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CANA-DE-AÇÚCAR • AVANÇO CIENTÍFICO BENEFICIA O PAÍS
Índice
O Conselho de Informações sobre Biotecnologia ( www.cib.org.br ) é uma organização não gover- namental e uma associação civil sem fins lucrativos e sem nenhuma conotação político-partidária ou ideológica. Seu objetivo básico é divulgar informa- ções técnico-científicas sobre a Biotecnologia e seus benefícios, aumentando a familiaridade de todos os setores da sociedade com o tema.
EXPEDIENTE Coordenadora-Geral: Alda Lerayer Editor Executivo: Antonio Celso Villari Redação: Débora Marques Consultores Técnicos: Eduardo Romano – Embrapa Edgar Gomes Ferreira de Beauclair – Esalq/USP Jesus Ferro – Unesp Jaboticabal Marcelo Menossi – Unicamp Sizuo Matsuoka – Engenheiro Agrônomo e consultor Apoio Operacional: Jacqueline Ambrosio João Paulo Mendes Projeto Gráfico: Sérgio Brito Fotos: Arquivo CIB, Sérgio Andrade e Unica/Tadeu Fessel
- Um pouco de história
- Chegada ao Brasil 4
- Cenário atual 4
- Domesticação 5
- Distribuição geográfica 5
- Genética
- Ciclo de vida 6
- Melhoramento convencional 7
- Biotecnologia 8
- Aplicações
- Potencial econômico
- Brasil no mercado internacional 14
- Mitos e fatos
- Principais questões sobre a produção de cana 15
- A cana e a natureza 16
- A cana e o etanol 18
Um pouco de história
- A importância da cultura da cana-de-açúcar tem raízes antigas na economia brasileira. As primeiras mudas da planta chegaram ao Brasil por volta de 1515, vindas da Ilha da Madeira (Portugal), tendo sido o primeiro engenho de açúcar construído em 1532, na capitania de São Vicente. Mas foi no Nordeste, especialmente nas capitanias de Pernambuco e da Bahia, que os engenhos de açú- car se multiplicaram. No século seguinte, já éramos o maior pro- dutor e fornecedor mundial de açúcar, posição mantida até o fim do século XVII. Historicamente, a cana-de-açúcar sempre foi um dos principais produtos agrícolas do Brasil e, hoje, o País tem no- vamente a primeira posição noranking mundial da cultura.
- As variedades comerciais de cana-de-açúcar cultivadas atual- mente se originam de cruzamentos realizados no início do século XX, na Ilha de Java. Àquela época, algumas variedades da espé- cieSaccharum officinarum – rica em açúcar, mas muito suscetível a doenças – foram cruzadas com outra espécie, aSaccharum spontaneum, que é pobre em açúcar e muito rústica, ou seja, mais resistente aos problemas do campo. Os híbridos obtidos ti- nham maior capacidade de armazenamento de sacarose, resis- tência a doenças, vigor, rusticidade e tolerância a fatores climáti- cos. Apesar deS. officinarum eS. spontaneum terem sido as espé- cies que mais contribuíram para a obtenção das atuais varieda- des comerciais de cana-de-açúcar, outras espécies, a exemplo de S. sinense,S. barberi eS. robustum, ainda que em menor propor- ção, também foram importantes para a composição genética das variedades modernas de cana.
CANA-DE-AÇÚCAR • AVANÇO CIENTÍFICO BENEFICIA O PAÍS
- Em razão do potencial do mercado sucroalcooleiro no Bra- sil, a cana-de-açúcar não é tratada apenas como mais um produto agrícola nacional, mas como a mais importante fon- te de biomassa energética. O setor sucroalcooleiro responde por cerca de 1 milhão de empregos, dos quais 511 mil dire- tamente envolvidos na produção de cana-de-açúcar e o res- tante distribuído na cadeia de processamento de açúcar e etanol. Isso representa 6% dos empregos na agroindústria nacional.
- De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o etanol ultrapassou a energia proveniente das hidrelétricas em 2007 e já é a segunda fonte primária de energia do Brasil. Na safra 2008/2009, segundo dados do Ministério da Agricul- tura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a produção de etanol aumentou 22%, totalizando 27,3 bilhões de litros. Em 2008, de acordo com informações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o consumo de álcool hidratado carburante – usado como combustível de automóveis – su- biu 41,9%, somando 13,3 bilhões de litros. No mesmo ano, mais 6,3 bilhões de litros de etanol foram misturados à ga- solina vendida no País, à proporção de 25%. Esta, ao mesmo tempo, perdeu espaço entre os combustíveis, com redução de 3,9% em seu consumo.
Chegada ao Brasil Cenário atual
Linha do tempo
Cana no Brasil
As primeiras mudas de cana-de-açúcar chegam ao Brasil, vindas da Ilha da Madeira
Produção
O primeiro engenho de açúcar foi construído no Brasil
Melhoramento
A cana-de-açúcar plantada atualmente no Brasil é um refinamento de cruzamentos realizados no fim do século XIX
Genes
Início do Projeto Genoma da Cana (Fapesp), o qual identificou 50 mil genes ligados a características como desenvolvimento, produção e teor de açúcar
1515 1532 Fim do séc. XIX 1999
Biotecnologia 1999-presente Testes de inserção de genes na cana para aumento de sacarose, melhoria do porte, resistência a doenças e pragas, entre outros
Um pouco de história
- As espécies que originaram as cultivares atuais de cana-de-açúcar são oriundas do Sudeste Asiático. A origem deS. officinarum, por exemplo, está intimamente associada à atividade humana, pois ela tem sido cul-
Domesticação
O cultivo da cana-de-açúcar existe em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo e se estende ao Norte e ao Sul do Equador, seguindo a distribuição das palmeiras (“Palm Tree Line”, ou linhas que delimitam a zona de crescimento das palmeiras e que caracterizam a zona tropical).
Como a cana-de-açúcar se adapta facilmente e é capaz de crescer em uma vasta faixa de hábitats e altitudes, tanto nos trópicos quanto em regiões temperadas, ela está atualmente dispersa em todos os continentes, como mostra o mapa.
Distribuição geográfica
Principais países produtores da cultura em 2007
% da produção mundial
Brasil
Outros
Índia
China 6,69%
Tailândia 4,05%
Paquistão 3,44%
México 3,27%
Austrália 2,29%
Colômbia 2,01%
Estados Unidos 1,74%
Guatemala 1,60%
Área de cultivo de cana-de-açúcar “Palm Tree Line”
Fonte: FAO-2007.
tivada desde a Pré-História. Acredita-se que o centro de origem deS. officinarum seja a Melanésia (Oceania), onde ela foi domesti- cada e depois disseminada pelo homem por todo o Sudeste Asiático. A região tornou-
se centro de diversidade, tendo, como nú- cleo, Papua Nova Guiné e Java (Indonésia), regiões em que a maior parte das espécies foi coletada a partir do fim de 1800.
Melhoramento convencional
Genética
- Diante da importância da cana-de-açú- car para a sociedade, a melhoria de sua prática de cultivo foi um processo natural, cujas bases são históricas. Ao longo de vá- rias décadas, especialistas e pesquisadores foram aprimorando a qualidade da planta, apesar de sua complexa composição gené- tica. No Brasil, três grandes programas de melhoramento da cana-de-açúcar têm sido realizados nas últimas décadas: o da Rede Interuniversitária de Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa), antigo Pro- grama Nacional de Melhoramento da Cana- de-Açúcar, o do Centro de Tecnologia Cana- vieira (CTC), antigo Centro de Tecnologia da Copersucar, e o programa do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). As varie-
Brasil desenvolveu variedades de cana com produtividade até 50% maior nos últimos 30 anos
- Para que haja cruzamento entre duas variedades, ou híbridos, de cana, é necessário que elas floresçam, o que só ocorre em circunstâncias específicas de fotoperíodo (iluminação) e tempe- ratura diurna e noturna. O ambiente ideal é encontrado apenas entre 5° e 15° de latitude, razão pela qual todos os programas de melhoramento brasileiro têm suas estações de cruzamento no Nordeste (Alagoas e Bahia). Além da dificuldade de flores- cimento, o pólen da cana perde rapidamente a viabilidade em condições naturais, com algumas variedades apresentando ain- da baixa fertilidade do pólen.
- Uma vez que tais dificuldades sejam superadas e ocorra o cruzamento, a semente formada tem que ser adequadamente armazenada para que mantenha uma taxa de germinação ca- paz de permitir a obtenção de plântulas, que, por sua vez, pas- sam por uma avaliação em um programa de seleção de novas variedades comerciais. As novas variedades são selecionadas contra florescimento, uma vez que este consome energia da planta, levando à diminuição da produtividade. Todas as exi- gências e dificuldades tornam improvável a ocorrência de cru- zamentos entre variedades convencionais ou transgênicas.
Saiba mais
dades desenvolvidas por esses projetos res- pondem hoje por quase todas as varieda- des de cana-de-açúcar usadas para produ- zir açúcar e etanol no Brasil. Graças a eles, o País conseguiu aumentar a produtivida- de da cana em mais de 50% nos últimos 30 anos.
- Recentemente, novos programas de me- lhoramento de cana surgiram em empre- sas da iniciativa privada, o que deve au- mentar as variedades disponíveis para os produtores nos próximos anos.
- As espécies que deram origem às varie- dades comerciais de cana não são nativas do Brasil. Elas permanecem em bancos de germoplasma das estações de cruzamento brasileiras para possibilitar sua utilização no
melhoramento da cana. É somente nas con- dições dessas estações que essas espécies podem ser cruzadas com sucesso com as variedades convencionais ou geneticamente modificadas.
- A probabilidade de ocorrer cruzamento genético, em circunstâncias naturais, entre os híbridos comerciais e espécies desses gê- neros é extremamente baixa, sobretudo de- vido à falta de condições ambientais propí- cias para tal fim.
- Apesar de a maior parte da cana planta- da comercialmente no mundo ser hoje fru- to do cruzamento entreS. officinarum eS. spontaneum, as análises de DNA mostram preponderância da carga genética da pri- meira.
- O cultivo comercial de cana-de-açúcar ocorre por propagação vegetativa, e não por sementes, ou seja, um canavial é obtido pelo plantio de colmos da variedade de cana desejada, com as plantas-filhas tendo a mesma genética da planta-mãe – são clones. Assim, mesmo que haja cruzamento, as plantas não mu- dam suas características. Isso ocorreria apenas nas variedades originadas do plantio de sementes, o que não é feito pelos agri- cultores.
Genética
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- O melhoramento da cana-de-açúcar com a utilização da biotecnologia teve início no começo da década de 90, com os primei- ros mapas genéticos e a obtenção das pri- meiras plantas modificadas geneticamen- te, em diversas instituições do mundo, in- cluindo, à época, o Centro de Tecnologia da Copersucar (CTC). No fim dos anos 90, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Esta- do de São Paulo (Fapesp) começou o pro- jeto Genoma da Cana (Sucest), no qual fo- ram identificados 50 mil genes da planta. A iniciativa possibilitou a identificação dos genes envolvidos no processo de crescimen- to, no teor de açúcar e na resistência a di- versos tipos de estresses, entre outras ca- racterísticas importantes para aumentar a produtividade comercial da cultura. Os genes identificados pelo Sucest também têm permitido o desenvolvimento de marcadores moleculares que estão associ- ados a atributos relevantes e desejáveis nas novas variedades. O sequenciamento com- pleto do genoma da cana, que está sendo realizado por um consórcio internacional no qual o Brasil é um dos líderes, deverá ace- lerar a determinação dos genes responsá- veis por cada característica desejável na planta. O uso dessa informação permitirá, no futuro, o desenvolvimento mais rápido de novas variedades por meio do processo denominado seleção assistida por mar- cadores.
- Vários genes vêm sendo introduzidos no genoma da cana-de-açúcar por meio de técnicas de transformação genética. Esses genes conferem características a exemplo de tolerância a herbicidas, resistência a doenças e pragas, aumento do teor de sacarose, tolerância à seca e até melhoria do porte da cana para facilitar a colheita
Biotecnologia
Canas geneticamente modificadas devem estar no mercado nos próximos anos
mecanizada. Também estão sendo pesqui- sados genes que podem ajudar a melhorar a produção de açúcar e outros para que a planta possa ser utilizada como uma biofábrica, capaz de gerar produtos de alto valor agregado, como os bioplásticos.
- Ciente do grande potencial de contribui- ção que a engenharia genética pode trazer à cultura da cana-de-açúcar, há cerca de três anos a Embrapa investe em projetos de desenvolvimento de cana-de-açúcar transgênica. As características que serão incorporadas à planta visam principalmen- te a atender às demandas do Nordeste. A escolha dessa região tem por objetivo a re- dução das diferenças tecnológicas hoje exis- tentes entre o Sudeste e o Nordeste. As varie- dades em desenvolvimento serão mais tole- rantes à seca e mais resistentes à broca gi- gante (principal praga da Região Nordeste), o que garantirá maior produtividade.
- Até o momento, não há no mundo ne- nhuma variedade transgênica comercial de cana-de-açúcar. No entanto, testes de cam- po já foram feitos ou estão em andamento na África do Sul, Argentina, Colômbia, Aus- trália, nos Estados Unidos, em Cuba e, prin- cipalmente, no Brasil. Tal fato indica que vários grupos têm interesse em melhorar essa cultura no sentido de produzir, por meio da biotecnologia, variedades mais efi- cientes do que as que temos hoje, de for- ma a trazer benefícios para todo o setor sucroalcooleiro, para a economia brasilei- ra, para os consumidores e para o meio ambiente.
- Como não existem, no Brasil, espécies na- tivas sexualmente compatíveis com a cana- de-açúcar, não se espera que ocorra “esca- pe” gênico no caso de liberação comercial de variedades transgênicas de cana-de-açú- car.
Aplicações
Produtos e subprodutos
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A vinhaça, um subproduto do uso da cana, pode ser usada na produção de fertilizantes
Etanol
- Líquido e inflamável, o álcool etílico, ou etanol, é uma substância obtida pela des- tilação de produtos orgânicos fermentados, como açúcar, amido e celulose. No caso do etanol proveniente da cana-de-açúcar, o principal componente da fermentação é a sacarose do caldo, ou seja, o açúcar. A subs- tância final dos processos de destilação e retificação é uma mistura binária etanol- água, que pode ser destinada diretamente ao abastecimento de veículos ou, ainda, so- frer desidratação e originar o álcool anidro, que é utilizado como aditivo da gasolina. O álcool etílico resultante do processa- mento industrial é uma substância pura, li- vre de proteínas e de DNA.
proteínas por fermentação anaeróbica; a produção de gás metano; o tratamento para a concentração a 60° Brix e posterior em- prego na formulação de ração animal; a uti- lização como adubo na lavoura; a queima para a produção de fertilizante; e a utiliza- ção agrícola do resíduoin natura, em subs- tituição total ou parcial às adubações mi- nerais.
Vinhaça
- A vinhaça, ou vinhoto, consiste em um resíduo do processamento industrial para a obtenção do etanol. É constituída por uma suspensão de sólidos, sendo ainda rica em substâncias orgânicas e minerais, com pre- dominância de potássio. Algumas opções de uso da vinhaça incluem a produção de
- A sacarose e o etanol provenientes da cana-de-açúcar transgênica são idênticos aos produtos obtidos da cana convencional, por se tratar de substân- cias puras, ou seja, sem outros com- postos misturados, como DNA ou pro- teína. Dessa forma, além de possuírem as mesmas propriedades físico-quími- cas, são equivalentes ao etanol e à sacarose obtidos da cana-de-açúcar não transgênica.
Saiba mais
Bagaço pode ser queimado para gerar energia
Bagaço e palha
- Existem algumas técnicas capazes de pro- duzir etanol com base no bagaço da cana e de outros materiais vegetais. A maioria desses processos ainda está em fase de desenvolvimento da viabilidade técnica em escala comercial, sendo ainda pouco com- petitiva economicamente.
- O método, que ficou popularmente co- nhecido como etanol celulósico, usa enzi- mas (rota enzimática) ou ácidos (rota quí- mica) para decompor as longas moléculas da celulose em moléculas menores de açú- cares. A partir desse ponto, o bagaço é in- tegrado ao ciclo normal de produção de etanol pela fermentação do açúcar por le- veduras.
- Outra técnica disponível para o aprovei- tamento do bagaço e da palha é a gasei- ficação. Nesse processo, o material vegetal é queimado na ausência de oxigênio para produzir o gás de síntese. Este, então, pode ser transformado em combustíveis e em outros produtos químicos.
Cortesia Unica / Foto Tadeu Fessel
- As unidades de produção da cachaça recebem várias denominações, de acordo com a escala de produção e a região produtiva: as cachaças industriais são fabricadas em destilarias; as cachaças artesanais nordestinas saem dos engenhos, herança do Brasil colonial; e as cachaças artesanais das Regiões Sul e Sudeste vêm de alambiques, em alusão ao equipamento no qual se realiza a destilação.
Curiosidade
Cachaça
- A produção da cachaça, ou aguardente, no Brasil teve início no período colonial e continua até os dias de hoje, artesanal ou industrialmente. A bebida é obtida por meio da destilação do caldo de cana fermenta- do, contendo de 38% a 54% de álcool em volume a 20°C. A cachaça, depois da cer- veja, é a bebida alcoólica mais consumida no País, totalizando sete litros per capita por ano. Em termos mundiais, é a terceira bebida destilada mais tomada no planeta, ficando atrás apenas da vodca e do shoju (bebida destilada coreana). Estima-se que sua produção alcance 1,5 bilhão de litros, o que seria, em princípio, o tamanho do mercado interno, já que as exportações re- presentam aproximadamente 1% do total produzido.
Uma das bebidas alcóolicas mais consumidas no Brasil, a cachaça é feita da de forma artesanal e industrial
ma de caldeira e turbina possibilitará um con- siderável aumento da potência instalada. Além disso, a palha da cana também poderá ser usada como combustível quando a co- lheita mecanizada estiver plenamente imple- mentada. No caso de São Paulo, maior pro- dutor do País, a queima da palha antes da colheita será eliminada em 2017.
- O potencial de produção de energia elétri- ca no Brasil em 2012 é de 5.300 MW, usan- do-se apenas 75% do bagaço produzido, segundo a União da Indústria de Cana-de- Açúcar (Unica). Adicionando-se apenas 50% da palha de cana, a capacidade de geração pode ser ampliada para 10.100 MW, potên- cia um pouco maior do que a da usina hidre- létrica de Itaipu.
Potencial econômico
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Brasil no mercado internacional
- O Brasil é o maior exportador de açúcar, respon- dendo sozinho por 45% de todo o produto comercializado no mundo. Já em relação ao etanol, o País divide com os EUA o papel de maior produtor mundial – juntos, os dois países são responsáveis por 70% de todo o etanol produzido no planeta. No entanto, o produto norte-americano é exclusivamente derivado do milho e voltado para seu mercado inter- no. Assim, o Brasil é também, no caso do etanol, o maior exportador mundial, respondendo por 54% desse mercado. Em 2008, as vendas de açúcar e etanol para o exterior renderam aproximadamente 7,8 bilhões de dólares em divisas para o País, levan- do esse setor a ocupar o quarto lugar noranking das exportações brasileiras.
Crescimento da demanda
- O setor passa por um momento de crescimento do mercado interno e externo em razão da tendência da procura de outras fontes de energia para substi- tuir o petróleo, do menor custo de produção de etanol do mundo, do aumento da frota de veículos flex-fuel e do efeito do Protocolo de Kyoto como resultado da preocupação mundial com a preservação ambiental e a consequente busca por alternativas de energia renovável.
- Esse cenário positivo vem gerando interesse glo- bal sobre o bem-sucedido programa brasileiro do álcool combustível e seu potencial para atender a uma parte da demanda mundial, que passaria a usá- lo em substituição ao petróleo. A alternativa refletiu em substancial aumento da produção brasileira de cana-de-açúcar nos últimos anos, com 12% de in- cremento da área plantada em 2007 e perspectiva de elevação desse nível nas próximas décadas.
No Brasil, a produção está concentrada na Região Sudeste, responsável por aproximadamente 70% da produção nacional. O Nordeste, tradicional produtor, responde por 12%, enquanto o Centro-Oeste, considerado uma região de avanço da cultura, representa 10%
Brasil é o maior produtor mundial de açúcar e o segundo maior de etanol
- O Programa Nacional do Álcool, ou Proálcool, foi criado em 14 de novembro de 1975 pelo Decreto n° 76.593, com o objetivo de estimular a produção de etanol, para atender às necessi- dades do mercado interno e externo e à políti- ca de combustíveis automotivos. Trinta anos de- pois do início do Proálcool, o Brasil vive uma nova expansão dos canaviais com o propósito de oferecer, em grande escala, o combustível alternativo. Neste contexto, variedades trans- gênicas de cana com maior produtivi- dade possibilitarão o aumento da pro- dução de açúcar e etanol, sem a ne- cessidade do avanço da cultura em ou- tras áreas agrícolas. A nova escalada não é um movimento comandado pelo governo, como a ocorrida no fim da dé- cada de 70, quando o Brasil encontrou no etanol a solução para enfrentar o aumento abrupto dos preços do petró- leo que importava. A corrida para am- pliar unidades e construir novas usinas é movida por decisões da iniciativa privada, con- victa de que o etanol terá, a partir de agora, um papel cada vez mais importante como combus- tível, no Brasil e no mundo.
Programa Nacional do Álcool
Produção da cana-de-açúcar nas diferentes regiões do Brasil
(em mil ha)
Norte
20 21 Nordeste
1.123 1.
Centro- Oeste
605 699
Sudeste
Sul
487 598
Safra 06/ Safra 07/
Fonte: Conab.
Mitos e fatos
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O cultivo de cana na Amazônia pode aumentar a devastação da floresta?
- Segundo levantamento da Companhia Brasi- leira de Abastecimento (Conab), a área de cana cultivada no Amazonas e no Pará é de 15 mil hectares, o que representa apenas 0,05% do total de área desses dois Estados somados. Como a legislação brasileira não permite no- vos cultivos da planta nesses Estados e a gran- de expansão da cana ocorre nas Regiões Cen- tro-Oeste, Sudeste e Sul – ou nos Estados de Tocantins e Maranhão, em local distante da Flo- resta Amazônica –, não é correta a afirmação de que a cana aumentará a devastação da Amazônia (vide mapa).
- Vale ressaltar que as condições do solo e do clima na região amazônica não são propícias para o plantio da cultura da cana.
- A aplicação da biotecnologia na cana poderá aumentar a produtividade do cultivo numa mesma área, o que permitirá reduzir a pressão pela expansão das fronteiras do cultivo.
A queima da cana é uma ação certamente menos poluente que a queima de combus- tível fóssil pela frota de automóveis do País. Estudos mostram que um hectare queima- do de cana libera o equivalente a menos de uma tonelada de CO 2 , enquanto a fotossíntese efetuada pela própria cana durante todo o seu ciclo de crescimento retira 15 toneladas do gás do meio ambi- ente, o que dá um balanço altamente posi- tivo. Ainda assim, todo o esforço está sen- do feito para a eliminação dessa prática. Gradualmente, o setor sucroalcooleiro, em consonância com as legislações ambientais, vem trabalhando nesse sentido. A Unica, representando a indústria paulista produ- tora de açúcar, etanol e bioeletricidade, e o
A cana e a natureza
Pantanal
Floresta Amazônica Cana-de-açúcar
Mata Atlântica
Governo do Estado de São Paulo, assina- ram, no dia 4 de junho de 2007, o Protoco- lo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro. Esse protocolo, de adesão voluntária, esta- beleceu uma série de princípios e diretivas técnicas, de natureza ambiental, a serem observadas pelas indústrias da cana-de-
açúcar. O acordo prevê que, em 2010, 70% da cana seja colhida sem queima, até che- gar a 100% em 2014. Com a iniciativa, mais de 20% da área colhida no Estado de São Paulo na safra de 2008 já passou por pro- cessos que não envolvem a queima.
A queima da cana não é uma ação altamente poluidora?
FONTE: MPE-Unicamp, IBGE e CTC.
Área mecanizável onde não se pode efetuar a queima da cana-de-açúcar Ano Porcentagem de eliminação 2010 70% da queima eliminada 2014 Eliminação total da queima Área não mecanizável, declividade superior a 12% e/ou com queima menor que 150 ha 2010 30% da queima eliminada 2017 Eliminação total da queima
Cronograma de eliminação da queima da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, segundo o Protocolo Agroambiental
Fonte: Protocolo Agroambiental, 2007.
O mercado comprador dos produtos gerados pela cana pode ser resistente ao produto transgênico?
- Dificilmente teríamos um mercado de etanol combustível com resistência ao pro- duto transgênico. Não há justificativas ambientais nem econômicas que sustentem uma posição contrária à produção de cana transgênica para tal fim.
- Em relação ao açúcar, tanto aquele origi- nado de planta convencional quanto o pro- veniente de plantas transgênicas vão apre- sentar composição idêntica, uma vez que o processo industrial degrada a proteína, até mesmo a que diferencia a planta transgê- nica da não transgênica. Vale lembrar que assim como os outros produtos genetica- mente modificados, a cana transgênica só contará com aprovação para comerciali- zação após preencher os requisitos de se- gurança ambiental e alimentar da Comis- são Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
Quais as vantagens da cana transgênica?
- A aplicação da engenharia genética nas culturas – pelo menos nos produtos de pri- meira geração – tem o objetivo de buscar um aumento da produtividade, direta ou indiretamente, que proporcione incremen- to na renda de toda a cadeia, a começar pelo produtor.
- Vantagens específicas da cana transgê- nica dependem da característica incorpo- rada geneticamente à planta. Por exemplo, um gene que confere resistência à broca da cana-de-açúcar e a outras lagartas ofe- recerá ao produtor uma planta com menor necessidade de medidas de controle des- sas pragas, sejam biológicas, sejam quími-
A cultura da cana-de-açúcar traz van- tagens para o meio ambiente?
- Sim, e por diversas razões. Uma delas é que as pesquisas realizadas sobre a emis- são de gases de efeito estufa (GEE) indi- cam que o volume de carbono sequestrado da atmosfera e incorporado ao solo pelo sistema radicular da cana é da ordem de 3 a 5 toneladas de carbono por hectare ao ano.
- Além disso, a substituição paulatina de uma atividade (queima de combustíveis fósseis) por outra menos poluente (amplia- ção de cultivo de cana-de-açúcar e uso de etanol como combustível) gera um cenário ambientalmente mais atrativo, o que resul- ta na redução do efeito estufa.
- Como já explicado anteriormente, o etanol é muito menos poluidor do que a gasolina. Além disso, o produto provenien- te da cana-de-açúcar é ambientalmente melhor do que o etanol produzido, por exemplo, com base no milho. A maior van- tagem ambiental da cana-de-açúcar em relação ao milho ocorre pelo balanço energético das duas culturas, o qual corresponde à razão entre a energia libera- da pela queima do etanol e a energia ne- cessária para produzi-lo. Ou seja, para fa- bricar etanol proveniente do milho é ne-
cessário gastar muito mais energia, até mesmo energia fóssil poluidora do ambi- ente, do que para produzir etanol com o uso da cana-de-açúcar. Portanto, a contri- buição do etanol de cana no combate ao efeito estufa é muito superior à opção de milho. Esse resultado ambiental positivo é amplamente conhecido, o que garantiu vi- sibilidade internacional ao programa de etanol brasileiro. O açúcar e o etanol obtidos de cana-de-açúcar transgênica oferecem perigo?
- Não. O açúcar e o etanol de cana trans- gênica são idênticos aos produtos proveni- entes da cana convencional. Tanto o açú- car quanto o etanol são substâncias puras e, portanto, independentemente da sua ori- gem, apresentarão as mesmas característi- cas físico-químicas, os mesmos riscos e os mesmos benefícios. Por exemplo, o açúcar que utilizamos no dia a dia é uma impor- tante fonte de energia, mas se sabe que seu uso em excesso está relacionado a pro- blemas de saúde. Esses riscos, assim como os benefícios, são inerentes ao açúcar, in- dependentemente dele ter sido originado de cana-de-açúcar transgênica ou da con- vencional. Ou seja: não há nenhum risco adicional em consumir açúcar ou utilizar etanol obtido de cana transgênica.
- Além do fato de o açúcar e o etanol ex- traídos de cana transgênica serem tão se- guros quantos os já existentes, as varieda- des de cana transgênica em si também só serão liberadas após a comprovação cien- tífica dessa segurança. Todas as variedades transgênicas, antes de serem autorizadas para comercialização, passam por rígidos testes de avaliação de segurança, que se- guem padrões internacionais. Somente após a comprovação da segurança alimen- tar e ambiental é que a nova variedade re- cebe a autorização para ser comercializada. É importante ressaltar que as principais so- ciedades científicas do mundo declaram que os transgênicos já comercializados hoje em dia são tão seguros quanto seus equiva- lentes convencionais. Esse é o entendimen- to de renomadas instituições científicas, tais como a OMS, a FAO, a Academia de Ciênci- as do Brasil, do México, do Terceiro Mundo e dos Estados Unidos, entre outras (Consensus Document, 2004; FAO, 2004; ICSU, 2003; The National Academy of Sciences, 2000; WHO, 2002).
Agência Internacional de Energia (IEA) http://www.iea.org
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) www.aneel.gov.br
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) http://www.anp.gov.br
Biocomb www.biocomb.com.br
Centro Nacional de Referência em Biomassa http://cenbio.iee.usp.br
Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) www.ctc.com.br
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) www.cepea.esalq.usp.br
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) www.conab.gov.br
Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) www.cib.org.br
Embrapa www.embrapa.br
Embrapa Agrobiologia www.cnpab.embrapa.br
Empresa de Pesquisa Energética www.epe.gov.br
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) www.esalq.usp.br
Etanol Verde www.etanolverde.com.br
Food and Agriculture Organization (FAO) www.fao.org
Genoma da Cana (Fapesp) http://sucest.lad.dcc.unicamp.br/en
Inovação Unicamp Etanol www.inovacao.unicamp.br/etanol
SETEMBRO/
Instituto Agronômico de Campinas (IAC) www.iac.sp.gov.br Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) www.ibge.gov.br Instituto de Economia Agrícola www.iea.sp.gov.br Ministério da Agricultura (Mapa) www.agricultura.gov.br Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) www.mct.gov.br Ministério das Minas e Energia (MME) www.mme.gov.br Nacional Academy of Sciences www.nasonline.org Núcleo de Biotecnologia da Univ. Federal do Espírito Santo (Ufes) www.prppg.ufes.br/biotecnologia Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana) www.orplana.com.br Programa Etanol Verde www.ambiente.sp.gov.br/etanolverde Rede Interuniversitária para Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro www.ridesa.com.br União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) www.unica.com.br União dos Produtores de Bioenergia www.udop.com.br Unesp – Universidade Estadual Paulista www.unesp.br Unesp Jaboticabal www.fcav.unesp.br Universidade de Campinas (Unicamp) www.unicamp.br WHO – World Health Organization www.who.int
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