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Dissertação, Notas de estudo de Administração Empresarial

ANÁLISE À CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NOS PROFESSORES DO 1º CICLODISSERTAÇÃO APRESENTADA NA FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM GESTÃO DA INFORMAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES, SOB ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR DOUTOR JOÃO VERÍSSIMO OLIVEIRA LISBOA (FEUC).MARIA DA PENHA BOINA DALVI

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 03/12/2010

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UNIVERSIDADE DE COIMBRA

FACULDADE DE ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GESTÃO DA INFORMAÇÃO NAS

ORGANIZAÇÕES

ANÁLISE À CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO DAS TECNOLOGIAS DE

INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NOS PROFESSORES DO 1 º CICLO

MARIA DA PENHA BOINA DALVI

COIMBRA

UNIVERSIDADE DE COIMBRA

FACULDADE DE ECONOMIA

ANÁLISE À CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO DAS TECNOLOGIAS DE

INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NOS PROFESSORES DO 1 º CICLO

DISSERTAÇÃO APRESENTADA NA FACULDADE DE ECONOMIA DA

UNIVERSIDADE DE COIMBRA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

GESTÃO DA INFORMAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES, SOB ORIENTAÇÃO DO

PROFESSOR DOUTOR JOÃO VERÍSSIMO OLIVEIRA LISBOA (FEUC).

MARIA DA PENHA BOINA DALVI

COIMBRA

Resumo

O presente trabalho propõe os princípios mínimos a serem considerados na concepção e desenvolvimento do ensino / aprendizagem na utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação, propriamente o computador e a Internet por parte dos professores que actuam nas escolas do 1º ciclo. Os princípios propostos estão fundamentados na Abordagem Actuante da Ciência Cognitiva e na Metodologia Problematizadora. Estudou-se como os professores estão incluindo o emprego do recurso tecnológico no desenvolvimento das suas actividades na sala de aula, analisando os factores motivacionais em que acreditamos que só podem existir se o professor estiver satisfeito e quiser fazer parte do meio profissional que o envolve e deseja atingir os objectivos educacionais. Na educação, os professores são chamados a participar nas novas mudanças que estão ocorrendo com a inserção das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na escola e para isso a formação continuada, contextualizada e fixada na escola tem um papel importante. Formar professores criativos, autónomos, reflexivos sobre a sua prática e ousados na busca de novas metodologias, em prol de um ensino mais aliciante, criativo e eficiente para os alunos, constitui o objectivo da escola, sob pena de não desempenhar sua função neste século. Este trabalho apresenta uma análise na aquisição de conhecimento através das TIC pelos professores do 1º ciclo, com ênfase na formação contínua, que possam ser reflectidas de modo a articular o fazer e o pensar na profissão de professor. Com base numa amostra de 80 professores num universo de recolha de 1. professores, encontrámos os resultados necessários para a análise do estudo, existindo a necessidade de desenvolver uma intensa acção colaborativa e cooperativa no âmbito de projectos na formação de professores do 1º ciclo num ambiente propício para a utilização das tecnologias de informação e comunicação na sala de aula, até que exista autonomia dos professores para a verdadeira utilização dessas novas tecnologias como mais um suporte no ensino/aprendizagem.

PALAVRAS -CHAVE: aprendizagem, motivação, formação, educação, tecnologia de informação e comunicação.

Abstract

This work proposes the minima principles to be observed in the conception and development of the teaching/learning of the Information and Communication Technologies, properly the computer and the Internet, by the educators in the "1º ciclo" schools. The proposed principles are based upon the "Abordagem Actuante da Ciência Cognitiva" and the "Metodologia Problematizadora". We have been studied how the educators are inserting the use of technological resources in the development of his classroom works, analysing the motivational factors, wich ones we believe that only can exist if the educator is satisfied and willing to take part in the professional environment that encloses him and wish to achieve the educational objectives. In education, educators are called to participate in the new changes that are occurring with the insertion of the New Information and Communication Technologies in the school, thus the continuated education, with focus in the school, has an important role. To promote creative and autonomous educators, thinkers about his pratice and daring in the serch of new methodologies for a more seductive, creative and efficient teaching for the students, is the school goal, liable of not accomplish its mission in this century. This work presents an analysis of knowledge acquisition through the ICT by the educators of the "1º ciclo" with emphasis on the continuos education that can be thought in a way to link the doing and thinking in the educating profession. Being based on the sample of 80 educators selected from a group of 1. educators, we have found the answers needed for the analysis of the study, being in need of developing an intense and co-operative action related to the projects on the formation of primary school educators inside an appropriate environment for the use of information and communication technologies in the classroom until educators have autonomy for the real use of those technologies as another support for the teaching/learning process.

KEYWORDS : learning, motivation, formation, education, information and communication technology.

  • Capítulo I......................................................................................
    • Introdução.........................................................................................
  • Capítulo II
    • Fundamentação teórica.....................................................................
      • 2.1. Aprendizagem
      • 2.2. Motivação
      • 2.3. Educação e as Tecnologias de Informação e Comunicação
      • 2.4. Formação de professores
      • as tecnologias de informação e comunicação........................................... 2.5. Formação de professores e o processo da motivação, aprendizagem e
  • Capítulo III...................................................................................
    • Características das escolas do 1º ciclo e as novas tecnologias .........
      • 3.1. Estrutura tecnológica nas escolas do 1º ciclo....................................
      • 3.2. Característica das escolas do 1º ciclo em Portugal
  • Capítulo IV
    • Metodologia ......................................................................................
      • 4.1. População em estudo e a amostra identificada
  • Capítulo V.....................................................................................
    • Resultados .........................................................................................
      • Atitude positiva face às TIC
      • Atitude negativa face às TIC
  • Capítulo VI
    • Conclusões.........................................................................................
      • 6.1. Constatações
      • 6.2. Perspectivas
      • 6.3. Proposições
  • Referências Bibliográficas............................................................
  • Bibliografia
  • Sites consultados na Internet
  • Anexo A....................................................................................... - Questionário para os professores das escolas de 1º ciclo
  • Anexo B....................................................................................... - Relatório de Visitas
  • Anexo C....................................................................................... - Portal UARTE
  • Anexo D....................................................................................... - Página das Escolas do 1º ciclo
  • Tabela II-1: Comparações das teorias da aprendizagem................................................ Lista de tabelas
  • Tabela II-2: Comparações dos modelos motivacionais
  • Tabela II-3: Variáveis motivacionais.............................................................................
  • Tabela II-4: CTAP Information Literacy Guidelines K-12
  • Tabela IV-1: Escolas por Concelhos..............................................................................
  • Tabela IV-2: Número de professores inquiridos............................................................
  • Tabela V-1: Sexo – Situação profissional e Formação inicial
  • Tabela V-2: Cruzamento da questão “possui computador” com, A, F, J, L e M...........
  • Tabela V-3: Cruzamento da questão “autoformação” com J, L, M e N
  • Tabela V-4: Cruzamento da questão “acções de formação do ME” com J, L, M e N...
  • Tabela V-5: Cruzamento da questão “realizou acções de formação” com J, L, M e N.
  • Tabela V-6: Cruzamento da questão “usa bastante o computador” com J, L, M e N....
  • Tabela V-7: Representação das dificuldades com equipamentos
  • Tabela VI-1: Tópicos importantes das conclusões

Lista de gráficos

Gráfico V-1: Distribuição dos professores da amostra por idade .................................. 58 Gráfico V-2: Características do computador pessoal..................................................... 59 Gráfico V-3: Distribuições como os professores da amostra fizeram sua iniciação nas TIC .......................................................................................................................... 59 Gráfico V-4: Acções de formação que realizou em inormática..................................... 60 Gráfico V-5: Realização de acções de formação ........................................................... 60 Gráfico V-6: Balanço das acções de formação .............................................................. 60 Gráfico V-7: Âmbito das acções de formação em informática que os professores realizaram................................................................................................................ 61 Gráfico V-8: Distribuição de como os professores definiu a sua relação com o computador ............................................................................................................. 61 Gráfico V-9: Distribuição das horas por semana que os professores utilizam o computador ............................................................................................................. 62 Gráfico V-10: Distribuição em relação ao uso da Internet ............................................ 62 Gráfico V-11: Distribuição de como os professores utiliza o e-mail............................. 63 Gráfico V-12: Na preparação das aulas com que fins usa o computador ...................... 64 Gráfico V-13: Aplicações informáticas que utiliza directamente com os alunos.......... 64 Gráfico V-14: Distribuição em relação a quantidade de vezes que o professor utilizou o computador com os alunos no ano lectivo 2002/2003............................................ 65 Gráfico V-15: Tipos de actividades que o professor realiza com os seus alunos quando utilizam o computador ............................................................................................ 65 Gráfico V-16: Contexto de utilização dos professores com os seus alunos quando utilizam o computador ............................................................................................ 66 Gráfico V-17: Atitudes positivas dos professores face as TIC ...................................... 67 Gráfico V-18: Atitudes negativas dos professores face as TIC ..................................... 68 Gráfico V-19: Em que áreas da TIC os professores necessitam de mais formação ...... 71 Gráfico V-20: Obstáculos à real integração nas TIC analisadas pelos professores ....... 72 Gráfico V-21: Cruzamento sexo e idade........................................................................ 73 Gráfico V-22: Cruzamento sexo e formação profissional ............................................. 74 Gráfico V-23: Cruzamento formação inicial e idade..................................................... 74

Lista de siglas

CMC ________ Comunicação Mediada por Computador EB1 _________ Ensino Básico do 1º ciclo ESE _________ Escola Superior de Educação ESEL ________ Escola Superior de Educação de Leiria FCCN _______ Fundação para a Computação Científica Nacional FTP _________ File Transfer Protocol ISDN ________ Integrated System Digital Network LD __________ Literacia Digital MCT ________ Ministério da Ciência e da Tecnologia PHP _________ Hypertext Preprocessor RCTS________ Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade RDIS ________ Rede Digital de Serviços Integrados TI ___________ Tecnologia da Informação TIC _________ Tecnologia da Informação e Comunicação

Capítulo I

Introdução

Vivemos uma era de profundas transformações. De um lado, a chamada globalização, termo que se tornou obrigatório em todos os círculos intelectuais, políticos e económicos. Fenómeno facilitado pelas novas tecnologias da informação pressupõe uma evolução do tradicional processo de internacionalização de mercados oriundos dos primórdios do capitalismo. Esse novo processo não é mais conduzido apenas por nações, mas, sobretudo, pelas organizações antes denominadas multinacionais, transnacionais ou mundializadas. Essas organizações gerem espaços que atravessam as fronteiras territoriais. (Ianni, 1996). A velocidade crescente de aceleração, a globalização que envolve as comunicações, os mercados, os fluxos de capitais e tecnologias, as trocas de ideias e imagens, impõem a dissolução de fronteiras e de barreiras proteccionistas. Em todo momento se estabelecem tensos diálogos entre o local e o global, a homogeneidade e a diversidade, o real e o virtual, a ordem e o caos. (Curvello, 1997). Assim como o mundo muda, também as organizações mudam e com certeza nesse cenário são as pessoas as que mais sofrem os impactos dessas transformações. O funcionamento de qualquer organização depende fundamentalmente da qualidade das pessoas que a compõe. Os sistemas de ensino não poderiam ser uma excepção a essa norma e, talvez mais do que em qualquer outro tipo de organização, seu êxito dependerá não apenas da qualidade das pessoas que as integram, mas da motivação revelada no desempenho de seus papéis. Por isso mesmo, é essencial que as pessoas que fazem parte de uma organização, neste caso específico as instituições de ensino do 1º ciclo, mais propriamente o papel do professor envolvido com as tecnologias da informação e comunicação, sejam do melhor nível de qualidade possível e tenham o desempenho esperado. A escola precisa transcender o seu antigo papel de selectora e transmissora de informação, procurando uma nova postura na qual são mais importantes as ligações hierárquicas e relações entre as informações. As novas tecnologias da informação e

Introdução


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importante analisar as implicações dessas tecnologias no processo de trabalho do professor nas escolas, em especial, nas escolas do 1º ciclo. Vale lembrar que as vinculações acima mencionadas não reduzem a escola à sua função formadora para o trabalho, mas inserem o trabalho como princípio educativo e a sua centralidade nas relações sociais contemporâneas. A falta de familiaridade com computadores é vista, cada vez mais, em certos contextos sociais, como um tipo de analfabetismo, impondo ao indivíduo tecnologicamente iletrado o mesmo estigma que recai sobre o analfabeto tradicional. Assim, a valorização simbólica do computador e de seus usos bem como a migração de práticas quotidianas para o ambiente do computador contribuem para a “naturalização” de seu uso e, consequentemente, para que professores não familiarizados com computadores não se sintam socialmente diminuídos, devem buscar activamente, junto a seus pares ou a seus alunos, a ajuda de que necessitam para se tornarem letrados electronicamente. (Buzato, 2001). A aprendizagem autodirigida, que à primeira vista pode ser entendida como solitária e isolada, na literatura mais relevante sobre esta temática tem centrado a sua atenção sobre a necessidade da aprendizagem autodirigida, o indivíduo interagir com o outro. O aprendente autodirigido tem acesso a perspectivas para entender a sua situação e para dar sentido e direcção à sua vida, adquirir sensibilidade e competência na interacção social, e ter as competências e capacidades necessárias para controlar as tarefas produtivas associadas com o controlo e manipulação do ambiente. (Moura, 1998). Em 1997, a Internet entra de forma mais decisiva nas escolas portuguesas, nesse mesmo ano era lançado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia o programa Internet na Escola, e tinha como objectivo principal a distribuição de um computador multimédia com capacidade de acesso à Internet em todas as escolas do 1º e 2º ciclos e ainda secundários. A partir de então, todo o novo manancial de nova informação estava acessível ao simples “click” do rato e à disposição dos professores e alunos na escola. O Programa Internet na Escola tem em todas as novas tecnologias e realizações informáticas actualizações anuais desde que foi implementada sendo constantes os debates, colóquios e conferências realizados nesse âmbito com objectivo de se tentar encontrar uma harmoniosa convivência entre a tecnologia de informação e todo o processo educativo em sentido mais lato. Tudo se encontra num estado considerado

Introdução


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ainda embrionário, pois tanto se encontra a efectuar o desenvolvimento estrutural do país bem como a formação mais específica dos professores, visto ser recente a convivência de um grande número da população em geral com a Internet. Todos os dias surgem inovações tecnológicas que põem à prova e desafiam a capacidade de adaptação das escolas, como instituições em si, mas também de adaptação por parte dos professores, pais e alunos, que têm de optar, nas constantes massas de informação, pelos melhores caminhos e para discernirem dos benefícios em determinada escolha. Partindo dos pressupostos que muitas escolas e profissionais ainda no mundo da dinâmica pedagógica tradicional, com curricula fechados, com a lógica das turmas isoladas, com muros que separam a escola do mundo externo, com tempos escolares rígidos, com modelos de relação aluno/professor tradicional, em que o professor transmite e o aluno assimila, com a ideia de sequencialidade/linearidade do conhecimento, acreditamos que muita coisa pode ser feita na mudança desse perfil escolar dentro dos diagnósticos exigidos pelas novas realidades mundializadas no ensino/aprendizagem. Acreditamos na incorporação mais significativa e mais crítica do uso das medias na prática pedagógica do professor, problematizando as conexões entre as culturas existentes e os novos conhecimentos, durante ou pós-período de consciencialização, familiarização e domínio na utilização, em particular, das redes de comunicações humanas, quer tradicionais quer as mais novas, concretizando um desenvolvimento contínuo de sua acção e reflexão pedagógica efectiva com vistas à formação de cidadãos questionadores que ajudem nas transformações necessárias à construção de uma sociedade menos injusta e mais igualitária. Com essa visão, analisamos alguns processos mobilizadores da capacitação e utilização das novas tecnologias inseridas nas escolas do primeiro ciclo.

No âmbito desta problematização os objectivos deste trabalho em termos gerais serão:

  • Analisar a formação e a motivação profissional do docente no uso do computador na sala de aula nas escolas do 1º ciclo, em que o profissional educador “saiba ser”, “saiba fazer” e “seja criativo”, num processo de produção e disseminação de conhecimento com o uso das novas tecnologias.

Capítulo II

Fundamentação teórica

Não se pode projectar a informatização educativa de uma escola ou a implantação de um programa pedagógico telemático sem integra-lo numa política educacional mais ampla da consciencialização, capacitação e motivação dos actores directamente envolvidos neste contexto. Hoje vivemos num ambiente de mudanças rápidas, em que os sinais de surgimento de uma “Sociedade do Conhecimento” são muito fortes e a gestão pró- activa dos recursos de conhecimento é uma parte fundamental para o crescimento de negócios e pessoas. Todavia, novos meios de comunicação e colaboração são necessários para suprir alguns desafios de gestão do conhecimento que são: os enormes volumes de informação que estão sendo criados, armazenados e distribuídos actualmente, a incrível velocidade com que o conteúdo está mudando, e as transformações contínuas do local de trabalho. Com o aumento explosivo na capacidade e necessidade de comunicação via Internet que é um ponto significativo no desenvolvimento humano, as novas tecnologias baseadas nos padrões da Internet estão facilitando imensamente a troca de informações entre as organizações e pessoas e as possibilidades de colaboração entre as pessoas em modo síncrono ou assíncrono, independentemente de localização. Todavia, na educação, as utilizações das tecnologias de informação e comunicação não têm sido suficientes para preparar as pessoas para essa nova realidade. A Internet está mudando os padrões de interacção social e criando uma sociedade caracterizada por um maior individualismo em rede, indicando que a Internet aumentou imensamente a capacidade de aprendizagem de indivíduos, e a liberdade e capacidade de eles criarem suas próprias redes e se comunicarem. (Castell, 1999). Mas quando Castell fala de individualismo, não trata da exclusão social, mas sim da liberdade de criação com uma visão humanística para o desenvolvimento do conhecimento, para atingir elevados níveis de colaboração orientado na direcção de um aprendizado colectivo com impacto nos níveis de confiança e, consequentemente, níveis mais altos de colaboração e criação do conhecimento.

Fundamentação teórica


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A colaboração não significa ausência de competição. Para que a colaboração eficaz ocorra, é necessário que cada indivíduo/grupo colaborador se esforce para atingir níveis de desempenho cada vez melhor e mantenha esse desempenho de forma contínua. No caso específico da educação, não basta apenas o desenvolvimento de novas ferramentas e utilização das tecnologias disponíveis, torna-se essencial, em primeiro lugar, definir princípios que irão nortear a aprendizagem e a motivação para aprender.

2.1. Aprendizagem

Uma análise importante no nosso estudo inclui o entendimento de como a aprendizagem ocorre segundo a sua evolução teórica. A chamada teoria do apriorismo aborda o conhecimento como: as capacidades básicas de cada ser humano encontram-se praticamente “prontas” no momento do nascimento. (Gardner, 1996). Assim, ao nascer, o indivíduo já trás com ele as condições do conhecimento e da aprendizagem que se manifestarão imediata e progressivamente pela maturação.

Toda a actividade de conhecimento é exclusiva do sujeito, o meio não participa. (Moura, Azevedo e Mahlecke, 2001, p. 3).

Nessa corrente a relação sujeito versus objecto, não há nada no objecto que o defina como tal e a imagem que fazemos dele não dá conta de seu conteúdo, em que o pensamento (racional) não se conduz respectiva e passivamente perante a experiência, mas sim espontânea e altivamente. Dentro do apriorismo surge a teoria da Gestalt, a qual crê na preformação do conhecimento. A ideia essencial é de que o conhecimento se produz porque existe no ser humano, uma capacidade interna inata que predispõe o sujeito ao conhecimento, sendo a experiência desconsiderada. Experiências realizadas por pesquisadores “gestaltistas” demonstram que as experiências passadas de um indivíduo afectam a sua percepção de estímulo e, como resultado afecta a sua resposta ao estímulo.

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em constante interacção como o objecto do conhecimento (natureza, objectos, ideias, valores e relações humanas) e a partir desta interacção com o meio físico e social é que a criança constrói formas cada vez mais elaboradas de adaptar sua inteligência à complexidade do mundo que a rodeia. A metodologia Actuante surge com o trabalho de Varela, Thompson e Rosch, (in: Bizzotto, 2003), na qual a cognição não é entendida como a solução de problemas com base em representações, mas sim como a criação de um mundo a partir de uma história de acoplamento estrutural. Esta teoria foi proposta por Paulo Freire designada como metodologia problematizadora. Segundo a concepção problematizadora e libertadora da educação, ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção, a sua construção. (Freire, 1997). Essa concepção fundamenta-se no diálogo entre o educador e o aluno, que para Freire, a “dialogicidade” é a essência da educação como prática da liberdade. Esse diálogo é constituído de duas dimensões: acção e reflexão, em que, quando uma delas for sacrificada, a outra irá ressentir imediatamente. (Bizzoto, 2003) (Figura II-1).

Figura II-1: Representação do diálogo

Se a acção for prejudicada, o diálogo transforma-se em verbalismo, não existindo a acção para haver uma transformação. Quando a reflexão é prejudicada, o diálogo se transforma em activismo. Freire coloca activismo como acção pela acção, ao minimizar a reflexão, nega também a praxis verdadeira e impossibilita o diálogo. Assim, o diálogo para Freire (1987), não pode existir se não há amor, humildade, fé, esperança e pensar verdadeiro. A partir dessas características essenciais ao diálogo, pode-se perceber que o aprendizado é um processo aberto para a imprevisibilidade, onde o ser humano é

Palavra

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Reflexão

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condicionado, mas não determinado. O ser condicionado tem consciência de seu inacabado e sabe que pode ir além e construir e reconstruir. Mas que o ir além, construir e reconstruir, não se faz no isolamento, levando os indivíduos à cooperação e assim a adquirir autonomia. (Bizzotto, 2003). As diferentes abordagens das teorias da aprendizagem diferem entre si em função dos princípios pelos quais elas se fundamentam. Como pode ser visto na Tabela II-1, as comparações entre os princípios básicos das diferentes teorias da aprendizagem.

Abordagem Princípios

Apriorismo

Fatalismo Individualismo Personalização

Fatalismo pouco pode fazer por ele. – Se o aprendente não nasceu com as habilidades necessárias, a educação Individualismo tona”. Por isso, o professor deve interferir o mínimo possível. – O aluno já possui o conhecimento, precisando apenas traze-lo “à Personalização tipo de resposta fornecida) depende de sua experiência anterior. – A forma como um aprendente interpreta um estímulo (bem como o

Empirismo

Heteronomia Autodidatismo Reprodução Massificação

Heteronomia autonomia. – O indivíduo é subordinado a um poder externo, ou seja, não existe Autodidatismo individual. Portanto, não existe interacção entre os participantes (aluno – aluno ou – Material didáctico é elaborado de forma a privilegiar o estudo aluno – professor). Reprodução – O aluno não constrói nada de novo. Ele apenas reproduz o conteúdo repassado pelo professor. Massificação – O conteúdo não é adaptado às diferenças individuais, sendo o mesmo para todos os alunos. Neste sentido, o material didáctico é elaborado antes mesmo de se conhecer os alunos.

Construtivismo

Autonomia Interacção Construção Personalização

Autonomia se tanto da anomia, própria ao egocentrismo, quanto da heteronomia, própria da – Fundamentada na igualdade e na reciprocidade dos parceiros, libertando- coação. Interacção – A comunicação é multidireccional, ocorrendo tanto entre professor e aluno quanto entre os alunos. Construção – A ênfase não é sobre a reprodução, mas sim na construção de artefactos que sejam significativos para o aluno. Personalização – O processo de aprendizagem leva em consideração as características especificas de cada aluno. Assim, ao invés de um material didáctico massificado, existe a construção do conteúdo ao longo do processo.

Actuante

Autonomia Interacção Construção Cooperação Personalização Constante Devenir

Autonomia se tanto da anomia própria ao egocentrismo quanto da heteronomia própria da coação. – Fundamentada na igualdade e na reciprocidade dos parceiros, libertando- Interacção aluno quanto entre os alunos. – A comunicação é multidireccional, ocorrendo tanto entre professor e Construção que sejam significativos para o aluno. – A ênfase não é sobre a reprodução, mas sim na construção de artefacto Cooperação comunhão entre as pessoas. – O ser humano isolado não chegaria jamais a conhecer, sendo essencial à Personalização especificas de cada aluno. Assim, ao invés de um material didáctico massificado, existe – O processo de aprendizagem leva em consideração as características a construção do conteúdo ao longo do processo. Constante Devenir – A realidade não é estática, estando aberta para a imprevisibilidade. Tabela II-1: Comparações das teorias da aprendizagem