Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

contaminação em estetoscópios, Manuais, Projetos, Pesquisas de Ciências da Saúde

contaminação em estetoscópios

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2019

Compartilhado em 01/11/2019

rosilene-marchesini-7
rosilene-marchesini-7 🇧🇷

1 documento

1 / 2

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
217
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 42(2):217-218, mar-abr, 2009
1. Departamento de Medicina, Universidade de Taubaté, Taubaté, SP. 2. Instituto
Básico de Biociências, Universidade de Taubaté, Taubaté, SP.
Endereço para correspondência: Dra. Mariko Ueno. Instituto Básico de Biociências/
UNITAU. Rua Tiradentes 500, Campus Bom Conselho, 12030-180 Taubaté, SP.
Tel: 55 12 3629-7909
e-mail: mariueno@unitau.br
Recebido para publicação em 12/05/2008
Aceito em 27/01/2009
O estetoscópio é um veículo ao qual não se confere
importância, apesar da sua comprovada contaminação13 14 e do seu
papel na transmissão de microrganismos3 11. Coberturas de prata
não protegem os diafragmas dos estetoscópios da contaminação12.
O microrganismo mais freqüente nos estetoscópios é o
Staphylococcus coagulase negativo7 9.
Neste estudo, foram avaliados 38 estetoscópios: 6 da UTI-
neonatal, 6 da UTI-pediátrica, 5 da UTI-pediátrica semi-intensiva,
5 do Ambulatório Pediátrico, 6 da Enfermaria Pediátrica,
5 do Isolamento Pediátrico e 5 do Pronto Socorro Infantil.
As amostras foram coletadas com swab embebido em solução
fisiológica, semeadas em ágar sangue (DIFCO) e incubadas a 35ºC;
este procedimento foi realizado antes e após a desinfecção. A
escolha do desinfetante foi randomizada e 12 foram desinfetados
com álcool 70%, 13 com álcool iodado e 13 com hipoclorito de
sódio (100ppm) e os resultados foram analisados estatisticamente
utilizando o teste t. Foi realizada a prova de sensibilidade aos
antibióticos para as cepas isoladas após a desinfecção.
O questionário aplicado, aos profissionais, sobre freqüência
de desinfecção mostrou que 71,1% dos entrevistados afirmaram
realizar a desinfecção dos estetoscópios, 23 (60,5%) a faziam após
Contaminação bacteriana de estetoscópios das unidades
de pediatria em um hospital universitário
Bacterial contamination of stethoscopes in pediatric
units at a university hospital
Marcelo Souza Xavier1 e Mariko Ueno2
RESUMO
A avaliação da contaminação, de estetoscópios utilizados em setores pediátricos de hospital e emergência, mostrou que 87% dos estetoscópios
apresentaram diafragmas contaminados. O microrganismo mais freqüentemente isolado foi Staphylococcus coagulase negativo. A resistência aos
antibióticos mostra que o estetoscópio deve ser considerado um importante veículo de bactérias resistentes aos antibióticos.
Palavras-chaves: Diafragma de estetoscópios. Desinfecção. Resistência aos antibióticos.
ABSTRACT
Evaluation of the contamination of stethoscopes used in pediatric units of a hospital and emergency service showed that 87% of them presented
contaminated diaphragms. Coagulase-negative Staphylococcus was the microorganism most frequently isolated. The resistance to antibiotics indicates
that stethoscopes should be considered to be an important vehicle for disseminating bacteria resistant to antibiotics.
Key-words: Stethoscope diaphragm. Disinfection. Resistance to antibiotics.
cada paciente. A freqüência de desinfecção dos estetoscópios entre
os residentes e os internos foi maior que a dos médicos, resultado
semelhante ao de Smith e cols9 que descreveram que com o
passar do tempo o cuidado, do profissional, com a desinfecção
do estetoscópio diminuiu. A desinfecção diária ou semanal dos
estetoscópios era realizada por 48% dos profissionais4 e por 6%
dos estudantes de medicina5.
O nível de contaminação dos diafragmas dos estetoscópios
vem se mantendo, Smith e cols9, Araújo e cols1 e Maluf e cols6
encontraram níveis de contaminação de 86,1%, 97,9% e 87%,
respectivamente. Neste estudo, 33 (86,8%) estetoscópios
amostrados estavam contaminados. Cinco estetoscópios
apresentaram diafragmas livres de microrganismos, sendo duas da
UTI neonatal e quatro da Enfermaria Pediátrica, nas outras cinco
unidades 100% dos estetoscópios estavam contaminados e aqueles
do Pronto Socorro apresentaram diafragmas com o maior nível de
contaminação. O microrganismo mais freqüentemente isolado foi
Staphylococcus coagulase negativa, presentes em estetoscópios
de todos os setores. O nível de contaminação e freqüência de
Staphylococcus coagulase negativa, coincidem com relatos
anteriores1 6 9. Não foi isolado Staphylococcus aureus, igualmente
ao trabalho de Sanders8 resistentes à meticilina (MRSA), embora
alguns relatos indiquem a sua presença1 5 10.
A desinfecção eliminou microrganismos dos diafragmas
dos estetoscópios da UTI neonatal e do Ambulatório Pediátrico;
para os demais, houve expressiva redução da contaminação.
Os desinfetantes apresentaram resultados, estatisticamente
significantes, com base no nível de 5%; o hipoclorito de sódio
(100ppm) (p=0,0005), o álcool iodado (p=0,0007) e o
COMUNICAÇÃO/COMMUNICATION
pf2

Pré-visualização parcial do texto

Baixe contaminação em estetoscópios e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Ciências da Saúde, somente na Docsity!

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 42(2):217-218, mar-abr, 2009

  1. Departamento de Medicina, Universidade de Taubaté, Taubaté, SP. 2. Instituto Básico de Biociências, Universidade de Taubaté, Taubaté, SP. Endereço para correspondência: Dra. Mariko Ueno. Instituto Básico de Biociências/ UNITAU. Rua Tiradentes 500, Campus Bom Conselho, 12030-180 Taubaté, SP. Tel: 55 12 3629- e-mail: mariueno@unitau.br Recebido para publicação em 12/05/ Aceito em 27/01/

O estetoscópio é um veículo ao qual não se confere

importância, apesar da sua comprovada contaminação13 14^ e do seu

papel na transmissão de microrganismos3 11. Coberturas de prata

não protegem os diafragmas dos estetoscópios da contaminação^12.

O microrganismo mais freqüente nos estetoscópios é o

Staphylococcus coagulase negativo7 9.

Neste estudo, foram avaliados 38 estetoscópios: 6 da UTI-

neonatal, 6 da UTI-pediátrica, 5 da UTI-pediátrica semi-intensiva,

5 do Ambulatório Pediátrico, 6 da Enfermaria Pediátrica,

5 do Isolamento Pediátrico e 5 do Pronto Socorro Infantil.

As amostras foram coletadas com swab embebido em solução

fisiológica, semeadas em ágar sangue (DIFCO) e incubadas a 35ºC;

este procedimento foi realizado antes e após a desinfecção. A

escolha do desinfetante foi randomizada e 12 foram desinfetados

com álcool 70%, 13 com álcool iodado e 13 com hipoclorito de

sódio (100ppm) e os resultados foram analisados estatisticamente

utilizando o teste t. Foi realizada a prova de sensibilidade aos

antibióticos para as cepas isoladas após a desinfecção.

O questionário aplicado, aos profissionais, sobre freqüência

de desinfecção mostrou que 71,1% dos entrevistados afirmaram

realizar a desinfecção dos estetoscópios, 23 (60,5%) a faziam após

Contaminação bacteriana de estetoscópios das unidades

de pediatria em um hospital universitário

Bacterial contamination of stethoscopes in pediatric

units at a university hospital

Marcelo Souza Xavier^1 e Mariko Ueno^2

RESUMO

A avaliação da contaminação, de estetoscópios utilizados em setores pediátricos de hospital e emergência, mostrou que 87% dos estetoscópios

apresentaram diafragmas contaminados. O microrganismo mais freqüentemente isolado foi Staphylococcus coagulase negativo. A resistência aos

antibióticos mostra que o estetoscópio deve ser considerado um importante veículo de bactérias resistentes aos antibióticos.

Palavras-chaves: Diafragma de estetoscópios. Desinfecção. Resistência aos antibióticos.

ABSTRACT

Evaluation of the contamination of stethoscopes used in pediatric units of a hospital and emergency service showed that 87% of them presented

contaminated diaphragms. Coagulase-negative Staphylococcus was the microorganism most frequently isolated. The resistance to antibiotics indicates

that stethoscopes should be considered to be an important vehicle for disseminating bacteria resistant to antibiotics.

Key-words: Stethoscope diaphragm. Disinfection. Resistance to antibiotics.

cada paciente. A freqüência de desinfecção dos estetoscópios entre

os residentes e os internos foi maior que a dos médicos, resultado

semelhante ao de Smith e cols^9 que descreveram que com o

passar do tempo o cuidado, do profissional, com a desinfecção

do estetoscópio diminuiu. A desinfecção diária ou semanal dos

estetoscópios era realizada por 48% dos profissionais^4 e por 6%

dos estudantes de medicina^5.

O nível de contaminação dos diafragmas dos estetoscópios

vem se mantendo, Smith e cols^9 , Araújo e cols^1 e Maluf e cols^6

encontraram níveis de contaminação de 86,1%, 97,9% e 87%,

respectivamente. Neste estudo, 33 (86,8%) estetoscópios

amostrados estavam contaminados. Cinco estetoscópios

apresentaram diafragmas livres de microrganismos, sendo duas da

UTI neonatal e quatro da Enfermaria Pediátrica, nas outras cinco

unidades 100% dos estetoscópios estavam contaminados e aqueles

do Pronto Socorro apresentaram diafragmas com o maior nível de

contaminação. O microrganismo mais freqüentemente isolado foi

Staphylococcus coagulase negativa, presentes em estetoscópios

de todos os setores. O nível de contaminação e freqüência de

Staphylococcus coagulase negativa, coincidem com relatos

anteriores1 6 9. Não foi isolado Staphylococcus aureus , igualmente

ao trabalho de Sanders^8 resistentes à meticilina (MRSA), embora

alguns relatos indiquem a sua presença1 5 10.

A desinfecção eliminou microrganismos dos diafragmas

dos estetoscópios da UTI neonatal e do Ambulatório Pediátrico;

para os demais, houve expressiva redução da contaminação.

Os desinfetantes apresentaram resultados, estatisticamente

significantes, com base no nível de 5%; o hipoclorito de sódio

(100ppm) (p=0,0005), o álcool iodado (p=0,0007) e o

COMUNICAÇÃO/COMMUNICATION

218 Xaver MS e Ueno M cols álcool (70%) (p=0,0010) foram eficazes quanto à desinfecção dos estetoscópios. A eficiência da desinfecção com álcool 70% foi semelhante à apresentada por Bernard e cols^2 e Jones e cols^4 , entretanto, o uso de hipoclorito de sódio apresentou maior eficiência, do que aquele apresentado por Marinella e cols^7. As cepas isoladas após a desinfecção apresentaram resultados variados quanto à sensibilidade aos antibióticos ( Tabela 1 ). Aquelas provenientes de diafragmas de estetoscópios das UTIs e do isolamento pediátrico apresentaram resistência aos antibióticos, sobretudo àqueles da classe dos β-lactâmicos; enquanto aquelas isoladas de estetoscópios do Ambulatório Pediátrico apresentaram-se sensíveis. Aproximadamente 95% dos Staphylococcus spp e 70% dos Streptococcus spp apresentaram sensibilidade à oxacilina; uma e duas cepas de Staphylococcus apresentaram sensibilidade intermediária à vancomicina e teicoplanina, respectivamente; os glicopeptídeos são utilizados em infecções graves, constituindo uma opção terapêutica segura para infecções causadas por este microrganismo. Os achados deste trabalho apontam que os estetoscópios dos setores pediátricos deste Hospital devem ser considerados como fômites importantes na transmissão de bactérias resistentes aos antibióticos e a prática da desinfecção deve ser considerada. REFERÊNCIAS

  1. Araujo BAC, Oliveira AL, Santos Filho L. Isolamento de amostras multirresistentes de Staphylococcus aureus em estetoscópios usados no ambiente hospitalar. Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular 32: 285-288, 2000.
  2. Bernard L, Kereveur A, Durand D, Gonot J, Goldstein F, Mainardi JL, Acar J, Carlet J. Bacterial contamination of hospital psysician’s stethoscopes. Infection Control Hospital Epidemiology 20: 626-628, 1999.
  3. Breathnach AS, Jenkins DR, Pedler SJ. Stethoscopes as possible vectors of infection by staphylococci. British Medical Journal 305:1573-1574, 1992.
  4. Jones J S, Hoerle D, Riekse R. Stethoscopes: a potential vector of infection? Annals Emergency Medicine 26: 296-299, 1995.
  5. Madar R, Novakova E, Baska T. The role of non-critical helth-care tools in the transmission of nosocomial infections. Bratislavské Lekárske Listy 106: 348-350, 2005.
  6. Maluf MEZ, Maldonado AF, Bercial ME, Pedroso SA. Stethoscope: a friend or an enemy? Revista Paulista de Medicina 120: 13-15, 2002.
  7. Marinella MA, Pierson C, Chenoweth C. The stethoscope: a potential source of nosocomial infection. Archives Internal Medicine 157: 786-790, 1997.
  8. Sanders S. The stethoscope and cross-infection revisited. The British Journal General Practice 55: 54-55, 2005
  9. Smith MA, Mathewson JJ, Ulert A. Contaminated stethoscopes revisited. Archives of Internal Medicine 156: 82-84, 1996.
  10. Sood P, Mishra B, Mandal A. Potential infection hazards of stethoscopes. Journal Indian Medical Association 98: 368-370, 2000.
  11. Varghese D, Patel H. Hand washing. Stethoscopes and white coats are sources of nosocomial infection. British Medical Journal 319: 519, 1999.
  12. Wood MW, Lund RC, Stevenso KB. Bacterial contamination of stethoscopes with antimicrobial diaphragm covers. American Journal Infection Control 35: 263-266,
  13. Wright IMR, Orr H, Porter C. Stethoscope contamination in the neonatal intensive care unit. Journal of Hospital Infection 29: 65-68, 1995.
  14. Wurtz R, Weinstein R. Microbiologic contamination and cleaning personal medical equipment. Journal of American Medical Association 305:1573-1574, 1998. TABElA 1 Sensibilidade das cepas, isoladas de membrana de estetoscópios, após desinfecção, aos antibióticos. Staphylococcus spp Streptococcus spp Bacilos Gram-positivos (no^ = 20) (no^ = 7) (no^ = 6) Antibióticos no^ % no^ % no^ % β -lactâmicos penicilina G 9 45,0 4 57,2 2 33, oxacilina 19 95,0 5 71,4 2 33, amoxicilina 12 60,0 7 100,0 2 33, ampicilina 9 45,0 5 71,4 2 33, cefalotina 14 70,0 7 100,0 2 33, cefuroxime 10 50,0 2 28,6 1 16, cefoxitina 19 95,0 6 85,7 4 66, ceftriaxone 11 55,0 3 42,9 3 50, cefotaxima 8 40,0 1 14,3 3 50, cefpirom 13 65,0 6 85,7 2 33, cefadroxil 16 80,0 7 100,0 3 50, Glicopeptídeos vancomicina 18 90,0 7 100,0 6 100, teicoplanina 19 95,0 7 100,0 5 83, Aminoglicosídeos gentamicina 18 90,0 6 85,7 6 100, tobramicina 19 95,0 7 100,0 6 100, amicacina 17 85,0 6 85,7 5 83, eritromicina 12 60,0 6 85,7 5 83, azitromicina 17 85,0 6 85,7 5 83, Quinolonas ácido nalidíxico 16 80,0 6 85,7 6 100, norfloxacina 20 100,0 6 85,7 5 83, Imipenem 19 95,0 6 85,7 5 83, Trimetoprin 11 55,0 6 85,7 2 33, Tetraciclina 19 95,0 6 85,7 5 83, β