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Tipologia: Notas de estudo
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Papel da praia na proteção da costa e as alterações oceanográficas em diferentes escalas temporais
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aUniversidade Federal de Pernambuco, b (^) The University of Maryland cdanielemallmann@gmail.com, d (^) tcma@ufpe.br, eeld@umd.edu
Resumo Este artigo tem por objetivo melhorar o entendimento acerca do processo erosivo em curso junto ao litoral central da Região Metropolitana do Recife em termos de espacialização do processo e escalas temporais envolvidas. Para tanto, foram analisadas variações de curto e médio-termo, além de revisados estudos anteriores, analisados indicadores de erosão e inventariados registros de danos noticiados nos principais jornais em circulação no estado. Os resultados obtidos mostraram que o processo não se comporta de maneira homogênea ao longo do litoral, o qual apresenta áreas de erosão intensa e outras nas quais o processo não ocorre ou é incipiente. Tampouco sob o ponto de vista temporal a área é homogênea, apresentando segmentos com distintos comportamentos da linha de costa nas diferentes escalas temporais consideradas. Ademais, foi possível observar um importante componente antrópico atuando sobre a redução da largura da pós-praia em determinados segmentos, representado pelo avanço da ocupação sobre setores do sistema praial. Os resultados do estudo evidenciaram a necessidade de se considerar a variabilidade espaço-temporal das praias estudadas antes de qualquer intervenção e demonstraram a importância de se desenvolver programas ou ações de manejo costeiro que preconizem a manutenção/restauração dos setores do sistema praial, uma das principais demandas ambientais atuais na região. Palavras-chave: Gerenciamento costeiro; linha de costa; resiliência.
Abstract This article aims for a better understanding of the ongoing erosion along the central coast of Recife Metropolitan Area in terms of the process and of spatial and temporal scales involved. For that, coastal variations of short and medium-term were analyzed, previous studies were reviewed, erosion indicators were surveyed and an inventory of damage records caused by erosion and reported in major newspapers in circulation in the state was conducted. The results showed that the process does not behave homogeneously along the coast, which present areas of intense erosion and other areas where the process does not occur or is incipient. Nor under the temporal point of view the area is homogeneous, presenting segments with distinct behaviors of shoreline in the different time scales considered. Moreover, we observed significant anthropogenic component acting on the reduction of the backshore width in certain segments, represented by the advance of the occupation on sectors of the beach system. The results of the study show us the necessity to consider spatial and temporal variability of the studied beaches before any intervention and demonstrated the importance of developing programs or actions of coastal management that prioritize the maintenance/restoration of the beach system, one of the main current environmental demands in the region. Key-words: Coastal management; shoreline; resilience.
Introdução
As praias arenosas apresentam variabilidade ao longo da costa em diferentes escalas espaço-temporais, a qual está associada à atuação individual ou conjunta de múltiplos forçantes e processos (Esteves et al. 2006, Del Rio et al. 2007, Merlotto et al. 2014). A morfologia de uma praia pode ser alterada consideravelmente por efeitos erosivos ou construtivos
em curto, médio ou longo-termo. O conhecimento sobre a forma como um sistema praial se comporta nas distintas escalas temporais é essencial, tanto para o desenvolvimento de projetos de proteção da costa quanto para o gerenciamento costeiro (Pilkey & Cooper 2004, Rahmstorf 2007, Costa et al. 2008). Para tanto, de acordo com Anfuso et al. (2007) existe uma ampla gama de métodos de estudo desta variabilidade,
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os quais devem ser escolhidos com base nas escalas de espaço e de tempo envolvidas. Nas últimas décadas, a erosão costeira tem se tornado um problema de magnitude crescente nas praias do litoral central de Pernambuco. As primeiras referências à erosão costeira no Estado datam de 1914 (FINEP/UFPE 2009), e reportam os danos causados pela construção de um molhe localizado junto ao Istmo de Olinda. Desde então, impactos relacionados ao processo erosivo têm sido observados em diversos pontos do litoral, especialmente nas áreas urbanas. Em resposta à erosão e no intuito de controlar o processo ou mitigar seus efeitos, os municípios têm optado por fixar a linha de costa, de tal forma que ao longo da área de estudo se observam inúmeras intervenções, feitas muitas vezes sem um bom entendimento acerca da dinâmica costeira. Tais intervenções modificam profundamente o ambiente costeiro, acarretam altos custos e têm resultados nem sempre satisfatórios, além de frequentemente transferirem a erosão para as praias adjacentes (FINEP/UFPE 2009) e causarem a perda da beleza cênica do litoral. Neste artigo são analisadas alterações de curto e médio-termo, além de revisados estudos anteriores, analisados indicadores de erosão e inventariados registros do processo erosivo ao longo do litoral central da Região Metropolitana do Recife (RMR). Tais praias urbanas foram selecionadas porque representam um grande percentual do litoral pernambucano sob erosão, além de serem áreas importantes para o turismo, em termos socioeconômicos. Adicionalmente, representam praias estreitas e que sofrem historicamente com o déficit de sedimentos. Pretende-se, desta forma, adquirir uma melhor compreensão acerca dos pontos erosivos ao longo da área de estudo e das escalas temporais envolvidas no processo, bem como gerar informações que possam contribuir para o melhor gerenciamento da área.
Área de estudo
O litoral central de Pernambuco se estende por aproximadamente 40km, e está localizado entre os estuários dos rios Timbó e Jaboatão-Pirapama, compreendendo os municípios de Paulista, Olinda, Recife e Jaboatão dos Guararapes. Tal setor abrange os quatro municípios costeiros mencionados, que fazem parte da RMR, e 28 segmentos costeiros ambientalmente homogêneos, delimitados com base nas suas características geomorfológicas, de exposição, de orientação e de ocupação, a partir de uma adaptação da metodologia sugerida pelo Projeto Orla (Brasil
coral e restingas. No que se refere à hidrografia, a área é bem drenada, com inúmeros rios e riachos, sendo o Rio Capibaribe o principal curso d´agua.
Figura 1: Localização da área de estudo com indicação dos 28 segmentos costeiros. A área de estudo apresenta temperatura média anual em torno de 27°C e pluviosidade aproximada de 2000mm/ano, distribuídos de modo desigual entre os períodos seco e chuvoso. Predominam os ventos de E- SE, com velocidades médias de 3 a 5m/s (Manso et al. 2006a). As marés registradas na região são semi- diurnas, sendo classificadas em termos de amplitude como mesomarés. A altura significativa de onda varia de 0,7 a 1,2m, com períodos médios entre 5 e 7s durante o verão (período seco) e de 0,9 e 1,4m, com períodos entre 6 e 8s durante o inverno (período chuvoso), conforme estudo conduzido por Rollnic (2002). Já as correntes costeiras variam ao longo do ano (FINEP/ UFPE 2009), sendo o sentido preferencial da deriva litorânea para norte. Background O processo erosivo ao longo das praias da Região Metropolitana do Recife é uma questão controversa. Estudos anteriores apresentam resultados e conclusões nem sempre convergentes, tendo em vista a dinâmica do sistema praial, as diferentes escalas temporais abordadas e os métodos utilizados. De acordo com
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Barra de Jangadas e Candeias apresentaram perdas sedimentares aparentemente sazonais com tendência à acresção durante o período estudado. Nas proximidades de Candeias, a praia apresentou déficit sedimentar, assim como na porção sul de Piedade. No norte da mesma praia, os perfis são mais preservados, não apresentando tendência erosiva. As divergências e a falta de informações conclusivas a respeito do processo erosivo ao longo da RMR podem estar relacionadas a fatores como abordagens metodológicas e escalas espaço-temporais distintas
entre os estudos consultados, além da dinâmica intrínseca ao sistema em questão. Assim, a depender da época do ano, do método e do período amostral, a linha de costa pode, de fato, ter apresentado comportamentos distintos. Tais problemas poderiam ser sanados com a execução de monitoramentos das variações de curto e médio-termo, tais como levantamentos topográficos com periodicidade semanal a mensal e demarcação anual da posição da linha de costa, ambos utilizando procedimento metodológico padrão.
Figura 2: (A) Litoral de Paulista, mostrando os molhes do Rio Paratibe (seta cinza) e a sequência de quebra-mares (colchete cinza); (B) litoral de Olinda, com destaque para os quebra-mares de Milagres e Carmo (setas cinza) e a sequência de espigões de Bairro Novo (imagem da esquerda, sul do município) e os quebra-mares de Casa Caiada e Rio Doce (indicados por setas cinza, imagem à direita, região norte do município); (C) área do litoral de Recife que apresenta a costa imobilizada por um enrocamento; e (D) porção sul do litoral de Jaboatão dos Guararapes, onde as setas indicam a localização de obras de intervenção feitas junto à foz do Rio Jaboatão. Em todas as imagens, a seta vermelha indica a direção preferencial da deriva litorânea (para norte).
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Métodos
O estudo foi dividido em duas partes: (i) evidências e histórico da erosão costeira e (ii) processo erosivo e escalas temporais associadas. Dados sobre a presença de indicadores de erosão coletados durante a execução do Projeto MAI (Monitoramento Ambiental Integrado) (FINEP/UFPE 2009) foram usados para auxiliar na definição de áreas sob erosão. Na ocasião, a abordagem metodológica para a coleta de informações foi adaptada de Souza (2001). Os seguintes indicadores (cinco) foram observados e mapeados com apoio do software ArcGIS 9.2 (ESRI 2009): raízes expostas, afloramento do lençol freático, redução ou ausência da pós-praia, danos a edificações e presença de obras de proteção costeira. Finalmente, foram analisados os arquivos online dos três principais jornais do estado (Diário de Pernambuco, Folha de Pernambuco e Jornal do Commercio), os quais permitiram a elaboração de um catálogo dos eventos erosivos incluindo a localização (na escala de município ou praia) desde o registro mais antigo disponível (1998) até o ano de 2013. Tais informações foram essenciais para ter uma noção da distribuição dos problemas erosivos em função de registros, histórico e evidências. Para a segunda parte do estudo (ii) foram incluídas análises de curto e médio-termo referentes à morfologia, ao volume do perfil e ao deslocamento de linha de costa, além de dados sobre a largura da pós- praia e o deslocamento da zona de interesse (primeira linha edificada à retroterra). Para a evolução de médio- termo foram analisadas ortofotocartas datadas de 1974 (escala 1:2.000), além de dados provenientes de levantamento de campo conduzido em 2008 com o uso de GPS ( Global Positioning System ) geodésico de duas frequências da marca Rascal, cuja precisão é da ordem de centímetros para o posicionamento da linha de costa. O indicador utilizado foi a marca da maré mais alta e o deslocamento foi calculado seguindo as etapas: (1) identificação e digitalização da posição da linha de costa nas ortofotocartas; (2) inserção dos dados de campo no mesmo geodatabase dos dados de GPS em ambiente ArcGIS 9.2; (3) cálculo dos deslocamentos em cada ponto da linha de costa com o uso da extensão para ArcGIS DSAS 3.2 (Thieler et al. 2005), utilizando espaçamento de 10m e o método da variação dos pontos extremos ( end point rates). No intuito de compreender as razões pelas quais algumas áreas com deslocamento de linha de costa positivo (progradação) apresentam indicadores, registros e/ou histórico de erosão, foram incluídas análises da largura da pós-praia (atual, medida a partir do cálculo da distância entre a linha de costa e a zona de interesse) e do deslocamento da zona de interesse. Para tanto, foi utilizada a mesma metodologia já descrita para o cálculo do deslocamento de linha de costa, utilizando as edificações (calçadas, pistas, muros, entre outros) como indicadoras para a digitalização das linhas.
Para a análise de curto-termo foi realizado o monitoramento mensal de 28 perfis de praia localizados em setores representativos da costa, realizados entre Maio de 2006 e Novembro de 2007 (figura 3). A análise foi baseada na variação de volume dos perfis, os quais foram utilizados para calcular a perda máxima de volume do perfil em relação ao volume médio (%), para cada praia monitorada. Os resultados são apresentados a seguir, organizados de norte para sul da área de estudo. Resultados e discussão (i) Evidências e histórico da erosão costeira Indicadores O processo erosivo deixa marcas nas praias, denominadas indicadores de erosão (Souza, 2001), os quais refletem a sua dinâmica (DEDUCE Project 2014) em termos de deslocamento da linha de costa e perdas sedimentares. Tais indicadores, conforme mencionado na Metodologia, foram registrados ao longo dos litorais de Paulista, Olinda, Recife e Jaboatão dos Guararapes, resultando na identificação de 44 pontos com presença de marcas do processo erosivo (figura 4). O litoral de Paulista apresenta grande diversidade em termos da presença de indicadores, registrando todos aqueles considerados no presente estudo. No município, diversos pontos parecem estar em erosão, o que pode ser observado pela distribuição espacial dos indicadores, com destaque para a porção sul do município, na área dos quebra-mares do Janga/Enseadinha. No local, a presença de pontos de afloramento do lençol freático nas baías entre os múltiplos quebra-mares pode estar associada aos impactos negativos da construção dos mesmos, com criação de zonas erosivas, confirmadas pela análise do deslocamento da linha de costa (FINEP/ UFPE 2009). A Praia de Pau Amarelo também se destaca em termos de diversidade de indicadores, apresentando quatro entre os cinco considerados. O município de Olinda, o qual sofre com problemas históricos de erosão, apresenta uma grande extensão de linha de costa imobilizada por obras de engenharia costeira. Nestas áreas, além da presença de obras, sobressai-se como indicador de erosão a ausência de pós-praia. Assim como em Paulista, os indicadores estão bem distribuídos ao longo do litoral, indicando que há diversos pontos/praias sob processo erosivo. Em Recife, os indicadores observados se concentram numa pequena extensão, em sua porção sul, entre a área do enrocamento e a praia de Piedade. Por sua vez, em Jaboatão dos Guararapes, os pontos se concentram nas proximidades do quebra-mar de Candeias, mais especificamente a norte (sotamar), região para onde o processo erosivo foi transferido com a construção da referida obra, além de outras associadas ao estuário dos rios Pirapama e Jaboatão (Costa & Oliveira, 2009). Os indicadores mais frequentes foram a presença de obras de proteção costeira, presente em mais da metade dos segmentos estudados (16), seguido de redução ou
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danos, uma vez que não se trata de um registro sistemático de ocorrências. No entanto, conforme observado por Jimenez et al. (2012), na ausência de um banco de dados sistemático, os jornais provêm uma interessante fonte de informação, especialmente em litorais urbanizados, como é o caso da RMR. Na área, os registros de jornais confirmam o exposto pela distribuição dos indicadores de erosão no que se refere à generalização e intensidade do processo erosivo, especialmente no litoral do município de Paulista.
(ii) Processo erosivo e escalas temporais associadas
Médio-termo
A análise da evolução costeira de médio-termo revelou que a área exibe grande variedade de comportamentos e tendências. Uma síntese destes comportamentos, baseado nas taxas de deslocamento da linha de costa para cada município, pode ser vista nas figuras 6, 7, 8 e 9. Em Paulista, os segmentos que apresentaram retração da linha de costa durante o período analisado compreenderam Maria Farinha (-0,19m/ano±0,22m), Pau Amarelo (-0,14m/ano±0,19m), e Enseadinha (- 1,05m/ano±0,61m). As praias de Pontal de Maria Farinha e Nossa Senhora do Ó apresentaram acresção (+2,1 m/ano ± 0,81m e +1,37 m/ano ± 0,76m, respectivamente). As demais áreas apresentaram estabilidade, pequenas variações ou comportamentos variáveis ao longo do segmento, em especial aquelas sob influência de obras de proteção costeira. No litoral de Olinda, os segmentos que apresentaram deslocamentos negativos de linha de costa incluem Rio Doce III (-0,34m/ano±0,12m), Rio Doce I (- 0,39m/ano±0,15m) e Casa Caiada II (- 0,14m/ano±0,06m). A Praia do Carmo apresentou comportamento erosivo nas extremidades e progradante no centro, onde uma saliência se formou em função da construção de um quebra-mar. Os segmentos Milagres e Casa Caiada I e III apresentaram deslocamentos positivos, provavelmente associados à presença de quebra-mares. Em Recife, os três segmentos analisados apresentaram comportamento estável, tendendo a uma leve progradação, lembrando que tal comportamento diz respeito apenas ao período analisado e que para definir tendências seria necessário incluir mais posições de linhas de costa e realizar uma análise multitemporal. Finalmente, no litoral de Jaboatão dos Guararapes apenas o segmento Piedade Sul apresentou deslocamento negativo (-0,33m/ano±0,37m). O setor Norte da mesma praia não foi analisado devido à proximidade dos edifícios, o que impediu a obtenção de sinal do GPS durante os levantamentos de campo. Mudanças na linha de costa, tais como as obsevadas no litoral da RMR, refletem padrões de acresção e erosão, causados pela interação entre processos que
atuam em distintas escalas espaço-temporais (Rudorff & Bonetti 2010). No litoral da RMR, embora não haja estudo científico que mostre as causas da erosão com base na análise temporal de dados meteoceanográficos, é possível que as mesmas resultem da interação de distintos agentes naturais e antrópicos. Assim, em médio-termo, é possível que mudanças no clima de ondas e na deriva litorânea atuem promovendo a retração da linha de costa, cuja percepção se torna mais evidente devido à existência de um referencial próximo à costa, representado pelas edificações. Embora não tenham sido contempladas por este estudo, as variações de longo-termo associadas às variações do nível do mar, podem estar sobrepostas aos deslocamentos de ordem decadal, uma vez que promovem o deslocamento de todo o sistema praial para a retroterra. A este respeito, Harari et al. ( 2008) mencionam para a região uma elevação do nível do mar da ordem de 5,432cm/década e Gregorio & Araújo (2008) lembram que a área se localiza numa região de evidente déficit sedimentar em longo-termo, o qual é bem indicado pela presença de beachrocks exumados.
Figura 4: Distribuição dos indicadores de erosão na área de estudo.
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Tabela 1: Eventos e danos noticiados pelos jornais no período de 1998 a 2013.
Data Praia Município Evento/Dano 31/03/1998 Janga Paulista Maré de 2,6m derrubou muros e destruiu três cômodos de uma casa de veraneio 05/02/2003 Janga Paulista Bares instalados na beira-mar amanheceram parcialmente destruídos pela maré alta 06/05/2004 Janga Paulista Um trabalhador foi soterrado por um trecho do calçadão recém-construído que cedeu devido à maré alta 27/05/2005 Janga Paulista Maré alta destruiu parte do calçadão e causou inundação nas proximidades 24/10/2007 Janga Paulista Prefeitura decretou estado de emergência após parte do calçadão ter sido destruído pela maré, que ameaça atingir edifícios na orla 09/08/2010 Pau Amarelo Paulista Maré alcançou 2,5m, atingindo bares na orla 30/06/2010 Não especificado Paulista A água subiu 2m e a Defesa Civil permaneceu de plantão na orla 10/08/2010 Janga e Boa Viagem Paulista A Defesa Civil trabalhou em regime de alerta para a maré alta prevista, de 2,1m 02/03/2010 Não especificado Paulista Paulista registrou a maior maré do ano 30/08/2011 Pau Amarelo Paulista Casas ficaram destruídas, estabelecimentos à beira-mar foram danificados, barcos de pesca foram arrastados e a água atravessou o muro de contenção, atingindo o calçadão 31/08/2004 Não especificado Olinda Maré alta provocou estragos na beira-mar de Olinda, com rachaduras em trechos da mureta de proteção 08/09/2006 Milagres Olinda Maré de ~2,5m atingiu casas localizadas na beira-mar e destruiu parte de um hotel, além de materiais de pesca 08/09/1998 Brasília Teimosa Recife Maré de 2,5m invadiu casas, assustando quatrocentas famílias moradoras de palafitas 12/08/2002 Pina Recife A Defesa Civil deslocou dez famílias das suas casas devido à maré de ~2,3m 03/08/2004 Boa Viagem Recife Maré alta derrubou um poste de iluminação e parte do calçadão, ameaçando um quiosque 04/05/2004 Brasília Teimosa Recife Maré de 2,3m atingiu 30 casas e destruiu eletrodomésticos 20/08/2007 Brasília Teimosa Recife Ondas associadas a fortes ventos atingiram 2,6m 17/09/2008 Boa Viagem Recife O calçadão de Boa Viagem foi parcialmente destruído 09/08/2010 Boa Viagem Recife Parte do muro de proteção localizado na Praça de Boa Viagem foi derrubado pela maré alta 19/08/2010 Boa Viagem Recife Dois pontos de erosão já existentes aumentaram, danificando parte do calçadão 13/08/2001 Candeias Jaboatão dos Guararapes Ondas chegaram a 1,7m de altura, derrubando uma estátua. O afundamento da pavimentação da beira-mar deixou uma vítima em estado grave - com traumatismo craniano. Os proprietários dos bares temem a diminuição do movimento. 14/03/2005 Piedade Jaboatão dos Guararapes As marés dos últimos dias provocaram inúmeros danos ao longo da orla 30/08/2007 Piedade Jaboatão dos Guararapes Maré alcançou 2,4m, destruindo uma barreira de sacos de areia e arrancando um coqueiro; o muro de um edifício desabou e duas piscinas foram danificadas 31/08/2008 Candeias Jaboatão dos Guararapes Parte de um muro de contenção desabou por causa da maré alta 31/08/2011 Piedade e Candeias Jaboatão dos Guararapes Foi decretada situação de emergência. A maré alta provocou alagamentos em prédios e casas além de danificar muro de contenção 08/08/2004 Boa Viagem, Candeias, Janga e Pau Amarelo
Recife, Jaboatão dos Guararapes e Paulista
Marés atingiram 2,2m, causando estragos na orla
23/08/2005 Diversas praias de Olinda e Candeias
Olinda e Jaboatão dos Guararapes Maré alta destruiu bancos, obras de revitalização e calçadas na beira-mar de Olinda. Em Candeias, árvores e muros foram derrubados 15/08/2007 Não especificado Jaboatão dos Guararapes e Paulista Em Jaboatão dos Guararapes um prédio perdeu sua entrada principal. Em Paulista, diques postes caíram e uma parte do calçadão cedeu 31/08/2011 Não especificado Jaboatão dos Guararapes, Recife e Paulista
Maré de 2,7m atingiu casas e estabelecimentos comerciais na orla dos três municípios, causando danos materiais
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quando marés equinociais coincidem com marés de sizígia, as mesmas podem atingir alturas próximas a 2,8m e, quando o mesmo ocorre simultaneamente a ventos intensos, comuns durante os meses de inverno, pode resultar em erosão severa. Tais eventos causam
perdas episódicas ou sazonais que podem ser recuperadas após o restabelecimento das condições energéticas normais, não influenciando, assim, no deslocamento da linha de costa de médio-termo.
Figura 6: Análise do deslocamento de linha de costa para as praias de Paulista. As cores indicam comportamentos predominantes de progradação (azul), estabilidade ou variação ao longo do segmento (cinza) ou erosão (vermelho).
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Figura 7: Análise do deslocamento de linha de costa para as praias de Olinda.. As cores indicam comportamentos predominantes de progradação (azul), estabilidade ou variação ao longo do segmento (cinza) ou erosão (vermelho).
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Figura 9: Análise do deslocamento de linha de costa para as praias de Jaboatão dos Guararapes. As cores indicam comportamentos predominantes de progradação (azul), estabilidade ou variação ao longo do segmento (cinza) ou erosão (vermelho).
Visando compreender a relação entre a evolução de médio e curto-termo, foi feita uma análise combinada entre os valores encontrados para cada segmento em ambas as escalas temporais, conforme figura 11. Os resultados da análise revelam que a maioria das praias
contempladas pelo estudo apresenta comportamentos distintos para as escalas analisadas (PA6 – Nossa Senhora do Ó, PO2 - Carmo, PO9 – Rio Doce e PJ1 - Candeias) ou pequenas variações em curto-termo (menos de -16%, a variação média observada) e
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deslocamento de linha de costa positivo (PA2 - Janga, PA7 - Conceição, PO1 – Milagres, PO6 – Casa Caiada, PO8 – Rio Doce, PR1 – Boa Viagem, PR5 – Pina e PJ
apresentaram comportamento erosivo em ambas as escalas temporais, PA1- Enseadinha e PA4 – Pau Amarelo, localizadas em Paulista, confirmando a situação crítica do litoral deste município.
Figura 10: Volume médio dos perfis e perda máxima em percentual.
Figura 11: Relação entre evolução de curto e médio-termos.
Papel da praia na proteção da costa e as alterações oceanográficas em diferentes escalas temporais
A largura média observada para a pós-praia nos segmentos foi de 25m. A largura máxima, 100,4m foi medida na Praia de Rio Doce (segmento IV), numa área sob influência dos molhes do Rio Paratibe e de um quebra-mar. Oito segmentos costeiros da área de estudo não apresentam pós-praia, incluindo Janga, Rio Doce III, Rio Doce I, Casa caiada I, Bairro Novo, Boa Viagem (enrocamento) e parte de Piedade (norte), além das praias do Farol e São Francisco, em Olinda, que não foram contempladas neste estudo porque há décadas não apresentam os setores da pós-praia e da praia. Tais observações estão de acordo com Manso et al. (2006b) que mencionam a redução da largura da pós-praia como uma realidade para diversas praias da RMR. Os valores mínimos e máximos calculados para o deslocamento da zona de interesse foram, respectivamente, 0,35 e 1,35m/ano em Paulista; 0,23 e 0,25m/ano em Olinda; 0,38 e 1,09m/ano em Recife e 0,31 e 0,44m/ano em Jaboatão dos Guararapes. No que se refere à relação entre as taxas de deslocamento de linha de costa e da zona de interesse, os casos mais interessantes ocorrem nas praias de Nossa Senhora do Ó (Paulista), onde a segunda é muito maior do que a primeira (1,37 e 5,19m/ano, respectivamente) e Pina (Recife, que apresentou os valores de 0,69 e 2,19m/ano) (indicados por setas no gráfico anterior). Nestes casos, apesar da suposta progradação indicada pelas taxas de deslocamento de linha de costa, há uma tendência à redução/supressão da pós-praia. Mesmo em segmentos nos quais foi observada retração da linha de costa, como é o caso de Enseadinha (-0,34m/ano) e Rio Doce III (0,67m/ano), é possível observar um avanço da ocupação sobre o sistema praial, da ordem de 0,51 e 0,67m/ano, respectivamente. Dentre as causas que contribuem para o processo erosivo, a interferência antrópica, embora não seja a única, é a mais atuante na medida que acelera o referido processo, não oferecendo condições para as variáveis naturais entrarem em equilíbrio (Manso et al. 2006b). Nas praias analisadas, é possível observar um forte controle antrópico sobre o processo erosivo. A este respeito, duas observações são pertinentes: (i) a ocorrência de praias sem pós-praia ou com pós-praia estreita, que não proveem o espaço suficiente para o desenvolvimento dos processos costeiros; (ii) a existência de praias nas quais a ocupação avança sobre a praia a taxas superiores àquelas que permitem a adaptação do sistema praial, culminando na redução/supressão de setores do mesmo. De acordo com Muehe (2011), as praias arenosas são caracterizadas por sua resiliência a eventos extremos, se ajustando em perfil e em planta ao transporte de sedimentos. Tal adaptabilidade, no entanto, é condicionada pela disponibilidade de sedimentos e de espaço para que os processos costeiros se desenvolvam. A magnitude das consequências de eventos de alta energia sobre praias depende do grau de intervenção humana na área, visto que esta restringe a capacidade de resposta das praias (Merlotto et al.
2014). No âmbito do Projeto EUROSION, “resiliência costeira” é definida como “habilidade inerente da costa para acomodar mudanças induzidas pela elevação do nível do mar, eventos extremos e, ocasionalmente, impactos humanos, mantendo as funções desempenhadas pelo sistema costeiro, a longo prazo”. Construções permanentes próximas ao mar contribuem para a diminuição desta resiliência ( European Commission 2004) e representam a situação, observada na área de estudo, apontando para a importância do conceito supracitado, uma vez que a maior parte das praias contempladas por este estudo não possui espaço suficiente para responder às forçantes costeiras sem que haja danos às propriedades e perda de áreas. Conclusões Entre as áreas estudadas, o litoral de Paulista apresenta a maior criticidade no que se refere ao processo erosivo, que é relativamente recente e mais intenso junto à Praia de Pau Amarelo. Em Olinda, a erosão pode ser considerada histórica e generalizada ao longo do litoral. As praias do Município atualmente refletem uma estabilidade decorrente da presença massiva de obras de engenharia costeira, com impactos às adjacências. Em Recife, todas as análises apontam para um processo mais pontual, cujos registros mais antigos datam da década de 90. Embora pontual, o processo tem se estendido para norte em decorrência da construção de um enrocamento, que tem sido aumentado ao longo dos anos. Finalmente, em Jaboatão dos Guararapes, o processo ocorre em diversos pontos e parece ter relação com as obras de contenção do processo erosivo. O estudo da evolução de médio-termo revelou que a linha de costa na RMR se comporta, para o período analisado, de maneira predominantemente estável, à exceção de alguns segmentos (Maria Farinha, Pau Amarelo, Enseadinha, Rio Doce III, Rio Doce I, Casa Caiada II, Carmo – extremidades - e Piedade Sul). Por outro lado, a aparente redução da pós-praia pôde ser confirmada pela análise combinada do deslocamento de linha de costa com o deslocamento da zona de interesse. Em curto-termo, a análise evidenciou que algumas praias são mais propensas à erosão, notavelmente as praias de Enseadinha, Pau Amarelo, Nossa Senhora do Ó (Paulista) e Candeias (Jaboatão dos Guararapes), estando parcialmente de acordo com os registros dos jornais. Embora os propósitos do estudo e a metodologia adotada não tenham permitido identificar as causas do processo erosivo, foi possível evidenciar uma componente antrópica importante para o desencadeamento e a intensificação da erosão na área. Tais evidências, no entanto, não esgotam o conhecimento acerca dos fatores que contribuem para a manutenção do processo, endossando a necessidade de estudos que envolvam a análise de séries de parâmetros meteoceanográficos no intuito de melhor explicá-lo e de identificar os fatores naturais envolvidos.
Papel da praia na proteção da costa e as alterações oceanográficas em diferentes escalas temporais
Os dados provenientes de perfis de praia e de análises de deslocamento da linha de costa se mostraram úteis na tentativa de compreender a evolução costeira da RMR. A melhor compreensão, entretanto, depende de estudos mais intensivos, com maior número de anos considerados, particularmente no que se refere às análises da ordem de anos/décadas. Os resultados do estudo apontam para a necessidade de se considerar a variabilidade espaço-temporal das praias da RMR antes de qualquer intervenção que venha a ser feita. Ademais, demonstram a importância de se desenvolver programas ou ações de manejo costeiro que preconizem a manutenção/restauração dos setores do sistema praial, uma das principais demandas ambientais atuais na região. Tais ações permitiriam às praias um aumento da resiliência e da capacidade de atuar como zona de amortecimento para a energia imposta por ondas e marés, tendo importantes reflexos na proteção da costa e permitindo que, ainda diante das variações de curto-termo experimentadas pelas praias, sua integridade fosse mantida em médio-termo.
Referências
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