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Expressões da Questão Social e seu Impacto no Cuidado com Crianças e Adolescentes, Notas de estudo de Literatura

Este texto é um ensaio teórico que reflete sobre as expressões da questão social e suas consequências no cuidado com crianças e adolescentes. O documento aborda como a pobreza, as desigualdades e a inserção fragilizada no mercado de trabalho afetam a dinâmica familiar e as práticas parentais, impactando diretamente no desenvolvimento das crianças. Além disso, o texto discute a importância de criar mecanismos, serviços, programas e projetos que busquem enfrentar as expressões da questão social e promover um desenvolvimento mais saudável para as crianças.

O que você vai aprender

  • Qual é o papel dos mecanismos, serviços, programas e projetos na enfrenta das expressões da questão social?
  • Como as expressões da questão social afetam a dinâmica familiar e as práticas parentais?
  • Como as desigualdades e a pobreza impactam o desenvolvimento das crianças e adolescentes?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Florentino88
Florentino88 🇧🇷

4.7

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EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO CUIDADO COM AS CRIANÇAS
SOCIAL QUESTION EXPRESSIONS IN CHILDREN'S CARE
Hivana Raelcia Rosa da Fonseca
Universidade Federal do Piauí (UFPI)
RESUMO
A questão social se expressa de muitas formas no cotidiano das famílias.
Nesse contexto, é inevitável que suas expressões afete o desenvolvimento das
funções parentais e assim implique diretamente no cuidado com as crianças e
adolescentes. O objetivo desse trabalho é refletir acerca das expressões da
questão social no cuidado com crianças. Trata-se de um ensaio teórico
fundamentado na literatura acerca da questão social, bem como em
referências acerca do desenvolvimento em contexto de vulnerabilidade.
Observou-se que a pobreza, as desigualdades, a inserção fragilizada no
mercado de trabalho, assim como outras expressões da questão social afeta
diretamente a dinâmica familiar, as práticas parentais e, consequentemente, o
desenvolvimento das crianças e adolescentes. Nesse sentido, criar
mecanismos, serviços, programas e projetos que busquem enfrentar as
expressões da questão social é também promover um desenvolvimento mais
saudável para as crianças.
PALAVRAS-CHAVE: Questão social. Práticas parentais. Desenvolvimento.
ABSTRACT
The “social question” is expressed in many ways in lives of families. In this
context, it is inevitable that their expressions affect the development of
parental functions and implicate in directly the care of children and
adolescents. The purpose of this paper is to reflect on the expressions of the
social issue in child care. It is a theoretical essay based in the literature about
social question, and in references about development in vulnerable contexto.
It was observed that poverty, inequalities, fragile insertion in the labor
market, as well as other expressions of the social question affect dynamics
family, parental practices and, consequently, the development of children and
adolescents. In this sense, creating mechanisms, services, programs and
projects that seek to address the expressions of the social issue is also to
promote a healthier development for children.
KEYWORDS: Social question. Parental practices. Development.
1 INTRODUÇÃO
A questão social se expressa de muitas formas no cotidiano das famílias. A pobreza, a
desigualdade, a fraca inserção no mercado de trabalho, entre outras expressões da questão
social afetam diretamente as famílias, sua organização e a dinâmica que se estabelece.
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EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO CUIDADO COM AS CRIANÇAS

SOCIAL QUESTION EXPRESSIONS IN CHILDREN'S CARE

Hivana Raelcia Rosa da Fonseca Universidade Federal do Piauí (UFPI)

RESUMO A questão social se expressa de muitas formas no cotidiano das famílias. Nesse contexto, é inevitável que suas expressões afete o desenvolvimento das funções parentais e assim implique diretamente no cuidado com as crianças e adolescentes. O objetivo desse trabalho é refletir acerca das expressões da questão social no cuidado com crianças. Trata-se de um ensaio teórico fundamentado na literatura acerca da questão social, bem como em referências acerca do desenvolvimento em contexto de vulnerabilidade. Observou-se que a pobreza, as desigualdades, a inserção fragilizada no mercado de trabalho, assim como outras expressões da questão social afeta diretamente a dinâmica familiar, as práticas parentais e, consequentemente, o desenvolvimento das crianças e adolescentes. Nesse sentido, criar mecanismos, serviços, programas e projetos que busquem enfrentar as expressões da questão social é também promover um desenvolvimento mais saudável para as crianças. PALAVRAS-CHAVE : Questão social. Práticas parentais. Desenvolvimento.

ABSTRACT The “social question” is expressed in many ways in lives of families. In this context, it is inevitable that their expressions affect the development of parental functions and implicate in directly the care of children and adolescents. The purpose of this paper is to reflect on the expressions of the social issue in child care. It is a theoretical essay based in the literature about social question, and in references about development in vulnerable contexto. It was observed that poverty, inequalities, fragile insertion in the labor market, as well as other expressions of the social question affect dynamics family, parental practices and, consequently, the development of children and adolescents. In this sense, creating mechanisms, services, programs and projects that seek to address the expressions of the social issue is also to promote a healthier development for children. KEYWORDS : Social question. Parental practices. Development.

1 INTRODUÇÃO

A questão social se expressa de muitas formas no cotidiano das famílias. A pobreza, a desigualdade, a fraca inserção no mercado de trabalho, entre outras expressões da questão social afetam diretamente as famílias, sua organização e a dinâmica que se estabelece.

Nesse contexto, é inevitável que as expressões da questão social afetem também o desenvolvimento das funções parentais e implique diretamente no cuidado com as crianças e adolescentes. A parentalidade, portanto, é afetada por todo o contexto, história de vida e inserção social e cultural da família. O objetivo desse trabalho é refletir acerca das expressões da questão social no cuidado com crianças. Busca-se, através desse trabalho, contribuir com as reflexões acerca das expressões da questão social e das consequências que tem em vários níveis de vida do sujeito, inclusive no desenvolvimento das crianças e adolescentes. Trata-se de um ensaio teórico fundamentado na literatura acerca da questão social, bem como em referências acerca do desenvolvimento em contexto de vulnerabilidade. Inicialmente serão feitas algumas discussões acerca da categoria questão social, a seguir será discutida como se organiza a parentalidade no contexto da pobreza e desigualdade e feito alguns apontamentos sobre resiliência e suporte social. Por fim, são tecidas algumas considerações acerca de toda essa demanda e do enfrentamento necessário das expressões da questão social na atualidade.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Questão social: conceitos e debates

As discussões sobre a questão social são extensas. Quanto a sua origem, os autores de modo geral concordam que ela se constituiu a partir das desigualdades do modo de produção do sistema capitalista (BEHRING; BOSCHETTI, 2011; PASTORINI, 2010; SANTOS, 2012). Atualmente há um debate sobre a pertinência da questão social, como tradicionalmente é entendida, ou se existe uma “nova questão social”. Autores como Rosanvallon (1998) e Castel (1998) consideram que a questão social se transformou e que hoje existiria uma nova questão social, uma vez que o ponto essencial de definição da questão social já foi superado pelo Estado Providência. Castel (1998) salienta que o problema atual seriam os supranumerários, uma vez que eles não podem se inserir no mercado de trabalho, sendo assim inúteis para o mundo. Na

A pobreza e o empobrecimento são expressões da questão social. Esses elementos não são definidores, mas constituem-se como marcadores importantes no desenvolvimento e na vida das pessoas. É importante então entender mais diretamente como as expressões da questão social podem marcar a vida familiar e o desenvolvimento das crianças. A organização familiar tem mudado ao longo dos tempos. Essas mudanças ocorreram e ocorrem de modo articulado a todas às mudanças que perpassam a sociedade, tanto do ponto de vista social, cultural e econômico (PETRINI, 2005; ZOLA, 2015). O modo de produção econômica afeta a própria organização familiar. Um exemplo largamente citado é da mulher que, antes sendo responsável por exercer (sozinha) os cuidados parentais às crianças, adentra ao mercado de trabalho. Sem dúvidas, esse movimento reverbera também na dinâmica familiar, especialmente porque se, por um lado, a mulher passa a compartilhar a responsabilidade da subsistência com o homem, por outro ainda tende a ser a única responsabilizada pelos cuidados com as crianças e afazeres domésticos. Além disso, outras mudanças que ocorrem nas famílias, como a redução do número de filhos e também o processo de nuclearização, através do qual as famílias tenderam a se distanciar da família extensa, como avós e tios, também impacta na dinâmica das famílias. É importante salientar que não há uma negatividade inerente nesses acontecimentos, mas sim nos precários ajustes para o exercício da parentalidade, especialmente no que tange ao suporte social para o cuidado com as crianças. É importante então pensar que a parentalidade vai se construindo a partir de contextos por vezes permeados de inúmeras situações de vulnerabilidade e expressões da questão social. Antes de dar seguimento a essa discussão, é importante delimitar as compreensões sobre família, parentalidade e práticas parentais. A parentalidade pode ser entendida como o conjunto das funções e atividades desenvolvidas por um progenitor ou cuidador, com vista ao saudável e pleno desenvolvimento da criança a seu cargo (FÉRES-CARNEIRO; MAGALHÃES, 2011; MACARINI; VIEIRA, 2011). Nesse sentido, a parentalidade pode ser entendida como o cuidado direto que é prestado pela família às crianças. O cuidado parental repousa em elementos socioculturais. Nesse sentido, Harkness et al. (2007) salientam que o inicialmente se tem uma cultura com modelos implícitos para o exercício da parentalidade. É nesse contexto que vão surgir as crenças específicas dos pais que filtram e elegem aquilo que faz sentido diretamente em sua família. Essas crenças sobre desenvolvimento, sobre práticas, consequências e etc, são mediadas por fatores intervenientes, tais como as características dos pais, das crianças e aspectos culturais. A partir disso surgem

as práticas propriamente ditas, tanto no que se refere a estruturação do ambiente, interações e organização das atividades diárias. O resultado, por fim, incide diretamente no desenvolvimento das crianças e adolescentes, bem como em todo o funcionamento familiar. O contexto oferecido pela família para as crianças e adolescentes será fundamental para seu desenvolvimento saudável. Do mesmo modo, quando um cuidado adequado não é disponibilizado às crianças e adolescentes, isso pode ter consequências negativas a seu desenvolvimento. A atenção que a literatura tem dado a parentalidade ocorre em virtude justamente do quão importante e impactante é o modo de cuidar e socializar que se estabelece na família. Koller, De Antoni e Carpena (2012) salientam que situações de pobreza, desemprego ou inserção precária no mercado de trabalho, dentre outros elementos que sabidamente são expressões da questão social, são situações que afetam todo o contexto familiar e, inclusive, as possibilidades da família no exercício do cuidado parental. Somado a isso, não se pode desconsiderar que as crianças sob esses cuidados também sofrem, por outras vias além do cuidado, o impacto desses eventos adversos diretamente. Conforme as autoras citadas “viver na pobreza em si é um fator de risco que ameaça o bem-estar e as oportunidades do desenvolvimento” (KOLLER; DE ANTONI; CARPENA, 2012, p. 160).

2.3 Questão social, desenvolvimento e resiliência

Enfrentar cotidianamente as expressões da questão social e ainda assim exercer um cuidado saudável é muito desafiador. Vivenciar as iniquidades sociais, em si, já é um elemento produtor de sofrimento. Associado aos cuidados demandados pelas crianças e no contexto social e cultural que mais julga que suporta, tudo isso pode promover nas famílias uma situação de estresse nas relações, no cuidado e promover o agravamento das situações de vulnerabilidade e mesmo expor a situações de violência. Felizmente, é possível pensar em estratégias. Nada é definidor quando se trata de vidas ou de desenvolvimento. Aspectos de resiliência individual e familiar podem favorecer o enfrentamento de situações adversas e tem se mostrado bem importantes entre famílias mais pobres e vulneráveis (KOLLER; DE ANTONI; CARPENA, 2012). Cabe ainda esclarecer que a resiliência não é um processo simples, nem tampouco pode ser tomada no mesmo sentido que a resiliência na Física, que entende a resiliência como uma propriedade através da qual um corpo pode voltar a sua forma original depois de

trabalhos, teóricos ou de pesquisa, mas especialmente fortaleça a necessidade urgente de enfrentamento das iniquidades produzidas pelo sistema capitalista e que, em contexto de contrarreformas, podem agravar ainda mais as possibilidades de vida e desenvolvimento das pessoas.

REFERÊNCIAS

CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: Vozes,

FERES-CARNEIRO, T.; MAGALHÃES , A. S. A parentalidade nas múltiplas configurações familiares contemporâneas. In MOREIRA, L. V. C; RABINOVICH, E. P. Família e Parentalidade: olhares da Psicologia e da História. Curitiba: Juruá, 2011, (p. 117-134).

HARKNESS, Sara et al. Cultural models and developmental agendas: Implications for arousal and self-regulation in early infancy. Journal of Developmental Processes , V.1, N.2, pp. 5-39, 2007. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/285058246. Acesso em 02/03/2017.

KOLLER, S. H.; DE ANTONI, C.; CARPENA, M. D. F. Famílias de crianças em situação de vulnerabilidade social. In BAPTISTA, M. N.; TEODORO, M. L. M. (org.) Psicologia de Família. Porto Alegre: Artmed, 2012 (pp. 156-167).

MACARINI, S. M.; VIEIRA, M. L.. Crenças e Práticas Parentais: uma análise transcultural integrando biologia e cultura. In MOREIRA, L. V. C; RABINOVICH, E. P. Família e Parentalidade: olhares da Psicologia e da História. Curitiba: Juruá, 2011 (p. 130-156).

PASTORINI, A. A categoria “questão social” em debate. 3ª Ed. São Paulo: Cortez, 2010.

ROSANVALLON, Pierre. A Nova Questão Social. Brasília: Instituto Teotônio Vilela, 1998.

SANTOS, J. S. “Questão Social”: particularidades no Brasil. São Paulo: Cortez, 2012.

ZOLA, M. B. Políticas Sociais, família e Proteção Social: um estudo acerca das políticas familiares em diferentes cidades/países. In MIOTO, R. C. T.; CAMPOS, M. S.; CARLORO, C. M. (org). Familismo, direitos e cidadania: contradições da política social. São Paulo: Cortez, 2015.