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Imunologia Básica, Notas de estudo de Biomedicina

Imunologia Básica

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 22/01/2010

camila-sena-12
camila-sena-12 🇧🇷

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IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA AS ANÁLISES CLÍNICAS Prof. Sérgio Lisboa Machado Prof. Raimundo Diogo Machado IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA AS ANÁLISES CLÍNICAS Prof. Sérgio Lisboa Machado Prof. Assistente do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro Prof. Raimundo Diogo Machado Prof. Titular Aposentado do Departamento de Virologia do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro SUMÁRIO Defesas inatas do organismo Tipos de imunidade Mecanismos da imunidade Respostas imunes adaptativas Resposta imune humoral Via clássica do complemento As imunoglobulinas Anticorpos monoclonais Síntese das imunoglobulinas Reações mediadas por células Regulação da resposta imune O fenômeno da tolerância Reações de hipersensibilidade Hipersensibilidade tipo I Hipersensibilidade tipo II Teste de Coombs Pesquisa de anticorpos irregulares Hipersensibilidade tipo II Conglutinação e imunoconglutinação Imunoconglutininas Hipersensibilidade tipo IV Hipersensibilidade de contato Reação tuberculínica Hipersensibilidade granulomatosa Doenças autoimunes ND ND o Q 14 18 21 22 26 31 34 37 38 41 47 49 50 56 57 58 58 60 61 64 HI Lupus eritematoso sistêmico (LES) Artrite reumatóide Tiroidite de Hashimoto Doença de Graves” Diabetes insulino dependente Esclerose múltipla Miastia gravis Síndrome de Goodpasture Reações imunológicas a vírus Imunidade a bactérias Imunidade a fungos Resposta imune a parasitos Princípio dos imunoensaios Detecção indireta de imunocomplexos Controle de qualidade nos imunoensaios Validação de um ensaio Outras medidas para garantir qualidade Interferências nos imunoensaios Reações cruzadas e analitos heterogêneos Reduzindo as reações cruzadas Anticorpos heterófilos e anticorpos para animais Reconhecendo e reduzindo a interferência dos anticorpos endógenos Interferências devido a antígenos que mascaram a reação Interferências com o mecanismo indicador Efeitos matriz 66 70 n 72 73 74 75 75 76 79 83 84 93 99 101 102 106 108 no mm 113 116 118 118 119 IV DEFESAS INATAS DO ORGANISMO Chamamos de defesa inata aquela que nasce com o indivíduo, é ela que age como primeira barreira para tentar evitar que um agente infeccioso, por exemplo, ao entrar no organismo consiga se replicar e propagar. No entanto nem sempre a resposta inata é suficiente para fazer este bloqueio e aí, quem toma parte neste processo é o sistema imune adaptativo que leva algum tempo até que atinja sua eficiência máxima e consiga evitar a propagação do agente infeccioso. Além disso o sistema de resposta imune adaptativo tem importante papel na reinfecção pelo mesmo agente, pois aí sua resposta é mais rápida no combate ao mesmo, isto se deve a chamada “memória” do sistema imune. No sistema de resposta inato, temos a participação por exemplo, de fatores solúveis como lisozima e o sistema complemento (principalmente a via alternada deste), e da participação de células fagocitárias. Já no sistema adaptativo temos principalmente a ação de mecanismos dependentes de linfócitos B que darão início a produção de anticorpos e a coordenação da atividade e supressão ligada principalmente aos linfócitos B. São os linfócitos os responsáveis pela memória do sistema imune, uma vez ativados eles conseguem estabelecer uma resposta específica e rápida quando ocorre uma reinfecção. A fim de compreender melhor a imunologia devemos ter noção de alguns conceitos básicos que determinam se um indivíduo possa se infectar ou não: e REFRATARIEDADE - É um fenômeno inato, inespecífico e invariável que impede que uma pessoa se infecte por determinados microrganismos. Nestes casos, mesmo que variem as condições intrínsecas e extrínsecas do indivíduo, este não adquire determinadas infecções. Como exemplo existem microrganismos que infectam os animais e jamais infectam o homem. O vírus da Bouba aviária, o vírus da peste suína clássica, o vírus da peste suína africana que são virulentos para a galinha e o porco respectivamente, jamais infectam o homem. As células humanas não possuem receptores para estes vírus. Do mesmo modo, certas doenças infecciosas humanas, não são reproduzidas em certos animais. Os vírus do sarampo, da caxumba e da rubéola não infectam as aves, o cão o gato e outros animais. e RESISTÊNCIA - É um fenômeno inato, inespecífico e variável, e a variação vai depender das condições intrínsecas e extrínsecas de cada indivíduo e também da biologia do agente infeccioso. Como exemplo, tem-se o Mycobacterium tuberculosis, que na maioria das vezes infecta o homem, sem lhe causar danos e este, pelas suas defesas fique em estado latente, permanentemente, ou por um longo período. Se houver problemas imunológicos por um conjunto de variáveis como infecções em que haja destruição da defesa celular, administração de certos medicamentos, como corticosteroídes, desnutrição, o Mycobacterium em fase latente pode reativar causando a tuberculose doença. Um exemplo de doença destruindo a resistência é a SIDA. O HIV, além de destruir o principal linfócito, o T4, produz uma série de outros distúrbios causados por outros microrganismos tidos como normais. e IMUNIDADE - É um fenômeno nato, específico e não raro sofre variação, principalmente quando há um desequilíbrio da imunidade celular. A infecção pelo HIV é um exemplo clássico dessa alteração. A imunidade é realizada pelo sistema imune adaptativo, ou seja é realizado por células específicas para este fim. e IMUNIDADE INATA - Muitos mecanismos eficazes podem proteger o indivíduo de infecções por microrganismos altamente patogênicos, independente de qualquer contato prévio com os agentes etiológicos. Estes mecanismos tão eficientes impedem a ação de diferentes microrganismos. Toda defesa parece ser controlada geneticamente e há uma diferença de espécie para espécie e mesmo intra espécie, com variações menores para um mesmo indivíduo. Para um mesmo agente etiológico há variações na sensibilidade de diferentes indivíduos. A galinha é altamente susceptível ao vírus da bouba, entretanto, qualquer mamífero é totalmente resistente, e mesmo as aves de espécies diferentes são também resistentes. Outro exemplo é a resistência dos felinos e caninos ao vírus Influenza A, entretanto este infecciona e produz doença com facilidade em aves, suínos e equinos. Determinantes ambientais podem fazer aparecer desde o início da vida uma imunidade adquirida que induz um mecanismo de resistência a certas infecções. Com relação a esta resistência temos, por exemplo a grande sensibilidade da população indígena às várias doenças do homem civilizado. Aquela população é muito mais sensível ao sarampo, à gripe, à tuberculose do que o homem civilizado. A imunidade inata é correlacionada a um grande número de determinantes. Estes podem ser específicos do hospedeiro, tais como: espécies e raças, fatores genéticos individuais, idade, variação hormonal, nutrição. Também, é importante a participação de determinantes físicos como: pele, mucosas, superfícies úmidas como é o caso dos olhos, sítios anatômicos que retêm a poeira e os microrganismos, etc. Aliado a estes determinantes, temos substâncias químicas como secreções diversas com atividade antimicrobiana, e as enzimas e os polipeptídeos básicos que são substâncias com atividade bactericida ou bacteriostática. A própria fagocitose com sua clássica digestão, é um fenômeno inespecífico. A imunidade está diretamente relacionada às raças, às espécies e às famílias. Como exemplo citamos a hereditariedade, que está relacionada à resistência de determinadas famílias cujos membros são muito sensíveis à tuberculose, contrastando com o que normalmente acontece com a população humana em geral. Também temos a idade como fator de alteração na resposta inata, geralmente as crianças recém-nascidas são sensíveis a uma variedade de agentes infecciosos e tal sensibilidade está ligada à deficiência imunitária, por incapacidade do sistema linfóide reagir aos antígenos estranhos. Na velhice, os determinantes também desempenham anormalidades de resistência, ficando as pessoas mais sensíveis aos agentes estranhos diversos. os macrófagos são células de vida longa e que dependem da mitocôndria para retirarem sua energia, apresentam ainda um retículo endoplasmático extremamente rugoso devido a grande quantidade de proteínas secretórias que esta célula produz e libera. Os polimorfonucleares são as células encontradas em maior quantidade dentre os leucócitos, assim como os macrófagos, se originam de uma mesma célula totipotente na medula óssea. Estas células não possuem mitocôndria, mas faz uso de seu glicogênio citoplasmático (que é abundante) estocado justamente para servir de fonte de energia. A glicólise que estas células realizam permite que elas trabalhem em condições de anaerobiose, como as que ocorrem num processo inflamatório. Outra característica dos polimorfonucleares, é que são células que não se dividem e possuem um tempo de vida curto (algo entre 24 e 72 horas), apresentam um núcleo segmentado, seu citoplasma se caracteriza pela presença de grânulos azurófilos, que contém mieloperoxidase, lisozima e proteínas catiônicas, grânulos secundários específicos que contém lactoferrina e lisozima associadas e grânulos terciários, que contém as hidrolases ácidas. De modo geral, podemos dizer que os polimorfonucleares são a defesa contra as bactérias piogênicas enquanto que os macrófagos atuam melhor contra microrganismos intracelulares. O processo de fagocitose pelas células fagocitárias envolve primeiro a adesão do microrganismo a superfície celular destas células. Esta adesão envolve o reconhecimento de carbohidratos do microrganismo e, uma vez aderido e identificado como estranho, o microrganismo é iniciada a ingestão, ativando o sistema de contração de actina e miosina o qual faz com que o citoplasma celular vá envolvolvendo a partícula estranha até que esta fique dentro de um vacúolo (fagossomo). A etapa seguinte nesse processo é a liberação de substâncias que tentarão destruir esta partícula ingerida. Nessa etapa há um grande consumo de oxigênio pela célula resultando no aumento do desvio da atividade da hexose monofosfato. Isto gera NADPH e reduz o oxigênio molecular através da sistema da membrana citoplasmática de citocromos dando origem a uma serie de agentes microbicidas poderosos, chamados de anion superóxido, peróxido de hidrogênio, e radicais hidroxila. O peróxido formado, em associação com a mieloperoxidase da origem a um potente sistema de halogenação que é capaz de destruir tanto bactérias como vírus. Assim que o anion superóxido é formado, a enzima superóxido desmutase atua de forma a converter o superóxido em oxigênio molecular e peróxido de hidrogênio, consumindo durante este processo ions hidrogênio. Deste modo há inicialmente um aumento do pH, facilitando a ação anti bacteriana das proteínas catiônicas oriundas dos grânulos dos fagócitos. Estas moléculas são capazes de lesar a membrana microbiana devido a ação da catepsina G e pela aderência direta a membrana microbiana. Outros fatores oriundos dos grânulos são a lactoferrina e intermediários nitrogenados como o óxido nítrico, através de sua capacidade de se complexar ao ferro, privando a bactéria de um elemento essencial ao seu crescimento, e a lisozima que destroí a proteinaglicana da parede celular bacteriana. Deste modo o pH vai caindo de modo que os microrganismos que estão mortos ou morrendo vão sendo degradados pelas enzimas hidrolíticas. Assim que o processo termina os produtos resultante desta degradação são liberados para o exterior da célula. Como a fagocitose depende da adesão celular a membrana do fagócito, está claro que deve haver um mecanismo que permita mobilizar um maior número de células para o local de entrada do agente estranho. No caso das bactérias estas produzem substâncias como a formil metionina a qual atrai os leucócitos, no entanto este é um sinal ainda fraco, e existe um complexo mais eficiente realizado por nosso próprio organismo que é a ativação da cascata do complemento (principalmente a via alternativa). O complemento tem a propriedade de disparar o estímulo necessário a ativação de uma cascata que termina por destruir o organismo estranho e atrair células fagocitárias para o local onde o microrganismo está. O principal elemento da cascata do complemento é o C3, e a sua clivagem dá inicio a via alternativa do complemento. O C3 entra em ativação expontânea em pequenas concentrações gerando uma nova molécula a C3b, a qual é capaz de se complexar com o fator B e interage com o fator D presente no plasma dando origem a enzima C3bBb (C3 convertase), esta por sua vez dá um feedback positivo aumentando a amplificação da resposta ao produzir novas moléculas de C3b. No entanto todo este processo é regulado por mecanismos que bloqueiam a ação da C3 convertase, a quebrando em novas moléculas menores e sem ação sobre a C3. Na presença de certas moléculas como carbohidratos presentes na superfície de bactérias o C3b gerado pela C3 convertase, pode aderir e se tornar estável à uma nova quebra, não perdendo assim sua ação. É nessa situação que ela atua ativando a via alternativa do complemento. Nesta ativação uma grande quantidade de C3b, e logo se adere a membrana do microrganismo de forma covalente, isto termina por conferir a propriedade opsonizante desta fração do complemento. Esta opsonização faz com que as células fagocitárias reconheçam o organismo estranho com maior facilidade e assim o fagocitem com maior rapidez. O C3b junto com a C3 convertase consegue atuar sobre o fator C5 do complemento o quebrando em C5a e C5b. O C5a junto com C3a atuam sobre os mastócitos os fazendo degranular, consegiientemente há a liberação de fatores quimiotáticos e de mediadores da permeabilidade vascular. Estes mediadores da permeabilidade vascular aumentam a permeabilidade através da modificação das forças intercelulares entre as células endoteliais da parede dos vasos. Isto não só permite a exudação do plasma como permite que elementos constituintes deste como o complemento chegue ao sítio da infecção. Estes mediadores também promovem a ativação de moléculas como a ICAM-1 (molécula 1 intracelular de adesão) e ELAM-1 (molécula 1 endotelial de adesão leucocitária) as quais se ligam moléculas específicas dos polimorfonucleares e permitem que estas passem entre as paredes dos capilares. Por outro lado os fatores quimiotáticos, atraem os leucócitos polimorfonucleares marginais de sua localização intravascular, através da parede dos vasos e eventualmente os conduzem até os microrganismos opsonizados. Os polimorfonucleares possuem um receptor específico para C3b em sua membrana e por isso aderem rapidamente e firmemente ao microrganismo opsonizado. TIPOS DE IMUNIDADE Sempre que ultrapassadas as barreiras inespecíficas pelos agentes infecciosos, estes vão induzir novos mecanismos de defesa, na maioria das vezes muito mais eficientes do que as diferentes modalidades que vimos anteriormente. Este conjunto denomina-se estado de imunidade. A imunidade pode ser ativa e passiva, subdividindo-se cada uma destas modalidades em natural e artificial. IMUNIDADE ATIVA: É aquela em que o indivíduo recebe o antígeno e o organismo tem que trabalhar para formar a sua defesa, isto é, a imunidade humoral mediada por anticorpos e a celular mediada por células. IMUNIDADE ATIVA NATURAL: É aquela adquirida pela infecção natural. Ex.: sarampo, caxumba, mononucleose. IMUNIDADE ATIVA ARTIFICIAL: É aquela induzida pela vacina, a qual pode ser constituída por microrganismos atenuados como a vacina da tuberculose, anti-pólio, anti-sarampo e anti-febre amarela; vacinas inativadas como a vacina anti-rábica, anti-coqueluxe, anti-salmonelose; e vacinas constituídas por toxoídes ou frações de microrganismos como a para difteria e tétano (toxóides), adenovirose, (hexon isolado do Adenovírus). Atualmente, há outra modalidade de vacinas que são proteínas clonadas muito específicas. Como este exemplo, temos a vacina contra a Hepatite B, produzida numa levedura pelo processo do DNA recombinante. IMUNIDADE PASSIVA: É aquela resultante dos anticorpos pré-formados. Neste caso a imunidade é por pouco tempo. IMUNIDADE PASSIVA NATURAL: É obtida através de anticorpos da mãe (IgG) que atravessam a placenta para o feto ou através do colostro, nos primeiros dias de amamentação. IMUNIDADE PASSIVA ARTIFICIAL: É adquirida pela inoculação de anticorpos pré-formados em outro animal. Como exemplo, temos a soroterapia contra raiva, anti-ofídica, anti-tetânica e anti- diftérica. Estes antissoros são obtidos em cavalos e após purificação são usados para imunização. É um processo efémero de proteção, durando de um a 4 meses, no máximo. IMUNIDADE ADOTIVA: É uma imunidade especial adquirida pela transferência de células (suspensão de linfonodos, baço, medula óssea), provenientes de doadores imunizados que são aceitos como histocompatíveis. MECANISMOS DA IMUNIDADE Os mecanismos da defesa orgânica contra as infecções podem ser discriminados da seguinte forma: a) Imunidade humoral (anticorpos) a.1) Antitóxica a.2) Antimicrobiana b) Imunidade celular IMUNIDADE ANTITÓXICA: Este tipo de imunidade é típico das toxi-infecções tais como tétano e difteria, nos quais os microrganismos causadores atuam por seu poder toxigênico afetando as células do organismo hospedeiro. IMUNIDADE ANTIMICROBIANA: A imunidade humoral antimicrobiana é bem exemplificada pela defesa específica que se estabelece no decurso da pneumonia lobar pelo Streptococcus pneumoniae e na meningite causada pela Neisseria meningitidis. Quaisquer destes germes transpondo as barreiras defensivas do trato respiratório, invadem os alvéolos de determinado segmento brônquico onde se implantam e se multiplicam. Daí por diante segue uma sequência de eventos semelhantes aos que se desenvolvem no processo inflamatório, em que os capilares se distendem e o plasma filtra através de suas paredes, derramando para o interior dos alvéolos pulmonares. Fagócitos, inicialmente, polimorfonucleares e depois macrófagos afluem em grande quantidade formando um exudato espesso tornando maciço o conteúdo alveolar, impossibilitando a respiração. IMUNIDADE CELULAR: O agente etiológico de infecções pode multiplicar-se dentro dos macrófagos. Nestas condições o anticorpo não pode atingi-lo, estabelecendo a imunidade através de linfócitos efetuadores, que determinam uma “ativação” dos macrófagos, causando uma destruição do agente infeccioso intracelular. Em infecções como a tuberculose, a lepra, a brucelose e as viroses, em geral é estabelecido um quadro de equilíbrio entre o hospedeiro e o agente infeccioso, persistindo este no organismo em focos de infecção latente ou crônica. Bem diferente da imunidade humoral, a imunidade celular não pode ser transferida, passivamente, com soro imune, mas sim com células linfóides (imunidade adotiva) de animal sobrevivente à infecção com microrganismo virulento ou vacinado com agente atenuado. Exemplo típico encontramos na vacina BCG ou nas vacinas virais atenuadas, como a da febre amarela, da poliomielite, etc. A grande importância da imunidade celular é evidenciada nas viroses, nas quais o vírus que é um agente intracelular, é destruído onde o anticorpo não é capaz de penetrar. Este fato mostra que os anticorpos sistêmicos ou locais não tem papel relevante nas infecções virais. Estes anticorpos são incapazes de impedir a propagação do vírus por contiguidade celular. Estes anticorpos tem a função mais de neutralizar os vírus, impedindo sua disseminação hematogênica, como é o caso do vírus da pólio. A apresentação de antígenos A fim de tornar simples o modo geral de apresentação de antígenos ao sistema imune, podemos dizer que existem dois grupos celulares, um expressando o Antígeno de Histocompatibilidade (MHC) de Classe I, que está presente em todas as células do organismo, e outro grupo apresentando o MHC de Classe II, que é encontrado nas células apresentadoras de antígeno. Podemos dizer que as células com o MHC de classe I são responsáveis pela apresentação de antígenos endógenos, como vírus e alguns marcadores tumorais produzidos dentro da célula afetada, e que as células com o MHC de classe TI fazem a apresentação de antígenos exógenos como bactérias e toxinas. As células expressando o MHC de classe I, em geral fazem o processamento da seguinte forma: primeiro elas pegam as proteínas produzidas por elas no citossol ou endógenamente, as quebram em peptídeos (8 a 12 aminoácidos) pelos spliceossomas e então são enviadas ao Retículo Endoplasmático (RE), através de moléculas de transporte associadas a proteína. No RE, os peptídeos são ligados as moléculas do MHC de classe I ativas e são transportadas via Complexo de Golgi, a superfície celular. Uma vez na superfície celular, o complexo MHC classe I + antígeno, se ligam a células T CD8”, o que leva a uma resposta mediada por células do tipo citotóxica. Quanto as células que expressam o MHC de classe II, elas fazem a captura do antígeno exógeno por endocitose. O antígeno é em seguida transportado para o lisossomo, onde então é degradado em peptídeos, os quais serão ligados a moléculas de classe II específicas. O complexo MHC de classe II + antígeno é então exposto na superfície celular, onde então irá se ligar a linfócitos T CD4* que darão início a resposta imune humoral (produção de anticorpos). (McDonnel,W.M., 1997) Células Apresentadoras de Antígenos (APC) Os plasmócitos, são células oriundas da diferenciação dos linfócitos B e tomam parte na resposta humoral a partir do momento que estão envolvidas na montagem de imunoglobulinas, no entanto, as Células Apresentadoras de Antígenos (APC) e os linfócitos T são necessários para o estímulo e controle da produção de anticorpos. Os leucócitos fagocitários podem ser divididos em duas classes funcionais: os macrófagos/monócitos e as APC, elas são responsáveis pela eliminação de produtos estranhos ao organismo assim como de moléculas próprias. Aparentemente, os macrófagos não são bons em reprocessar os antígenos para a apresentação ao sistema imune, eles apresentam em sua superfície um grande número de receptores para região Fc das imunoglobulinas (FcR) e para o fator C3 do complemento (auxiliando no reconhecimento de células recobertas com anticorpo ou complemento), possui também em menor quantidade mas em concentrações variáveis os antígenos de histocompatibilidade (HLA ou MHC) e outras moléculas de adesão celular como a CD54 e CDS58. As APCs são muito menores em número do que os macrófagos e não fagocitam células e antígenos, ao invés disso elas capturam e processam o antígeno, apresentando os fragmentos em sua superfície celular em conjunto com os antígenos de histocompatibilidade celular de Classe 1 e II (MHC), principalmente os de Classe II. As APCs migram para as zonas do tecido linfóide de células T 10 e B, e apresentam os antígenos as células efetoras e moduladoras do sistema imune (células T, B e NK). Também temos as células dendríticas que formam uma espécie de pseudopodo os quais podem se estender e aumentar a área de contato com os linfócitos T e B. Isto tudo em conjunto com as moléculas de membrana e citocinas são os responsáveis pela ativação específica da resposta imune. No lifonodo temos a divisão das APC em células dendríticas, que apresentam antígeno, via MHC de Classe II ao linfócito T CD4*, e células foliculares dendríticas, as quais apresentam o antígeno no centro germinativo dos linfócitos B. As células B também podem funcionar como APCs. As células dendríticas são leucócitos, derivados de percursores próximos do CD34. As citocinas são importantes em sua maturação, como o Fator de Necrose Tumoral a (TNFa) e Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos e Macrófagos, no desenvolvimento das células dendríticas, enquanto bloqueiam o crescimento de macrófagos. As células dendríticas e suas variantes, como as células de Langerhans, são encontradas na pele, vasos linfáticos aferentes, sangue e outros tecidos não linfóides. Nos tecidos linfoídes, as células dendríticas são normalmente encontradas na região interfolicular. As células dendríticas, normalmente não possuem um número significativo de receptores para C3 ou para a região Fc da IgG (Fcy), mas são ricas em moléculas de MHC da classe I e II assim como em moléculas de adesão do tipo CD2, CD1lc, CD29, CD54 e CDS8. Também, para facilitar o contato com os linfócitos T e seu estímulo, expressa as moléculas CD40 e B7 na membrana. As células dendríticas foliculares são APCs localizadas no folículo primário (não estimuladas) e folículo secundário (estimuladas). Apesar destas áreas serem ditas zonas de células B, elas apresentam uma minoria de células T, macrófagos e APCs. As APCs ricas em receptores de Fcy as quais ligam e apresentam o antígeno as células B inativas e ativas. As células dendríticas foliculares podem segurar este antígeno por semanas, provavelmente desempenhando um papel importante na manutenção da resposta imune, por estimular células B novas e de memória. O papel de ativação das APCs nos linfócitos T pode ser dividido em duas fases: o estímulo das células T inativas (reposta primária) e a ativação de células T de memória (resposta secundária). Ambas as células dendríticas, e em pequeno número as células B, podem apresentar antígenos aos linfócitos T. A apresentação efetiva por ambas, não apenas requer o complexo de MHC, mas outro fator estimulatório como o contato célula a célula e a liberação de citocinas. Finalmente as células B também servem como células apresentadoras de antígenos, isto foi provado in vitro. As células B expressam o MHC de Classe II, e tem um receptor específico para antígenos (imunoglobulinas). Estas células B capazes de estimular linfócitos T de uma maneira antígeno específica, são células B7+, isto é importante saber pois as células B em repouso (não ativadas), não possuem as proteínas co-estimulatórias de ligação, necessárias para ativar as células Tg. Quando temos muitas células B7-, as células Ty se tornam incapazes de responder ao estímulo imune, Citocinas e sub-populações de Linfócitos T Dentre as sub-populações de linfócitos T, as Thl e Th2 parecem ser oriundas da mesma célula progenitora, a Th0. As células Thl secretam interleucina 2 (IL-2), y-Interferon (y-IFN), Fator de Necrose Tumoral (TNF) e IL-12, já as células Th2 são capazes de secretar as citocinas IL-4, IL-5, IL-6 e IL-10. As células Thl lançam um sinal estimulatório às células B para que produzam e secretem IgG2a, que inibe a função da população Th2. A IL-12 é uma citocina importante neste processo já que, sem ela, a geração de novas células Thl é bloqueada. Isto acaba se refletindo também no papel da IL- 12 em estimular a produção de IL-1, TNF e y-IFN, o qual é necessário para a maturação de Thl. IL-12 normalmente é produzida pelos monócitos, macrófagos e células acessórias como decorrência de um estímulo dado pelas infecções por parasitas e bactérias. O y-IFN exerce um sinal de “feedback” positivo estimulando a produção de mais IL-12. A sub-população Th2 inibe a produção de IgG2a, mas estimula a síntese de IgE e IgG1; a IL-4 também tem participação neste processo. Em resumo IL-4 e IL-10 são capazes de inibir monócitos e macrófagos a produzir IL-12, que deste modo acabam por bloquear a maturação de Thl e o correr da resposta imune feita por Thl. O estímulo a produção de imunoglobulinas Ativação O primeiro estímulo para que a célula B de início a produção de imunoglobulinas, em geral decorre da ligação do antígeno ao anticorpo preso na membrana da célula B. Caso os antígenos sejam multivalentes, como os polissacarídeos, ocorre a ligação cruzada a imunoglobulina presente na membrana da célula B e ela se torna ativada, independente da ativação pelas células T (estimulação T independente). No entanto, para a maioria dos antígenos, há a necessidade do estímulo pelas células T para que seja iniciada a produção de imunoglobulinas (estímulo T dependente). Para que isto ocorra, há a necessidade de que o antígeno seja apresentado junto com uma molécula de MHC numa APC e que a célula B seja co-estímulada pelo contato celular e por algumas citocinas. Isto é importante como forma de evitar reações autoimunes ou aloimunes. Existem várias formas em que este processo pode ocorrer, a mais comum é a apresentação do MHC II por uma APC para uma célula B na presença do contato da célula B com a T por B7-CD28. Em geral a ligação cruzada da imunoglobulina presente na membrana da célula B, leva ao aumento do nível de moléculas de adesão em sua membrana (CD25, HLA Dr, CD40, B7) e de um aumento na resposta a citocinas. Parece que o contato mais importante neste processo é o da molécula CD40 com a CD40L da célula T é claro que, o contato de CD4/HLA Dr, CDI 1c/CD54 e CD2/CD58 são importantes, já que aumentam o estímulo da célula B. Também é importante o contato das APC que ocorre via Antígeno-MHC-Imunoglobulina de Superfície e/ou B-antígeno de supefície-Receptotes Fc presentes nas células foliculares dendríticas. Este aumento de contato também ocorre se o sinal for dado pelas células Thl ou Th2. 13 Proliferação e maturação A ativação e proliferação T dependente das células B, inicialmente ocorre nos centros germinativos dos linfonodos, baço e tonsilas. A sequência de ativação das células B nos folículos parece ocorrer do seguinte modo, após a ligação do complexo MHC II-Ag-Ig de superfície e CD40- CD40L, na presença de determinadas citocinas (IL-2, IL-4), as células B começam a proliferar rapidamente. Nesta etapa elas crescem e morfologicamente são denominadas blastos, posteriormente, elas proliferam e se tornam centroblastos, os quais sofrem hipermutação somática nos genes das imunoglobulinas. Os centroblastos então dão origem a células menores, que não se dividem e se denominam centrócitos. A manutenção da maturação dos centrócitos depende da ligação da sua imunoglobulina de superfície com os complexos de MHC II às células foliculares dendríticas. Quando os centrócitos se ligam via CD40-CD40L e/ou CD23 as IL-4, isso evita que eles entrem em apoptose (morte celular), devido a ativação da síntese proteíca do bcl-2 que a mantém. A presença de IL-4/IL-6 se ligando a CD23 também faz com que a célula B amadureça e se transforme no plasmócito que é a célula especializada na síntese e liberação de imunoglobulinas. Dependendo da IL liberada no processo de ativação da célula B, é que vamos ter a produção de IgG (estimulada por Th1: IL-1, y-IFN, IL-12) ou IgE (estimulada por Th2: IL-4,IL-6). A população de células Thl e suas citocinas estimulam as células B a amadurecer e secretar anticorpos IgG2a. Já o Y-IFN inibe a transcrição genica da IgG1, enquanto a IL-4 é responsável pela troca da transcrição genica de IgG1 e IgE. É importante ressaltar que há necessidade de IL-4 e IL-5 para a maturação dos plasmócitos. Os mecanismos apresentados até o momento da troca de isotipo na síntese de anticorpos são ainda um tanto complicados e controversos e por isso não serão discutidos a fundo aqui. Resumidamente podemos dizer que a troca da cadeia pesada se deve a uma deleção de um segmento de DNA entre regiões constantes de exons e, o novo exon do DNA que codifica a nova cadeia pesada. Isso parece se dar por uma excisão do “loop” do DNA intermediário, acompanhado pela deleção e reanelamento (ligação). Sabe-se que deve existir uma enzima na condução deste processo só que, esta ainda não foi descoberta. VIA CLÁSSICA DO COMPLEMENTO Esta via só acontece se tivermos moléculas de anticorpo ligadas ao antígeno, e no mínimo são necessárias duas moléculas de anticorpo. O primeiro componente do complemento ativado é o Cl, que ao se ligar à duas moléculas de anticorpo IgG ou uma molécula de IgM pela unidade 7S através da porção Fc da imunoglobulina, passando então a expor suas frações Clq, Clr e Cs e tornar a unidade Clr ativada, passando a ter atividade de esterase. Um detalhe importante nesse processo de ativação de C1 é que há a participação de ions cálcio (Ca**), sem ele, não há a manutenção do complexo 14