COQUELUCHE
- Doença infecciosa aguda, transmissível, de distribuição
universal, que compromete especificamente o aparelho
respiratório (traqueia e brônquios) e se caracteriza por
paroxismos de tosse seca; endêmica e epidêmica; em
lactentes, pode resultar em número elevado de complicações
e até a morte
*Lactente: 29 dias- 2 anos, 12 meses e 29 dias
A doença evolui em 3 fases sucessivas
1. CATARRAL (1-2 semanas)
- Inicia com manifestações respiratórias e sintomas leves:
febre pouco intensa, mal-estar geral, coriza, tosse seca
- Após instalação gradual de surtos de tosse, cada vez mais
intensos e frequentes acabou essa fase e se inicia a fase
paroxística
2. PAROXÍSTICA (2-6 semanas)
- Geralmente afebril ou com febre baixa
- Manifestação típica: paroxismo de tosse seca não
consegue inspirar, protusão de língua, congestão facial,
cianose com sensação de asfixia
- Episódios de tosse paroxística aumentam em frequência e
intensidade nas 2 primeiras semanas e depois diminuem; nos
intervalos dos paroxismos o paciente passa bem; capaz de
transmitir
3. CONVALESCENÇA (2-6 semanas, até 3 meses)
- Paroxismo de tosse desaparece e dá lugar a episódios de
tosse comum
- Infecções respiratórias de outra natureza que se instalam
durante a convalescença da coqueluche, podem provocar o
reaparecimento transitório dos paroxismos
Por que essa doença é um problema atual?
- Persiste como endemia e epidemia, mesmo nos países em
que as coberturas vacinais no primeiro ano de vida são
superiores a 95%; a vacina não configura imunidade
permanente; mesmo vacinados e bem nutridos podem ter
coqueluche e continuar susceptível caso ocorra surto
- A vacina é dada para proteger as faixas etárias mais
suscetíveis; infecção e imunização não levam à imunidade
permanente; a imunização só é feita nos primeiros anos de
vida, para proteger os lactentes. A dTp é dada no primeiro ano
de vida e depois possui reforços com 15 meses, depois com 5
anos
- Ausência de reforços imunitários gera aumento de casos na
adolescência e adultos jovens
- Como a vacina é dada na primeira infância, a imunidade
diminui conforme a idade aumenta, e permite a infecção
desses adolescentes
- O problema é a disseminação para a população suscetível
lactente jovem (menor de 1 ano de idade)
- Menor transmissão de anticorpos por via transplacentária,
que é consequência da queda dos níveis de anticorpos na
população de adultos jovens disseminação para a
população mais suscetível (lactentes jovens)
- O ser humano é o único hospedeiro da B.pertussis
- Contágio por gotículas respiratórias (tosse ou espirro),
especialmente na fase catarral e início da fase paroxística
(primeiras três semanas do quadro)
- Até 80% dos contactantes domiciliares imunes adquirem a
doença decorrente da imunidade evanescente. Transmite para
quase todos (80%) que moram na mesma casa
Clínica
- Lembra IVAS, com tosse e febre
- Pode ter complicações como: perda de peso, otite,
convulsão, encefalopatia, morte
*Um achado de importância é a leucocitose com predomínio
de pequenos linfóticos; não é patognomônico, mas junto com
a clínica indica grandes chances de coqueluche
- Complicações mais frequentes em lactentes
incompletamente vacinados, mas podem ocorrer em qualquer
idade
- Pessoas que tem risco para doença grave: problemas de
base que comprometam a respiração; prematuras, cardiopatia,
pneumopatia, doença muscular, neuropatia
Avaliação intra-hospitalar
- Acompanhar a progressão da doença e a ocorrência de
eventos que envolvam risco de vida
- A avaliação da progressão do paroxismo é importante para
indicar melhora ou priora do quadro.
- Prevenção e tratamento das complicações
- Como prevenir e tratar complicações? Frequência cardíaca,
frequência respiratória, oximetria de pulso
*No paroxismo ocorre taquicardia e queda da saturação de O2
- Os registros detalhados da tosse e documentação de
alimentação, vômitos e alterações no peso fornecem
informações para avaliação da gravidade
- Os paroxismos típicos que não conferem risco de vida
quando: duração <45 segundos; rubor sem cianose;
taquicardia, bradicardia (não inferior a 60 bpm em lactentes)
ou dessaturação de O2 que se resolve espontaneamente ao
final do paroxismo; guincho ou esforço para auto-recuperação
ao final do paroxismo; rolha de muco espontaneamente
expectorada (tosse não é produtiva, mas há secreção);
exaustão pós-tosse mas ausência da perda de consciência
Sinais de alerta
- Os lactentes cujos paroxismos frequentes levem a risco de
vida apesar da oferta de oxigênio ou cuja fadiga resulte em
hipercapnia, tem indicação de intubação e ventilação
mecânica
- Taquipneia com frequência respiratória acima de 60 IRPM
- Frequência cardíaca abaixo de 50 bpm
- Contagem de leucócitos acima de 50.000 células/mm3
- Hipóxia persistente após paroxismos
Complicações
• Respiratórias
- Pneumonia e otite média por Bordetella pertussis
- Pneumonia por outras etiologias
- Ativação de tuberculose latente
- Atelectasia – complicação mecânica pela tosse
- Bronquiectasia – complicação mecânica
- Enfisema – complicação mecânica
- Pneumotórax – complicação mecânica
- Ruptura de diafragma – esforço na tosse
• Neurológicas
- Encefalopatia aguda (decorrente da hipóxia aguda,
hipercapnia, asfixia, dificuldade de circulação sanguínea)
- Convulsões
- Coma
- Hemorragias intracerebrais, hemorragia sub-dural
- Estrabismo
- Surdez
• Outras
- Hemorragias subconjuntivais
- Epistaxe
- Edema de face
- Úlcera do frênulo lingual
- Hérnias (umbilicais, inguinais e diafragmáticas)
- Conjuntivite
- Desidratação e/ou desnutrição
Tratamento