Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

DE O LIVRO DAS PALAVRASSinoÉ como começaEst, Notas de aula de Literatura

Livro de poesias da escritora angolana Ana Paula Tavares

Tipologia: Notas de aula

2010

Compartilhado em 28/06/2010

renata-troca-9
renata-troca-9 🇧🇷

3.7

(3)

3 documentos

1 / 32

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
DE O LIVRO DAS PALAVRAS
Sino
É como começa
Este falar das palavras
E o livro de horas da minha avó.
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20

Pré-visualização parcial do texto

Baixe DE O LIVRO DAS PALAVRASSinoÉ como começaEst e outras Notas de aula em PDF para Literatura, somente na Docsity!

DE O LIVRO DAS PALAVRAS

Sino É como começa Este falar das palavras E o livro de horas da minha avó.

EX-VOTO

O tempo pode medir-se No corpo

As palavras de volta tecem cadeias de sombra Tombando sobre os ombros

A cera derrete No altar do corpo

Depois de perdida, podem tirar-se Os relevos

A tecedeira seguiu Com as mãos O movimento do sol

A tecedeira criou o mundo com os dedos leves de amaciar as fibras.

Os antepassados recusam O vinho fresco da palmeira Os antepassados recusam o vinho E ele espalha-se pela terra Para alimentar quissonde.

Os antepassados usam o espelho Todas as noites

Eh! Olha a aldeia dos nossos antepassados A verdadeira aldeia sombreada de palmeiras Que nos obrigaram a abandonar Eh! Os antepassados Eh! Os nossos antepassados Mais as aldeias que nos obrigam a abandonar As aldeias sombreadas de palmeiras Eh! O conjunto tão bonito das nossas aldeias Eh! A aldeia tão bonita dos nossos antepassados Que nos obrigam a abandonar

Os antepassados usam espelhos todas as noites

O grande senhor não segue o rei Repousa sobre a terra nua Não teme nada.

Na cozinha as mulheres tratam da gordura No quarto as mulheres tratam dos mais novos Os velhos não comem mais carne Sentam-se ao sol a desfiar palavras

Coro: Se não consegues descansar, és escrava Mandam-te à lenha Mandam-te à água Mandam-te aos frutos

A terra despiu os mantos De sombra para curvar ao dia seus cabelos

Uma mancha clara Tapou os olhos da lua.

Não entre na casa redonda quando é novembro Ainda me guardam as velhas E me cobre o corpo A cinza da noite Os restos de tacula

O cinto das virgens Quebrou-se em silêncio Nas tuas mãos

Estou selada na ilha do meu corpo Deito-me no chão A terra fala por mim O tempo de acontecer a vida.

Estou selada na ilha do meu corpo Deito-me no chão Comprei o pão de véspera E as carícias.

De cera e asas Não são puras mãe Mas podem arder toda a noite Trouxe o canto Não é claro, mãe Mas tem os pássaros certos Para seguir a queda dos dias Entre o meu tempo e o teu.

IDENTIDADE

Quem for enterrado Vestindo só a sua própria pele Não descansa Vagueia pelos caminhos.

Em cima do morro de salalé Não nasce a orquídea Nos lagos secos da lua Não nadam os peixes Das pernas das raparigas Não desce sangue

A cinza lenta da noite Devora a fogueira.

A consoladora das máscaras Contou os panos Molhando as pontas no óleo de palma dos tocadores Virou um pano do avesso Passeou com mãos lentas A cara das máscaras maiores