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Uma análise histórica e sociológica das relações entre a sociedade rural e urbana no brasil, com ênfase na evolução das perspectivas metodológicas em estudos relacionados ao centro de estudos rurais e urbanos. A autora discute a importância de compreender as diferentes configurações sociais: tribal, agrária e urbana, e como elas podem coexistir em uma sociedade brasileira. Ela também aborda a importância de estudar as relações entre as três sociedades em diferentes contextos históricos.
Tipologia: Resumos
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QUEIROZ, M.I.P. Do rural e do urbano do Brasil****. In Cultura, sociedade rural, sociedade urbana no Brasil. Rio de Janeiro: Livros técnicos e científicos; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1978 (p. 46-67). Em “Do rural e do Urbano no Brasil” de Maria I. O Queiroz, a autora inicia o texto indicando o problema que é encontrar uma definição para o que seja meio rural e meio urbano no Brasil e diz que o intuito é mostrar a orientação que tem sido seguida em algumas pesquisas de campo e procurar dar um quadro geral das relações campo-cidade no tempo. Para isso, têm-se a necessidade de um esboço de síntese das perspectivas metodológicas implícitas ou explicitas nos trabalhos realizados no âmbito do Centro de Estudos Rurais e Urbanos. A sociologia rural no Brasil teve como ponto de partida o “exotismo” dos homens do campo; e a autora cita a obra de Euclides da Cunha, O Sertões, como base da descoberta da especificidade arcaica da vida rural brasileira, em oposição à vida moderna do litoral. Na Europa a consciência de uma vida rural distinta da urbana surgiu com a Revolução Industrial, quando as máquinas invadiram o campo e predominou a indústria sobre a agricultura. No Brasil, o fato se dá no final do século XIX e ainda precisa ser estudado, pois a industrialização ocorreu muito mais tarde. As relações entre campo e cidade nem sempre foram as mesmas, concordando com Henri Lefebvre, que fala da sucessão de dois tipos de sociedade global, a autora define em trabalho anterior, baseado em Robert Redfield, três configurações maiores de estruturas e organização social: sociedade tribal, sociedade agrária e sociedade urbana. Estes três tipos de sociedade podem ser concomitantes no tempo e no espaço, numa sociedade brasileira, entretanto, em sociedades europeias, a perspectiva mais própria para apreendê-las é a histórica. Na sociedade tribal não existe cidade, os grupos sociais são irrelevantes; a divisão do trabalho é fraca e as relações são face a face e repletas de afetividade. Nesta sociedade cada grupo cuida de sua subsistência e forma uma unidade independente. Já na sociedade agrária existe a cidade que organiza e domina o meio rural, porém é dominada e delimitada por este, já que depende estreitamente do abastecimento, pois a cidade é essencialmente consumidora dos produtos do campo. As suas relações são indiretas e indiferentes. Aqui a maior parte dos grupos e dos indivíduos ocupam a produção agrícola. A sociedade Urbana, por sua vez, se liberou do meio rural devido ao desenvolvimento da tecnologia e se tornou uma produtora por excelência; podendo crescer demograficamente de forma ilimitada. O
campo e a cidade coexistem, no entanto, a cidade domina o campo, pois o fator econômico é o grande organizador da sociedade e suas relações predominantes são indiretas e indiferentes. A maior parte desta população se ocupa com a indústria, além dos seus serviços. Estes aspectos sociológicos dependem da densidade demográfica dos grupos e das sociedades; da maior ou menor divisão do trabalho e o equilíbrio entre campo e cidade será diverso conforme o tipo. Na organização interna das sociedades globais, a autora mostra que nas sociedades agrárias grandes grupos familiares, de linhagem, religiosos intervêm de maneira primordial na configuração interna da sociedade. Nas sociedades Urbanas, ao contrário, toda a estratificação social tem como fator predominante de organização o fator econômico. Ao estudarmos a relação rural-urbana será necessário descobrir o tipo predominante, pois numa mesma sociedade global pode reunir os três tipos sociais. Conforme a sociedade e o momento histórico, as relações entre os três tipos será diversa, os processos de mudança de predominância serão diferentes, os processos em curso e os equilíbrios existentes não serão os mesmos. Embora a abordagem se aproxime das de Max Weber, em nenhuma sociedade será encontrado o tipo “puro”. Existem vários tipos numa mesma sociedade interligados por processos dinâmicos. Desta maneira, o problema da Sociologia Rural adquire nova dimensão, e deve ser estudado como parte de um conjunto social. Toda Sociologia Urbana deve englobar também o aspecto rural ao formular seus problemas, pois a cidade está sempre implantada no campo, tendo variada forma e desempenhando funções diferentes em relação a ele. Grande parte dos trabalhos nos estudos de Sociologia Rural tem sido feito segundo a orientação americana, por isso não se tem falado em “sociedade global brasileira”. Também não foi até agora construída uma visão de conjunto satisfatória, da sociedade brasileira nos tempos atuais. A maioria das pesquisas sobre o meio rural, pesquisaram o “pitoresco”, quais produtores rurais seriam mais abertos e os mais fechados às modernidades. Nesses casos as pesquisas foram unilaterais e incompletas. Por sua vez, os estudos de Sociologia Urbana recai sobre as metrópoles modernas, deixando de lado as cidades médias e pequenas. No dois casos, meio rural e metrópole, tem sido analisado sem conhecer quais caracteres essenciais brasileiros dos grupos em questão, quais os que compartilhamos de maneira geral com outros países urbanizados. No Brasil, um dos quadros mais importantes a serem traçados seria os tipos de cidades, a amplitude de suas funções regionais e sua independência ou não ao meio rural, que decorre da importância de suas atividades produtivas. Este quadro permitirá afirmar o caráter urbanizado da sociedade global brasileira. É preciso analisar também, a
aglomerados citadinos e à uniformização interna da vida social, que se aproximará novamente da do campo. Na segunda metade do século XIX no Brasil um tipo de cidade, na qual suas funções se ampliam, comercio e serviços ganham vulto; a distância social cresce entre ela e o meio rural. Nas regiões pobres, a diferença entre meio rural e meio urbano, no que diz respeito à maneira de viver, é quase imperceptível. As consequências a tirar das observações alinhavadas são várias. Primeiro, está subtendido que um gênero de vida pode difundir-se fora da sociedade global em que se originou, desprendido dos fatores que o fizeram nascer, no caso, o processo de industrialização. Segundo, o processo de difusão determina uma transformação das relações campo e cidade, oriunda da disparidade de gêneros de vida que passa a existir. Em terceiro lugar, o surgimento de um processo de industrialização no Brasil, faz com que entre estas e seu meio rural imediato verdadeira ruptura se produza; ao mesmo tempo, verifica-se no campo a introdução de transformações técnicas e estruturais, porém em regiões algo distanciadas das cidades no espaço, embora a estas ligadas por meios de comunicação modernos e rápidos. As relações campo-cidade atualmente no Brasil são muito mais complexas e ricas do que no passado. Processos recentes de ocupação do solo coexistem com antigos processos, tanto por parte de fazendeiros quanto de sitiantes; num e noutro caso, tais processos foram e serão sempre suscitadores de cidades. A tendência brasileira é ou somar os processos novos aos antigos ou interpretar os processos novos dentro da ótica dos antigos, de tal modo que o antigo nunca é aniquilado. Jerisanny L S Cunha