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Controle Cultural Feijão, Notas de estudo de Agronomia

Controle Cultural Feijão

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 11/12/2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA – ÁREA DE FITOSSANIDADE
FITOPATOLOGIA I
CONTROLE CULTURAL DE DOENÇAS DE PLANTAS
Prof. Sami J. Michereff
1. INTRODUÇÃO
O controle cultural das doenças consiste
basicamente na manipulação das condições de
pré-plantio e durante o desenvolvimento do
hospedeiro em detrimento ao patógeno,
objetivando a prevenção ou a intercepção da
epidemia por outros meios que não sejam a
resistência genética e o uso de pesticidas. O
objetivo primário do controle cultural é reduzir o
contato entre o hospedeiro suscetível e o inóculo
viável de maneira a reduzir a taxa de infecção e o
subseqüente progresso da doença. De um modo
geral pode considerar-se que as medidas de
controle culturais visam evitar a doenças ou
suprimir o agente causal objetivando, portanto, a
obtenção de plantas sadias mais do que controlar o
agente causal. Os princípios que fundamentam o
controle cultural são:
a) supressão do aumento e/ou a destruição do
inóculo existente;
b) escape das culturas ao ataque potencial do
patógeno;
c) regulação do crescimento da planta
direcionado a menor suscetibilidade.
A maioria dos fitopatógenos apresenta uma
fase em seu ciclo vital caracterizada pelo
parasitismo, na qual ocorre a exploração
nutricional do hospedeiro pelo parasita. Em
conseqüência, são observados os sintomas e os
danos correspondentes, através da diminuição no
rendimento da cultura. Alguns parasitas,
denominados necrotróficos, têm a faculdade de,
após a senescência da planta cultivada, continuar
a nutrir-se dos tecidos mortos. Esta fase do ciclo
biológico é caracterizada pelo saprofitismo. Nos
intervalos entre períodos de parasitismo, os
patógenos encontram-se em um ambiente menos
favorável e, provavelmente, mais vulnerável às
práticas de controle cultural.
O conhecimento da biologia de um fitopatógeno
leva ao entendimento de onde, como e por quanto
tempo ele sobrevive na ausência da planta
hospedeira cultivada e de como pode ser
racionalmente controlado.
A prática cultural mais empregada pelos
agricultores é a rotação de culturas, cujo efeito
principal relaciona-se à fase de sobrevivência do
patógeno. Nesta fase, os patógenos são submetidos
a uma intensa competição microbiana, durante a
qual, geralmente, levam desvantagem. Correm,
também, o risco de não encontrar o hospedeiro, o
que determina, geralmente, sua morte por
desnutrição. Isto ocorre no período entre dois
cultivos de uma planta anual, durante a fase
saprofítica.
Os patógenos radiculares, por exemplo,
sobrevivem durante este período através da
colonização saprofítica dos restos de cultura como,
por exemplo, Gaeumannomyces graminis var. tritici,
agente causal do mal-do-pé, e Bipolaris
sorokiniana, agente causal da podridão comum de
raízes e da helmintosporiose, ambos afetando a
cultura do trigo. No caso de B. sorokiniana, a
sobrevivência pode ocorrer em sementes ou ainda
na forma de conídios livres, dormentes, no solo.
Pela micostase, estes esporos podem manter sua
viabilidade por um período de até 37 meses nas
condições do Rio Grande do Sul. Outro patógeno,
Giberella zeae, agente causal da podridão rosada
da espiga do milho e da giberela do trigo, apresenta
habilidade de competição saprofítica, ou seja,
extrai nutrientes de vários substratos, além do
milho e do trigo.
Além da rotação de culturas, que será
discutida com detalhes, diversas outras práticas
culturais podem ser empregadas com sucesso, em
determinadas situações, para controlar doenças de
plantas, destacando-se:
uso de material propagativo sadio
eliminação de plantas vivas doentes
("roguing")
eliminação ou queima de restos de cultura
inundação de campos e pomares
incorporação de matéria orgânica no solo
preparo do solo (aração)
fertilização (nitrogênio, fósforo, potássio,
cálcio)
irrigação
densidade de plantio
épocas de plantio e colheita
enxertia e poda
barreiras físicas e meios óticos para controle
de vírus
É importante salientar que o uso destas
técnicas isoladamente quase sempre é insuficiente
para chegar a um controle adequado da doença. O
uso de combinações destas técnicas, aliado ao
emprego de outras formas de controle de doenças,
como o controle químico e o controle genético, no
entanto, é altamente eficiente e recomendável.
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA – ÁREA DE FITOSSANIDADE

FITOPATOLOGIA I

CONTROLE CULTURAL DE DOENÇAS DE PLANTAS

Prof. Sami J. Michereff

1. INTRODUÇÃO

O controle cultural das doenças consiste basicamente na manipulação das condições de pré-plantio e durante o desenvolvimento do hospedeiro em detrimento ao patógeno, objetivando a prevenção ou a intercepção da epidemia por outros meios que não sejam a resistência genética e o uso de pesticidas. O objetivo primário do controle cultural é reduzir o contato entre o hospedeiro suscetível e o inóculo viável de maneira a reduzir a taxa de infecção e o subseqüente progresso da doença. De um modo geral pode considerar-se que as medidas de controle culturais visam evitar a doenças ou suprimir o agente causal objetivando, portanto, a obtenção de plantas sadias mais do que controlar o agente causal. Os princípios que fundamentam o controle cultural são:

a) supressão do aumento e/ou a destruição do inóculo existente; b) escape das culturas ao ataque potencial do patógeno; c) regulação do crescimento da planta direcionado a menor suscetibilidade.

A maioria dos fitopatógenos apresenta uma fase em seu ciclo vital caracterizada pelo parasitismo, na qual ocorre a exploração nutricional do hospedeiro pelo parasita. Em conseqüência, são observados os sintomas e os danos correspondentes, através da diminuição no rendimento da cultura. Alguns parasitas, denominados necrotróficos, têm a faculdade de, após a senescência da planta cultivada, continuar a nutrir-se dos tecidos mortos. Esta fase do ciclo biológico é caracterizada pelo saprofitismo. Nos intervalos entre períodos de parasitismo, os patógenos encontram-se em um ambiente menos favorável e, provavelmente, mais vulnerável às práticas de controle cultural. O conhecimento da biologia de um fitopatógeno leva ao entendimento de onde, como e por quanto tempo ele sobrevive na ausência da planta hospedeira cultivada e de como pode ser racionalmente controlado. A prática cultural mais empregada pelos agricultores é a rotação de culturas, cujo efeito principal relaciona-se à fase de sobrevivência do patógeno. Nesta fase, os patógenos são submetidos a uma intensa competição microbiana, durante a qual, geralmente, levam desvantagem. Correm, também, o risco de não encontrar o hospedeiro, o

que determina, geralmente, sua morte por desnutrição. Isto ocorre no período entre dois cultivos de uma planta anual, durante a fase saprofítica. Os patógenos radiculares, por exemplo, sobrevivem durante este período através da colonização saprofítica dos restos de cultura como, por exemplo, Gaeumannomyces graminis var. tritici , agente causal do mal-do-pé, e Bipolaris sorokiniana , agente causal da podridão comum de raízes e da helmintosporiose, ambos afetando a cultura do trigo. No caso de B. sorokiniana , a sobrevivência pode ocorrer em sementes ou ainda na forma de conídios livres, dormentes, no solo. Pela micostase, estes esporos podem manter sua viabilidade por um período de até 37 meses nas condições do Rio Grande do Sul. Outro patógeno, Giberella zeae , agente causal da podridão rosada da espiga do milho e da giberela do trigo, apresenta habilidade de competição saprofítica, ou seja, extrai nutrientes de vários substratos, além do milho e do trigo. Além da rotação de culturas, que será discutida com detalhes, diversas outras práticas culturais podem ser empregadas com sucesso, em determinadas situações, para controlar doenças de plantas, destacando-se:

  • uso de material propagativo sadio
  • eliminação de plantas vivas doentes ("roguing")
  • eliminação ou queima de restos de cultura
  • inundação de campos e pomares
  • incorporação de matéria orgânica no solo
  • preparo do solo (aração)
  • fertilização (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio)
  • irrigação
  • densidade de plantio
  • épocas de plantio e colheita
  • enxertia e poda
  • barreiras físicas e meios óticos para controle de vírus

É importante salientar que o uso destas técnicas isoladamente quase sempre é insuficiente para chegar a um controle adequado da doença. O uso de combinações destas técnicas, aliado ao emprego de outras formas de controle de doenças, como o controle químico e o controle genético, no entanto, é altamente eficiente e recomendável.

2. CONTROLE DE FITOPATÓGENOS PELA

ROTAÇÃO DE CULTURAS

A rotação de culturas , a prática mais antiga no controle de doenças e de pragas, continua sendo a mais eficiente entre os métodos culturais de controle. No Brasil, ênfase ao controle de doenças pela rotação de culturas, tem sido dada em cereais de inverno. A rotação de culturas é o cultivo alternado de espécies vegetais diferentes no mesmo local e na mesma estação anual. Por exemplo, trigo, aveia, trigo, aveia, etc. Assim, numa mesma lavoura, durante o inverno, são cultivadas, alternadamente, duas espécies de cereais. Por outro lado, o cultivo alternado de diferentes espécies, na mesma lavoura, em estações diferentes, constitui a sucessão anual de culturas. Por exemplo, a alternância entre trigo e soja, bastante empregada no estado do Paraná. Nesse caso, tem-se monocultura do trigo, no inverno, e monocultura da soja, no verão. Diz-se que ocorre uma dupla monocultura anual. O princípio de controle envolvido na rotação de culturas é a supressão ou eliminação do substrato apropriado para o patógeno. A ausência da planta cultivada anual (inclusive as planta voluntárias e os restos culturais) leva à erradicação total ou parcial dos patógenos necrotróficos que dela são nutricionalmente dependentes. A eliminação dos resíduos culturais, durante a rotação de culturas, é devida à sua decomposição pelos microrganismos do solo. Durante o processo de decomposição, os fitopatógenos associados aos resíduos são destruídos pela microbiota. Sob este ponto de vista, a rotação de culturas constitui-se, também, numa medida de controle biológico.. A maioria, senão a totalidade, dos fitopatógenos, provavelmente, morreria de inanição ou de velhice, independentemente de qualquer fator biológico, caso não tivessem acesso ao hospedeiro ou a outro substrato adequado. Conclui-se deste fato que, durante a rotação de culturas, os fitopatógenos são eliminados parcial ou completamente, enquanto que, sob monocultura, eles são estimulados e mantidos numa concentração de inóculo suficiente para a continuidade de seu ciclo biológico, podendo causar, eventualmente, severas epidemias.

3. CARACTERÍSTICAS DOS PATÓGENOS

CONTROLÁVEIS PELA ROTAÇÃO DE

CULTURAS

Muitas são as características típicas daqueles patógenos mais sensíveis aos efeitos da rotação de culturas. A seguir uma breve discussão daquelas mais importantes:

  • Sobrevivem pela colonização saprofítica dos restos culturais do hospedeiro e não apresentam habilidade de competição saprofítica. Nutricionalmente dependem, portanto, do hospedeiro, não trocando de substrato saprofítico. Patógenos do trigo, B. sorokiniana e Drechslera tritici-repentis ,

multiplicam-se continuamente nos restos culturais do hospedeiro durante a entressafra. Assim, a presença de resíduos infectados num local assegura a manutenção dos patógenos necrotróficos daquela cultura.

  • Não apresentam estruturas de resistência, as quais poderiam mantê-los viáveis por vários anos no solo, à espera de uma nova oportunidade de infectar a planta hospedeira, quando esta voltasse a ser cultivada naquele local. Exemplos de estruturas de resistência são clamidosporos, esclerócios e oosporos. Convém mencionar que os patógenos assinalados em cereais de inverno, no Brasil, não apresentam tais estruturas. Porém, B. sorokiniana , como já citado, sobrevive, também, como conídios livres no solo.
  • Apresentam esporos grandes, pesados, que são transportados pelo vento a distâncias relativamente curtas. Servem de exemplo B. sorokiniana , D. tritici-repentis e Drechslera teres.
  • Apresentam esporos relativamente pequenos e leves, porém transportados pelo vento ou por respingos de chuvas a distâncias relativamente curtas. Servem de exemplo Septoria nodorum , em cereais de inverno, e diferentes espécies de Septoria , Colletotrichum e Phomopsis , em outros cultivos.
  • Apresentam poucos ou nenhum hospedeiro secundário. Ainda não foi devidamente esclarecida, no Brasil, a possível presença de hospedeiros secundários de D_. tritici-repentis_ , D. teres , S. nodorum e S. tritici. Em caso afirmativo, estes hospedeiros secundários poderiam, em determinadas condições, comprometer o efeito erradicante da rotação de culturas.

4. CARACTERÍSTICAS DOS PATÓGENOS

NÃO CONTROLÁVEIS PELA ROTAÇÃO

DE CULTURAS

Aqui são caracterizados aqueles patógenos que não satisfazem uma ou mais das características anteriormente citadas:

  • Apresentam habilidade de competição saprofítica. Serve de exemplo o fungo Rhizoctonia solani , que é capaz de viver indefinidamente no solo, pois tem a característica de poder trocar de substrato saprofítico. Em vista disso, este parasita é considerado um habitante natural da maioria dos solos. Este patógeno é dificilmente controlado pela rotação, pois, potencialmente, qualquer espécie vegetal alternativa, integrante do sistema de rotação, pode servir de substrato. Todos os patógenos com habilidade de competição saprofítica são de difícil controle por esta prática cultural.
  • Possuem estruturas de resistência. Dentre as principais estruturas de resistência ou de repouso encontradas em fitopatógenos pode-se

Pode-se, então, concluir que o plantio direto possibilita as condições ideais para a sobrevivência, multiplicação e infecção dos fitopatógenos. Deve-se acrescentar ainda, que as populações dos fitopatógenos aumentam ou diminuem em função da disponibilidade alimentar e da favorabilidade do ambiente. Sob plantio direto, é máxima a disponibilidade de substrato e, em decorrência, a densidade de inóculo. Em resumo, os patógenos necrotróficos desprovidos de estruturas de resistência sobrevivem mais seguramente sob plantio direto do que sob plantio convencional. Como, então, viabilizar o sistema de plantio direto? A rotação de culturas claramente elimina os inconvenientes do plantio direto em relação ao aumento de doenças. O efeito do plantio direto em aumentar a severidade da mancha amarela da folha do trigo, causada por Drechslera tritici- repentis , pode ser um exemplo. Em monocultura, a severidade alcança níveis elevados no estádio de alongamento, entretanto, sob rotação de culturas e plantio direto, a severidade foi reduz para menos de 1%. Portanto, a monocultura e o plantio direto

aumentam a severidade da doença, e, por outro lado, a rotação de culturas é uma solução adequada para tal problema.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AGRIOS, G.N. Control of plant diseases. In: AGRIOS, G.N. Plant pathology. 4th^ ed. San Diego: Academic Press, 1997. p.171-221.

PALTI, L. Cultural practices and infectious crop diseases. Berlin: Springer 1981. 243p.

REIS, E.; FORCELINI, C.A. Controle cultural. In: BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. (Eds.). Manual de fitopatologia : princípios e conceitos. 3. ed. São Paulo: Agronômica Ceres,

  1. v.1, p.710-716.

REIS, E.M.; CASA, R.T.; HOFFMANN, L.L. Controle cultural de patógenos radiculares. In: MICHEREFF, S.J.; MENEZES, M. Patógenos radiculares em solos tropicais. Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2000. (no prelo).