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A fauna que compõem a paisagem da Floresta Ombrófila Mista na região do Contestado
Tipologia: Trabalhos
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UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul Ensino de História: Conteúdo e Metodologia Professor: Delmir José Valentini Fauna A fauna que compõem a paisagem da Floresta Ombrófila Mista na região do Contestado, também foi registrada pelos viajantes, cronistas, artistas e naturalistas, mas é do relato de um militar que participou da Guerra do Contestado, que encontramos uma observação pontual: "Muita perdiz, jacutinga, macuco, codorna, saracura. Entre os inúmeros canoros, são dignos de nota a graúna, o sabiá da mata e o canário" (SOARES, J.O. 1930, p. 07). Entre os pássaros destacados pelo militar está a graúna, uma referência direta à também prestimosa gralha azul, responsável pela proliferação dos pinheirais, uma vez que se alimenta do pinhão. No instinto da sobrevivência, os bandos de gralhas azuis, dispersavam das pinhas algumas sementes, escondendo-as em ocos de madeiras, debaixo de folhas, próximas de troncos caídos e quando as mesmas eram esquecidas, germinavam e se proliferavam em constante ampliação e renovação da espécie Araucária Angustifólia. Além da gralha azul, reverenciada na tradição popular como o lendário pássaro que se veste com o manto azul de Nossa Senhora, bandos de psitacídeos (tirivas e papagaios multicoloridos) também auxiliavam na proliferação das sementes da araucária. Importante também destacar os pequenos roedores que viviam no chão e eram importantes vetores na dispersão de pinhões e de inúmeras sementes também de outras espécies. Outro exemplo de interação natural encontramos junto com as árvores da erva-mate ( illex paraguariensis). Mesmo quando as sementes da erva-mate estavam maduras, não conseguiam germinar devido a uma espécie de película ou revestimento que só se rompia ao passar pelo estômago de pássaros que se alimentavam desta semente. Além do canto harmonioso nas madrugadas de primavera o sabiá era o principal disseminador da erva- mate nativa, planta tão significativa nos hábitos dos indígenas, das populações mestiças e dos próprios descendentes de europeus aculturados que por aqui se estabeleceram. Entre os insetos deste bioma, as melíponas representavam uma fonte de sobrevivência interessante aos moradores mais antigos. Mandaçaia, jataí, tubuna, mirim e irapuá, estão entre as conhecidas e aproveitadas para o fornecimento de adoçantes naturais, sendo que as mesmas também se encontravam diretamente ligadas a proliferação e a disseminação de diversas espécies vegetais (árvores e arbustos). A abundância de sementes, fundamentalmente os pinhões, garantiram a proliferação de roedores, principalmente a paca ( cuniculus paca ), a cutia ( acuti ), o porco do mato ( caititu ), as queixadas ( tayassu pecari ), que, por sua vez, garantiram a carne para os moradores mais antigos, principalmente durante o outono e o inverno. A coleta, a caça, a pesca e as práticas de uma agricultura rudimentar de sobrevivência garantiam os meios de subsistência dos moradores do sertão contestado no início do Século XX. No início do Século XXI, nas áreas florestadas com espécies exóticas não é possível registrar a presença da fauna acima descrita. Na relação apontada pelo militar, o macuco permanecerá apenas em nossa imaginação. Nas fotografias atuais, o colorido e a riqueza de flagrantes, nem sempre perceptíveis aos nossos olhos. Decepcionante descobrir que, a maior parte desses elementos naturais, sequer saberemos que um dia existiram. Tal qual a Floresta Ombrófila Mista, só existem em ínfimos percentuais, sucumbiram da mesma forma que o seu nicho ecológico.