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Falando sobre a vida de Oswaldo Cruz, sua influência! O arquivo é em DOC
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Biografia Filho do médico Bento Gonçalves Cruz e de Amália Taborda de Bulhões, Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em 1872 e viveu em sua cidade natal, São Luís do Paraitinga até 1877, quando seu pai transferiu-se para o Rio de Janeiro. Aos 15 anos, ingressou na Faculdade de Medicina e antes de concluir o curso já publicara dois artigos sobre microbiologia na revista Brasil Médico. Em 1892, formou-se Doutor em Medicina com a tese "A veiculação pelas águas". Cruz embarcou em 1896 para o Instituto Pasteur de Paris, que reunia os grandes nomes da ciência da época e onde foi especializar-se em bacteriologia. Ao regressar da Europa, Oswaldo Cruz encontrou o porto de Santos assolado por violenta epidemia de peste bubônica e logo se engajou no combate à doença. Para fabricar o soro antipestoso, foi criado a 25 de maio de 1900, o Instituto Soroterápico Federal, instalado na antiga Fazenda de Manguinhos. Na direção geral o Barão de Pedro Affonso, na direção técnica o jovem bacteriologista Oswaldo Cruz. Em 1902, Cruz assumiu a direção do novo Instituto, que ampliou suas atividades, dedicando-se também à pesquisa básica e aplicada e à formação de recursos humanos. No ano seguinte foi nomeado Diretor-Geral de Saúde Pública e utilizou o Instituto como base de suas campanhas de saneamento. Em pouco tempo conseguiu debelar a peste bubônica através do extermínio dos ratos, cujas pulgas transmitiam a doença. O combate à febre amarela apresentou vários problemas. A maior parte dos médicos e da população acreditava que a doença era transmitida pelo contato com as roupas, o suor, o sangue e outras secreções de doentes. Oswaldo Cruz, porém, era adepto da teoria que o transmissor da doença era um mosquito. Assim, suspendeu as desinfecções, o método tradicional, e criou a polícia sanitária e as brigadas mata-mosquitos. Essas brigadas percorriam as casas e ruas, eliminando os focos de insetos e evitando as águas estagnadas, onde se desenvolviam as larvas de mosquitos. Sua atuação provocou violenta reação popular.
Assista a um trecho do vídeo sobre essa época.
Em 1904, a oposição a Oswaldo Cruz atingiu o seu ápice. Com o recrudescimento dos surtos de varíola, o sanitarista tentou promover a vacinação em massa da população. Os jornais lançaram violenta campanha contra a medida. O Congresso protestou e foi organizada uma Liga contra a Vacinação Obrigatória. No dia 13 de novembro estourou a rebelião popular, e no dia 14, a Escola Militar da Praia Vermelha se levantou. O Governo derrotou a rebelião, mas suspendeu a obrigatoriedade da vacina. Contudo, ele acabou vencendo a batalha: em 1907 a febre amarela estava erradicada do Rio de Janeiro. Neste ano também recebeu a medalha de ouro no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim.
Em 1909, deixou a Diretoria Geral de Saúde Pública e passou a dedicar-se exclusivamente ao Instituto que agora tinha o seu nome. Em 1913, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Em 1915, por motivos de saúde, abandonou a direção do Instituto Oswaldo Cruz e mudou-se para Petrópolis. Ainda foi eleito Prefeito da cidade, cujo projeto político englobava um plano de urbanização que não viu implantado, pois faleceu em fevereiro de 1917, aos 44 anos, sofrendo de crises de insuficiência renal. A TRAJETÓRIA DA PESTE
O final do século XIX viu ressurgir um flagelo que desde épocas imemoriais assolava de tempos a tempos a humanidade. A primeira verdadeira pandemia de peste, no
VI século, atingiu todo o mundo romano. O grande ciclo do século XIV aniquilara um quarto da população da Europa. Este terceiro grande ciclo, iniciado na província chinesa de Yunnan com a rebelião muçulmana de 1855 e propagado lentamente pelos deslocamentos dos refugiados, atingiu Cantão e Hong Kong em maio de 1894. Os portos do sul da China passaram a funcionar como centros de distribuição da peste, que tinha agora entre suas áreas potenciais de expansão os portos marítimos do Novo Mundo. É assim que, alcançando a América do Sul pelo Paraguai e Argentina, aportou à cidade de Santos em outubro de 1899. Mas desta vez não estava nas preces e procissões a tábua de salvação das massas desprotegidas. Ainda em 1894 tinha sido descoberto o agente etiológico em Hong Kong, primeiro pelo pesquisador suíço Alexandre Yersin, do Instituto Pasteur, que o denominou Pasteurella pestis (hoje Yersinia pestis) em homenagem ao Mestre, e pouco depois pelo japonês Shibasaburo Kitasato, discípulo de Robert Koch. O mesmo Yersin junto ao seu colaborador Henri Carré e também o médico russo W. M. Haffkine, já haviam preparado as primeiras vacinas que, embora precisassem de aperfeiçoamento, despontavam como armas profiláticas. CRIAÇÃO DO INSTITUTO SOROTERÁPICO Foi nessa emergência que o governo federal designou Oswaldo Cruz, recém- chegado de longo estágio em Paris, principalmente no Instituto Pasteur, para juntamente com Adolpho Lutz e Vital Brazil, designados pelo governo de São Paulo, verificar a real etiologia da epidemia de Santos. Confirmado oficialmente que "a moléstia reinante em Santos é a peste bubonica", decidiram as autoridades sanitárias instituir laboratórios para produção de vacina e soro contra a peste: Instituto Butantan, em São Paulo, e no Instituto Soroterápico Municipal no Rio de Janeiro. O Instituto Soroterápico resultou de sugestão do Barão de Pedro Affonso - cirurgião de reconhecida competência, fundador do Instituto Vacínico, primeiro laboratório produtor de vacina antivaríolica no país - ao Prefeito do Distrito Federal, Cesário Alvim, que cedeu para instalação do novo serviço a Fazenda de Manguinhos, convenientemente situada longe do centro urbano. Tencionava o Barão contratar um especialista do Instituto Pasteur para a direção técnica, mas por indicação de Émile Roux ofereceu o cargo a Oswaldo Cruz.
De posse da lista de material a ser adquirido, organizada pelo novo diretor técnico, partiu o Barão para a Europa. Em Paris conseguiu contratar apenas o veterinário Henri Carré, colaborador de Yersin na produção da primeira vacina anti-pestosa; é que, o governo brasileiro só o autorizara a oferecer contratos pouco atraentes além de inoperantes, pelo prazo máximo de seis meses.
Instalados os laboratórios, iniciaram-se os trabalhos, sem qualquer cerimonial, em 25 de maio de 1900, sob o peso de ingente tarefa a ser cumprida, além dos diretores administrativo e técnico, por três profissionais - o Coronel-Médico Ismael da Rocha, bacteriologista do Serviço de Saúde do Exército; o médico Henrique de Figueiredo Vasconcellos, assistente do Instituto Vacínico; e o veterinário H. Carré - e um estudante de medicina, Ezequiel Caetano Dias. Mas logo viu-se a Prefeitura impossibilitada de continuar mantendo a nova instituição, que foi transferida para a Diretoria de Saúde Pública do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, e inaugurada oficialmente em 23 de julho como Instituto Soroterápico Federal.
Pouco depois, a equipe inicial era desfalcada de dois componentes: Ismael da Rocha, chamado de volta para o laboratório do Exército, e Carré, que regressava à França com problemas de saúde, segundo uns, ou com receio da febre amarela, segundo outros. Mas a competência dos restantes já estava comprovada, sendo julgada necessária apenas a contratação de um estudante de medicina, Antônio Cardoso Fontes, e de alguns auxiliares.
Nenhum dos cinco remanescentes tinha a mínima experiência em vacina ou soro contra a peste. Apenas Oswaldo Cruz havia visitado a seção de soros do Instituto Pasteur, mas seu interesse estava no preparo da antitoxina diftérica. Tanto em relação à vacina quanto ao soro, os dados disponíveis na escassa literatura
Arthur Moses para referir somente os autores de algumas entre as 23 teses produzidas de 1901 a 1910. O fato de constarem desta lista não apenas nomes que ingressaram no quadro de pesquisadores do Instituto, mas também outros que fora dele tornaram-se proeminentes em suas especialidades, mostra a influência do Instituto na renovação científica do país.
Além das teses, durante essa mesma fase produz o Instituto 120 publicações originais em periódicos nacionais (a grande maioria no Brazil-Medico) e em revistas internacionais altamente seletivas, como Centralblatt für Bakteriologie, Biologischen Zentralblatt, Archiv für Protistenkunde, Archiv für Schiffs und Tropen-Hygiene, Zeitschrift für Hygiene und Infektionskrankheiten, Münchener Medizinische, Annales de l’Institut Pasteur, Comptes Rendus de la Société de Biologie e Bulletin de la Société de Pathologie Exotique. Por essa época a lista de revistas científicas assinadas para a Biblioteca do Instituto ultrapassava 420 títulos.
NASCE O IOC
Até 1907, quando o Instituto foi premiado com a grande medalha de ouro do Congresso Internacional de Higiene e Demografia, em Berlim, sua produção científica, divulgada pelos periódicos mencionados, resultava do trabalho de jovens pesquisadores que nunca tinham freqüentado outro centro de investigação. Só depois daquele evento cientistas renomados como Stanislas von Prowazek, Gustav Giemsa e Max Hartmann manifestaram interesse em trabalhar nos laboratórios de Manguinhos, aqui permanecendo por longo tempo colaborando em estudos sobre varíola, citologia, soro antidiftérico, espiroquetose, ciliados, amebas, triconinfas, hemogregarinas e outros protozoários.
O impacto da premiação do Instituto foi decisivo em outros aspectos. O projeto que transformava o Instituto Soroterápico Federal em "Instituto de Patologia Experimental", adormecido há longo tempo no Congresso, foi rapidamente aprovado e sancionado pelo presidente Affonso Penna, como Decreto n° 1812, em 12 de dezembro de 1907. Ao ser aprovado pelo Governo o respectivo regimento, em 19 de março de 1908, foi oficialmente adotada a denominação "Instituto Oswaldo Cruz".
Inaugurado em 1908, o Curso de Aplicação foi a primeira escola brasileira de pós- graduação, verdadeira inovação no panorama científico nacional. Nele se ensinava e trabalhava, durante dois anos, sobre métodos de investigação e experimentação em microscopia, microbiologia, imunologia, física e química biológica e parasitologia sensu lato.
Foi assim que especificamente destinado à fabricação de soro e vacina contra a
peste e à campanha contra essa endemia, o Instituto Soroterápico formou um pequeno grupo que rapidamente absorveu e ampliou o conhecimento científico e
tecnológico necessário ao sucesso da empresa. De posse desse know-how, uma estrutura medíocre limitar-se-ia a uma produtividade rotineira, de grande utilidade
social mas confinada à sua finalidade imediata. Quis o acaso, porém, que à frente do empreendimento estivesse alguém preparado para entender que esse bem sucedido primórdio científico e tecnológico podia ser ampliado para abranger outros
campos da patologia nacional. Com um desenvolvimento científico nivelado aos mais altos padrões da época, associado à transmissão do conhecimento através do
Curso de Aplicação e à produção de vários agentes profiláticos, terapêuticos e diagnósticos, já em 1909 o Instituto Oswaldo Cruz havia assumido, numa seqüência
inversa, as tarefas que hoje caracterizam a moderna Universidade: ensino, pesquisa e extensão. E, para melhor assegurar a difusão do conhecimento gerado em seus
laboratórios, pôs em circulação a partir de 1909 as "Memórias do Instituto Oswaldo Cruz", atualmente o mais antigo periódico biomédico da América Latina.