Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Codificação e Codificadores da Umbanda, Manuais, Projetos, Pesquisas de Ciência da religião

Ebook sobre a codificação e codificadores da Umbanda de Alexande Cumino

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2020

Compartilhado em 01/10/2020

verusa-garcia-2
verusa-garcia-2 🇧🇷

1

(1)

7 documentos

1 / 41

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
Codificação e Codificadores da Umbanda
Atualização de 01/02/2011
Por Alexandre Cumino
Olá meus irmãos, coloco abaixo um texto longo embora despretensioso, o
tema é polêmico, desde o Primeiro Congresso de Umbanda em 1941 que
se discute a codificação da Umbanda, e muitas vezes a discussão é
acalorada em clima da busca pela verdadeira verdade da Umbanda
(desculpem o trocadilho, que é valido na medida em que tal busca é um
tanto imatura, pois cada um tem a sua verdade e a umbanda apresenta uma
pluralidade de formas em sua compreensão diversa). algum tempo
venho trabalhando nesta pesquisa indo ao encontro dos diferentes pontos
de vista de umbandistas do passado e alguns poucos do presente que
tratam do assunto com mais imparcialidade, reflexão honesta e
neutralidade de julgamento. Procurei oferecer esta pesquisa porque poucos
conseguem se situar dentro desta questão e acabam tomando conclusões
precipitadas a cerca deste ou daquele autor/assunto e quando não acabam
pensando que a questão é uma novíssima discussão, para o diálogo
fraterno na busca de novíssimas soluções para as mesmas perguntas que
continuam sem resposta ou com respostas atreladas a este ou aquele
seguimento dentro da Umbanda. Procurar novas respostas para velhas
perguntas é tão importante quanto novas perguntas para antigas situações,
independente da circunstancia estamos exercitando o pensar e o questionar
dentro da religião, que enquanto exercício propicia a reflexão constante
sobre Umbanda e o Umbandista.
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Codificação e Codificadores da Umbanda e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Ciência da religião, somente na Docsity!

Codificação e Codificadores da Umbanda

Atualização de 01/02/

Por Alexandre Cumino

Olá meus irmãos, coloco abaixo um texto longo embora despretensioso, o

tema é polêmico, desde o Primeiro Congresso de Umbanda em 1941 que

se discute a “ codificação ” da Umbanda, e muitas vezes a discussão é

acalorada em clima da “ busca pela verdadeira verdade da Umbanda ”

(desculpem o trocadilho, que é valido na medida em que tal busca é um

tanto imatura, pois cada um tem a sua verdade e a umbanda apresenta uma

pluralidade de formas em sua compreensão diversa). Já há algum tempo

venho trabalhando nesta pesquisa indo ao encontro dos diferentes pontos

de vista de umbandistas do passado e alguns poucos do presente que

tratam do assunto com mais imparcialidade, reflexão honesta e

neutralidade de julgamento. Procurei oferecer esta pesquisa porque poucos

conseguem se situar dentro desta questão e acabam tomando conclusões

precipitadas a cerca deste ou daquele autor/assunto e quando não acabam

pensando que a questão é uma novíssima discussão, para o diálogo

fraterno na busca de novíssimas soluções para as mesmas perguntas que

continuam sem resposta ou com respostas atreladas a este ou aquele

seguimento dentro da Umbanda. Procurar novas respostas para velhas

perguntas é tão importante quanto novas perguntas para antigas situações,

independente da circunstancia estamos exercitando o pensar e o questionar

dentro da religião, que enquanto exercício propicia a reflexão constante

sobre Umbanda e o Umbandista.

Eu como a maioria de nós umbandistas também não creio que toda a

Umbanda possa ser “codificada” ou “unificada” (talvez esta fosse a

palavra mais adequada) em uma visão unilateral do TODO, devido a sua

diversidade, afinal existem muitas Umbandas dentro de uma mesma

Umbanda. Assim como existem muitos cristianismos dentro do

Cristianismo e muitos catolicismos dentro do Catolicismo e o mesmo para

Judaismo, Budismo, Islã e outros. Da mesma forma a diversidade

umbandista é algo natural em religião. Embora não seja possível “engessá-

la” num único código há vários códigos de interpretação da mesma, que a

definem como Umbanda Branca, Umbanda Tradicional, Umbanda Pura,

Umbanda Popular, Umbanda Esotérica, Umbanda Mista, Umbanda

Trançada, Umbanda Mística e outras. Usamos parâmetros para identificar

ou interpretar o que quer dizer cada uma destas ramificações na

multiplicidade dentro da unidade Umbandista ou das várias Bandas do

mesmo Um.

A questão da “codificação” é tema polêmico, comum e recorrente no meio

umbandista, o que pode ser verificado por meio da literatura de dentro e de

fora sobre Umbanda. O objetivo deste texto é dar uma visão mais ampla

sobre a questão e também identificar alguns autores que abordaram a

questão ora de forma positiva e ora de forma negativa.

Em 1941 foi realizado o Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de

Umbanda , onde se reuniram intelectuais umbandistas e principais

O conceito alcançado entre nós pelo Espiritismo de Umbanda... (...)Sua prática variava, entretanto, segundo os conhecimentos de cada núcleo, não havendo, assim, a necessária homogeneidade de práticas, o que dava motivo a confusão por parte de algumas pessoas menos esclarecidas, com outras práticas inferiores de espiritismo. Fundada a Federação Espírita de Umbanda há cerca de dois anos, o seu primeiro trabalho consistiu na preparação deste Congresso, precisamente para nele se estudar, debater e codificar esta empolgante modalidade de trabalho espiritual, afim de varrer de uma vez o que por aí se praticava com o nome de Espiritismo de Umbanda, e que no nível de civilização a que atingimos não tem mais razão de ser [...] DISCURSO DE ENCERRAMENTO Pronunciado pelo 1° Secretário da Federação Espírita de Umbanda, Sr. Alfredo António Rego, na reunião de 26 de Outubro de 1941 (...) Tendo estabelecido como pontos fundamentais deste Congresso, a codificação da História, Filosofia, Doutrina, Ritual, Mediunidade e Chefia Espiritual, temos hoje a imensa satisfação de proclamar o pleno cumprimento do programa que nos traçamos, o qual foi executado fiel e rigorosamente, durante as oito noites de nossas reuniões [...]

Aluizio Fontenele , desencarnado em 1952 , deixou três títulos publicados

sobre Umbanda, no terceiro, A Umbanda Através dos Séculos ,

provavelmente publicado em torno de 1950 , Ed. Espiritualista, faz a

seguinte consideração:

A Umbanda será a futura religião que dominará no mundo [...] A Umbanda a que me refiro, não é essa Umbanda mistificada e misturada com os diversos credos fetichistas de hoje conhecidos no Brasil inteiro. Será uma Umbanda codificada , uma Umbanda pura , na qual se aproveitará de todas as religiões existentes na terra, somente aquilo que for sublime e perfeito. [...] (p.92) A CODIFICAÇÃO DA UMBANDA TRABALHOS FILOSÓFICOS E DOUTRINÁRIOS Há muito se fala em uma codificação na LEI DE UMBANDA ; entretanto, quem lançará a pedra fundamental?... Quem se atreverá a arcar com a enorme responsabilidade que atrairá para si a ira dos potentados das inúmeras religiões que dominam o mundo inteiro? Sim, aquele que se atrever a isso, lutará com todas as dificuldades possíveis e imagináveis, contra todos e contra tudo [...] Quando falo em codificação da UMBANDA, não me refiro ao aglomerado que se possa fazer entre algumas tendas espíritas, sujeitas a um determinado “centro” que as possa dirigir. Não é nada disso. A CODIFICAÇÃO a que me refiro, é uma luta tremenda que se terá que realizar em torno de milhares de “centros”, “tendas”, “terreiros”, “templos”, etc., com a finalidade de separar o “joio do trigo”, unificando-se todas as interpretações espíritas em torno de um só poder, de uma só ORDEM, sendo essa ordem incontestavelmente UNIVERSAL. [...] (P.96)

nossa palavra, precisam de saber a verdade sôbre UMBANDA, conhecer o seu código legítimo, segundo as leis morais, evangélicas e os preceitos divinos contidos em seus mistérios [...] Talvez amanhã mesmo, quem sabe, uma vez a lume se encontrem estas verdades que afirmamos de pé, nossas palavras não agradem também aqueles mesmos que nos convenceram para escrevê-las... uma vez que venham contrariar o gosto pela aceitação daquilo que elas desaconselham, mesmo contra o prazer da maioria [...] (o convite havia sido feito 15 anos antes, 1936, nota nossa) Aconteceu exatamente o que prevíramos. (agora na 4 edição em

  1. As mesmas comitivas e Delegações que nos procuraram para confirmarem e aplaudirem o apelo da primeira comitiva que considerou a Fraternidade Eclética e o Mestre Yokaanam a autoridade competente para legislar tal codificação , voltaram-se todos contra o Mestre e logo improvisaram pela imprensa uma codificação às pressas através do jornal “A Noite”...

Emanuel Zespo , autor umbandista, em torno de 1950 , publica o título

Codificação da Lei de Umbanda, Ed. Espiritualista. O autor dedica este

livro atenção total à “ codificação da Umbanda ”, vejamos algumas

passagens:

Escrevemos para o umbandista e para o não umbandista. Ao primeiro fornecemos os argumentos científicos com os quais ele poderá justificar ao mundo a razão de ser da Umbanda. Ao

segundo damos explicações claras do que é a Umbanda [...] Eis porque, a seguir, damos à publicidade, sob o título “Diretrizes”, as sugestões que apresentamos à Federação de Umbanda. Está quase tudo por ser feito. Lutemos, pois, e comecemos pela Codificação. Comecemos pela Codificação na parte Científica e na parte Ritualística; mas não esqueçamos que a base da parte moral é confraternização de todos os umbandistas. (pp.8-11)

Oliveira Magno, autor umbandista, em 1951, na Nota Final de seu título

Práticas de Umbanda diz muito apreciar Emanuel Zespo por tentar fazer a

“Codificação da Umbanda” , e em 1952 , publica Umbanda e Ocultismo,

Ed. Espiritualista, no qual faz as considerações abaixo:

Na nossa obra “A Umbanda Esotérica e Iniciática”[1] apelei para os escritores que escrevessem uma obra para a grandeza da Umbanda, mostrando o que ela tem de religioso, filosófico e científico; pois bem, se realmente os que me seguiram tentam corresponder ao nosso apelo houve um que por vaidade e pretensão, querendo fazer obra pessoal, tenta desfazer as obras dos outros e tudo quanto sobre a Umbanda se tem escrito. E a vista disso, mais uma vez apelo para todos os escritores e homens de boa vontade, que escrevam obras cujo fim seja, para a grandeza e elevação da Umbanda. Não vamos querer na nossa vaidade e pretensão nos mostrar mais sábios e mais conhecedores da Umbanda do que os que anteriormente nos precederam tentando fazer obra nossa quando a

sociologia de Umbanda, apresenta algumas considerações interessantes

sobre estes Congressos e sobre codificação em seu título Entre a Cruz e a

Encruzilhada , 1996[4]:

É nesse clima que se anuncia a realização do II Congresso Brasileiro de Umbanda: “Para elaborar o código que orientará a feitura da carta sinódica de Umbanda [...] p. A mesa foi composta com a participação dos deputados estaduais Átila Nunes (RJ) e Moab Caldas (RS), do bispo dom José Aires da Cruz, da Igreja Católica Brasileira, além de líderes umbandistas [...] Finalmente, foram aprovadas quinze resoluções, dentre as quais a primeira e mais importante se propunha a Promover a codificação da Doutrina Umbandista em todos os seus aspectos [filosófico, científico e religioso] inclusive a uniformização do ritual e atos litúrgicos [...] A única providência concreta nesse sentido foi a constituição de um grupo de quinze membros que no prazo de seis meses deveria elaborar a Carta Sinódica da Umbanda, a ser debatida em congresso extraordinário a ser realizado em abril de 1962 em Porto Alegre. A Comissão Codificadora deveria iniciar seus trabalhos no dia 16 de agosto do então corrente ano de 1961 [...] p.

Entre os objetivos do Primeiro Congresso Paulista estava:

Cooperar no trabalho de Codificação Doutrinária do Culto,

incluindo ritual e liturgia, auxiliando dessa forma a Comissão Nacional de Codificação [...] p. Os resultados do I Congresso Paulista, Direcionados pela estratégia acima, chegaram a um total de dezoito resoluções... Resolveu-se transformar a comissão organizadora em Comissão Permanente, com o objetivo de ... elaborar substancial trabalho sobre a Codificação do culto de Umbanda afim de ser oportunamente apresentada à Comissão Nacional de Codificação ou ao congresso extraordinário[...]

Paulo Gomes de Oliveira em 1957 , no título Umbanda Sagrada e

Divina :

“Umbanda é uma escola de doutrina secreta (doutrina da

alma), e como tal,

Possui como todas as demais o seu código de leis que

noventa por cento dos umbandistas

Jamais procurou conhecer porque não estudam e não

investigam.”P. 86

WW da Mata e Silva , autor umbandista, publicou seu primeiro título em

1956 , Umbanda de Todos Nós na qual fala em unificação, mas em seus

Resposta: De fato houve esse Congresso. Entretanto não creio cheguem codificar a Umbanda, mesmo que tenham nomeado para isso imponentes membros, entre doutores etc. A Umbanda, meus irmãos, já está codificada há muito tempo e eles sabem disso ...[6]

Já no título Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda o autor é

categórico:

A Umbanda de alguns anos para cá foi enriquecida com uma vasta literatura, por onde se constata que ela pode ser codificada a qualquer momento, bastando para isso que a escolha seja feita por dentro do que há de mais certo e de mais interno. [7]

Umbanda e o Poder da Mediunidade :

Leal de Souza, poeta, jornalista e escritor, foi o primeiro umbandista que enfrentou a crítica mordaz, ostensiva e pública, em defesa da Umbanda do Brasil [...] Ele o fez numa época que era quase um crime de heresia se falar de tal assunto. Foi também o precursor de um ensaio de codificação , ou melhor, foi o primeiro que tentou definir, em diversos artigos, o que era a Umbanda ou o que viria a ser no futuro esse outro lado que já se denominava de linha Branca de

Umbanda [...][8] Dissemos também que Leal de Souza foi um ensaísta de uma espécie de Codificação , pois já naquele tempo ele tentava classificar (segundo o entendimento que tinha na época) as 7 linhas da Umbanda Branca, sintetizada em Santos da Igreja Católica e ainda dissertava a sua Magia... Isso pode ser comprovado no “Mundo Espírita”, um jornal lá do Paraná, que o entrevistou, sob o título de “Espiritismo, Magia e as Sete Linhas de Umbanda”, no ano de 1925. [...][9] Diante do exposto e da leitura de sua entrevista, ficou bem clara essa “entrevista-arquivo” de Leal de Souza. Antes dele ninguém havia dito nada sobre a Linha Branca de Umbanda etc., etc., etc... Todavia, existem certos setores umbandistas que pretendem dar particularidades especiais na história ou nas origens da Umbanda do Brasil, doutrinando que: _ quem levantou o termo Umbanda pela primeira vez e “codificou” a dita Umbanda foi o Caboclo das Sete Encruzilhadas...

Cavalcanti Bandeira , autor umbandista. O que é a Umbanda , Ed. Eco,

“Codificação da Lei de Umbanda” que apesar de insuficiente, demonstra a preocupação permanente dos sinceros [...] (op.cit. p.22) O futuro exige a codificação para a Umbanda como culto organizado, e não se tumultuarem os seguidores pelas contradições de ensinamentos desordenados; nessa época de conhecimentos científicos, em que tudo deve ser explicado à luz da razão. [...] A codificação se impõe, especialmente visando aos que abusam da credulidade alheia [...] Dando uma apreciação de síntese, visamos principalmente a Codificação do Culto de Umbanda, mas na certeza de que o pensamento codificador se processará lentamente [...]

Roger Bastide , francês, professor da Sorbone e pioneiro de sociologia da

religião no Brasil, registrou a questão da “codificação” em sua obra prima,

As Religiões Africanas no Brasil , publicada pela primeira vez em 1960, na

França:

[...] nos encontramos em presença de uma religião a pique de nascer, mas que ainda não descobriu as suas formas; ao ponto de, ao procurar uma solução na “codificação” de suas regras pelas “tendas federadas”, essas próprias federações (agora se contam 4 no Rio) lutarem entre si; e ainda se sonha estabelecer um mínimo de ordem e coerência...[11]

Renato Ortiz, sociólogo que defendeu tese de doutorado em Paris, 1975,

sobre a Umbanda, teve como orientador Roger Bastide, Sua tese foi

publicada em 1978 pela Editora Vozes, na qual observamos:

Com efeito, esta necessidade interna de codificação aparece desde as origens da Umbanda; ela domina as preocupações dos participantes do congresso de 1941, permanecendo ainda hoje um ideal a ser atingido [...] Se não existe até o momento um código definitivo, aceito unanimemente pelos umbandistas, não é menos verdade que a codificação e unificação religiosa permanece um ideal constante para as diferentes tendências [...] Nesses terreiros até mesmo a hierarquia e as relações entre os participantes podem ser codificadas ao extremo. Um exemplo disso são as apostilas da Tenda Mirim [...][12]

Patrícia Birman, antropóloga, no título O que é Umbanda[13] , 1985,

afirma:

A Umbanda mais praticada, que se dissemina sem nenhum controle, é essa – misturada , que não dá importância à pureza, seja esta de cunho moral, com a pretensão de impor códigos doutrinários, seja de caráter ritual [...] As tentativas de “codificação” da Umbanda, no sentido de homogeneizá-la, partem geralmente dos setores mais

terreiro, por causa da ausência de cultura [...] Talvez o tempo possa permitir uma codificação , abrindo uma nova mentalidade dentro da religião [...] Vários seguimentos da religião umbandista vêm tentando uma codificação para todos os rituais. A Federação Umbandista do Grande ABC instituiu um conselho de culto que padronizou todos os seus rituais, trabalhos e sacramentos. As suas tendas filiadas seguem, na medida do possível, essa padronização [...] A codificação se for necessária, virá com o tempo [...] (pp. 61-62)

Mestre Itaomam , discípulo de W.W. da Mata e Silva , em 1990 , publica

o título Pemba – A Grafia Sagrada dos Orixás , Ed. Thesaurus, Brasília:

Finalmente, dia virá em que despontará o Codificador que há de dar uma forma final à Umbanda, mas talvez nesse dia, o seu trabalho já tenha sido facilitado por todos aqueles que o precederam e que não se recusaram a dar suas contribuições, enquanto a Obra Final ainda é considerada uma salada religiosa. (pp.17-18)

Obs.: No texto de Itaoman nos parece que a Umbanda está “grávida de um

codificador”, que com o tempo vai criando um estereótipo e uma

expectativa do mesmo.

Rubens Saraceni publicou um conjunto de quatro livros ( Doutrina e

Ritual de Umbanda, Magia de Umbanda, Orixás: Os Tronos de Deus e A

Ciência dos Orixás ) num único “livrão” intitulado Código de Umbanda

no qual afirma, logo na apresentação do mesmo:

Muitos devem estar achando pretensiosa a obra que ora chega às suas mãos, caro leitor, e nós até entendemos o ceticismo e a inquietação que deve despertar uma obra como esta [...] Mesmo nós... ponderamos acerca do efeito psicológico de se usar um título com o “peso” de um termo como este: “código” [...] achávamos uma temeridade utilizar esse termo, pois a intenção nunca foi ferir suscetibilidades, e parecia-nos muito provável que isso ocorresse [...] Mas os Mestres (espirituais) insistiam no termo e, aos poucos, apresentavam desdobramentos do tema original (“A Ciência dos Orixás”) [...] O resultado foi um conjunto de temas e assuntos tão abrangente que, se não representava formalmente um “código religioso” , tratava-se no mínimo , de uma “codificação” extensa de vários pólos relativos aos fundamentos do Ritual de Umbanda Sagrada, tanto ao nível de sua estruturação no astral quanto de consciência religiosa e práticas rituais [...] Código de Umbanda não é, portanto, um código no sentido de “um conjunto de regras”, mas sim no sentido de “um conjunto de conhecimentos, conceitos e preceitos” [...]

Sendo este “Código de Umbanda” o nome dado a um conjunto de 4