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Tipologia: Notas de estudo
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APRESENTAÇÃO
Todos os dias, pelo Brasil afora, antes mesmo de o sol raiar, milha- res de pessoas se acotovelam em ônibus, metrôs, trens, vans e outros meios de transporte super- lotados, viajando diligentemente rumo a seus postos de trabalho. Um outro tanto – não menos dili- gente, um pouco mais tarde e com mais conforto – segue o mesmo rumo. No final da tarde, em movi- mento inverso, voltam todos para suas casas, após a jornada que garante – ou que, em tese, deveria garantir – seu sustento, a satisfa- ção de suas necessidades. O que leva tantas pessoas a enfrentar dificuldades, superar dis- tâncias, sobrepujar o cansaço e
MOTIVAÇÃO: TODOS TÊM
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repetir dia a dia a mesma rotina? Que impulso as impele? Que razões as empurram? O que as motiva para a ação? Será somente a garantia de sua sobrevivência? Porque umas, por mais que supe- rem diariamente as dificuldades, encaram-nas como um fardo, como um peso nas costas. Outras, por sua vez, estampam um orgulhoso sorriso nos lábios, independente- mente da complexidade de seu trabalho. Como faz Juscelino. Juscelino, que Juscelino?
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Por uma época, um pouco mais de vinte anos atrás, era comum ver Juscelino, de madrugada, como gari, varrendo as ruas de Ipanema; ao amanhecer, ele se transformava em entregador de jornais; depois, virava faxineiro; e, nos fins de semana, vendia refrigerante e cer- veja na praia, atividade que man- tém até hoje. Quando aparecia uma festa, então, lá estava ele como garçom. Com um sorriso sempre estampa- do nos lábios, Juscelino é o tipo de pessoa que logo concluímos: “esse cara é pau para toda obra”. O que a trajetória dele tem a ver com este livro? Tudo!
São exemplos como esse que mos- tram que existe algo além de tra- balhar para viver. Este é exatamen- te o propósito aqui: discutir a moti- vação das pessoas, ilustrando com histórias de personagens muitas vezes incomuns, mas que levam a vida como a maioria de nós e que, ainda assim, são felizes com o que fazem. A grande pergunta a ser respondi- da é a seguinte: é normal ser feliz no trabalho? Apostamos que sim, mesmo que para isso seja necessá- rio um empurrãozinho, uma pequena ajuda. Ao final do livro, esperamos que você saiba como encontrar esta tão falada motivação e que também esteja disposto (ou disposta!) a dar uma mão àqueles que ainda não descobriram o caminho da felicida- de no trabalho.
A natureza humana é um bom começo para falar sobre motivação. Seríamos nós, seres humanos, uma
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espécie totalmente moldada pelo ambiente que nos cerca? Outra pergunta: teríamos nós nas- cido com uma mente em branco, como um quadro-negro sem nada escrito, numa situação em que nos- sos pais nos educam segundo suas experiências? E que, com as pró- prias experiências no convívio com outras pessoas e no contato com a cultura de nosso meio, transforma- mos e preenchemos aquela mente em branco com o que viríamos a ser um dia? Ou será que nascemos pré-progra- mados geneticamente? E que todo
nosso conjunto de valores, além das aptidões e habilidades, já nasce conosco? Os defensores da primeira hipótese
“Dêem-me uma dúzia de recém- nascidos sadios, bem formados e um mundo especificado por mim para criá-los, e garanto escolher qualquer um ao acaso e prepará-lo para tornar-se qualquer tipo de es- pecialista que eu possa selecionar – médico, advogado, artista, comer- ciante, e, sim, até mesmo mendigo e ladrão, independentemente de seus talentos, pendores, tendên- cias, capacidades, vocações e raça de seus ancestrais.”^1
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Com os cruzamentos, seleciona- ram-se determinadas características
assim como o de qualquer outro cão, é fruto exclusivamente do tra- tamento que recebe de seus donos. Como “behavioristas cani- nos” – e aproveitando para para- frasear J.B. Watson –, eles concor- dariam, pelo menos em tese, com a provocação abaixo:
“Dêem-me uma dúzia de cães, bem-nascidos, bem formados, que garanto escolher qualquer um ao acaso e transformá-lo em cão de guarda, de caça, guia de cegos... Independentemente da raça de seus ancestrais. Resumindo: dêem- me umpoodle que eu o transfor- mo em umpit bull e vice-versa!”
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Já para o coro daqueles que pode- ríamos classificar como determinis- tas genéticos, defensores de medi- das extremas, como a esterilização dospit bulls, não há boa criação capaz de neutralizar o instinto assassino. A raça é violenta e ponto final. No meio termo, há quem diga que esses cães têm inteligência e com- pleição física superiores e demons- tram extrema lealdade ao dono. Agressivos, sim, mas apenas em relação a outros animais – afinal, foram criados para serem cães de combate, oras! Argumentam que, embora não seja de sua natureza partir para cima de humanos, a “compulsão
natural” para o ataque pode aflo- rar quando o animal é submetido a um processo de criação em ambiente hostil. Segundo essa análise, poderíamos afirmar que ospit bulls têm, sim, uma carga genética que lhes con- fere uma propensão à agressivida- de, e esse instinto latente nunca irá abandoná-lo. Dependendo da maneira como for criado, essa propensão é capaz de funcionar como uma chave liga- desliga. Estará desligada se ele for tratado com carinho e atenção. Estará ligada quando for tratado com hostilidade. Como na discus- são a respeito da natureza huma- na, a proporção entre a heredita- riedade e o ambiente permanece uma incógnita entre ospit bulls mas, a julgar pelos ataques a pes- soas, o botão da agressividade parece bastante sensível e pode ser ligado com certa facilidade.
Muito bem, falamos de natureza humana e canina, de criação e
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Vamos amarrar os pontos vistos até agora. Ao relacionar o pará- grafo anterior ao dia-a-dia das empresas, podemos nos perguntar: não seria correto dizer que em todas as empresas, em qualquer parte do mundo, as pessoas se preocupam com ostatus social, mexericam (será que existe alguma empresa em que não haja fofo- ca?), sentem-se culpadas ou cul- pam os outros, retribuem o bem com o bem e o mal com o mal, apresentam certas características
em comum, mas que diferem umas das outras em função de sua herança genética e do meio em que foram criadas? Parece que sim. E, apimentando um pouco o debate, nem tudo são flores em nossa natureza.
“O altruísmo, a compaixão, a empatia, a consciência, o senso de justiça – tudo isso que mantém a sociedade coesa, que permite à nossa espécie pensar tão bem de si mesma –, agora, podemos afirmar, confiantes, que possuem uma sóli- da base genética. Essa é a boa notícia. A má notícia é que (...) vemos agora, com maior clareza que nunca, como (e precisamente por que) os sentimentos morais são usados com total flexibilidade, ligados e desligados de acordo com interesses pessoais (...). Os seres humanos são uma esplêndida espécie em sua variedade de equi- pamento moral, trágica em sua propensão de usá-lo mal, e patéti- ca em sua ignorância constitucio- nal desse mau uso.”^3
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Nem pense em ficar desanimado com o final do parágrafo anterior. Para motivarmos os outros, é necessário, em primeiro lugar, conhecer um pouco da natureza humana, suas virtudes e seus defei- tos. Afinal, só para lembrar: não somos todos totalmente bonzi- nhos. Claro que sabemos disso, mas, às vezes, é difícil admitir. Nosso grande desafio daqui para frente será descobrir o melhor modo de desenvolver um ambien- te profissional que estimule o lado cooperativo, leal, justo e conscien- te da natureza humana. Tudo em consonância com um sistema que, respeitando as diferenças existen- tes em cada um, identifique e sin- tonize corretamente os “botões” de cada indivíduo, de acordo com suas características, expectativas e necessidades. Uma empreitada nada fácil, que vai exigir que conheçamos muito bem nosso eleitorado – nosso pes- soal –, como veremos nos capítulos a seguir.
O que você viu no capítulo 1
A influência externa e os fatores pre- determinados para a formação da pessoa.
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O despertar da motivação a partir de um ambiente de trabalho estimulante.
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Um dia, perguntei o que o motivava a ser como era e a trabalhar com tamanha disposição. A resposta dele:
“Liberdade total! Aqui eu sou ven- dedor, comprador, sou eu que arru- mo a banca, posso dar descontos, fazer promoções... Eu posso fazer o que quiser. Estou com ‘seu’ Levi faz nove anos. Ele confia em mim, e eu trabalho como se a banca fosse minha. Ah, o salário também é muito bom.”
Para quem tiver a oportunidade de visitar o Mercadão, vale a pena conhecer essa banca, porque, como diz “seu” Levi, “nem só de pão vive o homem”.
Lembrando o capítulo anterior, tudo indica que “seu” Levi encontrou o balanço ideal para a motivação de seus funcionários ao criar uma atmosfera de confiança, na qual o tratamento dispensado aos funcio-
nários se reflete no atendimento ao cliente, ao mesmo tempo que encontra o que os motiva individual- mente. Confiança retribuída com confiança, liberdade retribuída com responsabilidade, valorização retri- buída com orgulho, literalmente olho por olho, dente por dente, no melhor sentido da expressão.
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Liberdade total era tudo o que o vendedor Aloísio queria para tra- balhar, e ele a encontrou. Não vamos, no entanto, dar uma de Poliana, ser ingênuos e pensar que basta confiar e conceder liberdade às pessoas que elas sempre retri- buirão à altura. Estaríamos pen- dendo demais para o behavioris- mo, apostando todas nossas fichas no ambiente da empresa. É claro que nem todos retribuirão da mesma forma. Afinal, motiva- ção não é receita de bolo. Haverá decepções, pessoas que não serão
dignas de confiança e diferentes níveis de contribuição, porque, por mais que tenhamos muito em comum uns com os outros, nossas características individuais muitas vezes falam mais alto. O que fazer, então, para que pes- soas como Juscelino e Aloísio tra- balhem conosco? Como desenvol- ver outros Juscelinos e Aloísios?
Em primeiro lugar, vamos abordar o aspecto coletivo da motivação, recorrendo à hierarquia das neces- sidades e ao ciclo motivacional. Assim, mais tarde, poderemos dar atenção à sintonia fina da motiva- ção individual. Uma das teorias motivacionais mais conhecidas, a “Hierarquia das Necessidades“, foi desenvolvida por Abraham Maslow. As necessi- dades humanas, de acordo com esse autor, são dispostas como numa pirâmide, na qual as mais baixas formam sua base, enquanto no topo situam-se as mais sofistica- das e intelectualizadas.
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ger-se de qualquer perigo real ou imaginário. Como as necessidades fisiológicas, as de segurança tam- bém estão intimamente ligadas a nossos instintos de sobrevivência. No ambiente organizacional, dada a dependência do indivíduo com a empresa, as necessidades de segu- rança assumem uma grande impor- tância. Decisões arbitrárias, incoe- rentes ou inconsistentes podem levar as pessoas a se sentirem inse- guras quanto à sua permanência ou não na empresa. Nesse sentido, todo cuidado é pouco com os modismos empresa- riais, com o “cardápio do dia” das práticas adotadas. Novas idéias, é claro, são sempre bem-vindas, mas há que se ter coerência, consistên- cia. Mais importante ainda em relação à coerência é o que os ingleses chamam deWalk on You Talk (andar sobre suas palavras). Guarde muito bem essa expressão e a pratique seguidamente, por- que não dá para falar emempo- werment ou meritocracia em um ambiente marcado, ou percebido,
Agora, vamos analisar cada um dos níveis da pirâmide, a partir da base até o topo.
São as necessidades biológicas ou básicas, que exigem satisfação cícli- ca e incessante para garantir a sobrevivência do indivíduo. Embora comuns a todas as pessoas, necessidades como alimentação, sono e repouso, abrigo e sexo exi- gem níveis diferentes de satisfa- ções individuais. A principal característica das neces- sidades elementares é sua premên- cia, sua dominância sobre as outras necessidades. Uma pessoa com fome, por exemplo, não terá outra preocupação a não ser alimentar- se. Contudo, uma vez satisfeitas, essas necessidades deixam de ditar o comportamento humano, deixam de ser um fator motivacio- nal importante.
No segundo nível das necessidades humanas, as pessoas buscam prote-
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pelo favoritivismo, pela discrimina- ção. Incoerência gera insegurança, e a insegurança pode “desligar” aquele botão da cooperação e “ligar” o da individualidade – ou, trocando em miúdos, “morreu, morreu, antes ele do que eu”.
A associação com outras pessoas faz parte de nossa natureza de animais sociais. Assim, necessita- mos, além da interação com o grupo, de aceitação por parte dos colegas, de laços de amizade, de afeto, de amor. Necessidades sociais insatisfeitas “ativam”, por assim dizer, resistência, hostilidade
e relações antagônicas, que con- duzem geralmente à frustração. Isso não quer dizer que as empre- sas devam ser como um clube de campo, onde vamos para encon- trar os amigos, bater papo e forta- lecer os laços de amizade. Nem tanto ao céu nem tanto à terra. Entretanto, aqueles que pensam que a empresa não é lugar para amizade certamente e, infelizmen- te, terão poucas chances de criar um ambiente no qual as necessi- dades sociais estejam satisfeitas. Pode-se pensar que as necessida- des fisiológicas e de segurança já sejam o bastante, mas o caminho para a motivação é um pouco mais longo.