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Teratologia: Estudo do Desenvolvimento Anormal em Animais, Resumos de Embriologia

Malformações congênitas na gestação

Tipologia: Resumos

2019

Compartilhado em 28/11/2019

vanessalr
vanessalr 🇧🇷

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Disciplina:Embriologia Veterinária
Professor:Jhônatas Luís Knaut
Aula 9
Malformações Congênitas
A teratologia é o estudo do desenvolvimento anormal. As alterações de
desenvolvimento embrionário e fetal variam desde anormalidades anatômicas macroscópicas
até defeitos enzimáticos causados por substituição de um único nucleotídeo detectável apenas
por técnicas moleculares. A gênese das malformações congênitas decorre de uma interação
entre a constituição genética do embrião e o ambiente que o envolve, pois fatores ambientais
podem interferir no desenvolvimento normal.
A frequência de malformações congênitas varia com a espécie, raça, localização
geográficas, alimentação da mãe, exposição a fatores químicos, físicos e biológicos, entre
outros. Vários estudos indicam que aproximadamente 1,5% a 6% de todos os mamíferos
domésticos nascidos vivos mostram pelo menos uma malformação congênita reconhecível.
Tais malformações são comparativamente infrequente em gatos, mas ocorre cerca de 3-4%
em ovinos, bovinos e equinos e 6% em cães e porcos recém-nascidos.
Um teratógeno é definido como um agente capaz de induzir uma malformação. O
teratógeno causará alterações no embrião de acordo com o estágio de desenvolvimento do
embrião e com o tempo de exposição. Embriões resultantes de fertilização in vitro e
manipulados para transferência tem maior probabilidade de terem alterações congênitas.
Acredita-se que alguma substância dos meios de cultura possa ser a responsável. Muitas vezes,
uma lesão induzida em um órgão pode causar malformação secundária em outro.
Insultos ao embrião durante as primeiras 3 semanas de gestação (durante o qual o
plano básico do corpo é estabelecido) é improvável que resultem em defeitos do
desenvolvimento, porque eles matam o embrião ou podem ser compensados ao longo do
desenvolvimento embrionário. Agentes que interrompem o estágio de mórula ou blastocisto,
que afetam a comunicação materno-fetal ou que impedem a implantação do embrião no
útero, geralmente provocam morte embrionária.
O período de maior susceptibilidade para o desenvolvimento de malformações
corresponde a fase de organogênese (da terceira a oitava semana de gestação). É nesse
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Disciplina: Embriologia Veterinária

Professor:Jhônatas Luís Knaut

Aula 9

Malformações Congênitas

A teratologia é o estudo do desenvolvimento anormal. As alterações de desenvolvimento embrionário e fetal variam desde anormalidades anatômicas macroscópicas até defeitos enzimáticos causados por substituição de um único nucleotídeo detectável apenas por técnicas moleculares. A gênese das malformações congênitas decorre de uma interação entre a constituição genética do embrião e o ambiente que o envolve, pois fatores ambientais podem interferir no desenvolvimento normal. A frequência de malformações congênitas varia com a espécie, raça, localização geográficas, alimentação da mãe, exposição a fatores químicos, físicos e biológicos, entre outros. Vários estudos indicam que aproximadamente 1,5% a 6% de todos os mamíferos domésticos nascidos vivos mostram pelo menos uma malformação congênita reconhecível. Tais malformações são comparativamente infrequente em gatos, mas ocorre cerca de 3-4% em ovinos, bovinos e equinos e 6% em cães e porcos recém-nascidos. Um teratógeno é definido como um agente capaz de induzir uma malformação. O teratógeno causará alterações no embrião de acordo com o estágio de desenvolvimento do embrião e com o tempo de exposição. Embriões resultantes de fertilização in vitro e manipulados para transferência tem maior probabilidade de terem alterações congênitas. Acredita-se que alguma substância dos meios de cultura possa ser a responsável. Muitas vezes, uma lesão induzida em um órgão pode causar malformação secundária em outro. Insultos ao embrião durante as primeiras 3 semanas de gestação (durante o qual o plano básico do corpo é estabelecido) é improvável que resultem em defeitos do desenvolvimento, porque eles matam o embrião ou podem ser compensados ao longo do desenvolvimento embrionário. Agentes que interrompem o estágio de mórula ou blastocisto, que afetam a comunicação materno-fetal ou que impedem a implantação do embrião no útero, geralmente provocam morte embrionária. O período de maior susceptibilidade para o desenvolvimento de malformações corresponde a fase de organogênese (da terceira a oitava semana de gestação). É nesse

período em que a maioria dos principais órgãos se forma, sendo as exceções os órgãos muito complexos como o cérebro e mecanismos sensoriais, que mostram prolongados períodos de alta suscetibilidade a malformações, e os órgãos reprodutivos, que desenvolvem mais tarde comparadamente aos outros sistemas. Após oito semanas de gestação, as principais anomalias são improváveis de ocorrer, pois a maioria dos órgãos já está bem estabelecida.

CAUSAS DE ANOMALIAS EMBRIONÁRIAS:

Número anormal de cromossomos: Mudanças quantitativas no número de cromossomos podem resultar em poliploidia ou aneuploidia. Na poliploidia, o número cromossômico é mais que o dobro do número haplóide de cromossomos de uma dada espécie. A maioria dos embriões poliplóides é abortada precocemente na gravidez. Causas potenciais de poliploidia são fertilização de um oócito por mais de um espermatozoide (polispermia) ou falta de separação de um corpúsculo polar durante a meiose do oócito. Erros numéricos no número de um determinado cromossomo configura a situação de aneuploidia, que também pode ser definida como um número total de cromossomos diferente do número haplóide para a espécie. Dessa forma, dentro da aneuploidia, existe a monossomia (que é a falta de um membro de um par de cromossomos) e a trissomia (que é a presença de um trio em vez de um par cromossomos). Ambos os eventos são tipicamente o resultado da não-disjunção durante a meiose. Na maioria dos casos, embriões com monossomia dos autossomos e cromossomos sexuais não sobrevive, porém, há algumas exceções:

O uso de alguns antibióticos durante a prenhez tem sido associado com defeitos congênitos. Exemplos são o uso de estreptomicina em altas doses que pode resultar em surdez do ouvido interno; tetraciclina pode atravessar a barreira placentária e causar uma coloração amareladas nos dentes, sendo que, em altas doses, pode interferir com a formação do esmalte. Plantas tóxicas também podem causar alterações congênitas, assim como andrógenos , que provoca a masculinização de fêmeas, como o que ocorre nos casos de vaca freemartin.

Agentes infecciosos: A maioria das doenças infecciosas que causam defeitos congênitos é viral. A patogenicidade de um vírus, o estágio da gestação em que a infecção ocorre e as respostas imunológicas do feto determinam o resultado das infecções virais no útero. A zona pelúcida protege o embrião contra infecções virais, porém, após a eclosão da zona pelúcida o blastocisto fica vulnerável a infecções virais, e caso isso ocorra, pode ser letal ao embrião. A barreira placentária previne infecções virais em algum grau, mas muitos vírus podem atravessar a barreira placentária. Portanto infecções virais maternas em estágios críticos de desenvolvimento podem causar malformações graves. Por exemplo, o vírus da Panleucopenia felina causa defeitos cerebelares e displasia de retina em fetos de gato e o herpesvirus tipo 2 afeta fetos de cão causando defeitos de olhos e cérebro.

CLASSIFICAÇÃO DAS MALFORMAÇÕES:

Agenesia ou aplasia: Esta é uma falha de desenvolvimento de um órgão ou de parte de um órgão. Exemplo: a ausência de um rim (agenesia renal) pode ser devido a interações teciduais indutivas anormais durante o desenvolvimento.

Hipoplasia e hiperplasia: A formação normal dos órgãos requer precisão no controle da proliferação celular. Se a proliferação celular for reduzida, o órgão torna-se muito pequeno (hipoplástico). Em contra partida, se a proliferação celular for aumentada, o órgão torna-se muito grande (hiperplásico). Mesmo mudanças de crescimento relativamente pequenas podem causar problemas graves em regiões complexas do corpo, como o rosto.

Falhas de fusão e fechamento: A fusão é um processo morfogênico básico envolvido a formação de muitas estruturas. Assim sendo, a falha na conclusão de um processo de fusão é um dos tipos mais importantes de defeitos no desenvolvimento. Exemplos são fenda palatina, defeitos no diafragma, vários defeitos septais no coração e espinha bífida (falho no fechamento do tubo neural).

Ausência de morte celular normal: A morte celular programada (apoptose) é um mecanismo importante na formação de certas estruturas do corpo. A falha desse processo pode impedir a separação dos dígitos.

Distúrbios na reabsorção de tecidos/ Atraso no desenvolvimento: Algumas estruturas presentes no embrião inicial devem ser reabsorvidas ao longo do desenvolvimento normal. Exemplos incluem a reabsorção da membrana bucofaríngea e da membrana cloacal. A não reabsorção da membrana cloacal pode causar atresia anal, que é uma anomalia comum em leitões.

Falha de migração: A falha da migração pode ocorrer no nível de células ou de órgãos inteiros. Um exemplo importante é a migração de células da crista neural. Distúrbios na migração dessas células pode causar malformações em qualquer uma das estruturas em que a participação das células da crista neural é importante. Outros exemplos são o coração ectópico, no qual o coração está localizado fora da cavidade torácica, e a criptorquidia, em que os testículos não estão no escroto.

Duplicação e reversão de assimetria: Em circunstâncias normais, ambos os fetos de uma gestação gemelar são completamente separados. Às vezes a separação não é completa e os gêmeos permanecem ligados (gêmeos siameses).

 Defeitos no Septo Interventricular: a falha no desenvolvimento do septo interventricular causa a comunicação entre os dois ventrículos, podendo resultar em insuficiência cardíaca. Beagle e Bulldog Inglês são mais predispostos.  Defeitos no Septo Atrial: Ocorre quando o forame oval não se fecha após o nascimento. Provoca hipertrofia e dilatação do átrio e ventrículo direitos. Condição descrita em todos os animais domésticos, sendo que, entre os cães, salmoedas e boxers são mais predispostos.  Displasia da válvula atrioventricular: refere-se a malformação da válvula atrioventricular, seja do lado direito, esquerdo ou ambos. Entre as raças mais acometidas de cães, detacam-se: Pastor Alemão, Bull Terrier, Golden Retriever, Terra Nova, Dálmata e Mastiff.  Tetralogia de Fallot: é o defeito cianótico congênito mais comum em animais domésticos e caracteriza-se pelas quatro lesões: defeito de septo interventricular, aorta deslocada para a direita que se sobrepõe aos ventrículos esquerdo e direito, estenose pulmonar e hipertrofia ventricular direita.  Síndrome de Eisenmenger: é semelhante à tetralogia de Fallot, porém sem estenose pulmonar.

*Lembre-se que esses defeitos podem aparecer isolados ou concomitantemente.

Malformações congênitas do sistema vascular:  Ducto Arterioso Patente: ocorre quando o ducto arterioso não se fecha ao nascimento. É a mais comum malformação cardiovascular em cães, sendo mais predispostos as raças Poodle, Pastor Alemão, Collie, Cocker Spaniels, Maltês e Yorkshire.  Persistência de Arco Aórtico Direito: resulta de uma falha da aorta dorsal direita em se degenerar. Relatado em bovinos, suínos, cavalos e gatos, sendo bastante comum em cães. Mais frequentemente visto em raças maiores (Pastor Alemão, Weimeraner e Setter Irlandês). Forma-se um anel vascular em torno do esôfago e da traquéia. Sinais de formação de anel vascular são encontrados tipicamente quando o animal começa a consumir alimentos sólidos. Resulta em megaesôfago cranial à base do coração.  Coarctação da aorta: consiste de um estreitamento local da aorta causado pela falta de crescimento da aorta.

 Desvio Porta-Caval: é uma malformação venosa que gera um desvio das veias portais para a veia cava caudal. Relaciona-se com a persistência do ducto venoso. Relatado principalmente em gatos e em cães.

MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS DO SISTEMA NERVOSO

Malformações Congênitas Do Sistema Nervoso Central:  Hidromielia: é caracterizada por uma dilatação no canal central da medula espinal devido ao excesso de fluido cerebrospinal.  Diplomielia: formação de duas medulas espinais paralelas presentes dentro de uma única coluna vertebral.  Espinha bífida: quando os arcos vertebrais falham em envolver dorsalmente a medula espinhal para formar o canal vertebral. A espinha bífida é causada por um defeito local indução.  Meningocele: é a herniação das meninges que se tornam distendidas pelo líquor acumulado.  Meningoencefalocele: o não fechamento do neuróporo anteior que resulta em uma protrusão de meninge com tecido cerebral.  Anencefalia: o não fechamento do neuróporo anteior que resulte no não desenvolvimento do encéfalo causa as situações de anencefalia. Mais comumente relatado em ruminantes.  Hidrocefalia: acúmulo exagerado de líquor nos ventrículos cerebrais.  Microcefalia: é um cérebro anormalmente pequeno, tem sido relatado em bezerros, cordeiros e leitões. A causa pode ser genética ou um insulto pré-natal, como uma infecção ou exposição a um teratógeno.  Hipoplasia cerebelar: é um cerebelo anormalmente pequeno. Condição associada com infecção viral.

Malformações Congênitas Do Sistema Nervoso Periférico:  Intestino Grosso Aganglionar: Descrita em cavalos, é a ausência de gânglios nervosos no cólon. Condição genética hereditária recessiva que ocorre no cruzamento de cavalos paint-horse overos, que compromete a migração das células da crista neural, logo não há formação de melanócitos (animal é branco) e não forma-se gânglios no

MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS DO OUVIDO

 Surdez Congênita: A maior incidência ocorre em Dálmatas. Decorre da malformação de uma ou mais estruturas dos ouvidos, como tímpano ou ossículos auditivos.

MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS DO SISTEMA URINÁRIO

 Agenesia Renal: condição na qual um ou ambos os rins não se desenvolve. Quando bilateral é fatal.  Hipoplasia Renal: condição intermediária entre o rim normal e a agenesia.  Duplicação renal: Formação duplicada dos rins, embora não cause problemas, a predisposição para infecções é maior.  Rim ectópico: falha na migração normal do rim, logo ele localiza-se em posição aberrante.

MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS DO SISTEMA GENITAL

 Pseudo-hermafroditismo: é a forma mais comum de intersexo, especialmente em cães. Nos pseudo-hermafroditas, a constituição cromossômica e o sexo gonadal estão de acordo, porém a genitália interna ou externa é ambígua. Indivíduos afetados são pseudo-hermafroditas masculinos ou femininos, com gônadas de um sexo e órgãos genitais com algumas características do outro. O tipo de pseudo-hermafroditismo (masculino ou feminino) é definido pelo sexo gonadal. Pseudo-hermafroditas fêmeas variam de leve aumento do clitóris até quase uma genitália externa masculina normal com próstata. A administração de andrógenos durante a gestação pode causar o quadro. O pseudo-hermafroditismo masculino apresenta criptorquidismo (testículos na cavidade abdominal) e um sistema de ductos femininos, porém a genitália externa é masculina.  Hermafroditismo verdadeiro: condição extremamente rara, em que o animal possui tanto ovário quanto tecido testicular, separadamente ou em combinação (formando um ovotesti ). Ocorre em casos de mosaicismo genético, porém a maioria dos

hermafroditas verdadeiros apresenta dois cromossomos X e a genitália externa é basicamente feminina com um clitóris hipertrofiado.  Aplasia de epidídimo: causado por anormalidade no ducto mesonéfrico de machos.  Síndrome de persistência dos ductos paramesonéfricos: a não inibição do desenvolvimento dos ductos paramesonéfricos no macho resulta em uma condição de pseudo-hermafroditismo, na qual o macho desenvolve útero.  Aplasia de ducto paramesonéfrico: causa aplasia em total ou parcial de útero e ovidutos.  Criptorquidismo: é quando um ou ambos os testículos não descem para o saco escrotal. É comum em equinos.  Hipospadia: quando a uretra se abre na superfície ventral do pênis.  Epispadia: quando a uretra se abre na superfície dorsal do pênis.

MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS DO SISTEMA GASTROINTESTINAL

 Lábio leporino: falha na fusão das proeminência nasais mediais.  Fenda palatina: falha na fusão dos processos palatares, que acaba conectando a cavidade oral com a nasal. Pode-se observar saída de leite ingerido pelas narinas nos neonatos acometidos. Bastante associado a teratógenos.  Anodontia: é o não desenvolvimento dos dentes.  Polidontia heterotópica: crescimento de dente em local aberrante.  Estenose esofágica: refere-se a um estreitamento do lúmen do esôfago.  Megaesôfago: refere-se a dilatação anormal do esôfago.  Estenose de intestino: refere-se a um estreitamento do lúmen do intestino.  Atresia de intestino: Refere-se a não formação de uma porção do intestino.  Fístula urorretal: quando existe uma comunicação entre o reto e o trato urogenital, decorrente da malformação do septo urorretal.

MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS DO SISTEMA RESPIATÓRIO

 Fístula tráqueo-esofágica: quando esôfago e traquéia se comunicam.  Hipoplasia Pulmonar: pulmão menor que o normal.  Agenesia pulmonar: ausência de formação dos pulmões.  Hérnia diafragmática congênita: fechamento incompleto do diafragma que permite a passagem de órgãos gastrointestinais para dentro da cavidade abdominal.