eis um desses casos: Já fazia um ano que uma grande empresa se preocupava com o fato de ter de substituir um supervisor de uma das áreas mais importantes e ne- vrálgicas para o seu funcionamento. A princípio isso parece um aconte- cimento rotineiro, mas esse fato estava apresentando algumas complica-

ções que, de momento, não pareciam ter uma solução simples. 15
r

u,,',.,,'~.~~

81 B LIOTECA

iposentadoria não tinha à sua volta nenhum colabora- 11 ti rnlnlma condição de substitu í-Io e assumir o seu

era grande, mas teve medo que a empresa julgasse sua recusa pela chance oferecida como falta de interesse e assim, quase que à força e enfrentan- do grandes conflitos pessoais internos, acabou assumindo o cargo, tão desejado por outros, mas não por ele. Como chefe afastou de perto de si todos aqueles que poderiam um dia tomar o seu luqar. De forma não consciente, escolhia para seus colabo- radores pessoas muito .pouco capazes, além de fornecer-Ihes um treina- mento bastante precário. É fácil imaginar como chegou a sobrecarregar- -se de trabalho, uma vez que, além de ter de dar conta de suas próprias atribuições, era ininterruptamente abordado por seu pessoal, não muito capaz e pouco preparado, pois era necessário estar presente e prestar aux ílio todas as vezes que situações mais difíceis e menos rotineiras sur- giam. Foi assim que o funcionário analisado acabou exaurido e sem pos- suir ninguém que pudesse arnpará-lo ou substltuí-lo em seus impedimen- tos pessoais.

16

Inll1pu pessava sem que a diretoria da organização conseguisse ati- "Ar COIll uma boa solução para o problema. O velho chefe de seção, já 1,,\ 0110 unos sem férias, vinha a cada dia apresentando sintomas' de IIInço crescente e, conseqüentemente, perdendo aos poucos, mas vi- lvelrunnto, a antiga eficiência que lhe era costumeira, .1" uru tardo demais quando o exame da história de vida do nosso ho- 11111111 uxpllcou a forma como uma série de acontecimentos pertencentes un vida particular se ligavam uns aos outros para determinar aquele tipo do conduta final, que custou à direção da empresa muita preocu- pnçlio, dissabores e outros problemas, dos mais variados tipos. Caso esse tudo já tivesse sido feito antes, poder-se-ia ter prevenido toda uma série do incidentes que no final foram prejudiciais a todos, isto é, ao próprio Interessado, a seus subordinados e à organização como tal. Há fatos que, colocados juntos, fazem muito sentido. Primeiramente, quando menino, passara cinco anos como filho único, constituindo-se no centro das atenções da maioria dos membros de uma numerosa famí- lia. É nessa altura de sua vida que chega um irmão e sua fam ília, de ma- neira muito pouco hábil, transfere as atenções, que antes lhe pertenciam, para o novo herói; nosso pequeno chefe sente-se destronado ao ver-se tão irremediavelmente esquecido.. Ainda enquanto criança, o ocorrido passa a refletir-se na sua vida esco- lar, mostrando-se ele visivelmente irritado diante da contingência de ter de concorrer com colegas de classe. Já 'não lhe era mais confortável sentir- -se em evidência e expor-se novamente a possíveis perdas. Coerentemente, sua adolescência seguiu a mesma tônica evidenciada por uma atitude de contfnua fuga, por exemplo, as competições esporti- vas, nas quais poderia colocar em xeque o reconhecimento de todos. Como é fácil notar, perdura a dificuldade de lidar com a poss ível perda do primeiro lugar. Como adulto, em sua vida de trabalho, mostrou-se um elemento exces- sivamente submisso, enquanto subalterno, fazendo uma carreira marcada por um comportamento principalmente eficiente, mas não eficaz, isto é, correspondera ao que dele era esperado em situações habituais, mas nun- ca fo'ra um tomador de decisões em situações problemáticas. Continuando com sua peculiar dificuldade em lançar-se em situações competitivas, preferia não ser percebido, vivendo um dia-a-dia sem grandes altos e baixos. Eis que, como funcionário de mais tempo de casa, foi erradamente escolhido como supervisor do setor em que h.á tanto tempo trabalhava. Involuntariamente, foi colocado em destaque. Seu desconforto pessoal

A NATUREZA DAS CIÊNCIAS DO COMPORTAME'NTO

Diferentemente das ciências exatas, a lógica das ciências compor- tamentais rege sua orientação ao desencadear raciocínios, pautando-se por fatos pertencentes à história de vida de cada um. !: dessa forma que, a não ser rarissimamente, essa ciência fornecerá postulados uni- versais e leis rígidas. O ser humano vai passando por experiências pes- soais que vão marcando indelevelmente sua história de vida, quer na infância, quer na 'adolescência, e mesmo na fase adulta. É por isso que se considera que cada um seja o resultado das suas características inatas e das experiências vividas. Atentando-se cuidadosamente' para esses fatores e considerando-os por sua coerência intrínseca, será pos- sível conhecer e explicar mais sistematicamente aqueles dados que caracterizam a realidade do comportamento de cada um. Como não há bagagem inata idêntica e tampouco experiências de vida exatamen- te iguais, é possível chegar à conclusão sobre a diferença mais caracte- rística entre as ciências exatas e as ciências comportamentais. No tocante às ciências exatas, torna-se impossível emitir opiniões -e crenças, pois uma demonstração numérica poderá refutá-Ias fulmi- nantemente; assim, ninguém se arrisca, pois seria fácil demonstrar sua ignorância. Com relação às ciências do comportamento, mais ampla- mente denominadas ciências' sociais, tais como a psicologia, a sociolo- gia, a pol ítica e outras, o caso é bem outro. No geral todos têm cora- gem suficiente para explicar e i'I1terpretar os fatos, defendendo ardoro- samente seu ponto de vista, em que pese ter sido formado de observa- ções esporádicas e precariamente apoiadas numa investigação mais

criteriosa de dados empíricos. 17

I Em seu livro Princípios de administração cientffica, procurou combater a atitude desorganizada de administrar, propondo maior sis- tematização, e como resultado acreditava que se poderia chegar a múltiplos benefícios, como propõe no final de sua obra: "O baixo custo da produção, que resulta do grande aumento de rendimento, habilitará as companhias que adotaram a administração cien- tífica e, particularmente, aquelas que a instituíram em primeiro lugar, a competir melhor do que antes e, com isto, ampliarão seus mercados, seus homens terão constantemente trabalho, mesmo em tempos difíceis, e ganharão maiores salários, qualquer que seja a época. Isto significa aumento de prosperidade e diminuição de pobreza, não somente para os trabalhadores, mas também para toda a comuni- dade. Como, elemento incidente neste grande benefício à produção,' ca- da trabalhador é sistematicamente treinado no mais alto grau de eficiên- cia e aprende a fazer espécie mais elevada de trabalho (a qual não conse- guia sob as antigos sistemas de administração), ao mesmo tempo que ad- quire atitude cordial para com seus patrões e condições de trabalho, en- quanto antes grande parte de seu tempo era gasto em crítica, vigilância suspeitosa e, às vezes, franca hostilidade. Este benefício generalizado a todos os que trabalham sob o sistema é, sem dúvida, o mais importante elemento da questão. ,, A escola da Administração Científica trouxe sua contribuição inegável num momento em que a Revolução Industrial se encontrava em grande efervescência. Sem dúvida alguma, ela atendeu a necessi- dades básicas do homem em termos de mover maior .conforto físico e....maior segurança em situação de trabaÍhÜ. Seu autor não teve, toda- via, tempo suficiente para ir mais a fundo quanto ao exame dos mo- tivos intrínsecos e de ordem mais íntima daqueles que passam a maior parte de suas vidas dentro do ambiente de trabalho. Assim, a tão al- mejada atitude cordial, a perda da atitude crítica, a vigilância suspei- tosa que poderia chegar até à franca hostilidade não desapareceram como Taylor esperava.

Com o passar dos tempos, soluções generalistas começaram a

se mostrar inoperantes .. pois as pessoas que trabalham não são iguais e, portanto, não respondem da mesma forma a um padrão de trata- mento. A psicologia do comportamento organizacional tem atualmente como objetivo precípuo aprofundar-se no estudo do homem em si- tuação de trabalho de forma menos generalizada. Leavit focaliza bem 20

  1. TAYLOR, W.F. Princlpios de administração cientttice. 2. ed. São Paulo, Atlas, 1976,

p. 128 esse campo de estudo quando diz: "Todos parecemos fazer aluullIlI espécie de generalização acerca de pessoas, e isso é Importante no ti cidir o que é 'prático' e o que é 'apenas teórico'. Os administrador! têm a reputação de ser práticos e objetivos, reputação que os novato podem equiparar erroneamente a uma forma de pensar inteiramonu concreta e não genérica. Sem embargo disso, os enunciados quo ucl ma transcrevemos são extremamente gerais, extremamente teóricos. Poderão expressar uma teoria de escasso valor, mas indicam a noc; sidade de generalizações teóricas, que sirvam de base às ativldadr práticas. Uma teoria psicológica -qualquer é tão necessária ao adm nistrador que lida com problemas humanos, quanto o é uma teoria elétrica e mecânica ao en enheiro ue lida com roblemas de máqLJ nas. em a sua teoria, o engenheiro não poderá diagnosticar a falha do mecanismo quando a máquina para, nem poderá pré-avaliar os eteito .. de uma mudança sugerida no desenho. Sem uma teoria psicolóçica, o administrador não compreenderá o significado das bandeiras vermelho da desordem humana; nem predirá os efeitos prováveis das mudanças que se pretendem fazer na organização ou na pol ítica de pessoa~ 17f Se o "bom-senso" se tem mostrado como ingrediente necessário para a compreensão do comportamento humano em situação de tr balho, perante um julgamento mais crítico, ele não pode ser caractcrl zado como suficiente. A pesqu isa sistemática deve, dentro dossr campo de estudo das ciências comportamentais, fundamentar as teorias que, por sua vez, apresentam viabilidade de comprovação prática a qualquer momento. Os enunciados aos quais Leavit se refere são típicos dos psic logos de algibei ra e comumente surgem em conversas informais Oll mesmo reuniões importantes; são as seguintes: "As pessoas são basl camente pregu içosas" ou "as pessoas só querem uma oportunidade para mostrar o que são capazes de fazer". "Tenha sempre cuidado com um executivo que perde as estribeiras" ou "tenha sempre de olho o homem que nunca perde a calma". "Um bom vendedor vende própria imagem antes de vender o seu produto" ou "um bom pr duto vende-se por si só". "Se dermos um dedinho a uma pessoa, ela quererá o braço inteiro" ou lia bondade gera a bondade". "Os homens precisam saber exatamente quais são suas tarefas" ou "os homens trabalham melhor quando podem escolher suas próprias tarefas", Ao ler as frases enunciadas anteriormente qualquer pessoa loqo se lembrará de uma exceção a tais regras e isso levanta o fato de quilo frágeis são tais argumentos para que sejam universalmente aceitos I aplicados.

  1. LEAVIT, H.J. Psicologia pere administradores. São Paulo, Cultrix, 1972. p. 14,

2

o COMPORTAMENTO HUMANO:

METODOLOGIA, EVOLUÇÃO DOS
ESTUDOS E APLICAÇÕES

OBSERVAÇÕES INTRODÚTÚRIAS Considerando-se determinado incidente, como, por exemplo, a parada de um elevador entre um andar e outro de um prédio por falta de energia, poderemos observar com facilidade que cada um exibe um comportamento diferente, isto é, reage ao mesmo fato de manei- ra individual e própria. Um dado tão evidente como esse faz ressaltar o aspecto das di- ferenças individuais de comportamento e tem chamado atenção dos estudiosos. Todavia, em que pese ser tão notório, sua explicação não tem sido fácil, e isso determinou a necessidade de se proceder a um número quase que incontável de pesquisas, teorias e explicações a res- peito do tema. Se não é difícil notar os diferentes comportamentos entre as pessoas, também não é tão simples descobrir suas reais causas. A ambigüidade do estudo da psicologia se deve a três principais causas:

/

1.a lógica do comportamento humano,

  1. o aspecto impalpável do psiquismo humano;
  2. a complexidade do próprio comportamento.

A LÓGICA DO COMPORTAMENTO E A HISTÓRIA DE VIDA

Do ponto de vista da lógica do comportamento humano, ~ pre- ciso ficar bem claro que nem sempre dois mais dois serão necessaria- mente quatro. Com isso se pretende advertir que os estudos sobre esse assunto não podem ser calcados nos modelos metodológicos uti- lizados pelas ciências exatas. Em determinado momento da história da psicologia os estudiosos

22 acreditaram que o atraso dessa ciência diante das descobertas feitas

pela física, qu ímica e matemática era devido ao enfoque por elo li! lizado, que divergia daquele seguido pela metodologia utilizada pulu ciências exatas. Até então a psicologia estava impregnada de flloso fia, e um dos seus objetivos principais era caracterizar a natureza hu ~ana.!- q~::.:I~su:.a:....;:o:.:.r.:.;ig2.:e:::.m:..:....;e::,-:..f.:..:.in;:::.s~u::.':..:ltc:..:.im~o=s.Como se pode concluir, ostav eivada de conceitos morais.. Na tentativa de abandonar esse tipo de enfoque, foi em 1860 qu: Fechner publica E/ementas de psicoitsice, onde demonstra como fll zer medidas precisas dos eventos e quantidades mentais, bem como o modo pelo qual as quantidades psíquicas se relacionam com as f( sicas. A partir desse livro estava lançada a pedra fundamental da .~sl cologia Experimental, que teve em Wundt a sua maior expressão, tru ba Ihando no seu laboratório da Universidade de Leipzig, em 18 "A abordagem de Wundt à psicologia era rigidamente sistemática I lógica. Tinha lugar para tudo, classificava os fenômenos e os métodos em categorias claramente delimitadas e formulava princípios aros peito de como as várias classes se relacionavam."! 9uase todos os pus quisadores do comportamento, durante essa época, procuravam usar uma abordagem matemático-dedutiva ou hipotético-dedutiva, pr ·pondo o estabelecimento sistemático de hipóteses para posteriormen te proceder a uma rigorosa dedução a parti r delas. É fácil entender que essa forma de estudo do comportamento humano não teve vida longa, em que pese ter sido uma experiência excitante, pois, uma vez descobertas as leis que regiam o psiquismo humano, o comportamento poderia ser previsto e não haveria mais segredos sobre o assunto. Logo outros estudos foram feitos mostrando que o nexo entr os fatos humanos se estabelece de maneira diferente daquela previstn Por regras prefixadas; portanto, ê,xtrínsecas às características pró Qrias de cada um. A relação causa e efeito não é tão rigorosa quanto _sepoderia, a princípio, pensar. São exemplos típicos da lógica própria da vida psíquica o fato du que duas crianças superprotegidas não necessariamente apresentarão o mesmo comportamento na fase adulta, seja ele de submissão ou de' revolta contra essa atitude materna. Por outro lado, o mesmo sint ma, como o é o alcoolismo, se estudado em duas pessoas diferentes, provavelmente evidenciará duas histórias não idênticas ou, mais sim plesmente, apo-Q.tará causas diferentes. [O estudo de casos: um legado de Er:e.wi.J!: importante não os quecer que a lógica humana segue leis próprias e utiliza modelos esrx ciais. Foi principalmente Freud que, durante as três primeiras décu

  1. WE RTHE IMER, M. Pequena hist6ria da psicologia. São Paulo, Nacional, 1977. p. 8~.

h'"II,ullI "mil umu ontrevista, Dona Marina contou que, antes da 11111111"ltuVII, sempre havia ocupado funções de auxiliar de escrl- 111 I1I(llIrllfu. Em uma delas havia-se negado a assumir funções de lu.rrllUAdA dll sorvlco porque as pessoas que deveria supervisionar eram IlImlllllol dll dl! (ell convivência e ela não estava disposta a criar proble- 111.1 humnllos com colegas de trabalho. Contou também ter abandonado ludos 110 sopundo ano técnico de Contabilidade, pois estudar não Ih" IItn lI\ell sentia significativa dificuldade. Preferia trabalhar, pois no I,"hlllho os problemas a resolver eram simplese não exigiam muito es- llItl;lI Intelectual. No momento atual estava sentindo-se muito mal como upnrvlsoru, embora tivesse feito todo esforço para chefiar da melhor IUtlll1l posstvel. Sentia que não tinha jeito para a função, que seus subor- dlnndos não a obedeciam de bom grado e que as coisas não iam bem, nmboru não pudesse saber ao certo por quê. um exemplo de história de vida profissional, que resume nteclmentos atuais e dados de vida anteriores ao trabalho atual. Os montes da história levam a pressupor uma dificuldade pessoal em umir postos de chefia. Trata-se de um tipo de funcionário que pas- toda a sua vida, muito confortavelmente, assumindo a posição de rdinado e executante de ordens, mas nunca como responsável upervisão, função que inclui intenso relacionamento interpessoal, lução de situações mais complexas e fora de rotina. Se a essa his- ria de vida se acrescentarem os resultados de testes psicológicos, eles verão confirmar as hipóteses diaqnósticas levantadas. Assim como na psicologia clínica, o método do histórico de caso inclui, muitas vezes, entrevistas com demais pessoas ligadas ao pacien- te (familiares, por exemplo). A psicologia empresarial envolve também coleta de opiniões de colegas de serviço, supervisores diretos e indire- tos, para que se obtenham comprovantes da fidedignidade dos fatos narrados pela pessoa com problema. Muitos sintomas, também conhecidos como síndromes sem ex- plicação atual e aparente, tais como manias de perseguição, insegu- ranças e medos injustificados, condutas negativistas e muitos outros, só podem ser compreendidos uma vez que se conheça a h istória de vidas dos seus portadores, a fim de se encontrar a linha que liga os fatos através dos tempos e seja explicada a atitude atual.. O profissional que levanta a história de vida do indlvíduc, neces- sariamente psicólogo, precisa além de conhecer muito bem como fazê-lo, dispor da habilidade em manejar as técnicas de aconselhamen- to psicológico, para poder fazer o encaminhamento terapêutico con- veniente. Há que conhecer bem os postulados da psicopatologia, pois a orientação psicológica, em geral, inclui lidar com distúrbios de com- duta e significativas dificuldades emocionais. Tirar simplesmente a história de vida de uma pessoa portadora de problemas não resolverá

seu desajustamento, é necessário interpretá-Ia e planejar medidas pcs- teriores que venham a propiciar o replanejamento de estratégias com- portamentais futuras que devolvam ao indivíduo o seu equil íbrio in- terno.

o ASPECTO IMPALPÃVEL DO PSIQUISMO HUMANO

Outra grande dificuldade que se apresenta no decorrer do estudo do comportamento humano ~, sem dúvida. o aspecto impalpáve,1 do

siguismo humano. Tentar localizar funções psíquicas, tais corno in.-

teligência, emoções, memórias e muitas outras, de forma mais especí- fica, em determinadas regiões do corpo humano, é.tarefa.que. do pon- to de vista da ciência, ainda não conseguiu lograr êxito digno de nota. Não se pode negar que estudos desenvolvidos pela farmacologia permitiram concluir que determinados comportamentos podem ser tanto estimulados como inibidos por determinadas drogas. Semelhan- temente, os avanços nos estudos desenvolvidos pela neurologia tam- bém justificam muitos sintomas comportamentais que até então eram considerados como originários tão-somente. da vida psíquica. O mes- mo se dá com o aprofundamento das pesquisas dentro da área da fisio- logia ou do funcionamento dos diferentes órgãos que compõem. o corpo humano. , Tais avanços da medicina parecem estacionar em determinado ponto. Se, por exemplo, há drogas capazes de diminuir es~ados an- siosos, nota-se que, durante o tempo em que o individuo ,está sob o efeito de tal medicamento, ele consegue recuperar. seu.equil íbrio: no entanto, findo .tal efeito, na maioria dos casos, voltam os sintomas ansiosos. A cura desses estados só tem sido possível com a conjugação de um tratamento medicamentoso e psicoterápico. A droga age, por- tanto, como coadjuvante do tratamento, que deve ser complementado por uma atuação específica do especialista ou psicoterapeuta. tA observação do comportamento aparente.1 Parece impossível estudar. pelo que acabamos de ver, a vida psíquica de forma imediata e direta. É por isso que, sob vários aspectos, para melhor compreender aquilo que se passa internamente a cada um, a principal via de acesso é a da observação do comportamento aparente. Em grandes linhas aquilo que se pretende é observar e estudar slsternaticarnente o com- portamento humano, buscando inferir características próprias a cada um que esteja por trás da maneira de ser aparente das pessoas, para que se possa atingir a interpretação do significado desse comportamen- to. Por exemplo, constata-se que alguém enrubesceu de repente (com- portamento objetivo); infere-se que deve-ter havido algum'fãtodeSã-

26 ~gradável^ (interpretação^ do^ fato).^ O chefe^ que^ dá^ com^ os^ punhos^ vio-^27

, Unlnr.lcI.i. •• Ijr•• iU.

BIBLIOTECA

h",lwnol1tu um cima de sua mesa está evidenciando seu desagrado por IUlHIIIl coisa. O pesquisador que trabalha com a técnica de observa- do comportamento em geral passou por um treinamento muito lntnnso, no sentido de conseguir ser capaz de observar o fato em si, lesplndo-o das distorções oriundas das suas próprias lentes individuais 1M purcopção. m virtude do fato de que em muitos casos só se consegue co- nhncor os aspectos internos das pessoas mediante a observação do seu nnportamento aparente, o estudo da psicologia em muito se tem ser- vido do mótodo da observação. As contribuições de Moreno e lewin.{Em grande parte, o traba- lho desenvolvido pelos psicólogos que se dedicam a pesquisas junto 10 campo da psicologia social é feito apartir do método da observa- 9.: Um exemplo marcante disso é o trabalho desenvolvido por Jacob evi Moreno quando lançou as bases de uma nova ciência conhecida Gomo sociometria. Com tais estudos, consegue mostrar que há uma dinâmica interna totalmente diferente entre os grupos formais (~ dade externa), facilmente observáveis, pois levam em geral o caráter oficial, e aquela dos grupos informais (realidade social). Observando formação dos pequenos grupos, descobriu que as pessoas escolhiam c rejeitavam determinados indivíduos, e isso o levou a constituir o teste sociométrico, no qual solicitava que cada um escolhesse aqueles com quem gostaria de trabalhar e nomeasse aqueles que rejeitaria em tal situação. Com o resultado desse teste, montou o que chamou de sociograma. A importante conclusão de Moreno é que: "Isto nos leva a dis- tinguir, em um sistema sociométriwJrês processos: a realidade ex- terna da sociedade, a realidade interna da matriz sociométrica e a realidade social propriamente dita."? E fácil reconhecer a importância desses três conceitos dentro do contexto da sociedade organizacional, como, por exemplo, a explicação de conflitos surgidos entre grupos formais e informais de trabalho. "Os conflitos sociais e a tensão social ~umentam em proporção direta com as diferenças sociodinâmicas que colocam em oposição a sociedade oficial e a matriz sociornétrica.""

Não se pode deixar de lembr~r o-grã-nde psicólogo social Kurt

Lewin que, a partir da sua conhecida Teoria de Campo, propõe prin- cipalmente que cada indivíduo em si seja um campo de forças e que ele se acha inserido em outro campo de forças que é constituído pe- lo grupo social. Seus estudos inicialmente tiveram o objetivo de des- cobrir como os pequenos grupos poderiam tornar-se fortes e sobrevi- ver a pressões de grupos maiores. Lewin pretendia encontrar uma for-

  1. MORENO, J. L. Fundamentos de Ia sociometrie. Buenos Aires, Paidós, 1962. p. 74
  2. Ibidem. p. 74.

ma através da qual os grupos de judeus, neste caso, pequenos, pudes- sem sobreviver à perseguição nazista. Com tais estudos, é hoje prati- camente conhecido como o pai das teorias sobre dinâmica de peque- nos grupos. lewin propunha que: "tendo as situações sociais sua pró- pria dinâmica, as atitudes de um indivíduo, em um dado momento, são função de sua relação dinâmica com os diferentes aspectos da situacão social aue ele assume de boa ou má ..~+~..J~ "

O métodOdaObservação) Como muitos fenômenos de compor- tamento humano não podem ser experimentalmente comprovados e estudados, ou porque foqernaos princípios da experimentação ou por- que são constitu ídos de fatos que se espalham ao longo de grande lapso de tempo, lança-se mão do método da observação .. Nesse método, procede-se a uma culQadosa observacão e registro sistematizado dos dados em estudo. Ele tem sido particularmente uti- Iizado pelas ciências sociais, nos casos em que é necessário não só es- tudar acontecimentos que incluem grande número' de 'participantes, mas também como se desenrolam ao longo de diferentes épocas. Q método da observacão vai ao campo onde se processam os fe- nômenos, em lugar de trazer o experimentando Rara o laboratório. Nesse sentido, ele não deixa na pessoa que está sendo observada a im- pressão de ser uma "cobaia de laboratório"; portanto, sua conduta será muito mais natural. O método de observação nas orgamzaçoes. Em psicologia aplica- da à empresa, esse tem SI o o método mais freqüentem ente utilizado. [2s importantes pesquisas de motivacão no trabalho e moral dos em- pregados são feitas por meio de observaç.ã.Q, quer com entrevistas in- dividuais quer coletivas ou com preeocbimento de que~tionários. Nes- se sentido, consegue-se conhecer qual a necessidade do trabalhador que não está sendo atendida naquele momento - portanto, qual a motivação pessoal que está sendo frustrada e ocasionando baixo nível de satisfação para com a empresa em si. Muitos estudos sobre características de liderança têm também partido do minucioso exame da conduta de chefes bem sucedidos, para, a í, determinar quais as constantes de comportamento ou carac- terísticas individuais comuns a eles. O método da observação tem também sido particularmente útil nas pesquisas de mercado, onde se colhem opiniões dos consumi- dores sobre suas motivações de compras. Sabe-se que em muitos supermercados americanos são instalados aparelhos de televisão que colhem expressões e atitudes em geral dos compradores, para se saber quais os elementos que mais chamam a atenção e os levam a comprar

  1. LEWIN, K. Experiment in social space. Harvard Educational Review, 1 (9): 21. 29

urqom os estudos sobre hereditariedade de características psicológi- :05. Até o momento, esse tipo de estudo não tem conseguido isolar, :01Tl precisão, aquelas características que podem ter sido determina- Jus já no ato da concepção, as que são oriundas das experiências da vida intra-uterina, as vivências adquiridas pela experiência do momen- to do parto e finalmente as demais adquiridas após o nascimento. O método ex erimental.! Uma tentativa de. conseguir suplantar di iculdades no estudo das ciências comportamentais, em virtude de sua complexidade, foi a utilização do método experimental: "Ao procurar utilizar-se do método experimental, o psicólogo está ado- tando a abordagem da ciência natural para a compreensão dos fenô- menos. O objetivo básico dessa abordagem é descobrir as condições ~~tecedentes necessárias para que um evento possa ocorrer."S Des- sa forma, a vantagem reside no fato de se poder determinar com pre- cisão quais as condições exatas que levam a determinado comporta- mento. Com tal método de estudo, portanto, poder-se-a concluir que todas as vezes que certas situações existirem, necessariamente ocorrerá um comportamento e não outro. Uryl dos aspectos mais importantes do método experimental ~ side na possibilidade de exercer absoluto controle sobre as variáveis que circundam o elemento que está sendo estudado. A elas se atribui a denominação de "variáveis independentes", pois não é controlada nenhuma relação entre as mesmas. Como' elas devem afetar o compor- tamento do objeto que está sob experimentação, as características comportamentais desse objeto são conhecidas como "variáveis depen- dentes", pois qualquer variação nas primeiras determinará uma modifi- cação nessas últimas. _ É exemplo típico da utilização do método experimental o tra- balho de Pavlov que o levou a descobrir O que denominou de Reflexo Condicionado, a partir das experiências realizadas com cães. Dentro do campo da psicologia, Thorndike também realiza um trabalho expe- rimental com gatos que o leva a enunciar a Lei do Efeito. O trabalho mais refinado, experimentalmente, foi o desenvolvido por Skinner utilizando-se de pombos e ratos. Depois de experimentos rigiéfamente controlados, ele acaba enunciando o pressuposto básico de sua teoria conhecida como Condicionamento Operante. Os trabalhos de Thorn- dike e de Skinner foram desenvolvidos primeiramente com animais, para que posteriormente se pudesse tentar estender ao comportamento humano as conclusões tiradas da observação da atuação desses ani- mais. Como tais pesquisas foram realizadas principalmente no campo da aprendizagem, são eles conhecidos como os mais representativos

32 5. HENNEMAN, R. H. oe. cito p. 44.

nomes dentro da psicologia da aprendizagem, ou também da modifi- cação de comportamento. ~ O método experimental nas organizações Dentro do campo de estu o a compo amentais, ap rca a às organizações, a ex- periência de Elton Mayo com as operadoras da fábrica de telefone da Western Electric pode perfeitamente ser encaixada dentro do modelo experimental. Pretendia ele estudar o efeito da lurninosidade na ele- vação 'dos índices de produtividade. Todavia, acabou por concluir que mais importante que essa variável foi o relacionamento interpessoal das moças dos dois grupos que estavam sob experimentação. Como tanto um grupo como outro elevou sua produção, acabou descobrin- do, por meio de entrevistas posteriores, que os laços de amizade que uniam os elementos de cada grupo foram as variáveis determinantes do aumento de produtividade. Dessa forma, Mayo acaba enuncian- do o pressuposto basico da ~scola de' Relações Humanas, uma das teorias que durante muito tempo influenciou marcantemente as orien- tações de um tipo de filosofia administrativa, em número incontável de empresas. Para melhor compreensão, examinemos as fases características de um processamento experimental: .1Liase - Observacão: Observou-se que as pessoas com níveis mui- to altos de inteligência suportam mal tarefas muito rotineiras. 2~ fase - Hipótese: O nível intelectual pode ser um dos elementos de desajustament~balho. 3~ fase - Verificacão da bipát~: Separam-se dois grupos de em- prega~ diferentes níveis de inteligência. Grupo·"A", inteligência. acima do normal; grupo "8", inteligência no limite inferior da normalidade. Dá-se aos dois grupos' a atividade de rotular garrafas, sendo que os dois grupos estão submetidos rigorosamente às mesmas variáveis ambien- tais. Observando-se os dois grupos em trabalho, verifica-se que os ele- mentos do grupo "A" evidenciam sintomas de desagrado com relação à tarefa que Ihes foi dada, enquanto o grupo "8" se mantém, quanto ao nível de satisfação no trabalho, apresentando um elevado e constante nível de produtividade. ~ - Conclusões: Quanto mais alto for O nível de inteligência de um empregado, mais rapidamente ele se mostrará descontente com t atividades de complexidade limitada ou com situações rotineiras. Limitações do método experlmentmPuitos aspectos do compor- tamento humano sâo passíveis de experimentação. Todavia, restringir todo e qualquer estudo ao método experimental é forçar demais a compreensão do homem. Esse método é objetivo, mas possui limita- ções que devem ser sempre lembradas: 33

comportumonto humano é suscetfvel de investigação I uxumplo, não se pode trabalhar experimentalmen- moções humanas, pois basta que o experimen- 10 para que uma v-ª!"iávelinco_ntrolável faça par-

, também não se pode provocar uma neurose para rlrnentalmente em que circunstâncias ela aparece, A mais indicada no estudo de comportamentos que se nfvel de condicionamentos de personalidade. Nesse mo- xporimentador precisa ser cuidedosarnenre.rreinado para tur, om suas observações, seu coeficiente pessoal ou caracte- Ividuais. Há outro cuidado imprescindível, que-é o perfeito variáveis ambientais em meio às quais se.passa a experi- sujeito que se submete à experimentação deve ser tarn- rn multo bem estudado, para que se possam controlar suas variáveis Is, tanto sob o aspecto físico como o seu estado Rsíquico. método experimental exigeJ..empo e engenbosidade por parte xll~rimentadores. desde o planejamento da e2<p-erimentacão até cnctusões. Geralmente envolve toda uma equipe de especialis- rn diversas áreas da psicologia, tendo muitas vezes de solicitar o ncurso de estatísticos para fins de tratamento dos dados obtidos. Assim sendo, esse método requer bastante tempo dispon ível daque- les que estejam interessados em comprovar suas hipóteses.

A EVOLUÇÃO DO ESTUDO DO COMPORTAMENTO

  • (^) Pelo que acabamos de ver; se aqueles que- se interessam pelo es- tudo do comportamento humano têm expectativas de conseguirem conceitos e definições inquestionáveis ou únicos, dificilmente verão seus desejos satisfeitos. Diferentemente das ciências exatas, existe a respeito do assunto uma ampla gama de enfoques, sem que nenhum deles possa ser considerado como contrário um ao outro. Em realida- de, o ser humano guarda uma enorme quantidade de facetas, e para que se possa lograr uma conceituação satisfatória dos diferentes aspectos que lhe são característicos, é necessário que se conheça o maior nú- mero possível de enfoques, a partir dos quais ele tenha sido estudado através dos tempos. Trata-se, enfim, de muitos passos curtos que fo- ram dados no decorrer de muitos anos por grande número de estudio- sos, os quais, hoje, se transformaram num considerável acervo de co- 'nhecimentos, gue merece cuidadoso exame para que se chegue a uma síntese final. .É bom que se faça, então, um exame, ainda que rápido, das diferentés etapas vencidas ao longo das ciências do comporta- 34 mento.

l.fomo era consideraAo o comportamento na Antiguidadel O in- teresse pelo estudo do homem como um ser, que, por SI mesmo, tem a capacidade de se movimentar e comportar-se, diferentemente dos seres do reino vegetal e mineral, não nasceu na atualidade. O fenôme- no da vida tem despertado o interesse de pensadores desde tempos imemoriais. ~rotágoras (460 a.C.) disse: "O homem é a medida de to- das as coisas, das que são e das que não são." Muitas das suas explica- ções, e de outros pensadores da mesma época, embora elementares demais, perderam-se no tempo por falta de documentos escritos que perpetuassem seus paradigmas após a morte, A grande preocupação dos primeiros filósofos era o fenômeno vital. Eles queriam, acima de tudo, descobrir qual o elemento da natu- reza responsável pela vida em si. Através da tradição verbal foi possí- vel ter notícia de que, entre 600 e 400 a.C., três pontos de vista di- ferentes se propuseram a explicar o fato tão misterioso. Tales consi- derava que a.-ª..gllil.era a substância básica, responsável pe~a; He- ráclito sustentava que o princípio de tudo era à' fogo. Anaxágoras ConSiderava o sopro vital e achava que, em razão dele, tudo está em- constante mudança. Conforme os paradigmas desses primeiros pensa- dores, todos os elementos que constitu íam a natureza eram semelhan- tes em seu átomo elementar, sendo que só se diferenciavam entre si em razão da maior ou menor quantidade do princípio vital que pos- suíssem. Assim, o reino mineral, depois o vegetal, seguido pelo ani- mal e terminando com o humano iam sucessivamente apresentando de menores para maiores quantidades do princípio vital. Não resta dúvida de que esta seja uma tentativa curiosa de pro- curar compreender a vida e as diferentes formas sob as quais ela se apresenta no universo. A grande dificuldade oriunda dessa forma de considerá-Ia foi a confusão posterior entre os diferentes seres. Q.s....ele- mentos do reino mineral, vegetal e animal só se diferenciariam por terem m·enor e maior quantidades de princípios vitais, mas, no fundo, os átomos dos quais eram formados, tanto um quanto outro, eram idênticos. O aparecimento do termo '2sicologia" remonta a essa época, sendo "psique" usado para designar ~ "Iogos", estudo, vem daí que esse termo composto passou a ser utilizado para designar o estudo da alma. O primeiro grande pensador do qual se tem notícias mais preci- sas, pelo fato de suas idéias terem sido transm itidas por seus discípu- los, foi Sócrates (469-399 a.C.). Para ele, o estudo do comportamento ainda estava eivado de conceitos morais, acreditando que o homem era naturalmente bom e tenderia para a bondade, através da sabedo- ria. Sócrates é hoje mais citado nos trabalhos de Pedagogia e Filosofia

propriamente ditos. 35

nntuntes Holmholtz. Rámon e Cajal, Gall e ou-

tondênclas filosóficas, o "empirjsrno crítico" afirma lõncia, há que se seguir a prescricão metodológica rvação, da experiência e da quantificação, para que ulrlr conhecimento. São seus representantes: Locke, Ber- Kant. Outra corrente dentro dessa orientação é o ~- presentado por Harlley, Mills, Spencer, que partiu das urando determinar como elas se prendem umas às outras, ubmeter à prova as três principais leis de associação de nunciadas por Aristóteles: cQ[ltigüidade, semelhanca e contras- lmonte vem o "material ismo cient ífico" que, resurn ida mente, "crença de que os fenômenos mentais e de comportamento, rn, em última instância, ser descritõs por conceitos das ciências matemáticas"."? são seus representantes Muller e Hermann. oram tantos os pesquisadores e teóricos que procuraram com- ndor o comportamento humano em fins do Século XIX e no de- ror do Século XX que seria impossível mencioná-Ios todos, a não numa obra inteiramente dedicada à história da psicologia. Em que ssa riqueza de teorias, dois psicólogos não podem ser deixados de , ainda que seja a título de simples menção. O primeiro é William James, considerado como marco do início da psicologia na América, uma vez que, até então, os grandes estudos haviam sido feitos principalmente na Europa. Médico, tendo iniciado sua carreira como professor de fisiologia, em Harvard, publica em 1878 seu livro Princ/pios de psicologia que levou doze anos para ser- escrito. Apesar do cunho amplamente .abrangente de sua obra, é con- siderado como o Rai do pragmatismo, tendo sido o primeiro a usar essa palavra. É James que em 1880 funda o primeiro laboratório de psicologia nos Estados Unidos. O segundo é Wilhelm Wundt (1832 a 1920), que, profundamente influenciado pela orientação dos filósosfos empiristas, procura conce- ber a psicologia como ç@)cia ~perimental que foi, de início, conhe- cida como psicofísica. Entre muitos experimentos feitos no seu labo- ratório na Universidade de Leipzig (1879); procurou descobrir até que ponto os processos corporais poderiam determinar as caracterís- ticas próprias da percepção que o homem tem do mundo. "Experi- mentos foram realizados para estudar a maneira pela qual os órgãos do sentido, como olhos, ouvidos, ou aqueles localizados debaixo da. pele funcionam quando estimulados por energia luminosa, ondas sonoras ou objetos de contato com a pele. Tais experimentos sobre

38 10. WERTHEIMER, M. Op. cito p. 59.

'sensitividade' exigiam algum tipo de resposta à estimulação experi- mental; algum tipo de movimento muscular poderia ser escolhido como medida das reações animais; com seres humanos o procedimen- to usual era a pessoa em estudo relatar ao experimentador o que sen- tiu como efeito da estimulação quando se tornou consciente de estar sendo estimulada por uma luz, som ou pressão aplicada à pele. O fato de os fisiólogos dos sentidos utilizarem relatos de observadores huma- nos relativos à sua consciência de estimulação experimental mostrou- -se de grande significância para o aparecimento da nova ciência da psi- cologia, pois assim se abriu um caminho para estudar a 'mente' no laboratório."ll -

[O estruturalismo e o funcionaliJOlOJ Embora viessem a ter vida

finita, duas grandes subdivisões iniciais marcaram a evolução dos es- tudos do comportamento humano no período compreendido entre o final do Século XIX e o in ício do Século XX. A Erimeira escola é conhecida como estruturalis o Durou entre 1870 eo início do Sécu- O X, tendo como principais representantes Wundt e Titchner. Fo- ram esses psicólogos os primeiros a romperem com a tradicão filosó- fica no estudo do homem. Com sua nõva forma de pensar introduzem a anatomia e a fisiologia no domlnio da psicologia, o que passa a ser, daí por diante, ullJa característica fundamental nas pesquisas mais atuais sobre comportamento. O que pretenderam acrrna de tudo fOI rei- Víndicar uma posição 'científica para psicologia. "Sob a influência do associacionismo, Wundt reduziu a vida psíquica a uma série de fe- nômenos. Sua psicologia experimental limitou-se, assim, a esquadri- nhar as sensações, deteve-se apenas na dissecação da consciência, o que o obrigou a sacrificar o estudo dinâmico da personalidade e das sutilezas das diferenças individuais."12 As unida.des principais eram os elementos mentais, estudando sob forma de ciência ura e bus- cano o para eles uma exp icaçao 1510 o rca servindo-se do su Jetlvo, IstO e, aque e no qual o sujeito do experimento era solici- tado a narrar aquilo que sentia durante o mesmo. A ~gunda escola é conhecida como funciona lista, e sua duração está compreendida entre os anos de 1880 a 1910, tendo na escola de Chicago, com Angell e Dewey, e na escola de Colúmbia, com Cattell, Thorndike e Woodworth, seus principais representantes .. A partir de uma visão mais dinâmica do comportamento huma- no, o funcionalismo objetivava descobrir ara que servem as várias atividades mentais, ten o em vi~~Qfocesso a aptatlvo - o que

  1. HENNEMAN, R. Op. cito p. 17
  2. DÓ RIA, C.S. Psicologia cient tiice geral; um estudo anal ítico do adulto normal. Rio de Janeiro. Agir, 1962. p. 19.. 39

pesquisadores eram os processos mentais e onstituintes da estrutura da mente. psicologia funcional a partir dos seguintes

40

"llculoula funcional deve ser considerada como a psicologia das U'*"O~OI 1Tl1l111Uls,om oposição à psicologia dos elementos. UI1lUpsicologia voltada ao estudo da consciência que considera :UIllO lntermediária entre as necessidades orgânicas e o meio. uma pslcofisiologia, abrangendo o estudo total do corpo e da 111011111.,,1. ola funcionalista, a psicologia estudava preponderan- função e 'o conjeúdo QSlguico, servindo-se não somente do'

'n.'odo da introspe~ªº, como também da observação do comporta-

m isso acreditava estar capacitando-se para entender aspec- rtantes à descrição de como o homem se comporta, no que fenômeno das diferenças individuais, bem como quais as ra- finalidades das funções psíquicas. be notar que entre as escolas que integram a Teoria Geral da mlnlstração há uma conhecida como estruturalista, cujos grandes poentes foram Max Weber, Robert Merton, Phillip Selznick, Alvin Idener, Amitai Etzioni, Peter Blau.e Victor Thompson. Os pressupostos dessa teoria administrativa são bem diferentes uos orientações seguidas pelo pensamento estruturalista em psicolo- Ia -- diríamos mesmo que num esforço comparativo ela está mais xima do pensamento funcionalista no tocante à preocupação com capacidade adaptativa do homem .. A ~scola estruturalista, reagindo principalmente à orientação da sco/a de Relações Humanas, no seu entender ingênua por acreditar na harmonia organizacional,'tem como centro de atenção os confli- tos inevitáveis e por vezes até benéficos entre o homem e a organiza-' ção. Propõe a posição bastante real ística e até certo ponto ~- xal no sentido de que o homem depende das organizacões desde o seu nascimento até a morte, mas qué para poder nelas sobreviver precisa ser dotado de ~ibilidade, resistência à frustracão, capacidade de adiar recompensas e ter permanente desejo de realização. O homem organizacional, para os funcionalistas, precisa adotar, conseqüentemente, uma atitude conformist-ª-.,diante da organização à qual pertence. Todavia, não se pode deixar de utilizar sua potencia- lidade criadora, que constitui o elemento fundamental para o proces- so de mudança. Não só o conflito a nível individual, mas também en-

. tre os grupos se constitui num processo social fundamental, pois na 13. ANGELL. The Province of functional psychology; readings in the history of psvcholoqv, New York, 1948. p. 439.

maioria das vezes ele é o grande elemento propulsor do desenvolvimen- to. ~ procurando tornar o trabalho menos conflitivo e, portanto, mais gradável que se encontram formas mais adequadas de produção. "Ao mesmo tempo, reconhece-se que o conflito não é necessariamente um mal, nem coisa a ser ocultada dos superiores. O conflito pode incluir ) questões do âmbito da organização ou da alta pol ítica e, neste caso, é preferível levar o conflito tão longe, na hierarquia, quanto seja neces-. sário, a fim de conseguir uma modificação ou reafirmação da pol íti- ca em vez de encontrar uma forma de contornar o problema - 'solu- ção' típica de nível mais baixo."!".

Finalmente, para os estruturalistas, a organizacão constitui-se ~'l

num sistema construido de forma deliberada e que mantém com o seu ambiente um relacionamento que se caracteriza por trocas cons- tantes. A abordagem classificada como Sistemas Abertos em administra- ção fala do "Homem Funcional" que se posiciona dentro da organiza- ção que é, sobretudo, constru ída a partir de comportamentos inter- -relacionados. Pertencem a essa orientação Likert, D. Katz, R. L. Kahn, Maltzer e outros. Todos esses teóricos foram profundamente marca- dos pelas principais idéias da Psicologia Social. Embora se servindo do termo homem funcional, a Teoria dos Sistemas em nada se aproxima da escola funcionalista em psicologia. "O conceito mais geral para descrever os padrões estáveis socialmente planejados de comportamento inter-relacionado, conforme já obser- vamos, é o sistema de desempenho de funcão. (... ) o comportamento padronizado dessa espécie é chamado de comportamento na função. A pessoa em um sistema social, que desempenha uma função, está sob exigência dessa função para agir das muitas maneiras por que o

faz."! 5 1

O ponto central é a consideração das organizações como siste-

mas =r= que importam energia do ambiente(inputs), pro.cessam. es-.

sa energia em seu bojo e exportam seus resultados para o meio ambien- te ioutputsi, -

'O behavionsmo: outra tendência marcante.l A terceira escola a

ser estudada e que merece destaque especial é a Behaviorista, que ini- cia seus primeiros passos durante a primeira década do presente sécu- lo, persistindo até os dias de hoje com tendência marcante na ~plica- cão do comportamento humano. O behaviorismo deixou-se marcar indelevelmente pela corrente da reflexologia de Pavlov, tendo em Watson e Tolman seus mais conhe- cidos fundadores.

  1. ETZIONI, A. Organizações modernas. São Paulo. Pioneira, 1972. p. 47.
  2. KATZ, D. & KAHN, R. Psicologia social das organizações. São Paulo, Atlas, 1970. p. 66-7. 41