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FICHAMENTO: ANDRADE, Manuel Correia de. A Terra e o Homem no Nordeste. 1º Ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1963. p.65-81.
Tipologia: Notas de estudo
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FICHAMENTO : ANDRADE, Manuel Correia de. A Terra e o Homem no Nordeste. 1º Ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1963. p.65-81.
FICHAMENTO: ANDRADE, Manuel Correia de. A Terra e o Homem no Nordeste. 1º
Ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1963. p.65-81.
Fichamento submetido à Disciplina de Geografia do Nordeste do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para aprovação na disciplina. Profª.: M.S.: Adriana de Sá Leite de Brito
isto tratou de apossar-se das terras férteis e úmidas das várzeas. Tratou de doar terras a pessoas que o acompanhavam, escravizar índios e conseguir, no Reino, os créditos necessários instalação de engenhos e cultura da cana” (ANDRADE, 1963. p.66)
“Essa arremetida pelo território indígena era feita com grande energia, e ao mesmo tempo que lhes tomavam as terras e os aprisionavam como escravos, destruíam suas tabas e cercas defensivas e passavam a consumir os mantimentos encontrados e a realizar novas culturas, muitas vezes, até, usando as mesmas "covas" dos roçados indígenas” (ANDRADE, 1963. p.67)
“Com a grande expansão territorial conseguida, pôde o donatário aquinhoar os seus companheiros com grandes porções de terra em áreas de matas consideradas as mais propícias às culturas, cortadas por rios e riachos perenes e localizadas nas proximidades dos trechos navegáveis dos rios que desembocam no Atlântico, o que permitia o embarque do açúcar produzido para Olinda ou diretamente para o Reino. Na verdade, os estuários dos pequenos rios tiveram uma influência decisiva no povoamento do Nordeste, até a construção das estradas de ferro no século passado. Antes destas, cidades localizadas a alguma distância do mar, por trás da área ocupada pelos mangues, no ponto terminal do trecho fluvial navegado, formavam portos para onde convergiam os produtos de grandes áreas do interior” (ANDRADE, 1963. p.67)
“A proximidade do porto barateava o transporte não só do açúcar, como das máquinas e utensílios necessários ao engenho; os rios e os rinchos, numerosos e pouco profundos, forneciam água para o consumo da população, irrigavam os canaviais de suas margens e, ás vezes, moviam os engenhos; a mata fornecia a caça, nos primeiros tempos, quando o gado era ainda insuficiente, fornecia a lenha para a fornalha e a madeira para as construções e para a confecção das caixas de açúcar” (ANDRADE, 1963. p.67)
“Mas a posse da terra doada em extensos latifúndios, às vezes com dezenas de léguas de extensão, não era tudo. Necessário era derrubar a mata, instalar os engenhos, as casas- grandes, as senzalas, plantar os canaviais e as lavouras de mantimentos. Para isso os sesmeiros necessitavam ter animais bois e cavalos importados da Europa e escravos. A preação de índios tornou-se, então, uma atividade muito rendosa e olhada com grande simpatia pelo segundo donatário Duarte de Albuquerque Coelho” (ANDRADE, 1963. p.68)
“Afastados os índios do Litoral e sendo ainda dispendiosa a importação de escravos africanos que provavelmente era feita desde o governo do primeiro Duarte Coelho, trataram os colonos de enviar entradas que, subindo o rio São Francisco, trouxessem escravos do Sertão” (ANDRADE, 1963. p.68)
“As entradas são-franciscanas resultaram em completo fracasso. Assim, a que foi feita pelo provedor Francisco de Caldas, auxiliado por Gaspar Dias de Taíde, foi concluída após lutas e canseiras, com a morte dos entradistas em mãos dos índios que os devoraram, A outra, realizada em 1578 pelo Capitão Francisco Barbosa da Silva, também não trouxe resultados positivos, uma vez que os entradistas voltaram a Olinda, cansados e estropiados. Essas entradas provocariam fortes divergências entre os tabajaras e os portugueses, fazendo com que aqueles se aliassem aos potiguares da Paraíba e passassem a atacar a combalida capitania de Itamaracá. Os ataques indígenas provocaram forte
reação dos luso-brasileiros e a conquista das regiões situadas ao Norte da Nova Lusitânia. Realmente, foi notável a arrancada feita para o Norte e Nordeste, daqueles que, partindo de Olinda, conquistaram a Paraíba, o Rio Grande do Norte e o Ceará e arrebataram aos franceses o Maranhão, no curto período de 35 anos, de 1580 a 1616” (ANDRADE, 1963. p.69)
“A cana-de-açúcar acompanhou os conquistadores olindenses sempre que estes encontraram condições de clima e solo que permitissem a sua cultura. Daí surgirem os vales açucareiros do Paraíba do Norte, na Paraíba, e o de Cunhaú, onde Jerônimo de Albuquerque fundou o engenho do mesmo nome no Rio Grande do Norte” (ANDRADE,
“O número de engenhos crescia constantemente; se eram 5 em 1550, somavam trinta em 1540, sessenta e seis em 1584 e cento e quarenta e quatro por ocasião da conquista holandesa em Pernambuco, havendo, ainda, dezenove na capitania da Paraíba e dois na do Rio Grande do Norte, totalizando, assim, no Nordeste, 166 engenhos” (ANDRADE,
“É Claro que o crescimento constante do número de engenhos estava sempre a exigir um correspondente crescimento do número de braços, de escravos. Crescendo a população, tornava-se necessário desenvolver a cultura de mantimentos que desde o governo de Duarte Coelho se fazia com razoável interesse, tanto que, dirigindo-se ao Rei em 1550, afirmava o grande Donatário que entre os moradores de sua Capitania, os mais ricos montavam engenhos, outros plantavam canaviais, tornando-se lavradores que mofam suas canas nos engenhos dos primeiros, e outros, mais pobres, plantavam algodão e mantimentos "que são a principal e mais necessária cousa para a terra” (ANDRADE,
“Os índios não satisfaziam a essa necessidade de mão-de-obra; inicialmente eram pouco numerosos e as guerras e a migração para o interior contribuíam seriamente para diminuí- los. Além disto, o seu desenvolvimento cultural não havia atingido, ainda, a fase da agricultura sedentária, de vez que na época do descobrimento ainda se alimentavam, sobretudo, dos produtos da coleta, da caça e da pesca. Ainda mais, conhecendo bem a região, fugiam facilmente para a mata, onde se alimentavam dos produtos fornecidos pela floresta, conheciam os seus perigos e o meio de evitá-los” (ANDRADE, 1963. p.70)
“Por essas razões, desde os primeiros tempos, houve sempre a importação de africanos para o Brasil, e escravidão negra e indígena coexistiram desde o início da colonização, uma vez que o próprio Duarte Coelho, já em 1542, solicitava ao Rei autorização para importar negros da África” (ANDRADE, 1963. p.71)
“Na realidade, o negro, representante de uma civilização agrícola e já acostumado ao regime servil na África, oferecia maior produtividade no trabalho que o indígena. Daí preferirem os proprietários, apesar do alto preço, adquirir escravos negros a escravizar índios para o trabalho. Dois fatos, porém, tornavam pernicioso um grande emprego de capital em escravos africanos: a mortandade muito grande entre eles devido à má acomodação das senzalas, má alimentação, ao excesso de trabalho e aclimatabilidade, como também a alta percentagem de fugas para o interior, onde se reuniam em quilombos, bastante numerosos e frequentes em todo o território nacional” (ANDRADE, 1963. p.71)
“Nesta área surgia novamente em toda a sua plenitude o domínio da pecuária, da pesca e da agricultura de mantimentos, vivendo a população sempre a poucos quilômetros de distância do litoral” (ANDRADE, 1963. p.75)
“Observa-se, assim, que a cultura da cana-de-açúcar estava em plena fase expansiva, conquistando terras às matas e às lavouras de subsistência que a antecediam no desbravamento dos locais mais in6spitos e distantes; havia extensas áreas com solos propícios ainda não conquistadas por ela. Poderia estender-se pelos vales férteis do Sul e do Norte, assim como para o interior, onde as espessas matas eram perlustradas apenas por predadores de índios e pessoas dedicadas exploração do pau-brasil. Estas áreas possuíam alguns engenhos que nem sempre moíam todos os anos, campos de criação e culturas de mantimentos. Forneciam, assim, os alimentos necessários área cana- Vieira e às Vilas e povoações das capitanias nordestinas” (ANDRADE, 1963. p.75)
“Cada engenho era uma unidade econômica que reunia grande número de pessoas. Geralmente, além do senhor-de-engenho, viviam, no mesmo, brancos; o capelão, o mestre de açúcar, o banqueiro, o mestre purgador, o escumador, (8) o feitor e os lavradores- É verdade que, com o tempo, os mulatos e negros foram ascendendo a estes postos e houve até escravos que chegaram a ser mestres de açúcar. Também em cada engenho havia, então, em média, de 50 a 60 escravos do senhor, além dos pertencentes aos lavradores. Estes, ou eram negros de Guiné, ou índios locais ou do Maranhão” (ANDRADE, 1963. p.75)
“A conquista holandesa foi feita após mais de Cinco anos de lutas intensas que provocaram grande destruição nas capitanias nordestinas. Olinda, o mais importante centro urbano regional, foi incendiada e com ela vários engenhos tiveram casa-grande, senzala e fábrica inteiramente destruídas pelo fogo” (ANDRADE, 1963. p.75)
“Os escravos, aproveitando-se da luta, fugiram para o interior, para as matas, e organizaram quilombos onde voltavam à vida que levavam na África” (ANDRADE,
“Apesar de muitos inicialmente haverem-se tornado senhores-de-engenho e lavradores, compreenderam que necessitavam de apoio dos portugueses, conhecedores dos processos de cultura da cana e da fabricação do açúcar, para fazer florescer as capitanias conquistadas. Mauricio de Nassau, chegado ao Recife em 1637, era a figura mais indicada para concluir e consolidar a conquista, pois às suas qualidades de administrador juntava grande espírito de tolerância e profundo amor à terra conquistada. As tarefas eram muito árduas. Era necessário combater os salteadores que agiam na região açucareira, captar a confiança e a colaboração dos portugueses e .luso-descendentes que permaneceram nas capitanias conquistadas, destruir os quilombos, aliar-se aos índios que em geral odiavam os portugueses, conquistar os pontos fornecedores de escravos— a África e o Maranhão reunir o gado disperso, reorganizar a pecuária e tomar providências a fim de normalizar o abastecimento do Recife e da cidade Maurícia que ele, o conde holandês, iria criar na Ilha de Antônio Vaz” (ANDRADE, 1963. p.76)
“Mas a produção do açúcar não dependia apenas da reconstrução dos engenhos. Era necessário que os proprietários e os lavradores dispusessem de escravos, Estes, antes da conquista, eram constituídos por três grupos: os indígenas da região que, legalmente, ou
haviam sido apreendidos em guerra ou sido adquiridos aos tapuias; os indígenas aprisionados no Maranhão e remetidos para Pernambuco, e os negros trazidos da costa da África, de várias nações, e oriundos de vários portos desde a Guiné até o Congo e a Angola” (ANDRADE, 1963. p.77)
“Também, para que a indústria açucareira se reorganizasse, ocuparam certos pontos da costa africana, como os portos da Costa da Mina e de Luanda e a Ilha de São Tomé, e passaram, eles próprios, a realizar o tráfico como monopó1io da Companhia. Os escravos eram trazidos amontoados em navios, sob condições alimentares e sanitárias as mais precárias e sujeitos a grande mortandade” (ANDRADE, 1963. p.77)
“Chegando ao Recife os negros eram expostos å venda no mercado dos escravos e adquiridos quase sempre a prazo, com vencimento na época da safra, por senhores-de- engenho e lavradores” (ANDRADE, 1963. p.77)
“Este comércio teve tanta importância que, dos fins de 1636 até o verão de 1645, os holandeses trouxeram para o Recife 23.163 negros. Mais de 2.500 escravos por ano, portanto. Os lucros, porém, desapareciam porque os compradores quase nunca saldavam os seus débitos” (ANDRADE, 1963. p.77)
“Naquela época, porém, o senhor-de-engenho era mais um industrial que um agricultor, de vez que cultivava apenas uns poucos partidos de cana, quando o fazia, preferindo industrializar a cana fornecida pelos lavradores” (ANDRADE, 1963. p.78)
“Estes às vezes lavravam terras próprias, fornecendo suas canas para o engenho próximo que mais lhes aprouvesse. Cabia a eles o plantio e trato da cana, colheita e transporte até o engenho onde ela era entregue ao senhor; o senhor-de-engenho com seus empregados e escravos se incumbia da moagem, sendo o açúcar produzido dividido em partes iguais, uma para o senhor e outra para o lavrador. O lavrador necessitava, assim, de escravos e de bois com os respectivos carros, a fim de atender sua cultura. É Claro que o número de escravos e de juntas de bois de que dispunha, variava com as posses e os partidos que podia cultivar. Após a moagem, cabia ao lavrador as despesas com o secamente do açúcar, o encaixotamento e o frete para o mercado ou lugar conveniente” (ANDRADE, 1963. p.78)
“O número de tarefas que cabia a cada lavrador dependia tanto da área disponível como da capacidade e do número de lavradores existentes no engenho. Isto porque a moagem só podia estender-se de setembro a abril. Também cabia ao lavrador realizar, por intermédio dos seus escravos, lavouras de subsistência, geralmente nas terras menos férteis ou mais distantes, a fim de alimentar a família e a escravaria. Levava, assim, uma vida bem morigerada, uma vez que o lucro obtido era quase sempre empregado em escravos, em animais e em utensílios de trabalho. Lavouras de subsistência ainda eram cultivadas pelos chamados moradores, homens livres que o proprietário autorizava a viver em sítios distantes do engenho e que pagavam anualmente uma pequena renda sempre em gêneros e chamada geralmente de foro” (ANDRADE, 1963. p.79)
“Os negros eram obrigados a trabalhar todo o dia, “de sol a sol" reunidos formando o cito, sob as ordens de um feitor. Engenhos havia que, devido sua importância, possuím vários feitores, sendo o chefe deles chamado feitor-mor, Costumavam os senhores-de-engenho e lavradores portugueses, por serem cató1icos, permitir o descanso dos seus escravos nos