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Guias e Dicas
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guia de estudos sobre tumores odontogênicos, Manuais, Projetos, Pesquisas de Patologia

resumo sobre alguns tumores e cistos que acometem a cavidade bucal

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 25/04/2024

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usuário desconhecido 🇧🇷

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Cistos e Tumores Odontogênicos
Fernanda Aparecida Stresser, Letícia Aparecida Cunico, Natália Schepanski, Juliana Lucena Schussel,
Melissa Rodrigues de Araujo
Os cistos e tumores odontogênicos compreendem uma série de patologias com variadas apresentações
clínico-patológico-radiográficas, originadas de remanescentes de tecido dentário. Os cistos odontogênicos
são cavidades revestidas por epitélio odontogênico e, de acordo com a origem são classificados como
inflamatórios ou de desenvolvimento. Os tumores odontogênicos são um grupo heterogêneo de lesões com
comportamento clínico e tipos histopatológicos diversos, variando desde lesões hamartomatosas até
malignidades. De acordo com a classificação da OMS em 2017, os tumores odontogênicos são classificados
em benignos, incluindo tumores epiteliais, mesenquimais/ ectomesenquimais e mistos, dependendo de qual
componente do germe dentário origem à neoplasia e, em tumores odontogênicos malignos. Desse
modo, este guia de estudos tem como objetivo abordar de uma maneira geral em relação aos cistos e
tumores odontogênicos, com ênfase nas características clínicas, radiográficas, histopatológicas e formas de
tratamento.
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Cistos e Tumores Odontogênicos Fernanda Aparecida Stresser, Letícia Aparecida Cunico, Natália Schepanski, Juliana Lucena Schussel, Melissa Rodrigues de Araujo Os cistos e tumores odontogênicos compreendem uma série de patologias com variadas apresentações clínico-patológico-radiográficas, originadas de remanescentes de tecido dentário. Os cistos odontogênicos são cavidades revestidas por epitélio odontogênico e, de acordo com a origem são classificados como inflamatórios ou de desenvolvimento. Os tumores odontogênicos são um grupo heterogêneo de lesões com comportamento clínico e tipos histopatológicos diversos, variando desde lesões hamartomatosas até malignidades. De acordo com a classificação da OMS em 2017, os tumores odontogênicos são classificados em benignos, incluindo tumores epiteliais, mesenquimais/ ectomesenquimais e mistos, dependendo de qual componente do germe dentário dá origem à neoplasia e, em tumores odontogênicos malignos. Desse modo, este guia de estudos tem como objetivo abordar de uma maneira geral em relação aos cistos e tumores odontogênicos, com ênfase nas características clínicas, radiográficas, histopatológicas e formas de tratamento.

GUIA DE ESTUDOS

LIGA ACADÊMICA DE ESTOMATOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Cistos e

Tumores

Odontogênico

s

Carcinoma Ameloblástico (CA) Representa o equivalente maligno do ameloblastoma. É um tumor odontogênico raro, com poucos relatos na literatura, que pode surgir de um ameloblastoma preexistente ou origem nova. Algumas hipóteses na literatura sugerem a origem relacionada ao estímulo inflamatório repetitivo devido ao tratamento de ameloblastomas recorrentes. Possui padrão histológico, clínico e radiográfico semelhante ao ameloblastoma, bem como um crescimento invasivo e agressivo (Figura 1A-D). Algumas características histológicas, como presença de ilhas ou lençóis de epitélio ameloblastomatoso e a ausência de áreas similares ao retículo estrelado do órgão do esmalte podem ajudar no diagnóstico (Figura 1C-D). Por ser uma condição extremamente rara, um protocolo de tratamento ainda não foi bem estabelecido, mas as intervenções mais comuns envolvem grandes ressecções cirúrgicas com margens de segurança^11. Figura 1 : Carcinoma Ameloblástico. A: aspecto clínico do carcinoma ameloblástico. Apresenta-se como uma lesão tumoral de base séssil, com inserção eritematosa, de superfície irregular e não delimitada e com áreas de ulceração. B: tomografia computadorizada que mostra lesão hipodensa com extensa ruptura da cortical óssea e invasão do seio maxilar. C: fragmentos de neoplasia maligna de origem epitelial odontogênica, mostrando atipia e pleomorfismo celular, hipercromatismo nuclear, focos de degeneração cística e necrose. D: áreas focais de desmoplasia. Fonte: Costa Neto et al, 2019. Carcinoma Intraósseo Primário (CEIP) Tumores Odontogênicos Malignos

É um carcinoma intra-ósseo de células escamosas, originado a partir de células epiteliais (restos epiteliais de Malassez e restos da lâmina dentária). O diagnóstico desta condição é difícil, principalmente quando há destruição da cortical óssea e o tumor passa a se assemelhar com o carcinoma espinocelular de tecido mole. Possui predileção pelo sexo masculino e ocorrem principalmente na mandíbula. Clinicamente, pode apresentar parestesia, dor e edema. Lesões extensas podem estar associadas à ulceração. Radiograficamente, podem atingir grandes extensões, com expansão e destruição da cortical óssea, podendo causar reabsorção radicular (Figura 2B). Apresentam margens irregulares e mal definidas. Na avaliação histopatológica, é possível observar proliferação de ilhas de epitélio escamoso atípicos (Figura 2C)^12. Figura 2: Carcinoma Intra-ósseo Primário. A: aspecto clínico de lesão inicial de carcinoma intra-ósseo primário. Observa-se que não há presença de fístulas ou ulcerações. B: radiografia panorâmica mostrando área radiolúcida em mandíbula à direita, multilocular e com margens irregulares. A lesão se estende da porção anterior do ramo mandibular direito até a região apical do dente 33. C: imagem microscópica em HE com aumento de 10x. É possível observar ilhas de células carcinomatosas com queratinização, atividade mitótica aumentada, células periféricas em paliçada, pleomorfismo acentuado e hipercromatismo nuclear. Fonte: Sabogal et al , 2009. Carcinoma Odontogênico Esclerosante (COE) É caracterizado por esclerose difusa do estroma permeado por múltiplos cordões finos e células epiteliais aglomeradas em pequenos ninhos (Figura 3E-F). É um tumor localmente agressivo e tende a infiltrar músculos e nervos, entretanto, nos relatos apresentados na literatura, não foram observados invasão linfonodal e metástases à distância. O tratamento é a ressecção cirúrgica com margens de segurança^14.

Figura 4: Carcinoma Odontogênico de Células Claras. A: imagem intraoral de paciente com COCC. Observa-se tumefação em região de pré-molares inferiores lado direito, com abaulamento por lingual e vestibular. B: radiografia panorâmica, evidenciando lesão radiolúcida de contorno irregular, bem delimitada, com áreas radiopacas, se estendendo do dente 41 ao 45. C e D: no exame histopatológico, observa-se múltiplas ilhas e cordões de células epiteliais exibindo periferia com células colunares e cúbicas, organizadas em paliçada, com polaridade inversa e citoplasma ora vacuolizado, ora eosinofílico, ora claro. Os núcleos das células tumorais variam de palidamente basofílicos a hipercromáticos, com nucléolos inconspícuos e o estroma densamente colagenizado. Não há presença de cápsula periférica visível, e há reabsorção de trabeculado ósseo periférico e invasão perivascular. Fonte: Ilanda,

Carcinoma Odontogênico de Células Fantasmas (COCF) É o equivalente maligno do tumor odontogênico cístico calcificante. É um tumor raro, de maior ocorrência em maxila e ligeira predileção por homens. Clinicamente, pode variar de um tumor de crescimento lento para um tumor agressivo, de crescimento rápido e invasivo (Figura 5 A). Causa aumento de volume associado à parestesia, e lesões extensas podem comprometer o seio maxilar, podendo atingir órbita e cavidade nasal (Figura 5 B). Na análise histopatológica, são encontrados dois tipos celulares: células pequenas e redondas do tipo basalóides, e células maiores com núcleo vesiculado e diferenciação escamosa. Em menor aumento, é possível verificar que o tumor é composto por vários grupos de células epiteliais de formas irregulares, além de ilhas de epitélio semelhante ao retículo estrelado, com células fantasmas. Em maior aumento, nota-se células epiteliais poligonais contendo núcleos moderadamente pleomórficos. Atipia e mitoses são frequentes^18. As células fantasmas podem ser encontradas solitárias ou em grupos em quantidade variada. (Figura 5 C-D). O tratamento consiste em remoção cirúrgica com margens de segurança. Radioterapia e quimioterapia podem ser empregadas como tratamento adjuvante, e o paciente deve ser acompanhado longitudinalmente^17.

Figura 5: Carcinoma Odontogênico de Células Fantasmas. A: aspecto clínico da lesão, demonstrando expansão vestibular com ulceração da mucosa sobrejacente. B: radiografia de Waters mostrando radioluscência no processo alveolar da maxila posterior direita e processo zigomático-orbital e radiopacidade do seio maxilar com margens indistintas. C: fotomicroscopia de COCF. Observa-se células epiteliais com núcleos vesiculares rodeados por camadas de células fantasmas. Em D, presença de microcisto. Coloração HE. Fonte: Sun et al, 2007. Carcinossarcoma Odontogênico É um dos tumores odontogênicos malignos mais raros, com pouquíssimos casos na literatura. É mais comum na mandíbula, e não há predileção por gênero^2. Trata-se de um tumor verdadeiro misto com atipias nos componentes epitelial e mesenquimal (Figura 6 B). Clinicamente, possui comportamento agressivo e pode surgir de lesões preexistentes, como ameloblastomas (Figura 6 A). O tratamento mais indicado é a ressecção cirúrgica, acompanhado de radioterapia e quimioterapia devido à alta taxa de metástase^19.

Figura 7: Fibrossarcoma Ameloblástico. A: aspecto clínico, mostrando lesão exofítica e ulcerada em maxila à esquerda, na região dos dentes 23 ao 27, com áreas de necrose e formação de pseudomembrana. B e C: imagens histopatológicas, mostrando alta celularidade com leve pleomorfismo celular. Em C é possível observar numerosas células malignas. Coloração HE, aumento de 200 e 400x, respectivamente. Fonte: Amorim et al , 2016. Figura 8: Fibrodentinossarcoma Ameloblástico. A: imagem panorâmica evidenciando área radiolúcida multilocular pouco definida em mandíbula à esquerda, associada ao dente 36 impactado. É possível observar várias áreas radiopacas. B e C: cortes microscópicos. O componente epitelial odontogênico consiste em numerosos cordões e ilhotas delimitadas por células colunares e cubóides ameloblastoides com inversão da polaridade nuclear. As células neoplásicas localizadas no centro dessa estrutura possuem aspecto frouxo, o que lembra o retículo estrelado do órgão do esmalte. No mesênquima, observa-se tecido conjuntivo primitivo com pleomorfismo significativo, hipercromatismo nuclear e mitoses dispersas. É possível identificar áreas de formação de material dentinóide. Coloração HE, aumento 200x. Fonte: Silva et al, 2016. Tumores Odontogênicos Benignos

Epiteliais Ameloblastoma sólido Os ameloblastomas são descritos como possuindo as três seguintes apresentações clínico-radiográficas: ameloblastoma sólido, unicístico ou periférico/extraósseo2, 19, 21.. O ameloblastoma sólido é o segundo tumor odontogênico benigno mais frequente17,18, sendo o odontoma o tumor odontogênico mais comum. Anteriormente à nova classificação da OMS para cistos e tumores odontogênicos, era conhecido como ameloblastoma sólido ou multicístico^2 , e é considerado a forma mais comum de ameloblastoma^19. É potencialmente agressivo, localmente invasivo, de crescimento lento e geralmente assintomático17,21. Pode se originar de remanescentes da lâmina dentária, do revestimento epitelial de um cisto odontogênico ou das células basais da mucosa. É observado predominantemente entre a terceira e sexta décadas de vida, com predileção para o sexo masculino. A área posterior mandíbula é o local mais comumente afetado^21. Causa aumento de volume de crescimento ou expansão lenta e indolor17,19^ (Figura 9 A). O exame radiográfico indica área radiolúcida multilocular, com aparência de “favo de mel” ou “bolha de sabão”, com margens irregulares, expansão das corticais, reabsorção das raízes de dentes adjacentes envolvidos ao tumor, podendo um dente não irrompido estar associado19,21^ (Figura 9 B-C). O exame anatomopatológico é obrigatório para a confirmação do diagnóstico. Muitos subtipos microscópicos foram identificados. O tipo folicular é o mais comum^19 e caracteriza-se por ilhas de epitélio odontogênico rodeadas por uma camada de células colunares altas, hipercromáticas, núcleo oposto à membrana basal, com a região central apresentando células angulares arranjadas frouxamente, em meio ao tecido conjuntivo fibroso, lembrando o retículo estrelado e o epitélio do órgão do esmalte (Figura 9 D-E). O tratamento é a ressecção cirúrgica com margem19,21. Estudos recentes indicam que outra forma de tratamento que visa a regressão da lesão é a quimioterapia, que tem como alvo a mutação da proteína BRAF V600E, detectada em grande parte dos casos de ameloblastoma^22. Têm tendência a recidivar, portanto, é essencial um acompanhamento pós- cirúrgico cuidadoso.

Figura 10: Ameloblastoma Unicístico. A: Ameloblastoma unicístico. Imagem radiolúcida associada à coroa de 3° molar inferior em desenvolvimento. B, C e D: Fotomicrografia de Ameloblastoma unicístico. Em B ameloblastoma unicístico luminal, em C tipo intraluminal plexiforme e, em D tipo mural. Fonte: Neville, 2016. Ameloblastoma Extraósseo/Periférico É uma variante de Ameloblastoma incomum, acometendo com maior prevalência o sexo masculino, com idade média de 52 anos18,19. Deriva dos restos da lâmina dentária sob a mucosa oral ou das células basais do epitélio de superfície. Afeta a gengiva ou mucosa alveolar em áreas edêntulas, com maior acometimento da mandíbula. Apresenta-se como um inchaço gengival indolor, de crescimento lento, firme, séssil ou pediculada, com superfície lisa, rugosa ou papilar, que pode produzir uma depressão rasa no osso subjacente18,19,21^ (Figura 1 1 A). Clinicamente pode ser semelhante ao fibroma odontogênico periférico ou granuloma piogênico ou até carcinoma de células basais. Histopatologicamente, é semelhante a variante intraóssea, apresentando ilhas de epitélio ameloblástico que ocupam a lâmina própria sob o epitélio superficial, com padrão plexiforme ou folicular^19 (Figura 1 1 B). O tratamento é baseado na excisão cirúrgica local e curetagem do osso na base. O acompanhamento deve ser sempre instituído. Figura 11: Ameloblastoma Extraósseo/Periférico. A: aspecto clínico da lesão, com aumento de volume séssil na região de gengiva. B: fotomicrografia exibindo cordões do epitélio ameloblástico que se interconectam ocupando a lâmina própria. Fonte: Neville, 2016. Tumor Odontogênico Escamoso Raro, maioria intraósseo, surgindo em consequência da transformação de restos da lâmina dentária ou restos epiteliais de Malassez^24. Pode estar associado à superfície radicular lateral de um dente erupcionado. Encontrado na faixa etária entre 8 e 74 anos de idade, sem predileção por sítio ósseo específico e gênero. A queixa frequente é aumento de volume indolor ou levemente sintomático na gengiva ou processo alveolar, associado à mobilidade do dente envolvido e leve desconforto à percussão^19. É localmente infiltrativo e pode se estender para estruturas vizinhas. Radiograficamente, consiste em imagem radiolúcida triangular entre ou ao longo da raiz do dente adjacente, mal definida ou com margem corticalizada (Figura

12 A). Microscopicamente, apresenta-se como ilhas de epitélio pavimentoso em um estroma de tecido conjuntivo fibroso maduro, com frequente vacuolização e queratinização individual das células nas ilhas, com microcistos podendo ser observados^19 (Figura 12 B). O tratamento indicado é a incisão local conservadora e curetagem, com poucos casos de recidiva relatados. Por outro lado, lesões mais extensas infiltrando estruturas vizinhas requerem intervenções mais radicais. Figura 12: Tumor Odontogênico Escamoso. A: aspecto radiográfico do tumor, exibindo imagem radiolúcida que se estende ao longo das raízes do incisivo lateral e pré-molares superiores. B: fotomicrografia indicando ilhas de epitélio pavimentoso em um estroma fibroso. Fonte: Neville, 2016. Tumor Odontogênico Epitelial Calcificante (Tumor de Pindborg) Incomum, mais encontrado entre os 30 e 50 anos de idade, sem predileção por gênero, na região posterior de mandíbula8,19. Ocorre aumento de volume indolor de crescimento lento, localmente invasivo. Radiograficamente, exibe imagem radiolúcida uni ou multilocular, com margens festonadas, associado a dente impactado, com estruturas radiopacas calcificadas8,19^ (Figura 1 3 A). Microscopicamente (Figura 1 3 B), apresenta ilhas ou cordões de células epiteliais poliédricas com pontes intercelulares arranjadas em camadas ou cordões em estroma fibroso, com material extracelular amorfo, eosinófilo, hialinizado^19. As calcificações desenvolvem-se dentro do material amilóide, formando anéis concêntricos (calcificações do tipo anéis de Liesegang). O tratamento é a ressecção local conservadora, de forma a incluir uma fina faixa de osso circunjacente. Figura 13: Tumor Odontogênico Epitelial Calcificante. A: exame radiográfico indicando calcificação ao redor da coroa de um 2° molar impactado que está envolvendo o tumor. B: exame histopatológico indicando múltiplas calcificações concêntricas do tipo anel de Liesegang. Fonte: Neville, 2016. Tumor Odontogênico Adenomatóide Raro, afeta preferencialmente indivíduos entre 10 e 30 anos de idade, do sexo feminino, na região anterior da maxila com envolvimento frequente do canino permanente17,23. Pode derivar do epitélio do órgão do esmalte, do epitélio reduzido do esmalte, restos de Malassez e remanescentes da lâmina dentária associados a cordões gubernaculares^19. Caracteriza-se por pequenos aumentos de volume sésseis,

Figura 15: Fibroma Ameloblástico. A: no exame físico, geralmente não é encontrada nenhuma alteração digna de nota. B: na radiografia panorâmica, é possível notar lesão radiolúcida, circunscrita, com halo radiopaco e mal definido em região de ângulo de mandíbula à esquerda. Fonte: Bertoni et al , 2012. Tumor Odontogênico Primordial Descrito pela primeira vez em 2014^28. Ocorre com mais frequência em crianças, com predileção pela mandíbula, associado a coroa de dentes não irrompidos. É assintomático, mas pode causar expansão das corticais ósseas. Radiograficamente, apresenta-se como uma lesão radiolúcida pericoronal bem circunscrita (Figura 1 6 A). Histologicamente é possível observar tecido conjuntivo fibroso imaturo circundado por epitélio cúbico a colunar, semelhante ao epitélio reduzido do órgão do esmalte (Figura 1 6 B-C). Devido às características do epitélio, que é semelhante ao estágio imaturo do epitélio interno do órgão do esmalte, e também a ausência de efeitos indutivos sobre o mesênquima, foi considerado que o tumor imita os estágios primordiais de desenvolvimento do dente, mas sem a capacidade de desenvolvimento normal, dando origem ao nome. O tratamento conservador (enucleação do tumor e remoção do dente incluso associado) mostrou ser efetivo e sem recidivas^28. Figura 16: Tumor Odontogênico Primordial. A: radiografia panorâmica. B e C: aspecto histopatológico da lesão. Células epiteliais colunares periféricas circundantes à lesão (a cápsula encontra-se acima, e a lesão principal abaixo do epitélio). É possível notar tecido fibroso frouxo de aparência mixóide com fibroblastos fusiformes e estrelados, formando a área central do tumor. Coloração HE. Fonte: Mosqueda-Taylor et al , 2014. Odontoma Composto e Complexo São os tumores odontogênicos mais frequentes, de crescimento lento e indolores^17. São considerados hamartomas, ou malformações semelhantes a tumor^18. Ocorrem entre a primeira e terceira década de vida, tem leve predileção pelo sexo feminino e geralmente são diagnosticados durante o exame radiográfico de rotina^19. O tipo complexo aparece como massa radiopaca com densidade variada e periferia de zona radiolúcida, localizado na região posterior da mandíbula17,19^ (Figura 1 7 B). Odontomas compostos aparecem como uma coleção de estruturas semelhantes a dentes rodeadas por uma zona radiolúcida, localizados na

região anterior da maxila17,19^ (Figura 1 7 A). Microscopicamente odontomas são observados como múltiplas estruturas mineralizadas que se assemelham a pequenos dentes unirradiculares^19 (Figura 1 7 C). Na maioria dos casos, os odontomas podem ser diagnosticados apenas com base na aparência radiográfica. São tratados com excisão cirúrgica conservadora, mas procedimentos cirúrgicos mais extensos podem ser necessários para lesões maiores^19. O prognóstico da condição geralmente é excelente, com mínima ou nenhuma recorrência. Figura 17: Odontoma Composto e Odontoma Complexo. A: odontoma composto. Múltiplos dentículos impedindo a erupção de canino inferior. B: odontoma complexo. Exame radiográfico indicando massa radiopaca sobreposta a coroa do 2° molar inferior direito. C: corte histológico descalcificado mostrando uma massa desorganizada de dentina com grupamentos de matriz de esmalte. Fonte: Neville, 2016. Tumor Dentinogênico de Células Fantasmas Trata-se da variante sólida do cisto odontogênico calcificante. É uma neoplasia localmente invasiva, com leve predileção por homens, caracterizada histologicamente por proliferação epitelial odontogênica semelhante ao ameloblastoma, queratinização na forma de células fantasmas e dentina displásica (Figura 18 C). Clinicamente, apresenta-se como um abaulamento indolor. Em exames radiográficos, é caracterizado como uma lesão uni ou multilocular bem definida, com áreas radiolúcidas e radiopacas, podendo causar rizólise (Figura 1 8 A). Duas variantes são conhecidas: os tumores centrais são agressivos, e os periféricos não agressivos. Alguns autores defendem que, como o tumor é semelhante ao ameloblastoma, deve ser tratado da mesma forma. Tumores dentinogênicos de células fantasmas que são tratados apenas com enucleação e curetagem tendem a recidivar, ao contrário daqueles tratados com ressecção cirúrgica, com ou sem margem de segurança^29.

Mixoma Odontogênico/Mixofibroma São tumores benignos originados do ectomesênquima odontogênico, exibem uma grande semelhança microscópica com a porção mesenquimal de um dente em desenvolvimento, mimetiza microscopicamente a polpa ou o folículo dentário. Embora seja uma neoplasia benigna, é agressiva e pode recidivar devido à ausência de cápsula e da consistência frouxa. As características clínicas podem incluir dor, disestesia, ulceração, invasão de tecidos moles e mobilidade dentária (Figura 20 A). Radiograficamente a lesão é radiolúcida, podendo ser uni ou multilocular, sendo este último um padrão que pode confundir o diagnóstico com o ameloblastoma devido às pequenas loculações em padrão “favos de mel” ou “bolhas de sabão”^31. Pode apresentar-se como uma lesão bem delimitada ou difusa (Figura 20 B). Microscopicamente, é composto de tecido conjuntivo frouxamente arranjado e organizado com pouco colágeno e fibroblastos fusiformes estrelados neoplásicos^3 (Figura 20 C-D). O tratamento de escolha é a cirurgia radical, incluindo margens de segurança de 1,5 a 2cm. Figura 20: Mixoma Odontogênico. A: imagem intraoral de paciente com mixoma, mostrando tumefação no rebordo alveolar com deslocamento e mobilidade dentária. B: radiografia panorâmica, evidenciando o aspecto da lesão com rarefação óssea unilocular. C e D: fotomicroscopia mostra células mesenquimais de formato estrelado neoplásico em um estroma abundante, frouxo e mixóide, com algumas fibrilas colágenas. Fonte: Brites, 2012; Patologia bucal - Estomatologia UFRGS. Cementoblastoma Ocorre em adultos jovens, podendo apresentar sintomatologia e tumefação consistente na região afetada. Geralmente, localiza-se em mandíbula na região das raízes de molares e pré-molares, onde há expansão das corticais ósseas. Caracterizado pela formação exagerada de cemento depositada diretamente em uma raiz dentária. Acredita-se que essa lesão é a única neoplasia verdadeira do cemento. Radiograficamente, uma área radiopaca bem delimitada e circunscrita por um halo radiolúcido, na maioria das vezes não sendo observados os limites entre a lesão e a porção apical do dente, onde ocorre uma fusão^32 (Figura 2 1 A-B). Microscopicamente mostra formação de tecido mineralizado fusionado ao dente, matriz menos mineralizada na periferia, estroma de tecido conjuntivo fibroso celularizado. O centro da lesão possui matriz mais mineralizada, com lacunas onde estão localizados os cementoblastos^3 (Figura 2 1 C-D). O melhor tratamento consiste na enucleação da lesão juntamente com o dente afetado e curetagem periférica do osso circunjacente.

Figura 21: Cementoblastoma. A e B: imagem intraoral de paciente com cementoblastoma e detalhe aproximado de imagem da radiografia panorâmica mostrando uma área radiopaca bem delimitada e circunscrita por um halo radiolúcido, não sendo observados os limites entre a lesão e a porção apical do dente, sugestivo de fusão entre eles. C e D: avaliação microscópica mostra lençóis e trabéculas de material mineralizado com lacunas posicionadas de forma irregular e linhas reversas basofílicas proeminentes. Na periferia da lesão encontramos matriz menos calcificada e no centro da lesão matriz mais calcificada. Fonte: Rodrigues et al, 2016; Patologia bucal - Estomatologia UFRGS. Cistos Odontogênicos de Desenvolvimento Cisto Dentígero