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form ped modulo 01, Notas de estudo de Enfermagem

apostilar - apostilar

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 27/07/2010

allan-shielldonathotm-oliveira-9
allan-shielldonathotm-oliveira-9 🇧🇷

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F o r m a ç ã o

P e d a g ó g i c a

em Educação

Profissional na

Área de Saúde:

E n f e r m a g e m

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P e d a g ó g i c a

em Educação

Profissional na

Área de Saúde:

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Educação

MINISTÉRIO DA SAÚDEMINISTÉRIO DA SAÚDEMINISTÉRIO DA SAÚDEMINISTÉRIO DA SAÚDEMINISTÉRIO DA SAÚDE

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Brasília – DFBrasília – DFBrasília – DFBrasília – DFBrasília – DF 20022002200220022002

Governo Federal

Barjas Negri Ministro de Estado de Saúde

Silvandira Paiva Fernandes Chefe de Gabinete

Otávio Azevedo Mercadante Secretário Executivo

Gabriel Ferrato dos Santos Secretário de Gestão de Investimentos em Saúde

Rita Sório Gerente Geral do Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem – PROFAE

Valcler Rangel Gerente do Componente II

Valéria Morgana Penzin Goulart Coordenadora do Subcomponente Formação Pedagógica

Fundação Oswaldo Cruz

Presidente : Paulo Marchori Buss Diretor da Escola Nacional de Saúde Pública : Jorge Antônio Zepeda Bermudez Coordenador da Escola de Governo em Saúde/EAD : Antonio Ivo de Carvalho

Curso de Formação Pedagógica em Educação Profissional na Área de Saúde: Enfermagem

Coordenação : Milta Neide Freire Barron Torrez, Lilia Romero de Barros Equipe Técnica : Elaci Barreto, Helena David Assessoria Pedagógica : Carmen Perrotta, Maria Inês do Rego Monteiro Bomfim Apoio Administrativo : Gisele Luisa Apolinário, Zenilda Folly

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão de Investimentos em Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Formação Pedagógica em Educação Profissional na Área de Saúde: enfermagem: núcleo contextual: educação 1 / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão de Investimentos em Saúde, Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem – 2. ed. rev. e ampliada. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 92 p.: il. – (Série F. Comunicação e Educação em Saúde) ISBN 85-334-0693-

  1. Educação Profissionalizante. 2. Auxiliares de Enfermagem. 3. Educação Continuada. I. Brasil. Ministério da Saúde. II. Brasil. Secretaria de Gestão de Investimentos em Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. III. Título. IV. Série. NLM WY 18.

© 2000 Fundação Oswaldo Cruz Todos os direitos desta edição reservados à Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ

Série F. Comunicação e Educação em Saúde

Tiragem: 2a^ edição revista e ampliada – 2002 – 6.000 exemplares

Capa : Carlota Rios e Letícia Magalhães Projeto gráfico : Carlota Rios Editoração eletrônica : Paulo Sérgio Carvalhal Santos Ilustrações : Flavio Almeida Revisoras : Alda Lessa Bastos, Angela Dias, Maria Leonor de Macedo Soares Leal, Mônica Caminiti Ron-Réin e Nina Ulup

Elaboração, distribuição e informações

MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Gestão de Investimentos em Saúde Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem – PROFAE Esplanada dos Ministérios, bloco G, edifício sede, 8 o^ andar, salas 824- CEP 70058-900 – Brasília – DF Tel.: (61) 315 3286 / 315 2218 Fax: (61) 325 2068 Home page: http://www.profae.gov.br

Programa de Educação a Distância – EAD – ENSP Av. Brasil, 4036, salas 904/906/ CEP 21040-210 – Rio de Janeiro – RJ Tel.: 0800 225530 Home page: http://www.ead.fiocruz.br

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Ficha Catalográfica

Catalogação na fonte – Editora MS

Autores

Núcleo Contextual

Francisco José da Silveira Lobo Neto – Coordenador do Núcleo Módulos 1, 2, 3 e 4 Adonia Antunes Prado Módulos 1, 2, 3 e 4 Dalcy Angelo Fontanive Módulos 1, 2, 3 e 4 Percival Tavares da Silva Módulos 1, 2, 3 e 4

Núcleo Estrutural Maria Esther Provenzano – Coordenadora do Núcleo

Carlos Alberto Gouvêa Coelho Módulo 5 Maria Inês do Rego Monteiro Bomfim Módulo 6 Alice Ribeiro Casimiro Lopes Módulo 7 Maria Esther Provenzano Nelly de Mendonça Moulin Módulo 8

Núcleo Integrador Milta Neide Freire Barron Torrez – Coordenadora do Núcleo Módulos 9, 10 e 11 Maria Regina Araujo Reicherte Pimentel Módulos 9, 10 e 11 Regina Aurora Trino Romano Módulos 9, 10 e Valéria Morgana Penzin Goulart Módulos 9, 10 e 11

Colaboradores Cláudia Mara de Melo Tavares Elaci Barreto Helena Maria Scherlowski Leal David Izabel Cruz

Guia do Aluno Carmen Perrotta – Coordenadora Maria Inês do Rego Monteiro Bomfim Milta Neide Freire Barron Torrez

Livro do Tutor Maria Inês do Rego Monteiro Bomfim – Coordenadora Carmen Perrotta Milta Neide Freire Barron Torrez

Coordenação geral da 2 a^ edição Carmen Perrotta

Sumário

  • Apresentação da 1a edição
  • Apresentação da 2 a edição
  • Apresentação do Curso
  • Apresentação do Núcleo Contextual
  • Apresentação do Módulo 1 – Educação
  • Tema 1 – Prática social educativa
  • bases históricas Tema 2 – Educação na prática social brasileira:
  • Tema 3 – Educação: interação e consciência social
  • Textos complementares
  • Síntese
  • Atividade de Avaliação do Módulo
  • Bibliografia de referência

Apresentação da 1 a^ edição

P ermitam-me, inicialmente, relatar como chegamos a este programa

de qualificação. Quando deputado federal por São Paulo, durante a Constituinte, apresentei as emendas que permitiram criar o FAT, Fundo de Amparo ao Trabalhador. Em 1994 apresentei e aprovei projeto de lei que possibilitou utilizar recursos do FAT para cursos de treinamento e qualificação. Em 1995, o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso criou o Planfor, programa de treinamento e qualificação do Ministério do Trabalho, executado de forma descentralizada, por meio de sindicatos, federações, centrais sindicais, etc.

Por ser o autor da lei, fui convidado para ser paraninfo de uma turma de formandos: auxiliares de enfermagem. Fiquei encantado. Em um ano, centenas ou milhares de atendentes de saúde tornaram-se auxiliares, em cursos improvisados mas eficientes.

Em 1995/96 eu era ministro do Planejamento mas em 1998 assumi o Ministério da Saúde. Duas semanas depois decidi criar um programa para treinar todos os atendentes do Brasil, transformando-os em auxiliares de enfermagem. Conversei a respeito com Enrique Iglesias, presidente do BID e meu amigo. Ele topou financiar o programa e pusemos mãos à obra.

Assim, foi criado o Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem – PROFAE , com o objetivo de melhorar a qualidade da atenção ambulatorial e hospitalar, além de oferecer aos usuários do Sistema Único de Saúde uma assistência humanizada e de maior qualidade. Para isto, promoveremos a formação profissional de 225 mil trabalhadores de enfermagem, que hoje atuam nos serviços de saúde sem toda a qualificação necessária ao exercício de suas funções, garantindo-lhes uma formação técnica adequada.

A descentralização financeira e de gestão dos serviços de saúde, com mudanças nos níveis de atuação dos Estados e principalmente dos Municípios, trouxe de imediato duas conseqüências importantes: (i) uma considerável expansão dos empregos na esfera municipal; (ii) a necessidade de mudanças no perfil dos profissionais em torno de experiências efetivas de reformulações do modelo de assistência à saúde. Assim o “fazer saúde”, voltado principalmente para a inversão do modelo assistencial através da reorientação das práticas sanitárias, exige mais do que nunca profissionais e técnicos com capacidade de atuar em diferentes setores de forma a apresentar a melhoria dos indicadores de saúde, em qualquer nível de atenção existente no sistema de saúde.

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1 Educação Identificando a ação educativa

Apresentação do Curso

O Curso que você está iniciando visa a apoiá-lo(la) na construção de

competências para formar, em nível técnico, outros profissionais de enfermagem.

Acreditamos que o conteúdo de formação desses novos profissionais já é, em grande parte, do seu domínio, por possuir curso superior em Enfermagem, tendo, portanto, uma sólida formação básica para o exercício de sua profissão. Além disso, o fato de estar atuando profissionalmente em uma equipe de saúde permite a você atualizar constantemente seus conhecimentos e aperfeiçoar suas competências.

A prática, quando refletida criticamente e complementada por uma intencional busca de trocas significativas de informações e experiências, é extraordinariamente formadora_._

Ser um profissional competente e comprometido é mais de meio caminho andado para atuar na formação de outros profissionais. Mas não é tudo.

Em um grande esforço de dignificação do exercício profissional, a comunidade da saúde – da qual você é membro integrante e participativo – tem lutado muito pela qualificação dos que já estão atuando ou dos que pretendem vir a atuar como auxiliares nas equipes de enfermagem. Tal mobilização tem resultado em decisões políticas que estão abrindo possibilidades de encaminhar essa questão. Este Curso é uma dessas ações que fazem parte de um conjunto. Pretende apoiá-lo(la) em uma tarefa que, com certeza, de alguma maneira, você já exerce: partilhar seus conhecimentos, suas habilidades, seus valores profissionais com os que não passaram ainda por cursos sistemáticos no campo da enfermagem.

Essa tarefa precisa ser, agora, uma ação sistemática, e ninguém melhor do que o(a) enfermeiro(a) poderá desempenhá-la com a qualidade exigida, sustentando a prática docente em uma formação pedagógica voltada para a educação profissional na área de Saúde: Enfermagem.

Por isso, foi cuidadosamente pensado este Curso, que lhe dará oportunidade de organizar o que você já sabe, de adquirir novos elementos conceituais e práticos, de desenvolver capacidades próprias para exercer plenamente e, em melhores condições, as responsabilidades de um docente em cursos de formação profissional de nível técnico.

Sua proposta pedagógica, justamente porque circunstanciada na realidade concreta em que você já está inserido(a), tem sua concretização comprometida com sua atuação docente, no cotidiano.

Prática social educativa

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1 Educação

O Projeto do Curso assim explicita seus objetivos: !!!!! Formar docentes em educação profissional de nível técnico em saúde/ enfermagem comprometidos com as necessidades sociais em geral e de saúde em particular. !!!!! Desenvolver uma sólida formação teórico-prática, com bases filosóficas, científicas, técnicas e políticas, para a adoção de uma prática docente crítica, significativa e emancipadora, que possibilite ao professor: !!!!! associar uma visão crítica e global da sociedade às competências específicas de sua área de atuação profissional, na perspectiva do atendimento integral e de qualidade; !!!!! escolher melhores formas de atuação, com responsabilidade e ética, no âmbito das práticas educativas e assistenciais em saúde; !!!!! romper, no espaço escolar, com a divisão do trabalho intelectual e manual, permitindo aos alunos acesso às dimensões culturais e científicas, de modo a evitar as separações entre os que pensam e os que fazem. !!!!! Oferecer, por meio de uma equipe multidisciplinar, uma formação pedagógica baseada na reflexão, visando à construção e ao desenvolvimento de projetos político-pedagógicos, com a adoção de novas competências e tecnologias para o ensino de nível técnico em Enfermagem e demais subáreas de Saúde. !!!!! Proporcionar situações para que os docentes de Enfermagem reflitam sobre a responsabilidade social de transformar os “trabalhadores ocupacionais” em profissionais da área de Saúde na especificidade da Enfermagem.

Antes de iniciar os seus estudos, reflita e explicite para você mesmo:

!!!!! Quais são os seus objetivos ao fazer este Curso? !!!!!^ Que competências você considera importantes para quem vai exercer a função de enfermeiro-docente? !!!!! Com base em sua experiência, que assuntos você consideraria prioritários para seu estudo neste Curso? Inaugure seu Diário de Estudo com suas respostas a essas questões. Consideramos importante você ir construindo sua trajetória de estudos nas páginas desse Diário. Facilitará a sua auto-avaliação e será também um recurso de consulta e retomada de temas. No caso, o registro de suas expectativas servirá para que você avalie se o Curso está atendendo às suas necessidades e em que medida.

Prática social educativa

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Assim, os autores deste núcleo pretendem oferecer a você a oportunidade de, refletindo sobre a prática, organizar os fundamentos – os alicerces – para construir, com seus colegas docentes e seus futuros alunos, uma proposta de ação educativa formadora de profissionais. Uma proposta de educação que, desde o Núcleo Contextual até o Núcleo Integrador , se caracteriza como uma prática social crítica e libertadora.

A produção dos módulos do Núcleo Contextual – cada um deles e seu conjunto – é o resultado de uma cooperação coordenada de quatro autores que identificaram temas e os trabalharam em uma perspectiva interdisciplinar, entendida como permanente tentativa de integração de diferentes áreas de conhecimento. Principalmente você poderá distinguir, sem prejuízo de outras, as abordagens filosófica, histórica, sociológica e psicológica.

Certamente ocorrerão a você outros temas e outras abordagens. Ou, então, você os encontrará privilegiados em outros autores. O importante é que, na sua diferença, todos estejam responsavelmente comprometidos com a busca de referenciais consistentes de análise da realidade. Referenciais teóricos, sim, mas construídos na perspectiva histórico-social, na qual a realidade, a prática, além de manifestar-se, ganha significado e movimento: possibilidade de transformação.

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1 Educação

Apresentação do Módulo 1 – Educação

E ste primeiro módulo pretende oferecer condições para que você,

assumindo sua formação como enfermeiro-docente, construa um referencial conceitual de educação, aplicando a reflexão crítica sobre manifestações concretas da prática educativa.

A constituição de referenciais – como conjuntos coerentes de conceitos e idéias claras – surge da análise atenta, aprofundada e crítica da prática. Mas esses referenciais só têm sentido quando, aplicados de volta à prática, favorecem o desenvolvimento de uma ação mais consciente, consistente e qualificada.

Nesse sentido, são competências a serem desenvolvidas por você no estudo deste módulo:

!!!!! Analisar a dinâmica da relação pedagógica como prática social interpessoal, tendo presente a amplitude e multiplicidade dos espaços educativos e reconhecendo o espaço escolar como o lugar da interação educador- educando no processo educativo e da intencionalidade de realização de um projeto político-educacional. !!!!! Compreender o desenvolvimento da educação brasileira como experiência histórica da sociedade, relacionando concepções, políticas e práticas pedagógicas, desde o período da colonização portuguesa, a referenciais de sociedade, conhecimento e for mação humana produzidos historicamente na civilização ocidental. !!!!! Construir um referencial conceitual de análise da educação como prática social produzida na interação intencional que, para além dos limites da prática pedagógica, signifique consciência e compromisso com a mudança e transformação humanizadora do convívio social e da realidade. Para facilitar seu estudo, estaremos apresentando o conteúdo deste primeiro módulo em três temas, todos dedicados ao entendimento da educação.

Tema 1 – Prática social educativa

Identificamos, aqui, a partir de práticas sociais concretas, as diferentes manifestações da educação como prática social, considerando sua ocorrência nos diversos espaços de convívio social e, sobretudo, na escola, onde se estabelece a relação pedagógica professor-aluno.

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1 Educação

TEMA 1TEMA 1TEMA 1 TEMA 1TEMA 1

Prática social educativa

A o iniciar nosso estudo da educação, desejamos convidá-lo(la) a resgatar

suas experiências de vida. Em primeiro lugar, porque o processo educativo foi vivenciado por você durante toda a sua existência. Ele não é uma algo perdido no passado, mas um patrimônio guardado em sua memória, à disposição, para ser trazido por você, com vigor, para este seu momento presente. Em segundo lugar – e sobretudo – porque, ao resgatar essas vivências, você se dará conta de que os acontecimentos educativos estão fortemente integrados ao seu viver ou, melhor dizendo, ao seu conviver.

Em sua família e entre o seu primeiro círculo de relações, você se recordará vivendo e convivendo, seja brincando ou executando outras ações, ouvindo e reagindo a palavras (ditas, cantadas ou gritadas) de pessoas que, de forma distinta, se relacionavam com você.

Veja como Paulo Freire recorda sua vida e analisa esse exercício de lembrar-se:

Assim, para mim, voltar-me, de vez em quando, sobre a infância remota, é um ato de curiosidade necessário. Ao fazê-lo, tomo distância dela, objetivo-a, procurando a razão de ser dos fatos em que me envolvi e suas relações com a realidade social de que participei. Neste sentido é que a continuidade entre o menino de ontem e o homem de hoje se clarifica pelo esforço reflexivo que o homem de hoje exerce no sentido de compreender as formas como o menino de ontem, em suas relações no interior de sua família como na escola ou nas ruas, viveu a sua realidade. (Cartas a Cristina, 1994, p.32)

Prática social educativa

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Se você procurar um colega para também partilhar a memória que ele tem a resgatar, ficará ainda mais fácil ter diante de você realidades experimentadas. Não deixe de fazer esse exercício continuamente. Com certeza, sua trajetória de vida trará um riquíssimo material de um sem número de situações profissionais nas quais e pelas quais, para além da escola, você construiu sua competência de enfermeiro(a), de profissional da saúde, de cidadão/cidadã, de ser humano.

Você poderá dar um salto no tempo e lembrar-se de uma situação em seu grupo de idade, conversando a respeito das suas dificuldades na relação com seus pais ou com outros adultos que tinham ou achavam ter autoridade sobre você. Você transmitia aos seus amigos a experiência nesse lidar com os “seus” adultos, mas também ficava atento ao que os outros contavam e ponderava sobre o valor das atitudes deles ou aguardava para repensar ou refletir depois. Mais que isso, você interpretava os gestos e as maneiras de falar. Da mesma forma se imporão lembranças daqueles tão diferenciados espaços que você freqüentou – você, um entre muitos –, onde lhe ensinavam e você aprendia. E, de repente, outras imagens surgem, de conversas com os professores ou com os colegas, de convivências não especificamente marcadas pelos “rituais” de ensino-aprendizagem. Convivências mais abertas e amplas, por meio das quais as pessoas se alegravam ou entristeciam, se preocupavam ou se aliviavam com fatos internos ou externos àquele espaço, mas que nele repercutiam, criando relações de aproximações e afastamentos. Saber não era então apenas conhecer, mas também sentir. Anteriormente, falamos de um “patrimônio”. É verdade! E, como se faz com todo patrimônio, é recomendável usá-lo bem. Sua experiência, contudo, continua, no movimento presente em que você, pessoa humana, relacionada em um contexto familiar ou comunitário próximo, desempenha uma profissão, convive no seu grupo social. Você é – consigo mesmo e com os outros – um ser social. Sua existência e sua identidade não podem ser percebidas, se você não se considerar um ser em relação. Manifestamos o que somos, agindo e praticando na vida social. Mesmo quando privilegiamos o enfoque de determinada prática – a profissional, por exemplo – não podemos correr o risco de reduzi-la, esquecendo que, em sua particularidade, ela só tem significado concreto quando referida ao conjunto de práticas sociais em que nos envolvemos por sempre viver em convivência. Voltemos ao mestre Paulo Freire :

Não sei se você já reparou que, de modo geral, quando alguém é indagado em torno de sua formação profissional, a tendência do perguntado, ao responder, é arrolar suas atividades escolares, enfatizando sua formação acadêmica, seu tempo de experiência na profissão. Dificilmente se leva em consideração, como não rigorosa, a experiência existencial maior. A influência, às vezes, quase imperceptível que recebemos desta ou daquela pessoa com quem convivemos, ou deste ou daquele professor ou professora cuja coerência jamais faltou, como da competência bem-comportada, nada trombeteada, de humilde e séria gente. No fundo, a experiência profissional se dá no corpo da existencial maior. Se gesta nela, por ela é influenciada e sobre ela, em certo momento, se volta influentemente. Indagando-me sobre minha formação como educador, como sujeito que pensa a prática educativa, jamais eu poria de lado, como um tempo inexpressivo, o em que andarilhei por pedaços do Recife, de livraria em livraria, ganhando intimidade com os livros, como o em que visitava seus córregos e seus morros, discutindo com grupos populares seus problemas ou como em que, durante dez anos, vivi a tensão entre prática e teoria e aprendi a lidar

Prática social educativa

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uma teoria das relações sociais que os homens se relacionam, se reproduzem, e produzem e reproduzem o mundo em torno de si. Toda atividade educacional que se concretiza em relações pedagógicas é, portanto, uma prática social que apresenta características históricas, implicações teóricas e compromissos políticos. Como afirma Pellegrino (1986), Acontece que nós, humanos, somos fratura, ruptura, salto qualitativo da natureza para o processo cultural. Somos exilados de nossa condição biológica e da Lei Cósmica que a preside. Perdemos os instintos, no bom e honrado sentido animal da palavra. Somos, sim, animais, mas animais políticos – zoon politikon –, tendo que criar as leis da pólis por termos rompido – este é o pecado original – com a Lei que rege o sol, as estrelas, as plantas e os bichos. Justamente por ser a educação uma prática social que se concretiza por meio da relação pedagógica entre os sujeitos que a realizam, o comprometimento político lhe é inerente. Uma das lições mais preciosas de Karl Marx (1818-1883) foi a de nos chamar a atenção para a “omnilateralidade”, ou seja, para a categoria de totalidade na análise de qualquer fenômeno. Neste sentido, nosso grande desafio está em não nos deixar levar por reducionismos na análise da prática educativa, limitando-nos a apenas um aspecto (ou, mesmo considerando vários aspectos, deles tratar isoladamente), o que caracterizaria uma unilateralidade. Por exemplo, considerar como única função educativa, em um curso de formação de técnicos, a socialização apenas dos saberes técnicos relacionados com a prática profissional admitida para os profissionais de saúde deste nível é, provavelmente, correr o risco de sonegar elementos básicos de compreensão profunda daquelas práticas. Além disso, é desprezar a totalidade e a complexidade da educação e do próprio exercício profissional, que têm como critério menos a hierarquização dentro de um campo profissional e mais o entendimento da realidade (princípios, processos e procedimentos) para o desenvolvimento de competências humanas. Tal maneira de proceder ignoraria, possivelmente, outras formas de saber, contribuições de diferentes culturas e de diversas experiências que podem colaborar significativamente na constituição do profissional como sujeito, pessoa humana e cidadão. Seria, em última análise, desconsiderar a prática pedagógica como prática social. Dentro dessa visão omnilateral da ação pedagógica, certamente mais do que o objeto, o conteúdo ou a forma, é importante notar o sujeito em sua totalidade e em sua relação com o outro, formando coletivos, grupos sociais, que – por sua vez – se relacionam na formação de uma sociedade. Esse sujeito – em suas dimensões individual e coletiva – ocupa o lugar de protagonista no cenário pedagógico, pois é nele, por ele e para ele que a ação educativa acontece. Com base nesse pressuposto, é primordial conhecer muito bem esse sujeito. Teremos oportunidade de fazê-lo mais profundamente no Módulo 2 (no qual trataremos privilegiadamente dos aspectos relacionados com seu exercício de cidadania) e no Módulo 3 (quando enfatizaremos os aspectos relacionados ao processo educativo e, mais particularmente, da aprendizagem). Em ambos os casos, na totalidade do ser humano como pessoa que se constitui socialmente.

O m n i l a t e r a l i d a d e ,O m n i l a t e r a l i d a d e ,O m n i l a t e r a l i d a d e ,O m n i l a t e r a l i d a d e ,O m n i l a t e r a l i d a d e , omnidimensionalidade –omnidimensionalidade –omnidimensionalidade –omnidimensionalidade –omnidimensionalidade – o prefixo omni , de origem latina, designa “todos/as”. No caso, todos os lados, todas as dimensões, a totalidade.

PólisPólisPólisPólisPólis – cidade autônoma e soberana. Estado ou sociedade, especialmente quando caracterizado por um senso de comunidade. Na Grécia antiga, entendia-se por pólis a cidade-Estado.

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1 Educação

O que pretendemos agora, na afirmação dessa totalidade, é ver, na prática social educativa, esse processo de relação específica entre sujeitos humanos que se apresentam e recebem denominações também específicas de educador-educando e professor-aluno.

Certamente, você percebe isso. Em sua experiência cotidiana, sua prática de enfermagem é uma prática social que envolve uma relação entre sujeitos, seres humanos que se constituem socialmente como pessoas. Nem se nega que um seja o profissional da enfermagem em uma relação com um outro que se está valendo de seus serviços como atendido ou cuidado no campo da saúde. Entretanto, essa relação concreta, que faz com que se denomine um enfermeiro e o outro paciente, continua a ser e em nada pode obscurecer a relação interpessoal de sujeitos sociais.

Da mesma forma, para além da condição daquele que ensina e daquele que aprend e, é preciso compreender o professor e o aluno como sujeitos que se constroem na história. A relação educativa, em que se envolvem como educador-educando, só pode ter significado concreto quando entendida como prática social, sempre pressupondo uma visão de mundo.

A prática pedagógica – como ressaltam vários autores e, com muita propriedade, Sônia Kramer (1993) – precisa ser vista de uma perspectiva que possibilite pensar o homem em sua totalidade e em sua singularidade. Isto significa conceber o homem e suas práticas – dentre elas a educativa – sem dicotomizá-lo. Implica, portanto, entender que a subjetividade, para existir, supõe a coletividade e o social. Além disso, demanda a busca de subsídios para se ter uma visão histórica que, sem excluir o particular e específico, seja entendida como a totalidade do momento e requer a construção de uma abordagem interdisciplinar comprometida com a já mencionada omnilateralidade humana, e não a simples justaposição de perspectivas teóricas diversas.

Os fatos concretos da educação de cada um e o conjunto do “fazer pedagógico” são, portanto, práticas coletivas. Nelas, necessariamente, os aspectos cognitivos, afetivos, socioeconômicos, políticos e culturais interagem em função de resultados também concretos. Assim, a prática social pedagógica, tal como acontece em cada “aqui e agora”, se faz pela linguagem, fazendo (produzindo) linguagem. Por isso mesmo a didática, que, sem dúvida alguma, é uma questão de meios, só pode dar conta deles quando se assume, primordialmente, como uma questão epistemológica e, mais ainda, uma questão cultural.

Do mesmo modo que na educação, você pode identificar os possíveis danos na área da Saúde, quando se deixa de lado ou – o que é pior – quando se nega estar diante de uma prática social, na qual sujeitos humanos, em sua inteireza e totalidade, se relacionam.

Como ambas – educação e saúde – são práticas sociais, podemos sempre estar estabelecendo comparação entre situações concretas da prática da saúde

DicotomizarDicotomizarDicotomizarDicotomizarDicotomizar – dividir em duas partes, classes ou grupos; separar em partes. EpistemológicoEpistemológicoEpistemológicoEpistemológicoEpistemológico (do grego epistême , “ciência”, “conheci- mento” + o + logia ) – relativo à epistemologia, disciplina que toma as ciências como objeto de investigação; teoria do conhecimento.