




























































































Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Tese com base na confiabilidade dentro das equipes de trabalho; comportamento organizacional
Tipologia: Teses (TCC)
1 / 276
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Universidade do Minho Escola de Economia e Gestão
Carla Maria Freitas da Costa Freire (Dissertação com vista à obtenção do grau de Doutor em Ciências Empresariais na Área do conhecimento de Organização e Políticas Empresariais)
Doutoramento em Ciências Empresariais Trabalho realizado sob orientação do Professor Doutor Carlos Cabral- Cardoso 2007
À minha filha Catarina.
Uma palavra de apreço a todos aqueles que me ajudaram e que contribuíram para a realização deste trabalho. Em particular ao meu orientador, o Prof. Doutor Carlos Cabral Cardoso, pela amizade e disponibilidade demonstradas ao longo de todo este percurso. O meu obrigada para os amigos que me ajudaram a estabelecer contactos com as organizações onde foi realizado este estudo, em particular, ao Eng. Paulo Viegas, à Engenheira Daniel Santos, à Dra. Ana Cristina Silva, à Dra. Gabriela Cunha, à Dra. Cândida Santos, e ao Eng. Paulo Cruz. Uma palavra de agradecimento a todos aqueles que colaboraram pacientemente quer através da concessão de entrevistas quer através da sua resposta ao questionário. Assim, o meu agradecimento dirige-se às organizações que me concederam a possibilidade de aplicar o questionário, em particular, à Siemens, à Efacec, à ENT, ao IPATIMUP, ao INEB, ao CATIM, ao IPN, ao Idite-Minho, ao INESC-Porto, à Primavera Software, à Actaris, e à Blaupunkt. Gostaria de expressar uma nota de gratidão aos meus colegas de trabalho e amigos pelo incentivo e alento que me deram no decurso deste estudo. Em especial ao grupo de colegas de doutoramento pelas criticas e sugestões que me foram apresentando ao longo de vários seminários de doutoramento realizados na Escola de Economia e Gestão. Uma nota de agradecimento ao Professor Jabri por amavelmente ter disponibilizado as escalas do clima de trabalho e por ter manifestado preocupação pela sua aplicabilidade no contexto português. Gostaria de expressar o meu agradecimento aos participantes dos Workshops sobre “Trust within and between organizations” pelos comentários e sugestões dados ao meu trabalho. Gostaria de expressar o meu agradecimento à Professora Doutora Ana Cristina Costa, pela preciosa orientação inicial, mas sobretudo, pela apreciação que fez desta dissertação e pelas recomendações de melhoria. Expresso desta forma o meu reconhecimento e gratidão por me ter orientado para uma versão mais objectiva, mais concisa e estruturada desta tese. Um muito obrigada aos meus pais pelo incentivo e pelo ânimo que me deram imprescindíveis à realização deste trabalho. E finalmente, ao Tó-Zé, o meu marido, pela compreensão, pela ajuda na resolução de inúmeros problemas informáticos e pelo apoio incondicional, o meu obrigada.
O estudo da confiança em contexto organizacional tem atraído a atenção de investigadores e práticos nas últimas décadas. Este interesse traduziu-se, sobretudo, na compreensão do comportamento e das atitudes dos indivíduos e no seu impacto em determinados resultados organizacionais. A literatura neste domínio tem reconhecido que a existência de confiança entre pessoas, nas equipas, nas organizações e mesmo entre organizações representa uma mais valia e tem sido defendido que é benéfica para todos os agentes envolvidos. Os principais estudos neste domínio destacam que sendo a confiança um constructo complexo, deverá ser estudado como um fenómeno multidimensional e multideterminado. A presente dissertação adopta o modelo do input-processo-output para estudar a confiança nas equipas de I&D. A confiança foi considerada uma variável multidimensional, tendo sido estudada com base em dois focos de confiança com relevância para a gestão das equipas: a confiança na equipa e a confiança no líder de equipa. Os principais objectivos deste estudo são a análise da multidimensionalidade da confiança na equipa e da confiança no líder de equipa, o estudo das variáveis que determinam a confiança nas equipas de I&D (equipa e líder,) e o impacto da confiança na eficácia da equipa, medida através do empenhamento na equipa e satisfação com a equipa. O estudo foi aplicado a 243 cientistas e profissionais de I&D integrados em equipas e a trabalhar em contexto não académico (empresas industriais e em laboratórios de Estado). Dos resultados obtidos concluiu-se que a confiança em equipas de I&D é composta por quatro dimensões, a saber, os comportamentos de (não) confiança, as percepções de confiabilidade, as percepções de consideração e influência e a cooperação. A confiança no líder é também composta por quatro dimensões, ou seja, a integridade, a consideração, o oportunismo e o reconhecimento de competência. Dos resultados obtidos neste estudo conclui-se que as variáveis referentes à caracterização da equipa e ao contexto de equipa contribuem significativamente para explicar a confiança na equipa e a confiança no líder. Os resultados obtidos indicam que existe uma relação positiva entre a confiança na equipa e no líder de equipa na eficácia da mesma, medida através do empenhamento e da satisfação. São discutidas as implicações teóricas e práticas ao nível da gestão das equipas de I&D.
Agradecimentos..........................................................................................................I Resumo......................................................................................................................II Abstract....................................................................................................................III Índice Geral..............................................................................................................IV Índice de Figuras...................................................................................................VIII Índice de Tabelas...................................................................................................VIII CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................ 1 1.1. Justificação da escolha do tema................................................................. 2 1.2. Porque é importante estudar a confiança? ................................................. 3 1.3. Porque é importante estudar a confiança em equipas de I&D?................. 7 1.4. Contribuições em termos académicos e práticos..................................... 10 1.5. Objectivos e Estrutura do documento..................................................... 11 CAPÍTULO 2. CONFIANÇA NAS ORGANIZAÇÕES: O ESTADO DA ARTE 14 2.1 O fascínio pelo tema ................................................................................ 14 2.2 Questões conceptuais............................................................................... 17 2.2.1 Definição do conceito.......................................................................... 18 2.2.2 Na senda da multidimensionalidade .................................................... 20 2.2.3 Estudos sobre o carácter multidimensional da confiança nas equipas e nos líderes de equipa.................................................................................................... 21 2.2.4 Confiança como um constructo dinâmico ........................................... 34 2.3 Diferentes abordagens ao estudo da confiança........................................ 36 2.3.1 Abordagens Sociológicas .................................................................... 37 2.3.2 Abordagens Económicas ..................................................................... 39 2.3.3 Abordagens Psicológicas e Psicossociais ............................................ 41 2.4 Notas finais .............................................................................................. 44 CAPÍTULO 3. A CONFIANÇA EM EQUIPAS DE I&D...................................... 46 3.1 Estudos sobre a confiança em ambientes de I&D ................................... 46 3.2 Estudos sobre a confiança em equipas e a sua relação com a eficácia.... 54 3.2.1 Antecedentes da confiança nas equipas............................................... 55 3.2.2 Consequentes da confiança na eficácia das equipas............................ 58 3.2.3 O impacto da confiança na eficácia das equipas ................................. 59 3.3 Notas finais .............................................................................................. 65
Referências Bibliográficas Anexos Anexo 1- Inquérito por questionário
Introdução
Capítulo 1. INTRODUÇÃO
Esta dissertação de doutoramento em Ciências Empresariais, ramo do conhecimento de Organização e Políticas Empresariais, tem por objectivo o estudo da confiança em equipas de I&D e a análise das suas determinantes e implicações. O estudo enquadra-se no modelo de input-processo-output, sendo a confiança considerada uma variável de processo determinada por variáveis individuais, características de trabalho e pelo próprio contexto organizacional, que por sua vez é responsável por determinados resultados, ou seja, é uma variável determinante da eficácia das equipas de I&D. Neste estudo, considera-se a confiança como um constructo multidimensional, composto por diversos factores. É sugerido, de resto, pela literatura que a confiança é um fenómeno de grande complexidade teórica e como tal deve ser analisado com base numa estrutura conceptual também complexa e multidimensional (Cummings e Bromiley, 1996). Para responder à questão “porque confiam as pessoas nas suas equipas?” são considerados diferentes factores, relacionados com predisposições para confiar, com características dos indivíduos em quem se confia e, relacionados com o contexto de trabalho que pode influenciar o nível de confiança existente na equipa. O domínio de investigação do presente estudo são as equipas de I&D, onde são frequentes as colaborações entre investigadores e entre equipas de investigação, presumindo-se que a confiança representa, neste contexto, um elemento central do seu bom funcionamento e fundamental para o nível de resultados alcançados (Langfred, 2004). Por se considerar que a confiança nas equipas é um constructo complexo e por se considerar que o contexto de I&D apresenta algumas especificidades que o distinguem de outros contextos de trabalho, procura-se neste estudo, avaliar a multidimensionalidade da confiança entre membros da equipa e a multidimensionalidade da confiança no líder de equipa. Tendo em conta estas duas vertentes será possível compreender melhor a problemática da confiança em equipas de I&D.
Introdução
Foram vários os motivos que estiveram na origem da escolha deste tema. O desafio académico lançado pelo orientador desta dissertação, as lacunas encontradas na literatura neste domínio, a inexistência de estudos sobre esta temática no nosso país e finalmente, a pertinência desta questão para os resultados das equipas de I&D foram sem dúvida importantes estímulos para a escolha do tema em questão. A confiança nas organizações constitui um tópico fascinante e por isso tem merecido muita atenção por parte de investigadores do comportamento organizacional, particularmente, a confiança ao nível interpessoal. No entanto, a literatura neste domínio tem revelado algumas fragilidades e lacunas, particularmente, na sua conceptualização e operacionalização. À medida que as organizações se têm tornado mais flexíveis, mais horizontais e também mais centradas no trabalho em equipa, tem sido dada maior ênfase às dinâmicas interpessoais e de grupo, onde a confiança é tida como uma questão central (Herriot, Hirsh e Reilly, 1998; Lane e Bachmann, 2000; Shockley-Zalabak, Ellis e Winograd, 2000). Por outro lado, tem sido reconhecido pela literatura neste domínio que a existência de confiança entre pessoas, nas equipas, nas organizações e mesmo entre organizações representa uma mais valia benéfica para as partes envolvidas. E, portanto, tem-se revelado, também nesta perspectiva um assunto de elevado interesse para as organizações. A investigação tem sido marcada por duas dificuldades inerentes à própria definição de confiança e ao desenvolvimento de uma medida adequada aos diferentes níveis de análise. Têm sido apresentadas algumas definições, porém, o consenso está longe de ser atingido. Assim, umas definições aproximam-se mais da perspectiva tradicional da confiança (Mellinger, 1956; Deutsch, 1958; Read, 1962), outras enquadram-se mais nas perspectivas mais recentes (Hosmer, 1995; Mayer, Davis e Schoorman, 1995; Costa, 2001, 2003a e 2003b; Gill, Boies, Finegan, McNally, 2005). A complexidade do conceito e a sua difícil sistematização decorre de inúmeros aspectos. Predisposições para confiar, características dos indivíduos em quem se confia e as condições situacionais podem determinar tanto o nível como a forma que a confiança assume. A importância destes factores que integram a confiança é determinada pelo tipo de relações que se estabelecem. Com base nestes argumentos é sugerido por Lewicki e Bunker (1996) que a definição teórica do conceito deve incluir tanto o estado psicológico como os comportamentos de escolha como elementos importantes da configuração da confiança. Assim, a confiança é
Introdução
Axelrod, 1984; Rempel, Holmes e Zanna, 1985; Lewis e Weigert, 1985; Gambetta, 1988; Kramer e Tyler, 1996; Dirks e Ferrin, 2001; Costa, 2001, 2003a e 2003b;). As consequências positivas normalmente associadas ao constructo têm contribuído para a importância que académicos e práticos atribuem ao constructo. Se por um lado, o desenvolvimento dos estudos da confiança em ambientes organizacionais tem sido encarado como uma necessidade emergente e resultante das transformações recentes no mercado laboral, por outro lado, tem sido unânime o reconhecimento de que a existência de confiança entre indivíduos, nas equipas, nas organizações e no plano inter-organizacional é um mecanismo necessário para que o trabalho seja realizado de uma forma mais eficiente. Inserindo-se esta dissertação num doutoramento em Ciências Empresariais, interessa analisar e enquadrar esta problemática no âmbito das organizações e das transformações que aí têm ocorrido. Ao nível macro, ou seja, nas relações entre organizações, os investigadores têm considerado que a confiança permite baixar os custos de transacção em certos ambientes de mudança como fonte de vantagem competitiva (Barney e Hansen, 1994). A confiança promove relações a longo-prazo entre empresas (Ring e Van de Ven, 1992) e é um importante impulsionador do sucesso das alianças estratégicas (Gulati, 1995). E por tais motivos, tem sido analisada como contribuinte da implementação efectiva de estratégias de investimento (Lorenz, 1988), de maior coordenação da gestão (McAllister, 1995) e do reforço do trabalho de equipa (Lawler, 1992). Nas últimas décadas, verificou-se um crescente reconhecimento do papel da confiança na própria estrutura organizacional. Por exemplo, Bradach e Eccles (1989) viram a confiança como factor decisivo da estrutura organizacional e da maior parte dos mecanismos de controlo organizacional. Bromiley e Cummings (1995) sugeriram também que os comportamentos honestos variam entre organizações e influenciam consideravelmente os resultados organizacionais reduzindo ainda a pressão para a integração vertical. Existem variados estudos que analisaram os custos da implementação da confiança em termos de controlo de custos e em termos de gestão dos comportamentos individuais de honestidade (Lorenz, 1988; Bromiley e Cummings, 1995). Por exemplo, Lorenz (1988) argumenta que apesar da promoção da confiança ser dispendiosa, na medida em que requer tempo no estabelecimento de uma relação pessoal, a falta de confiança é ainda mais dispendiosa. Por outro lado, a falta de confiança traduz-se em situações nas quais as tentativas de cooperação são reduzidas (Bromiley e Cummings, 1995). Em contraste,
Introdução
organizações com elevados níveis de confiança podem desenvolver mais processos de cooperação (Sabel, 1993; Dirks e Ferrin, 2001; Williams, 2001; Dyer e Chu, 2003), reduzindo os custos de transacção (Lorenz, 1988). Creed e Miles (1996) argumentaram, também, que a confiança pode ser uma abordagem lucrativa na teoria das organizações através da interacção de estruturas organizacionais e filosofias de gestão. Estruturas alternativas têm claros requisitos de confiança, e as filosofias de gestão têm níveis claros de implicações de confiança. Nestas organizações assiste-se à substituição de hierarquias e burocracias como princípios organizacionais em estruturas mais flexíveis e mais propensas a confiar. Estas mudanças dão uma nova dinâmica às relações de confiança interpessoal e intergrupal. Em vez de tarefas e conhecimento previsível e determinado pela autoridade, as relações de trabalho tornam-se mais horizontais e centradas no grupo (Coppola, Hiltz e Rotter, 2004). Relações horizontais de trabalho requerem ajustamentos mútuos e tendem a ser mais permeáveis a uma maior flexibilidade de papeis, tarefas ou procedimentos (Gabarro, 1990; Smith e Barclay, 1997). A literatura recente tem incidido no papel da confiança, quer seja ao nível interpessoal ou organizacional na partilha do conhecimento (Chowdhury, 2005; Szulanski, Cappetta e Jensen, 2005) e no seu papel na promoção de relações de cooperação entre as partes (Tyler e Degoey, 1996; Kramer, 1999; Dirks e Ferrin, 2001). O clima organizacional é também determinante na criação de condições que permitam aos indivíduos criar relações de confiança (Kasperson, Golding e Tuler, 1992). Zand (1972) concluiu que grupos com baixos níveis de confiança têm menos tendência a partilhar informação e ideias, estão menos envolvidos pessoalmente e impõem mecanismos de controlo quando a coordenação é necessária. Desta forma, o controlo e o comportamento defensivo são, em geral, representativos de actividades não produtivas (McAllister, 1995) na medida em que aumentam os custos, restringem a mudança e reduzem a cooperação (Bromiley e Cummings, 1995). Por outro lado, grupos com elevados níveis de confiança parecem abrir-se mais à discussão, resolver mais eficazmente os seus problemas, desenvolver-se mais rapidamente, apresentam maior originalidade e maior auto-controlo e menos estímulos como mecanismos de defesa contra ameaças (Zand, 1972). Os resultados do trabalho de Zand (1972) revelaram que a confiança ou a falta dela é determinante do nível de eficácia na resolução de problemas de gestão. Seguindo a definição de Deutsch (1962) segundo a qual a confiança se traduz em situações de vulnerabilidade numa dada relação, o modelo apresentado por Zand (1972) analisa a forma como as pessoas confiam umas nas outras e disponibilizam informação relevante, precisa,
Introdução
2001; Kreitner e Kinicki, 2001; Daft e Noe, 2001;Luthans, 2002; Newstrom e Davis, 2002; Sweeney e McFarlin, 2002; Nelson e Quick, 2003) revelando que o tópico encontra cada vez mais espaço neste domínio disciplinar.
A investigação científica é uma área da actividade humana em que a confiança é particularmente importante. Esta actividade baseia-se em relações de confiança entre indivíduos que trabalham individualmente e entre indivíduos que trabalham em equipas. Tradicionalmente, a investigação científica é conduzida em pequenas equipas de investigadores, cada um dedicado a investigar determinadas questões particulares de um problema geral. Ao nível macro, esta especialização pode ser entendida sob o ponto de vista da eficiência, permitindo a produção de um elevado número de factos novos para serem generalizados. Contudo, o facto das equipas de investigação científica serem altamente especializadas significa também que cada equipa contacta com outras equipas para obter informações que são vitais para a sua investigação, e neste sentido, os investigadores são interdependentes em termos de inputs de conhecimento. E é nesta relação de interdependência que a confiança assume um papel fundamental. Sem credibilidade, a confiança na validade dos resultados da investigação científica dos outros seria comprometida e cada cientista ver-se-ia obrigado a reproduzir o trabalho dos seus antecessores, comprometendo a eficácia da investigação. As publicações constituem uma fonte crucial de informação para a restante comunidade científica. A reprodução do conhecimento entronca também em relações de confiança e pode assumir variadas formas, incluindo conversas informais entre investigadores colaboradores e colegas, apresentações formais em colóquios e encontros profissionais, working papers, e publicação de artigos em revistas da especialidade. Neste sentido, o que distingue a confiança em contexto de I&D e a torna específica é esta relação de interdependência entre investigadores, quer em termos de inputs quer em termos de outputs dos trabalhos produzidos. Assim, dada a especificidade do trabalho desenvolvido por equipas de I&D, isto é, dada a dependência funcional existente, os membros necessitam cooperar, e dependem uns dos outros para atingir os objectivos do trabalho de investigação (Morris e Moberg, 1994). Em linha, aliás, com alguns estudos da
Introdução
literatura, é considerado que a confiança pode assumir uma importância diferente em diferentes contextos (Bigley e Pearce, 1998, Costa, 2003a) sendo que esta depende dos níveis de familiaridade entre os indivíduos que compõem a amostra e depende dos níveis de dependência estabelecidos ao nível da equipa. A literatura tem indicado que a confiança é, de resto, necessária em determinadas condições, ou seja, quando existe interdependência e incerteza (Deutsch, 1962; Larzelere e Huston, 1986; Costa, 2003a e 2003b). Segundo Smeltz e Barrington (1984), os profissionais de I&D devem adaptar-se a um estilo de trabalho específico, onde a incerteza relativamente aos meios e aos fins da investigação está sempre presente. O estudo destes autores indicou que os indivíduos que trabalhavam em projectos de I&D de longa duração, não esperam um feedback contínuo do seu supervisor. Todavia, a avaliação dos supervisores constitui um factor determinante no processo de investigação, mais importante do que a avaliação do próprio investigador. Nas comunidades científicas, a avaliação da qualidade científica é realizada pelos pares, e neste sentido, um novo contributo só tem validade científica quando aprovado pela comunidade dos pares. Segundo Becher (1998), a avaliação ou julgamento dos pares é fundamental em ambiente de I&D, uma vez que depende dessa avaliação a progressão na carreira, a publicação e a aprovação de projectos de investigação bem como o reconhecimento e reputação científica dos investigadores. Becher (1998), considera que os cientistas são extraordinariamente dependentes da boa opinião dos seus pares, o que justifica a ênfase que colocam na reputação pessoal e científica. Neste sentido, o estabelecimento de relações de confiança entre os membros da equipa e na relação que estabelecem com o líder de equipa depende de um tipo de confiança cognitiva que se apoia no reconhecimento científico e na reputação. Por outro lado, a confiança é essencial em contextos de I&D dado que a capacidade de inovação das empresas depende da capacidade de assumir riscos. Neste sentido, só é possível inovar se houver confiança. Por exemplo, Saleh e Wang (1993), concluíram, no seu estudo, que as empresas canadianas consideradas mais inovadoras caracterizavam-se por climas de trabalho que promoviam comportamentos empreendedores e inovadores. Estas organizações inovadoras caracterizavam-se pelo facto de atribuir aos investigadores “margem de manobra” para experimentar novas ideias, mesmo que estas pudessem conduzir ao erro. Num clima deste tipo, a autoridade e o poder eram partilhados de igual forma pelos colegas, afastando-se do relacionamento das abordagens clássicas da relação chefe-subordinado. Assim, o estudo concluiu que as organizações mais inovadoras eram as