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Fertilização e Nutrição do Cafeeiro: Análise de Solo e Folha, Notas de estudo de Engenharia Agronômica

Este documento discute a importância da análise de solo e folha no processo de fertilização e nutrição do cafeeiro. A análise de solo fornece indicadores sobre os níveis de nutrientes presentes no solo, enquanto a análise foliar permite identificar deficiências ou excessos de nutrientes nas plantas. Além disso, o documento aborda as causas e sintomas de deficiências de nutrientes específicos, como boro, cobre, zinco e nitrogênio, e fornece recomendações de adubação e calagem.

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 18/12/2009

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marcelo-agua-nova-da-rocha-12 🇧🇷

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TÉCNICO 1
Opé-de-café é capaz de "falar", contando o que tem:
se está com fome ou bem alimentado; se comeu
demais ou ingeriu alguma coisa que não deveria ter
comido; se está doente.
Entretanto, para entender o que diz o pé-de-café é necessá-
rio conhecer os sintomas de fome ou de excesso e também os sinais
provocados por pragas e enfermidades. Feito o diagnóstico do que
está acontecendo é possível tomar as medidas indicadas, ou seja,
dar o remédio necessário ao "paciente".
Mas, como se sabe que o cafeeiro é normal ou está sadio? Ele
deve:
ter folhas grandes, verdes e brilhantes durante todo o ano,
mesmo na época do enchimento das cerejas;
mostrar galhos com internódios longos e com as pontas
vivas;
não murchar demasiadamente na estação seca ou durante
o veranico, sinal de que tem raízes ativas e profundas;
florescer abundantemente e segurar a florada (Foto 1);
dar altas produções como média de quatro anos;
produzir café de boa qualidade – favas de peneira alta que,
processadas, moídas e torradas, bebem bem;
dar lucro a quem dele cuida.
O doutor do cafezal deve empregar todas as ferramentas
disponíveis para diagnosticar a situação e indicar o remédio ade-
quado. As publicações com fotos coloridas, a análise do solo, a
análise de folha, o histórico da gleba devem ser usados, além dos
dados meteorológicos.
Não se deve esquecer que o processo de produção resulta da
ação e da interação de muitos fatores: nutrição, pragas e moléstias
são apenas três deles (Tabela 1), quando se busca colheitas eco-
nômicas máximas (CEM).
SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA OU FOME
Para viver, produzir e, até certo ponto, agüentar condições
adversas de clima ou incidência de pragas e doenças, o cafeeiro
necessita de uma lista de elementos:
macronutrientes: nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K),
cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S);
Hélio Casale3
José Peres Romero4
Tabela 1. Principais fatores que atuam na obtenção de CEM no cafeeiro.
Fator Desdobramento
Planta Variedade, linhagem, enxertia
Clima Quantidade e distribuição das chuvas
Temperatura (máxima, mínima, média)
Luz (intensidade, duração, exposição)
Vento
Solo Propriedades físicas (textura, estrutura,
profundidade, densidade)
Fertilidade
Calagem Acidez (superfície e subsuperfície)
Gessagem Correção da acidez de subsuperfície
Adubação Doses, equilíbrio, interação
Época, localização
Plantio Espaçamento, densidade
Exposição
Covas, sulcos
Práticas culturais Manejo do mato
Tratamento fitossanitário integrado
Arruação, esparramação do cisco
Poda e condução Tipos, época
Colheita e beneficiamento Época, tipos, despolpamento,
descascamento de cerejas
Armazenamento Arejamento, umidade, pragas
Homem Condução das operações
Contabilidade de custos e renda
Conhecimento de mercado de café,
insumos e mão-de-obra
Comercialização
Planejamento e tomada de decisões
1 Professor, CENA/USP, Piracicaba-SP. Fone: (19) 429-4695. Fax: (19) 429-
4610. E-mail: mala@cena.usp.br
2 Engº Agrº, MAARA-PROCAFÉ, Campinas-SP. Fone: (19) 3256-0200.
3 Engº Agrº, Consultor. Fone: (11) 3871-0380. E-mail: heliocasale@ig.com.br
4 Engº Agrº, Cafeicultor, São Paulo-SP. Fone: (11) 3865-4622.
micronutrientes: boro (B), cloro (Cl), cobalto (Co), cobre
(Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel
(Ni), selênio (Se), silício (Si) e zinco (Zn).
A falta de qualquer um desses elementos no solo e no adu-
bo faz com que a produção seja limitada. E se houver muita "fome"
o pé-de-café mostrará sintomas característicos para cada elemento.
Os mais comuns desses sintomas são discutidos a seguir.
Nitrogênio (Fotos 3 a 5): as folhas mais velhas são as
primeiras a amarelecer, particularmente durante o crescimento dos
frutos. A vegetação é rala. Os galhos podem secar da ponta para a
base se a colheita tiver sido grande. Diminui a floração. Causas: falta
do elemento no solo ou na adubação, solos pobres em matéria
orgânica e ácidos.
Fósforo (Fotos 6 e 7): as folhas mais velhas mostram-se
verdes e sem brilho. Podem amarelecer e apresentar grandes manchas
pardas ou violáceas na ponta e no meio. Caem prematuramente. Há
dimi-nuição na floração e no pegamento. Queda de folhas. Maturação
antecipada. Raízes mal desenvolvidas. Causas: falta do elemento no
solo ou na adubação, solos ácidos.
SEJA O DOUTOR DO SEU CAFEZAL
ARQUIVO DO AGRÔNOMO - Nº 3
2a edição - revisada e ampliada
Eurípedes Malavolta1
Durval Rocha Fernandes2
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TÉCNICO 1

O

pé-de-café é capaz de "falar", contando o que tem:

se está com fome ou bem alimentado; se comeu

demais ou ingeriu alguma coisa que não deveria ter

comido; se está doente.

Entretanto, para entender o que diz o pé-de-café é necessá-

rio conhecer os sintomas de fome ou de excesso e também os sinais

provocados por pragas e enfermidades. Feito o diagnóstico do que

está acontecendo é possível tomar as medidas indicadas, ou seja,

dar o remédio necessário ao "paciente".

Mas, como se sabe que o cafeeiro é normal ou está sadio? Ele

deve:

  • ter folhas grandes, verdes e brilhantes durante todo o ano,

mesmo na época do enchimento das cerejas;

  • mostrar galhos com internódios longos e com as pontas

vivas;

  • não murchar demasiadamente na estação seca ou durante

o veranico, sinal de que tem raízes ativas e profundas;

  • florescer abundantemente e segurar a florada (Foto 1);
  • dar altas produções como média de quatro anos;
  • produzir café de boa qualidade – favas de peneira alta que,

processadas, moídas e torradas, bebem bem;

  • dar lucro a quem dele cuida.

O doutor do cafezal deve empregar todas as ferramentas

disponíveis para diagnosticar a situação e indicar o remédio ade-

quado. As publicações com fotos coloridas, a análise do solo, a

análise de folha, o histórico da gleba devem ser usados, além dos

dados meteorológicos.

Não se deve esquecer que o processo de produção resulta da

ação e da interação de muitos fatores: nutrição, pragas e moléstias

são apenas três deles (Tabela 1), quando se busca colheitas eco-

nômicas máximas (CEM).

SINTOMAS DE DEFICI NCIA OU FOME

Para viver, produzir e, até certo ponto, agüentar condições

adversas de clima ou incidência de pragas e doenças, o cafeeiro

necessita de uma lista de elementos:

  • macronutrientes: nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K),

cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S);

Hélio Casale 3 José Peres Romero^4

Tabela 1. Principais fatores que atuam na obtenção de CEM no cafeeiro. Fator Desdobramento Planta Variedade, linhagem, enxertia C l i m a Quantidade e distribuição das chuvas Temperatura (máxima, mínima, média) Luz (intensidade, duração, exposição) Vento S o l o Propriedades físicas (textura, estrutura, profundidade, densidade) Fertilidade C a l a g e m Acidez (superfície e subsuperfície) Gessagem Correção da acidez de subsuperfície Adubação Doses, equilíbrio, interação Época, localização Plantio Espaçamento, densidade Exposição Covas, sulcos Práticas culturais Manejo do mato Tratamento fitossanitário integrado Arruação, esparramação do cisco Poda e condução Tipos, época Colheita e beneficiamento Época, tipos, despolpamento, descascamento de cerejas Armazenamento Arejamento, umidade, pragas H o m e m Condução das operações Contabilidade de custos e renda Conhecimento de mercado de café, insumos e mão-de-obra Comercialização Planejamento e tomada de decisões

(^1) Professor, CENA/USP, Piracicaba-SP. Fone: (19) 429-4695. Fax: (19) 429-

  1. E-mail: mala@cena.usp.br (^2) Engº Agrº, MAARA-PROCAFÉ, Campinas-SP. Fone: (19) 3256-0200. (^3) Engº Agrº, Consultor. Fone: (11) 3871-0380. E-mail: heliocasale@ig.com.br (^4) Engº Agrº, Cafeicultor, São Paulo-SP. Fone: (11) 3865-4622.
  • micronutrientes: boro (B), cloro (Cl), cobalto (Co), cobre

(Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel

(Ni), selênio (Se), silício (Si) e zinco (Zn).

A falta de qualquer um desses elementos no solo e no adu-

bo faz com que a produção seja limitada. E se houver muita "fome"

o pé-de-café mostrará sintomas característicos para cada elemento.

Os mais comuns desses sintomas são discutidos a seguir.

Nitrogênio (Fotos 3 a 5): as folhas mais velhas são as

primeiras a amarelecer, particularmente durante o crescimento dos

frutos. A vegetação é rala. Os galhos podem secar da ponta para a

base se a colheita tiver sido grande. Diminui a floração. Causas: falta

do elemento no solo ou na adubação, solos pobres em matéria

orgânica e ácidos.

Fósforo (Fotos 6 e 7): as folhas mais velhas mostram-se

verdes e sem brilho. Podem amarelecer e apresentar grandes manchas

pardas ou violáceas na ponta e no meio. Caem prematuramente. Há

dimi-nuição na floração e no pegamento. Queda de folhas. Maturação

antecipada. Raízes mal desenvolvidas. Causas: falta do elemento no

solo ou na adubação, solos ácidos.

SEJA O DOUTOR DO SEU CAFEZAL

ARQUIVO DO AGRÔNOMO - Nº 3 2 a^ edição - revisada e ampliada

Eurípedes Malavolta 1 Durval Rocha Fernandes 2

2 ENCARTE TÉCNICO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/

Tabela 2. Interpretação dos teores foliares 1. Elemento Deficiente Adequado Excessivo

                    • - - - - - - (%) - - - - - - - - - - - - - - - - Nitrogênio (N) < 2,2 2,7-3,2 > 3, Fósforo (P) < 0,10 0,15-0,20 > 0, Potássio (K) < 1,4 1,9-2,4 > 2, Cálcio (Ca) < 0,5 1,0-1,4 > 1, Magnésio (Mg) < 0,26 0,31-0,36 > 0, Enxofre (S) < 0,10 0,15-0,20 > 0, - - - - - - - - - - - - - - - (ppm) - - - - - - - - - - - - - - - Boro (B) < 20 59-80 > 90 Cobre (Cu) < 5 8-16 > 25 Ferro (Fe) < 50 150-300 > 400 Manganês (Mn) < 40 120-210 > 300 Molibdênio (Mo) < 0,10 0,15-0,20 > 0, Zinco (Zn) < 4 8-16 > 30 (^1) 3º e 4º pares de folhas de ramos produtivos amostrados no verão (fevereiro/ março).

Potássio (Foto 8): como nos dois casos anteriores, as folhas

mais velhas são as primeiras a ser afetadas. Mostram um

amarelecimento das pontas e margens, que depois secam e ficam com

cor marrom ou preta. Os ramos com frutos podem morrer da ponta

para a base. Aumenta a porcentagem de frutos chochos e diminui o

tamanho dos grãos. A planta agüenta mal a seca e o frio. Causas: falta

do elemento no solo ou na adubação, acidez e calagem excessiva.

Cálcio (Foto 9): neste caso, as folhas mais novas são as pri-

meiras a mostrar os sintomas que quase sempre se limitam a elas: apare-

ce uma coloração amarelada ao longo dos bordos a qual pode avançar

entre as nervuras na direção do centro. Diminui o pegamento da florada.

As raízes são mal desenvolvidas. Causas: acidez, excesso de potássio.

Magnésio (Fotos 10 e 11): as folhas mais velhas mostram cor

amarela e depois pardacenta entre as nervuras e caem

prematuramente. Causas: acidez, excesso de potássio.

Enxofre ( Fotos 12 e 13): os sintomas foliares são parecidos

com os provocados pela falta de nitrogênio mas aparecem nas folhas

mais novas. Os internódios encurtam. Causas: falta do elemento no

solo ou na adubação, solos pobres em matéria orgânica e ácidos.

Boro (Foto 14): cálcio e boro costumam andar juntos nos

papéis que desempenham na vida da planta. Quando há deficiência,

as folhas são pequenas, tem formas bizarras. Em casos severos as

gemas terminais podem secar ou morrer e a ponta do galho também

o faz: estes sintomas são parecidos com os causados pelo fungo

Phoma. Há superbrotamento. Os internódios encurtam. O pegamento

da florada é menor. As raízes se desenvolvem menos. Causas: falta

do elemento no solo ou na adubação, solos pobres em matéria orgâ-

nica, acidez ou calagem em excesso, muitas chuvas ou muita seca e

muito N na adubação.

Cobre (Fotos 15 e 16): nas folhas mais novas as nervuras

secundárias ficam salientes – "costelas". Pode haver deformação do

limbo. Em plantas novas as folhas podem se encurvar para baixo a

partir da base. Causas: falta do elemento no solo ou na adubação,

muita matéria orgânica e muita chuva, calagem excessiva.

Ferro (Foto 17): as folhas mais novas ficam amarelas, as

nervuras permanecendo verdes, depois amarelecendo. Causas: muita

matéria orgânica e muita chuva, calagem excessiva.

Manganês (Fotos 18 e 19): Aparecem no início muitos

pontinhos esbran-quiçados nas folhas mais novas os quais depois

se juntam tomando uma cor amarelada quase gema de ovo. Causas:

muita matéria orgânica, solos muito arejados, calagem excessiva.

Molibdênio (Foto 20): nas folhas mais velhas aparecem

manchas amareladas e depois pardas entre as nervuras. Com o

tempo, essas folhas se enrolam para baixo ao longo da nervura

principal e os bordos opostos chegam a se tocar. A principal causa

de deficiência é a acidez do solo.

Zinco (Fotos 21 e 22 ): os internódios vão encurtando da ba-

se do ramo para a ponta e as folhinhas estreitas e amareladas ficam

cada vez mais perto umas das outras. Podem haver morte dos

ponteiros e superbrotamento. Menor pegamento da florada. Frutos

menores. Causas: falta do elemento no solo ou na adubação, cala-

gem excessiva, muito fósforo, muita luz.

SINTOMAS DE EXCESSO OU TOXIDEZ

Nitrogênio : há muita vegetação e pouca frutificação. A

maturação é atrasada. Piora a qualidade da bebida. Causas: excesso

do elemento no solo ou na adubação, solos ricos em matéria

orgânica.

Fósforo: as plantas podem mostrar sintomas de falta de Cu,

Fe, Mn e Zn pois o excesso de fósforo diminui a absorção ou o

transporte para a parte aérea.

Potássio: falta de cálcio ou magnésio induzida. Piora a

qualidade da bebida.

Boro (Fotos 23 e 24): amarelecimento malhado nas folhas

mais velhas e manchas secas nas bordas e na ponta. Ocorre

principalmente após poda drástica da planta.

Cobre: folhas amareladas ao longo da nervura principal.

Morte das raízes. Desfolhamento.

Manganês: internódios curtos, folhas pequenas e ama-

reladas. Ocorre em solos ácidos ou compactados.

Alumínio: raízes curtas e grossas. Sintomas de deficiência de

fósforo e potássio nas folhas.

Zinco: as folhas mais velhas ficam amareladas quase da cor

da gema de ovo.

PREVEN«√O E CORRE«√O DAS DEFICI NCIAS E EXCESSOS

Freqüentemente o doutor do cafezal deve retirar amostras

de folhas e, com os dados da análise em mãos, fazer a confirmação

do diagnóstico visual para indicar as medidas a tomar com maior

segurança. Por outro lado, quando o sintoma visual aparece, a

produção já pode estar prejudicada e as medidas terão que esperar

o outro ano agrícola. A análise das folhas poderá fornecer um

"diagnóstico precoce": é que a composição das mesmas é modifi-

cada pela deficiência ou pela toxidez antes que o sintoma apareça. A

análise do solo, feita todos os anos, dará uma indicação mais cedo

ainda das deficiências ou excessos que poderão ocorrer, permitindo

que se faça o tratamento "preventivo" em lugar do curativo. Além da

análise do solo, o doutor pode analisar folhas de plantas normais e

anormais e confrontar os números, com a Tabela 2, que dá a

interpretação dos teores foliares, assim como com a Tabela 3, que dá

um exemplo de relações entre nutrientes foliares considerados

adequados.

4 ENCARTE TÉCNICO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/

A dose de calcário a aplicar pode ser calculada pela fórmula:

T (V 2 - V 1 )

PRNT

onde:

N.C. = necessidade de calcário em t/ha

T = (H + Al + K + Ca + Mg) em meq/100 cm^3 de solo

V 2 = saturação em bases desejada = 70%

V 1 = saturação em bases encontrada no solo = S/T x 10 ou

(K + Ca + Mg) meq/100 cm^3

T meq/100 cm 3

p = fator de profundidade de incorporação do calcário

p = 0,5 para 0-10 cm;

p = 1,5 para 0-20 cm;

p = 1,5 para 0-30 cm;

p = 2,0 para 0-40 cm.

PRNT = Poder Relativo de Neutralização do Calcário.

Em cafezais de alta produtividade recomenda-se manter o

teor de magnésio no solo ao redor de 1,0 meq Mg/100 cm^3 ou, ainda,

Mg/CTC (%) ao redor de 12.

GESSAGEM

A calagem em geral não corrige a acidez em profundidade no

caso de cafezais já formados, onde é inviável a incorporação do

corretivo, a menos quando se procede à subsolagem ou se use

doses relativamente pesadas em solos leves, empregando-se calcário

de boa qualidade e se espera alguns anos. Isto se deve ao fato de

que o ânion acompanhante do cálcio, CO 3 2-^ , se dissipa na atmosfera

da superfície do solo e acima dela. Em conseqüência, o cafeeiro (ou

outra cultura qualquer) tem o seu sistema radicular concentrado na

superfície e, por isso, aproveita menos os nutrientes que percolam,

absorve menos água e sente mais o efeito da estiagem.

O gesso, gesso agrícola ou fosfogesso, é o CaSO 4 .2H 2 O

(sulfato de cálcio), subproduto da indústria do ácido fosfórico. O

ânion acompanhante do Ca 2+^ é o SO 4 2-^ que, ao contrário do

CO 3 2-^ , não se perde por volatilização: é capaz de descer no perfil,

processo em que é acompanhado pelo cálcio. Disso resulta que em

profundidade aumenta a saturação em cálcio do complexo de troca

e o Al tóxico é "neutralizado". A gessagem usualmente não mo-

difica o pH e não é substituta da calagem. Ambas se complemen-

tam.

A pesquisa agrícola ainda não publicou uma fórmula para

calcular a dose de gesso a usar em função dos dados de análise do

solo que tenha tido comprovação prática. Enquanto isso, pode-se,

provisoriamente, usar a seguinte:

N.G. = (0,6 CTCe - meq Ca/100 cm^3 ) x 2,5 ou

N.G. = (meq Al/100 cm^3 - 0,2 CTCe) x 2,

onde:

N.G. = necessidade de gesso

= toneladas de gesso/ha

CTCe = capacidade de troca catiônica efetiva

= meq Al + K + Ca + Mg/100 cm^3

Deve-se pensar no uso do gesso quando:

a) A análise do solo na profundidade de 21-40 cm (e não a

correspondente a 0-20 cm) revelar uma participação do Ca na CTCe

menor que 60%;

b) A análise do solo a 21-40 cm (e não a 0-20 cm) mostrar que

a saturação em Al é maior que 20%.

Quando o solo, antes do plantio, necessitar de calcário e de

gesso, primeiro se faz a calagem na forma recomendada e depois se

distribui o gesso a lanço, sendo dispensada a sua incorporação.

Pode-se também usar produtos comerciais que contêm uma mistura

de calcário e gesso. Nos cafezais em formação ou produção o gesso

é aplicado a lanço, e nesse caso também pode-se usá-lo previamente

misturado com o calcário (se o solo necessitar de calagem) ou

separadamente.

RECOMENDA«’ES DE ADUBA«√O

Na adubação do cafeeiro em produção é importante consi-

derar vários fatores, como: elemento(s) deficiente(s), quantidade

do adubo a aplicar, época de aplicação e localização do adubo.

A análise de solo e a diagnose visual são úteis para definir

os elementos que estão deficientes no solo e na planta, respec-

tivamente. A dose de adubo necessária depende, no caso da planta

em produção (geralmente a partir do 4º ano), do nível de fertilidade

do solo, da adubação feita na cova (principalmente em se tratando

do fósforo), e da colheita pendente ou desejada.

A época de aplicação dos adubos é determinada por dois

fatores principais:

- Os períodos de maior exigência do cafeeiro: depois da

colheita e do início da vegetação; no pegamento da florada e no

crescimento dos frutos. Na prática, entretanto, para simplificar, a

dose total geralmente é dividida em parcelas iguais.

- O comportamento do adubo no solo: o nitrogênio é sujeito

a perdas por lixiviação, o fósforo é muito fixado no solo e o potássio

ocupa posição intermediária. Por causa disso, o comum é fracionar-

se a dose dos três elementos, o que é determinado principalmente

pelo comportamento do nitrogênio.

As duas principais "ferramentas" para a recomendação da

adubação do cafeeiro são a análise de solo e a análise foliar.

An·lise de solo

a) Freqüência e profundidade da amostra:

  • Anual: 0-20 cm, no meio da faixa adubada
  • Bianual: 0-20 cm e 21-40 cm, no meio da faixa adubada.

b) Época de amostragem: abril/maio (antes da colheita ou da

arruação).

c) Número de amostras: uma (1) amostra composta de, no

mínimo, 10 sub-amostras, para qualquer gleba homogênea de até

50 hectares.

Não esquecer que: "A adubação começa com a análise do

solo (e da folha), continua com a correção da acidez e termina com

a aplicação do adubo".

Para ajudar a "enxergar" melhor os resultados das análises

de terra é útil saber que:

  • 1 mg/dm 3 de P, S-SO 4 , B, Cu, Fe, Mn, Mo ou Zn equivalem

a 2 kg/ha na profundidade de 0-20 cm;

  • 1 milimol(+) de K/dm^3 = 39 mg/dm 3 = 78 kg/ha;

V 1 = x 100

N.C. = x p

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TÉCNICO 5

  • 1 meq K/100 cm^3 = 780 kg;
  • 1 ppm K = ± 2 kg/ha;
  • 1 milimol(+) Ca/dm^3 = 40 kg Ca/ha;
  • 1 meq Ca/100 cm^3 = 400 kg Ca/ha;
  • 1 milimol(+) Mg/dm^3 = 24 kg/ha;
  • 1 meq Mg/100 cm^3 = 240 kg/ha.

An·lise de folhas

a) Época:

ü Antes da 1ª adubação

ü Um mês depois da 1ª adubação

ü Um mês depois da 2ª adubação.

Com essas três amostragens e análises é possível monitorar

o estado nutricional do cafezal de modo mais seguro. Alternativa-

mente, pode-se fazer uma amostragem depois do 1 o^ parcelamento, no

caso de se fazerem três, ou depois do 2 o, quando são feitos quatro

parcelamentos.

No café conilon, multicaule, até a primeira ou segunda colheita,

faz-se o mesmo tipo de amostragem do arabica, como foi descrito.

Depois da poda do excesso de ortotrópicos (verticais) e plagiotrópicos

(laterais), em geral sobram 3-4 ortotrópicos com ramos laterais no

topo. No meio destes (3-4 topos) são colhidos os terceiro e quarto

pares de folhas.

b) Amostragem: coleta do 3º e do 4º pares de folhas, na altura

média da planta, num total de 50 pares de folhas/gleba, em 25 plan-

tas, colhendo 2 pares, um de cada lado da planta (Figura 1).

Tabela 5. Adubação corretiva. Teor no solo Duplo ácido Resina

                • mg/dm 3 - - - - - - - -

Fósforo ≤ 5 ≤ 10 360

Potássio - - - - - - - % CTC^1 - - - - - - - - < 2 180 2-3 120 3,1-4 90 4,1-5 60

5 0 Boro 2 Baixo < 0,3 mg/dm 3 3 Médio 0,3-0,6 2 Adequado 0,7-1,0 1 1,0 0

Cobre 3 Baixo < 0,5 3 Médio 0,5-1,0 2

1,5 0

Manganês^3 Baixo < 5 15 Médio 5-10 10 Adequado 10-15 5 < 2 6

Zinco 3 Baixo < 2 6 Médio 2-4 4 Adequado 5-6 2

6 0 (^1) Para CTC entre 7 e 10 meq/100 cm (^3). (^2) Teor em HCl 0,05 N ou Mehlich 1. (^3) Teor em Mehlich. Observação: para conversão de B para água quente e de Cu, Mn e Zn para DTP dividir por 2.

Elemento Dosekg/ha

ADUBA«√O CORRETIVA

Finalidade: elevar o nível de fertilidade dos solos muito

pobres ou pobres. A prática exige:

ü Preços favoráveis de café, visto que as doses são relati-

vamente pesadas;

ü Topografia que permita a aplicação a lanço em área total

e incorporação.

A adubação corretiva é indicada particularmente nos plantio

adensados (10.000 covas/ha) e superadensados (15-20.000 covas ou

mais).

}

1º PAR 2º PAR 3º PAR 4º PAR

Figura 1. Amostragem das folhas para análise: o 3º e o 4º pares são colhidos; 1º par = folhas com cerca de 2,5 cm de comprimen- to.

A Tabela 5 mostra uma sugestão de adubação corretiva.

ADUBA«√O DE PLANTIO, FORMA«√O E PRODU«√O

Os diversos Estados produtores de café têm suas recomen-

dações oficiais que são periodicamente refeitas, devendo o cafeicultor

consultá-las pois são uma garantia do êxito da lavoura.

SISTEMA DE ADUBA«√O MODULAR DO CAFEEIRO

(SAMcaf)

Desenvolvido há quase 20 anos, em colaboração com o Eng o

Agro^ J. Peres Romero, integra as três variáveis: produtividade,

análise do solo e análise da folha. Um sofware que facilita os cálculos

está incluído neste CD-ROM.

Módulo = quantidade de elementos (macros e micros)

necessários para a produção de 10 sacas beneficiadas + vegetação

correspondente.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TÉCNICO 7

(1) Depois da colheita

  • Amostragem e análise do solo
  • Cálculo da calagem (e gessagem)

(2) Calagem, gessagem

(3) Estimativa de safra

(4) Primeiro parcelamento (fixo)

(5) Segundo parcelamento (fixo)

(6) Análise de folha e reavaliação da safra (um mês depois do segundo parcelamento)

(7) Cálculo dos ajustes do programa de adubação

(8) Terceiro parcelamento (variável ou não)

(9) Quarto parcelamento (variável ou não)

Figura 2. Operações no sistema de adubação modular.

Na Figura 2 vê-se a série de operações seguidas no SAMcaf.

A Tabela 9 mostra os ajustes feitos no programa graças à análise

das folhas.

A faixa adubada tem largura igual ao raio da copa. Nos

cafezais formados o adubo é localizado embaixo da saia onde está "a

boca", a raiz.

ADUBA«√O FOLIAR

Qualquer programa ou sistema de adubação deve ter porta

aberta para a aplicação foliar de nutrientes, do que a Tabela 10 dá

exemplos.

ADUBA«√O E IRRIGA«√O

Os efeitos benéficos da irrgação tem sido demonstrados

tanto em arabica como em conilon, motivo pelo qual a prática tende

a crescer. Aumentos de produção de 11 vezes foram obtidos no

cerrado de Minas. Os principais sistemas de irrigação (gotejamento,

aspersão convencional, auto-propelido, pivô central, "tripas") em

geral comportam a introdução de adubos, que são dissolvidos na

água. Isso torna possível fracionar as doses, localizar melhor o adu-

bo e aumentar a produção, além de diminuir custos operacionais. Para

se obter tais vantagens, entretanto, é necessário usar adubos so-

lúveis e conhecer um pouco da anatomia e da fenologia do cafeeiro:

adubar no lugar certo, no momento certo e na dose certa.

Tabela 9. Ajustes nas doses de acordo com a análise das folhas depois do segundo parcelamento (Nov./Jan.). Elemento Teor foliar Ajuste g/kg N < 25 1,5 vezes (1) 25-35 manter

35 cancelar P < 1,4 1,5 vezes (1) 1,4-1,9 manter < 1,9 manter

K < 17,5 1,5 vezes (1) 17,5-22,5 manter

22,5 cancelar Mg < 3,1 1,5 vezes (1) 3,1-3,8 manter 3,8 cancelar S < 1,5 1,5 vezes (1)

1,5-2,3 manter

2,3 cancelar mg/kg B < 50 2-3 aplicações foliares Cu < 10 2-3 aplicações foliares Fe < 75 2-3 aplicações foliares M n < 100 2-3 aplicações foliares M o < 0,5 2-3 aplicações foliares Zn (2)^ < 10 2-3 aplicações foliares < 20 2-3 aplicações foliares

(1) (^) Aumentar 50% o programado para o 3 o (^) ou 4o (^) parcelamentos. (2) (^) Anos de alta e baixa, respectivamente.

Tabela 10. Macro e micronutrientes via foliar(1)^. Elemento Produto e concentração (%) N Uréia a 0,5- N + P Fosfato monoamônico 0,5-1, N + K Nitrato de potássio 1- N + Ca Nitrato de cálcio 0,5- B Ácido bórico 0, Cu Sulfato 0, Fe Sulfato 0, M n Sulfato 1, M o Molibdato 0, Zn Sulfato 0, B + Zn Ácido bórico 0,3 + Sulfato de zinco 0,6 + Cloreto de potássio 0, Mn + Zn Sulfato de manganês 0,6 + Sulfato de zinco 0,6 + Cloreto de potássio 0, B + Cu + Zn Ácido bórico 0,3 + Sulfato de cobre 0,3 + Sulfato de zinco 0,6 + Cloreto de potássio 0, B + Cu + Mn + Zn Ácido bórico 0,3 + Sulfato de cobre 0,3 + Sulfato de manganês 0,6 + Sulfato de zinco 0,6 + Cloreto de potássio 0, (1) (^) Sulfatos podem ser substituídos por cloretos, nitratos, quelados, geralmente em menor concentração e sem adição de KCl. Aplicações a alto volume, em geral duas a três vezes, no período de Set./Out. a Mar./Abr.

8 ENCARTE TÉCNICO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/

Foto 1. Florada em cafezais de alta produtividade. Foto 2. Colheita mecânica de café.

Foto 3. Deficiência de nitrogênio. Foto 4. Deficiência de nitrogênio (à esquerda, ramo normal).

Foto 5. Deficiência de nitrogênio. Foto 6. Deficiência de fósforo.

Foto 7. Deficiência de fósforo. Foto 8. Deficiência de potássio.

10 ENCARTE TÉCNICO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/

Foto 17. Deficiência de ferro. Foto 18. Deficiência de manganês.

Foto 19. Deficiência de manganês. Foto 20. Deficiência de molibdênio.

Foto 21. Deficiência de zinco. Foto 22. Deficiência de zinco (à esquerda, ramo normal).

Foto 23. Toxicidade de boro (limbo superior). Foto 24. Toxicidade de boro (limbo inferior).