Emoções e sociedade do homem e suas trajetórias, Manuais, Projetos, Pesquisas de Antropologia Social

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6. A Expressão Obrigatória dos Sentimentos (Rituais Orais Funerários Australianos) (1921)* Esta comunicação se prende ao trabalho de G. Dumas sobre as Lágrimas! e à nota que lhe enviei a este propósito. Fazia-lhe observar a extrema generalidade desse emprego obrigatório e moral das lágrimas. Servem, em particular, co- mo meio de saudação. Efetivamente, este uso acha-se muito difundido dentre aqueles que se convencionou chamar as populações primitivas, sobretudo na Austrália, na Polinésia; foi estudado na América do Norte e do Sul por Friederici, que propôs fosse chamado Thrânengruss, a saudação pelas lágrimas 2, [1, CF. infra, p. 332.) Proponho-me mostrar-lhes pelo estudo do ritual oral dos cultos funerários australianos que, num grupo considerável de populações, suficientemente homogêneas e suficiente- mente primitivas, no sentido próprio do termo, as indica- ções que Dumas e eu demos para as lágrimas, valem para numerosas outras expressões de sentimentos. Não são so- mente os choros, mas todos os tipos de expressões orais dos sentimentos que são essencialmente, não fenômenos exclusi- vamente psicológicos, ou fisiológicos, mas fenômenos sociais, marcados eminentemente pelo signo da não-espontaneidade, e da obrigação mais perfeita. Ficaremos, se aisim o dese- jarem, bem no terreno do ritual oral funerário, que com- preende gritos, discursos, cânticos. Mas poderíamos estender nossa pesquisa a todos os tipos de outros ritos, em parti- cular manuais, nos mesmos cultos funerários e entre os mes- mos australianos. Algumas indicações, para terminar, serão, * Extraído do Journal de psjchologie, 18, [Oeupres, v. HI, pp, 269-282,] 1. Journal de peyeholoçie, 1920; ct, “Lo rire”. Journal de psy- chologie, 1921, p. 47. “Le langage du rire. - Der gruss der Indianer. Leipalg, 1907. Of, Durkheim in Année sociolopique, 11, p, 469.