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trabalho sobre inclusão
Tipologia: Trabalhos
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Não perca as partes importantes!
Curso de Química
Denise Carvalho Menezes de Souza Everton Bonturim Marcia Ozêda de Alencar Roseli Jesus Macedo Matos Domingues
São Paulo 2009
Trabalho apresentado como parte da avaliação na disciplina Língua Brasileira de Sinais – Libras do curso de Química da Universidade Ibirapuera, sob orientação da professora Camila Simões Lopes.
São Paulo 2009
3
LIBRAS pode ser definida como uma língua natural usada pela maioria dos surdos do Brasil. É uma língua visual e gestual, diferente de todos os idiomas já conhecidos que são orais e auditivos. É uma língua pronunciada pelo corpo e percebida pela visão. A aprendizagem de LIBRAS requer atenção visual, discriminação visual, memória visual, expressão facial e corporal e agilidade manual. A mente humana possui a capacidade de aprender diferentes línguas, porém, sem audição, aprender um idioma passa a ser usualmente uma função dos olhos, não dos ouvidos. Esse é um obstáculo vencido pelo desejo incontrolável que os humanos têm de se comunicar. Portanto, a Língua de Sinais tornou-se uma dádiva para a comunidade surda e, para os ouvintes, uma língua completamente nova que favorece a comunicação entre ouvintes e surdos. A língua brasileira de sinais vem sendo difundida desde 1857 e tem sua origem na língua de sinais francesa.
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Para compreendermos ainda mais esta forma de comunicação são necessários alguns esclarecimentos:
Quem são os surdos? São pessoas que utilizam a comunicação espacial-visual como principal meio de conhecer o mundo em substituição à audição e à fala.
O que significa deficiente auditivo? É o termo técnico usado na área da saúde. Refere-se a uma perda sensorial auditiva.
O que significa ouvinte? É o termo utilizado para designar as pessoas que ouvem.
Quem são os intérpretes de Língua de Sinais? O interprete de Língua de Sinais é a pessoa que traduz mensagens da Língua Portuguesa para Libras e vice-versa, sem perder o seu sentido original.
É correto utilizar a expressão “surdo – mudo”? Essa nomenclatura está incorreta, pois o surdo não é mudo, apenas não desenvolve a fala, quando possível, como os ouvintes.
O que significa LIBRAS? É a sigla para Língua Brasileira de Sinais. Essa sigla foi escolhida pela própria comunidade surda.
O que é a Língua de Sinais? É o idioma da comunidade surda. É utilizada tanto pelos surdos como ouvintes.
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instituição de Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001). O aluno com direitos especiais tem, portanto, a garantia, estabelecida por lei, de efetuar sua matrícula em escola da rede de ensino que deve lhe assegurar as condições necessárias para uma educação de qualidade. A garantia do acesso à rede de ensino envolve, também, a formação de professores para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico que leve em consideração o atendimento de alunos com determinadas diferenças individuais. Nessa perspectiva, uma demanda de formação inicial e continuada faz-se necessária em diversos níveis de ensino (extensão, graduação e pós- graduação). Pode-se afirmar que a oferta de um curso de LIBRAS contribui para a formação do professor e proporciona maior condição para que a prática pedagógica tenha condições de atender alunos com deficiência auditiva. Temos a mesmas opiniões que os sócio-internacionalistas quando se refere que aprendizado é propício através de uma interação de ações culturais em que o aluno constrói aquisições de conhecimentos a partir de mediações educativas advindas principalmente da escola, da família e de sua visão particular de mundo. Independendo da sua perda auditiva o aluno surdo é capaz de realizar ações inteligentes desde que lhes propicie um contexto interativo partindo de situações significativas. Buscando e efetuando através de suas próprias experiências, é que o aluno surdo efetivará o seu real aprendizado. Sabemos que se faz necessário um comprometimento por parte da escola e dos docentes em buscar qualidade, recurso e metodologia para que essas pessoas recebidas por eles tenha um efetivo aprendizado e possa atingir conhecimentos que venha qualificá-los para o mercado de trabalho e inseri-los na sociedade como um cidadão que tem seus direitos respeitados e um individuo que tem capacidade de aprender desde que haja quem ensine.E é bom lembrar que o portador de deficiência se comprometa, assim como sua família em se empenhar para que haja um efetivo aprendizado, e possibilite-o , a disputar vagas seja na escola ou ensino superior ou nas empresa de modo igual a qualquer um individuo que não possua nenhuma deficiência.
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O INES, órgão do Ministério da Educação – MEC, tem como missão institucional a produção, o desenvolvimento e a divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos na área da surdez em todo o território nacional, bem como subsidiar a Política Nacional de Educação, na perspectiva de promover e assegurar o desenvolvimento global da pessoa surda, sua plena socialização e o respeito as suas diferenças. Centro de Referencia Nacional na Área da Surdez presta assessoria técnica nas seguintes áreas: prevenção à surdez, audiologia, fonoaudiologia, orientação familiar, orientação para trabalho e qualificação profissional, artes plásticas, dança, biblioteca infantil, Língua de Sinais, informática educativa, atendimento à múltipla deficiência (sempre aliada a surdez), prevenção às drogas, experiência educacional bilíngüe, ensinos fundamental e médio e ações para a cidadania (palestras sobre temas atuais). Também promove anualmente, Seminário Nacional / Congresso Internacional sobre temas relevantes na área da surdez, alem de publicações semestrais de revistas e periódicos de cunho técnico e cientifico. No Centro de Referencia, encontra-se o colégio de aplicação onde são atendidos alunos surdos, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Além de educação formal, os alunos recebem atendimento especializado nas áreas de fonoaudiologia, psicologia e assistência social. Os cursos profissionalizantes e estágios remunerados capacitam os surdos para sua inserção no mercado de trabalho. O Projeto do Centro de Atendimento Alternativo florescer, atende alunos matriculados nos segmentos da escolaridade formal do CAP/INES que apresentam dificuldades de aprendizagem e/ou outros comprometimentos, como também a crianças e jovens com múltipla deficiência que vêm em busca de escolaridade. Arte e esporte completam o atendimento diferenciado do INES aos seus alunos.
I
Depoimento 1: Profª Vera Lúcia Lopes Dias
Minha família recebeu o diagnóstico da minha surdez em 1959, atribuída pelos médicos ao sarampo que peguei na época quando tinha 3 anos de idade.Na ocasião tomei muitos antibióticos e isso também contribuiu. Minha surdez pelo tipo de curva audiométrica foi classificada como bilateral profunda. Meus pais tomaram uma decisão : eu seria tratada dali por diante como qualquer pessoa normal e eles se esforçariam para que minha surdez não me atrapalhasse em nada. Eles falavam comigo como se eu ouvisse, insistiam para que os outros familiares e as pessoas estranhas falassem comigo de frente e estimularam todo o resíduo auditivo que restou dos meus ouvidos. Eles me levaram ao INES com cinco anos e as professoras da época de lá deram treinamento à minha mãe em estimulação precoce e exercícios de fala, estimularam-me a falar de tudo quanto era jeito. Minha mãe não me deixava misturar-me com as outras crianças surdas e por isso eu não aprendi a falar por sinais, nem tinha a mais vaga idéia do que era linguagem de sinais. Meu mundo se resumia a brincadeiras normais da idade com meus irmãos e familiares e exercícios para encontrar e aperfeiçoar minha voz todos os dias da semana. Até no domingo minha mãe me fazia repetir os fonemas diante do espelho. As palavras de estímulo e afeição dos meus pais faziam que eu encarasse tudo numa boa e até meus irmãos, que não eram surdos, participavam dos meus exercícios vocais, toda a família entrou de cabeça no processo. Tudo era motivo para me estimular a manter minha fala e não perder a memória auditiva. Minha mãe estava sempre dizendo: lembra-se daquele barulho? Está ouvindo essa música? Sentiu isso? Mas nem tudo eram flores. Tinha ocasiões em que eu perdia a paciência, me fechava, não queria mais falar, entrava num mutismo raivoso. Porém sempre acabava voltando aos exercícios, pois compreendia instintivamente, mesmo com pouca idade, que tudo aquilo era importante e tinha o propósito de superar minha surdez. Aprender Português para mim foi uma luta titânica quando criança, vencida com muito esforço, dedicação e apoio da minha família. Eu costumo dizer brincando
II
que na minha infância tive treinamento de “ginasta orofacial olímpica”. Enquanto meus irmãos iam para aula de judô eu treinava horas e horas diante do espelho, com fonoaudiólogas (tive duas : uma de manhã no INES e a outra ia em casa à tarde, quando eu voltava da escola ,para ficar mais duas horas comigo). Era um total de quatro horas por dia, todos os dias, até no sábado e no domingo , quando minha mãe assumia essa tarefa e substituía a fonoaudióloga , que até treinava e explicava tudo para meus pais poderem repetir nos finais de semana. Minha mãe e a fono até faziam um diário dos meus progressos e eu era estimulada de todas as formas possíveis a continuar querendo melhorar e progredir. A cada progresso, cada frase dita corretamente e sem erros eu ganhava um brinquedo, um doce ou um passeio. E minha mãe sempre cumpria a promessa que me fazia caso eu conseguisse atingir a meta estabelecida pela fonoaudióloga. Fiz o primeiro ano do Curso de LIBRAS já adulta, ano passado, no INES, e meus sinais ainda são elementares. Mas tenho me esforçado para aprender no meu trabalho no INES, com a convivência com os alunos dessa instituição e acho que até o final desse ano já estarei mais apta e fluente. Como já disse, minha família me ensinou, desde a mais tenra infância a viver como se eu fosse ouvinte. O preconceito na minha época era grande. Por isso só agora, pude aprender LIBRAS. Mas penso que antes tarde do que nunca e tenho me esforçado para aprender e fiquei muito feliz com esse aprendizado. Creio hoje que é um grande erro a sociedade pensar que o surdo deve ser oralizado à força e desprezar a riqueza e a beleza da LIBRAS. Seria maravilhoso se todos entendessem o mundo do surdo e aprendessem a LIBRAS, se as escolas regulares dispusessem de intérpretes e professoras que conhecessem a LIBRAS. Isso não quer dizer que eu descarte nem ignore as vantagens da oralização. Mas, veja só, eu uma surda oralizada, que venceu as barreiras da surdez, hoje defende o respeito à cultura surda e a introdução do Português como uma segunda língua. Justamente por ter passado por todas as dificuldades que passei para a aquisição da língua oral sei o quanto é importante ter uma segunda via de comunicação. O surdo pode aprender Português muito bem como uma segunda língua e a LIBRAS, sua primeira língua, pode auxiliá- lo nisso, ser um agente facilitador. Uma coisa não exclui a outra, embora compreenda que aparentemente isso seja contraditório e polêmico para muitos educadores.
IV
Depoimento 2: Fábio Antônio Barbosa (Deficiente Auditivo)
Quando era criança, falava muito errado, e meus pais e familiares achavam bonitinho. Cresci, na escola não prestava atenção na aula, porque, não entendia nada que o professor falava, no ditado era um pavor, ficava 'grudado' na voz do professor para ouvir a palavra corretamente, mas perdia-a no meio do caminho, ficava pensando, porque tinha que ser assim, mas para mim era normal, pois não sabia o que estava acontecendo, passei para o colegial, e sempre no meu canto, continuava não entendendo nada, ouvia, mas não entendia nada, com isso perdi muitos ensinamentos. Fui para a faculdade, que horror, não entendia nada que os professores falavam, ia para casa triste, pegava os livros e estudava tudo o que o professor havia explicado, me formei com meus próprios méritos. Já trabalhando como professor, o Diretor me pediu para fazer um exame com um médico especialista (otorrino) , pois o Estado exigia tal exame, foi quando descobri que eu tinha uma perda auditiva muito acentuada. Hoje, estou usando aparelho auditivo, e o que queria dizer é que se minha família, meus professores tivessem me observado, minha vida teria sido muito melhor em todos os sentidos. E que o meu depoimento não seja em vão, e que o governo possa levar mais informação para a escola, televisão e outros meios para que possa 'salvar' uma criança, pois eu vivi no meu mundo e só hoje depois de 30 anos é que pude ouvir o canto dos pássaros.
V
Depoimento 3: Creso João Santos Pinto (Filho e Pai de Surdo)
Nossa vida era normal e com a vinda do João continuou sendo. Sabia de muitos riscos que eram ocasionados pela rubéola, mas não o específico da surdez. Já tive outro surdo na família. Meu pai ficou surdo pequeno devido a uma meningite e morreu bem antes de o João nascer. Minha reação quando soube da surdez de João foi de surpresa, e achei uma ironia do destino ter outro surdo na família. Procuramos nos adaptar à nova realidade e proporcionar ao João os atendimentos necessários a ele, e acho que fizemos tudo o que deveria ser feito. Penso que diante de uma situação destas é necessário encarar com naturalidade o destino. É lamentável, mas o que se vai fazer? Observo que existe, na sociedade, um grande desconhecimento e uma grande ignorância sobre o assunto. O surdo não desperta nas pessoas a real gravidade desta limitação, pois o surdo tem menos segurança que o cego, e isso é perigoso para eles, pois necessitam aprender com muita atenção. Viver desligado é condição sine qua non “do latim, sem o qual não pode ser” do silêncio. Por exemplo: se um cachorro rosnar atrás dele, ele vai ouvir? Se houver uma briga, um conflito, ele vai ouvir? Se está pegando fogo em casa ele nem escuta os gritos das pessoas. Eles precisam ser muito trabalhados, conscientizados sobre os problemas do mundo que os cerca. A Língua de Sinais e a leitura labial são os únicos recursos que eles têm. Em se tratando de surdo total, é muito difícil para eles falarem, como é o caso do meu filho. Meu pai não era surdo total e falava, mas só ouvia quando gritavam no ouvido dele. É preciso distinguir o grau de surdez para se definir o trabalho a ser aplicado, pois um é totalmente diferente do outro. O surdo total deverá ter um trabalho mais específico e especial. Minha convivência com meu pai era difícil, pois as pessoas falavam e ele entendia tudo diferente. Quando ouvia uma palavra errada, ele repetia errado e as pessoas riam e debochavam dele. Ao atravessar a rua, os carros buzinavam e paravam