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Introdução sobre o café orgânico, Notas de estudo de Engenharia Agronômica

Informações gerais sobre o composto

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 11/11/2009

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marcelo-agua-nova-da-rocha-12 🇧🇷

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CAFÉ ORGÂNICO
Esta apostila é parte integrante do curso de Cafeicultura Orgânica da ESACMA - Escola Superior
de Agricultura e Ciências de Machado, ministrado por Sérgio
Pedini, engenheiro agrônomo,
formado pela UFLA, com mestrado em Administração Rural, consultor da FADEPE, do SAPUCAÍ
e da AAO – Associação de Agricultura Orgânica, professor da ESACMA e secretário executivo da
ACOB – Associação de Cafeicultura Orgânica do Brasil e Ivan Franco Caixeta, engenheiro
agrônomo, formado pela UFLA, com mestrado em Cafeicultura pela UFLA, professor da ESACMA
e presidente da ACOB. Todos os contatos estão anexados à apostila.
Esta publicação contem capítulos gerais sobre Agricultura Orgânicos e outros específicos sobre
Cafeicultura Orgânica.
Introdução
O agricultor “orgânico” é orgânico não só porque utiliza intensamente matéria orgânica, animal e
vegetal, mas principalmente porque sua produção deve ser conduzida de modo semelhante à vida
de um organismo (um sistema articulado, inter-relacionado e complexo) que tem ritmos e limites
naturais, que devem ser respeitados pelo homem.
Diversas são as denominações dos sistemas de produção agrícola que tem por objetivo produzir
alimentos porém perturbando o menos possível o equilíbrio do meio ambiente. E para tal todos
incorporam como princípios básicos a não utilização da maior parte dos chamados produtos
agroquímicos elaborados industrialmente, sejam os fertilizantes na forma solúvel, sejam os
agrotóxicos, propriamente ditos denominados
eufemisticamente de “defensivos agrícolas” e a
economia de energia. Diferem, entretanto, entre si em aspectos específicos de alguns itens como
a organização da produção, relações, solo, planta, animais, homem, filosofia.
A linha Biodinâmica destaca-se das demais basicamente por levar em consideração a influência
dos astros sobre o comportamento das plantas e utilizar preparados “homeopáticos” feitos a partir
da diluição de um conjunto de substância, entre elas o esterco de vaca, cascas de carvalho, etc.,
cuja finalidade seria despertar energias do solo e planta. Este tipo de agricultura é ligado ao
movimento filosófico de Antroposofia.
As denominações, orgânica e biológica podem ser entendidas da mesma forma. A orgânica
entretanto pode ser entendida de duas formas, sendo que uma a define em função da utilização
de matéria orgânica como o principal nutriente e outra que além dessa característica incorpora a
necessidade da produção agrícola estar articulada organicamente no estabelecimento agrícola.,
interrelacionado o conjunto das atividades desenvolvidas no estabelecimento.
A denominação socialmente apropriada pode ou não ser incorporada as demais denominações
principalmente quando leva em consideração à situação cultural, social e econômica dos atores
da produção.
A agricultura ecológica parece ser a idéia mais abrangente, uma vez que coloca a produção
agrícola no contexto do meio ambiente onde se desenvolve e que é composto pela vegetação e
fauna nativas, solo, topografia, fontes de água, distribuição das chuvas, temperaturas durante o
ano e as interelações desses fatores entre si e com o homem.
Quadro Comparativo entre as duas formas de produção
Agricultura Convencional
Agricultura Orgânica
Objetivos Gerais
Atender, de maneira geral, a interesses econômicos de curto prazo.
Atender a interesses econômicos, mas, sobretudo, a interesses ecológicos e sociais
autossustentados
Estrutura do Sistema
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CAFÉ ORGÂNICO

Esta apostila é parte integrante do curso de Cafeicultura Orgânica da ESACMA - Escola Superior de Agricultura e Ciências de Machado, ministrado por Sérgio Pedini, engenheiro agrônomo, formado pela UFLA, com mestrado em Administração Rural, consultor da FADEPE, do SAPUCAÍ e da AAO – Associação de Agricultura Orgânica, professor da ESACMA e secretário executivo da ACOB – Associação de Cafeicultura Orgânica do Brasil e Ivan Franco Caixeta, engenheiro agrônomo, formado pela UFLA, com mestrado em Cafeicultura pela UFLA, professor da ESACMA e presidente da ACOB. Todos os contatos estão anexados à apostila.

Esta publicação contem capítulos gerais sobre Agricultura Orgânicos e outros específicos sobre Cafeicultura Orgânica.

Introdução

O agricultor “orgânico” é orgânico não só porque utiliza intensamente matéria orgânica, animal e vegetal, mas principalmente porque sua produção deve ser conduzida de modo semelhante à vida de um organismo (um sistema articulado, inter-relacionado e complexo) que tem ritmos e limites naturais, que devem ser respeitados pelo homem.

Diversas são as denominações dos sistemas de produção agrícola que tem por objetivo produzir alimentos porém perturbando o menos possível o equilíbrio do meio ambiente. E para tal todos incorporam como princípios básicos a não utilização da maior parte dos chamados produtos agroquímicos elaborados industrialmente, sejam os fertilizantes na forma solúvel, sejam os agrotóxicos, propriamente ditos denominados eufemisticamente de “defensivos agrícolas” e a economia de energia. Diferem, entretanto, entre si em aspectos específicos de alguns itens como a organização da produção, relações, solo, planta, animais, homem, filosofia.

A linha Biodinâmica destaca-se das demais basicamente por levar em consideração a influência dos astros sobre o comportamento das plantas e utilizar preparados “homeopáticos” feitos a partir da diluição de um conjunto de substância, entre elas o esterco de vaca, cascas de carvalho, etc., cuja finalidade seria despertar energias do solo e planta. Este tipo de agricultura é ligado ao movimento filosófico de Antroposofia.

As denominações, orgânica e biológica podem ser entendidas da mesma forma. A orgânica entretanto pode ser entendida de duas formas, sendo que uma a define em função da utilização de matéria orgânica como o principal nutriente e outra que além dessa característica incorpora a necessidade da produção agrícola estar articulada organicamente no estabelecimento agrícola., interrelacionado o conjunto das atividades desenvolvidas no estabelecimento.

A denominação socialmente apropriada pode ou não ser incorporada as demais denominações principalmente quando leva em consideração à situação cultural, social e econômica dos atores da produção.

A agricultura ecológica parece ser a idéia mais abrangente, uma vez que coloca a produção agrícola no contexto do meio ambiente onde se desenvolve e que é composto pela vegetação e fauna nativas, solo, topografia, fontes de água, distribuição das chuvas, temperaturas durante o ano e as interelações desses fatores entre si e com o homem.

Quadro Comparativo entre as duas formas de produção

Agricultura Convencional

Agricultura Orgânica

Objetivos Gerais Atender, de maneira geral, a interesses econômicos de curto prazo. Atender a interesses econômicos, mas, sobretudo, a interesses ecológicos e sociais autossustentados

Estrutura do Sistema

Monocultura Sistema diversificado

Maneira de Encarar o Solo Como um substrato físico, um suporte da planta Como um ser vivo (meio eminentemente biológico)

Recursos Genéticos

Redução da variabilidade;

Susceptibilidade ao meio; Espécies transgênicas

Adaptação ambiental; Resistência ao meio.

Adubação

Fertilizantes altamente solúveis;

Adubação desiquilibrante.

Reciclagem;

Rochas moídas; Matéria orgânica.

Como lidar com pragas e doenças Agrotóxicos

Nutrição equilibrada e adequada;

Diversificação e consorciação; Controles alternativos.

Entradas do Sistema

Alto capital e energia;

Pouco trabalho.

Pouco capital e energia;

Mais trabalho.

Saídas do Sistema e Conseqüências

Alimentos desbalanceados e contaminados; Baixa valorização do produto; Agressão ambiental.

Alimentos de alto valor biológico;

Equilíbrio ecológico;

Alta valorização do produto; Sustentabilidade do sistema.

Optou-se nesta publicação pela denominação de agricultura orgânica por ser atualmente a mais divulgada e pelo fato de historicamente opor-se à agricultura convencional, química, e à sua nova versão “light” - agricultura sustentável - já citada, que tem servido de abrigo à diversas tendências surgidas mais recentemente no refluxo do esgotamento do modelo de produção agrícola mas ainda fundamentada nos princípios da agricultura química e demais preceitos da chamada “Revolução Verde”.

Composto orgânico

Compostagem nada mais é, que a reorganização de materiais orgânicos e inorgânicos disponíveis na propriedade ou região, transformando materiais crus (folhas, mato, resto de verdura e de cozinha, resíduos de beneficiamento, esterco, cama de animais etc.) em composto curado. Esta decomposição acontece pela ação de microorganismos e pela fauna do solo.

A compostagem tem como objetivo adiantar o processo de decomposição que aconteceria no

Trevo verde 16-

Feno de leguminosas 25-

Palha de aveia 80-

Como conseguir esta relação 25 a 30/1? Suponhamos que você tenha disponível em sua casa, para fazer um composto restos de comida e grama recém cortada cuja as relações C/N são respectivamente 15/1 e 19/1. Os dois materiais juntos na proporção 1:1, daria uma relação C/N igual a 17/1 (basta somente somar 15 + 19 carbonosa divididos por dois nitrogênios). Para que o composto aconteça com eficiência, sem perdas de nutrientes e maior rapidez a relação deveria ser maior (25 a 30/1). E isto só irá acontecer se colocar outra matéria rica em carbono. Caso contrário a relação C/N circulará entre:

· 1:0 só grama recém cortada, relação C/N 19:

· 1:1 uma parte de cada, relação C/N 17:

· 0:1 só resto de comida, relação C/N 15:

Então colocamos uma parte de folhas secas de relação C/N igual 40/1 (veja a tabela), naquela mistura de 1:1 (17/1). E obtivemos uma mistura de relação 28,5/1. Ou seja, uma proporção de 1:1:1 em peso. Sendo assim tem um volume bem maior de folhas secas. A tabela de relação C/N ajuda a nortear as proporções, mas você no fazer é que descobrirá melhor caminho, mesmo porque as relações C/N variam e o que está na tabela pode não ser verdade para o seu caso. O correto seria fazer análise do seu material. Mas caso não puder, vá observando a temperatura. Você montou a pilha e a temperatura não subiu dentro de 24 horas, desmanche a pilha e refaça, utilizando um pouco mais de material rico em nitrogênio. É sempre bom inocular o composto com microorganismos favoráveis. E isto pode ser feito sem haver a necessidade de comprar qualquer inoculante, basta tirar uma porção de solo orgânico. Esta porção será polvilhada por cima das camadas durante a confecção da pilha. Depois de feita a primeira pilha, as próximas, receberam ao invés da terra uma porção de composto ( inoculante).

A confecção da pilha se dá em camadas, a fim de facilitar a visualização das proporções. Normalmente três partes de carbono para uma de nitrogênio. Mas se o material já foi separado previamente na proporção certa, não é necessário haver camadas, é até melhor pois assim os componentes ficam mais próximos o que facilita o trabalho dos microorganismos.

Quando feita em camadas, coloca-se primeiro o material palhoso e sobre ele o rico em nitrogênio, se houver necessidade de água, irrigue. Vá fazendo até o monte atingir dimensões máximas de 2 metros de largura por 1,5 de altura por comprimento variável. Importante num composto além da relação C/N é a umidade e o ar. e por isto que a pilha não pode ser muito larga. Alguns materiais frescos não precisam de muita água por exemplo grama recém cortada. Outros secos necessitam, e isso deve ser feito no momento em que se monta a pilha, camada por camada, como foi dito à cima. A pilha não deve ficar encharcada pois os microorganismos necessitam de oxigênio. Depois de montada a pilha deve-se protegê-la de chuva, utilizando para isto palha seca, saco plástico etc. sobre o monte. Se houver condições para fazê-lo em local coberto, plano e com água próxima, melhor.

Os microorganismos necessitam de oxigênio, se houver encharcamento ou demora para revirar a pilha, o processo de digestão pode ser atrasado. Mesmo mantendo a umidade ideal, o oxigênio é consumido em aproximadamente 3 a 4 dias. E a única maneira de supri-lo é revirando a pilha. O revolvimento do composto deve acontecer com maior freqüência possível, sempre se preocupando em cortar bem o material (o enxadão é uma ferramenta que se presta a este serviço), colocando a parte externa para dentro e a parte de dentro para fora.

Adubação Verde

Não podemos limitar o fornecimento de matéria orgânica estritamente à criação animal. a produção de biomassa de origem vegetal tem possibilidades ainda inesgotadas por nós.

A matéria orgânica de origem vegetal poderá vir pela adubação verde em consórcio e rotação de culturas, delimitação de divisas, cercas-vivas, quebra-ventos, faixas de contorno, beiras de estrada, restos de cultura e capineiras. Podendo atender diferentes fins dentro da propriedade, por ex. alimentação animal , cama de animais ,cobertura morta e composto.

A utilização de todas estas formas irá depender principalmente da intensidade do uso da terra. A intensidade de uso é maior quanto menor é a área e aí a pressão pode vir tanto por parte do mercado como da família, que depende daquela área para subsistência. Sendo a terra utilizada intensivamente maior será a dependência do solo e do agricultor com relação à insumos externos a horta. Isto porque na horta não sobra tempo e espaço para uma adubação verde. a não ser que esta possa trazer renda. Desta forma pode ser mais viável no programa de rotação, consórcios de culturas comerciais e adubos verdes.

Um consórcio que vem dando muito certo para o verão, é o plantio de milho, mucuna e abóbora. Semeando a mucuna um a dois meses depois do milho, esta leguminosa irá fixar nitrogênio do ar que fertilizará a terra quando for incorporada junto com a pagada do milho. Nesse sistema colhe- se abóbora, milho verde ou maduro à mão, já que a mecanização de colheita fica dificultada pela mucuna. Outros consórcios como trigo morisco com plantas da família das brássicas ( couve, brócoli, couve-manteiga, couve-flor entre outras), no verão. E no inverno com a mesma família a ervilhaca, aveia preta entre outras.

O consórcio que é o cultivo simultâneo, ou seja no tempo e espaço, deve ser melhor estudado pois quase sempre causa competição entre as plantas consorciadas. Principalmente com os adubos verdes de verão que são muito agressivos. mas depois do período de mato competição (período em que a planta sente muito a competição alterando sua produção) não há mais necessidade do controle do mato. Sendo então, este o momento de quebramos a monotonia da monocultura e sentirmos efeitos positivos do mato.

Uma forma alternativa aos consórcios, causando menor competição, é o cultivo em faixas. Em uma faixa cultiva-se o adubo verde, permanecendo o restante da área ocupada pelas culturas de interesse econômico. As faixas de adubos verdes podem ser compostas por mais de uma espécie, e se forem anuais ou bianuais, você pode caminhar com elas dentro da horta. Ou então, faixas de leguminosas perenes que serão mantidas fixas utilizando-se as podas na alimentação animal, cobertura do solo ou economia de fontes de nitrogênio.

Como exemplo desta opção temos exemplo da horticultura biointensiva (HBI) do IIRR (Instituto Internacional de Reconstrução Rural) nas Filipinas. Lá eles plantam faixas de leguminosas de crescimento rápido a cada 4 a 5 metros, alternadas com faixas de canteiros lado a lado. Estas plantas começam a ser cortadas com um ano, a 50 cm a cima do nível do solo e 3 a 4 vezes por ano. E o mais interessante é que eles utilizam partes das podas para fazerem biofertilizante líquido. Colocam 30 a 50 kg de podas mais um pouco de esterco num saco, que é colocado dentro de um tambor de água de 200 litros. Três semanas depois já pode ser usado, diluindo uma parte da solução para quatro de água e aplicado no solo ao redor das plantas, com a freqüência de 10 em 10 dias.

Estas mesmas faixas é que podem ainda ocupar beiras de estradas, linhas de contorno, cercas- vivas e quebra-ventos. Mas para cada utilização procure adotar a espécie de planta mais adequada. Se caso houver mais espaço na propriedade podemos lançar mão da adubação verde solteira ou em coquetel (consórcio de adubos verdes). Que são altamente capacitadas na regeneração do solo. Por ex., segundo Veiga et al. (1982) a crotalária juncea, produziu em 61, ton. de matéria verde, 244 kg de nitrogênio , 208 kg de potássio , 156 kg de cálcio e 37 kg de magnésio. Esta crotalária ao 120 de idade tinha 2 metros e meio de altura e raízes a uma profundidade média de 4 metros. Apenas sua parte aérea, incorporou uma quantidade equivalente a 1,2 ton. de sulfato de amônia e 350 kg de cloreto de potássio.

O coquetel para adubação verde foi desenvolvida pelo Instituto Biodinâmico em Botucatu - São Paulo. E a técnica consiste no consórcio de espécie de adubos verdes, complementares com relação ao hábito de crescimento, exploração de diferentes extratos, profundidade de raízes, demanda nutricional etc. São utilizadas 12 espécies, no mínimo.

Estão relacionados a seguir as espécie e quantidades recomendadas.

Tabela : Discriminação das espécies e sementes indicadas para o coquetel de adubos verdes

Indispensáveis:

Espécie

Calopogonio mucunoides Calopogônio 4

Sorgo vulgaris Sorgo forrgaeiro 4

Crotalaria anageroides Anageroides 3

Fennisetum typhoideum Milheto 2

Fogopirum esculentum Trigo sarraceno 2

Cucurbita moschata Abóbora 5

Fonte: Instituto Biodinâmico, Botucatu.

Supermagro

O biofertilizante (Supermagro) é um adubo orgânico líquido, proveniente de um processo de decomposição da matéria orgânica (animal ou vegetal) através de fermentação anaeróbica (fermentação bacteriana sem a presença de oxigênio),.em meio líquido. O resultado da fermentação é um resíduo líquido, utilizado como adubo foliar, defensivo natural, chamado biofertilizante (Supermagro). E um resíduo sólido, utilizado como adubo orgânico.

O biofertilizante (Supermagro) é utilizado como adubo foliar, complementar a adubação orgânica do solo, fornecendo micronutrientes (os micronutrientes são sais minerais essenciais ao metabolismo, crescimento e produção das plantas, porém exigidos em pequenas quantidades). O biofertilizante (Supermagro) também atua como defensivo natural por ser meio de crescimento de bactérias benéficas, principalmente Bacillus subtilis , que inibe o crescimento de fungos e bactérias causadores de doenças nas plantas, além de aumentar a resistência contra insetos e ácaros.

Este biofertilizante (Supermagro) é composto de esterco, água, sais minerais (micronutrientes), outros resíduos animais, melaço e leite. Esta composição é tão variada e rica para que o biofertilizante (Supermagro) sofra um completo processo de fermentação e seja nutritivo para as plantas.

Ingredientes:

Tabela 1 (ingredientes básicos):

Ingredientes Unidade Quant.

Esterco fresco de vaca kg 40

Água litro 140

Leite litro 9

Melaço litro

Tabela 2 (sais minerais):

Ordem Sais Minerais Unidade Quant.

Sulfato de Zinco* Kg 3,

Sulfato de Magnésio Kg 1,

3 Sulfato de Manganês Kg 0,

Sulfato de Cobre Kg 0,

Cloreto de Cálcio Kg 2,

Bórax* Kg 1,

Molibdato de Sódio Kg 0,

  • devem ser divididos em duas vezes

Tabela 3 (complementares):

Ingredientes Unidade Quant.

Farinha de ossos Kg 0,

Restos de peixe Kg 0,

Sangue litro 0,

Restos moídos de fígado Kg 0,

    • Uso de quebra-ventos e cercas-vivas.

Controle Biológico

A associação de todas as técnicas simultaneamente além de promover um sistema de produção que gera plantas sadias, ainda promove um ambiente ecologicamente equilibrado, resultando em um eficiente Controle Biológico.

O controle biológico é a redução das populações de pragas através de organismos vivos, os inimigos naturais. Os inimigos naturais podem ser insetos, ácaros, fungos, bactérias, vírus, sapos, pássaros, aranhas, etc. O controle biológico natural é muito importante dentro da agricultura orgânica, porque quando associado as outras técnicas garante muita saúde às plantas, evitando ocorrência de pragas. Sempre existirão todos os tipos de insetos dentro de uma lavoura orgânica, mas dificilmente estarão causando prejuízo econômico.

Defensivos Naturais

Eventualmente, apenas as técnicas preventivas não são suficientes para garantir a saúde da cultura, principalmente em função de variações climáticas bruscas e/ou quando o sistema de produção ainda não está totalmente equilibrado. Nestes casos, lançamos mão de produtos naturais (verdadeiramente defensivos por não agredir o homem ou o ambiente). Os inseticidas naturais podem ser preparados a partir de plantas ou minerais não tóxicos à saúde humana ao ambiente

Extrato de Pimenta do Reino

Ingredientes Quantidade

Pimenta-do-reino moída 100 gramas

Álcool 1 litro

Sabão neutro

25 gramas

Preparo:

Pegar 100g de pimenta-do-reino e juntar a 1 litro de álcool em vidro ou garrafa, com tampa. Deixar em repouso por uma semana;

Dissolver 25g de sabão neutro em 1 litro de água quente;

Modo de Usar:

  • Na hora de usar, pegar um copo de extrato de pimenta-do-reino, a solução de sabão, diluir em 10 litros, agitar a mistura e pulverizar.
  • Recomenda-se o uso desta calda, principalmente, para as bicho mineiro (como repelente) e ainda lagartas, pulgões, tripes e cigarrinhas das solanáceas (batata- inglesa, jiló, beringela, pimentão e tomate), mas também para as de flores, hortaliças, frutíferas, grãos e cereais.
  • Para melhorar o efeito de proteção desta calda contra insetos pode-se adicionar o extrato alcoólico de alho a calda antes da pulverização, sendo recomendada, principalmente para a cultura do tomateiro.
  • Triturar 100g de alho e juntar a 1 litro de álcool em vidro ou garrafa, com tampa. Deixar em repouso por uma semana;
  • Na hora de usar, pegar um copo de extrato de pimenta-do-reino, 1/2 copo de extrato de alho, a solução de sabão, diluir em 10 litros, agitar a mistura e pulverizar.
  • Para o caso das duas receitas, antes de usá-las deve-se observar se estão ocorrendo inimigos naturais das pragas nas culturas e se estes, sozinhos não estão sendo eficientes no controle.
  • Importante dar carência de 3 dias entre a pulverização e a colheita.
  • Não pulverizar as caldas nas horas mais quentes do dia (entre 10:00 e 16: horas);
  • Na hora de pulverizar usar roupa de proteção (isto é válido para qualquer tipo de produto, natural ou sintético).

Calda Bordalesa

A calda bordalesa é um fungicida que surgiu no século passado, na região de Bourdeaux, na França, para o controle de míldio em videiras. A calda bordalesa resulta da mistura de sulfato de cobre com cal virgem, diluídos em água. O seu uso é permitido na Agricultura Orgânica por ser o sulfato de cobre um produto pouco tóxico, e, por melhorar o equilíbrio nutricional das plantas.

A preparação mais comum da calda bordalesa se dá na proporção de 1 parte de cal virgem e 1 parte de sulfato de cobre para 100 partes de água (Tabela). A quantidade de cada ingrediente vai depender do volume final de calda pretendido. No nosso caso vamos propor as quantidades para encher um pulverizador costal de 20 litros:

Ingredientes Quantidades

Sulfato de cobre 200 gramas

Cal virgem 200 gramas

Água 20 litros

O sulfato de cobre se dissolve lentamente na água. Por isso, deve-se colocar 200g do produto em um saquinho de pano ralo, num balde com 5 litros de água. O saquinho deve ficar suspenso, próximo à superfície da água, para facilitar a dissolução. Para dissolver mais rapidamente o sulfato de cobre, pode-se utilizar água morna ou coloca-lo na água na noite anterior.

A cal virgem deve ser de boa qualidade para reagir totalmente com a água. As 200 gramas de cal são colocados no fundo de um balde com pouca água para haver reação rápida. Se não houver aquecimento da mistura em menos de 30 minutos a cal não deve ser usada, pois é de má qualidade. Quanto mais rápida é a reação, melhor é a cal.

Depois da cal ter reagido com a água, formando uma pasta rala, deve-se completar o volume de água até 5 litros, cuja mistura terá uma aparência de leite de cal, bem homogênea.

A mistura das duas soluções deverá ser feita despejando-se a com sulfato de cobre sobre a de cal; nunca o contrário. A mistura deverá ter um aspecto denso, onde a cal não se decanta. Após mexer algumas vezes, coar a mistura e despejar no pulverizador, completando o volume até 20 litros. Para evitar queima das folhas das plantas, caso a calda esteja ácida, deve-se fazer um teste com um canivete ou faca de ferro, pingando sobre a lâmina uma gota da calda. Se após três minutos, no local da gota se formar uma mancha avermelhada, é sinal de que a calda está ácida. Deve-se então adicionar mais leite de cal, até que a mistura fique neutra.

RECOMENDAÇÕES:

  • Café: ferrugem e cercosporiose.
  • Tomate: A calda pode ser aplicada quando a plantinha estiver com 4 folhas.

Seca dos Ponteiros ou Dye Back:

¸ Hidróxido de Cobre (idem anterior).

Ácaro Vermelho:

¸ 1 litro de enxofre líquido (Microsol) + 100 litros de água. Pulverizar a cada 30 dias.

Plantas Indicadoras

Na Agricultura Orgânica é importante observar a presença de certas plantas que indicam características do solo, tanto físicas, quanto químicas. Abaixo apresentamos uma tabela de algumas plantas identificadas em Santa Catarina:

Planta Características Indicadoras

Amendoim bravo ou leiteira ( Euphorbia heterophylla ) Desequilíbrio entre Nitrogênio (N) e micronutrientes, sobretudo Molibdênio (Mo) e Cobre (Cu).

Azedinha ( Oxalis oxyptera ) Terra argilosa, pH baixo, falta de Cálcio (Ca), falta de Molibdênio.

Barba de bode ( Aristilla pallens ) Fogo, pobreza em fósforo (P), Cálcio, Potássio (K), solos com pouca água.

Beldroega ( portulaca oleracea ) Solo fértil, não prejudicam as lavouras, protegem o solo e é planta alimentícia com elevado teor de proteína.

Cabelo de porco ( Carex spp) Compactação e pouco Cálcio.

Capim amargoso ou capim açu ( Digitaria insularis ) Aparece em lavouras abandonadas ou em pastagens nas manchas úmidas, onde a água fica estagnada após as chuvas. Indica solos de baixa fertilidade.

Capim caninha ou capim colorado ( Andropogon incanis ) Solos temporariamente encharcados, periodicamente queimados e com deficiência de Fósforo.

Capim arroz ( Echinochia crusgali ) Freqüente em arroz irrigado, indica solo rico em elementos tóxicos, como o Alumínio (reduzidos).

Capim carrapicho ( Cenchrus echinatus ) Indica solos muito decaídos, erodidos e compactados. Pastagens pisoteadas. Desaparecem com a recuperação do solo.

Capim marmelada ou papuã ( Brachiaria plantaginea ) Decadência, típico de solos constantemente arados, gradeados, com deficência de Zinco (Zn). Desaparece com o centeio, aveia preta e ervilhaca. Diminui com a permanência da própria palhada sobre a superfície. Não prejudica o milho se este levar uma vantagem de 40 cm. Regride com a adubação corretiva de Fósforo e Cálcio e restruturação do solo.

Capim rabo de burro ( Andropogon sp) Típico de terras abandonadase gastas - indica solos ácidos com baixo teor de Cálcio, impermeável entre 60 e 120 cm de profundidade

Capim-amoroso ou carrapicho (Cenchrus ciliatus) Terra de lavoura empobrecida e muito dura, pobre em Cálcio

Caraguatá (Eryggium ciliatum Humus ácido, desaparecem com a calagem e rotação de culturas. É freqüente em solos onde se praticam queimadas.

Carqueja (Bacharis spp) Pobreza do solo, compactação superficial, Molibdênio (Mo), prefere solos que retêm água

estagnada na estação chuvosa.

Carrapicho-de-carneiro (Acanthosperum hispidum) Deficiência em Cálcio.

Cavalinha (Equisetum s.p.) Indica solo com teor de acidez de médio a elevado.

Chirca (Ruppatorium s.p.) Indica pastagens mal manejadas. Aparecem em solos ricos em Molibdênio.

Dente-de-leão (Taraxum oficialis) Indica Boro (B), terra boa.

Grama seda (Cynodon dactylon) Solo muito compactado.

Guanxuma (Sida spp) Subsolo compactado ou solo superficial erodido. Em solo fértil fica viçosa: solo pobre fica pequena. Fica muito onde se manobram as máquinas após o plantio de batatinha, estradas, pátios, etc.

Língua-de-vaca (Rumex s.p.) Solos compactados e solos muito úmidos. Ocorre freqüentemente em áreas de lavoura mecanizada e posteriormente exposta ao pisoteio do gado.

Maria-mole (Senecio brasiliensis) Solo adensado (40 a 120 cm). Regride com adubação de Potássio (K) e implantação de plantas subsoladas.

Mio-mio (Bacharis coridifolia) Ocorre em pastagens de solos rasos e firmes. Indica deficiência de Molibdênio.

Nabo (Raphanus raphanistrum) Carência de Boro (B) e Manganês (Mn). Correção com 3 Kg/ha de bórax e 5 Kg/ha de manganês. A aveia quebra a dormência do nabo.

Picão branco (Galinsoga parviflora) Solo com excesso de Nitrogênio e deficiente em micronutrientes. É beneficiado pela deficiência de cobre.

Picão preto (Bidens pilosa) Indica solos de média fertilidade. Solos muito remexidos e desequilibrados.

Samambaia (pteridium auilinum) Altos teores de alumínio. Reduz com calagem. As queimadas fazem voltar o alumínio ao solo e proporcionam um retorno vigoroso da samambaia.

Sapé (Imperata exaltata) Indica solo ácidos e adensados e temporariamente encharcados, sem aeração. Ocorre também em solos deficiente em Magnésio (Mg).

Tansagem (Plantago maior) Solos com pouco ar, compactados ou adensados, freqüentemente úmidos.

Tiririca (Cyperus rotandus) Solo ácido, adensado, anaeróbico, com carência de Magnésio (Mg). É incompatível com feijão miúdo, feijão de porco, mucuna preta e palha de cana-de-açúcar.

Urtiga (Urtica urens) Excesso de Nitrogênio (matéria orgânica). Carência em cobre.

Certificação e Normatização

Atualmente a comercialização de café orgânico tem se restringido quase que unicamente à exportação, pois ainda não há uma demanda no mercado interno voltada aos cafés diferenciados, no que se inclui o orgânico, fato que não ocorre com as hortaliças, por exemplo. Na tabela e no gráfico a seguir, um panorama da exportação de café orgânico:

No Brasil:

Total

Orgânico 250 306 442 432

SAT

Total 250 285

Atualmente podemos dividir o processo de comercialização em pontos favoráveis e desafios, conforme descrição a seguir:

Pontos favoráveis:

  • Mercado altamente comprador : todas os dados estatísticos continuam apontando para um crescimento na demanda por produtos orgânicos em todo o mundo, principalmente Europa, EUA e Japão;
  • Preço diferenciado : atualmente o café orgânico tem sido valorizado com ágios que variam de 30 a 50% acima do preço convencional, dependo do comprador e da qualidade do produto;
  • Commoditie : o café, sendo uma commoditie, tem facilitada sua comercialização, fato que não ocorre com as hortaliças, por exemplo. Já existem estruturas de despacho, transporte e exportação montadas para o café;
  • Estocagem : o café, por ser fácil estocagem, pois é pouco perecível e não sofre o ataque de pragas de grãos armazenados, acaba tendo vantagens comparativas comercias;
  • Incentivos governamentais : atualmente existem incentivos à produção e exportação de café orgânico, pois esse mercado representa um adicional na entrada de recursos externos no país. Outro estímulo é a criação de linhas especiais de crédito como o BB Agricultura Orgânica do Banco do Brasil;
  • Barreiras não tarifárias: no mercado globalizado, onde começam a cair as barreiras tarifárias (impostos e taxas discriminatórias), surgem as barreiras não tarifárias. Uma delas é a barreira ambiental, ou seja, logo surgirão restrições aos produtos agrícolas que advenham de sistemas que agridem o ambiente e o homem, criando, assim, uma vantagem comparativa ao café produzido organicamente;
  • Mercado Justo (Fair Trade) : uma modalidade de comercialização que já existia antes do mercado orgânico é a do Mercado Justo (Fair Trade, em inglês) que privilegia a transparência nas negociações, a aproximação entre consumidor e produtor e um relacionamento justo entre produtor e empregado. Essa modalidade de mercado acaba privilegiando o produto orgânicos que já possui normalmente essas características.

Desafios:

  • Mercado exigente : muitos cafeicultores acreditam que o fato de seu café ser orgânico o desobriga de ser de qualidade, o que não é verdade. Tanto no mercado externo quanto no mercado interno, o mercado de café orgânico é voltado ao consumidor de cafés especiais, o que obriga o cafeicultor a adotar procedimentos que tornem seu café num produto de alta qualidade, muitas vezes onerando seu custo;
  • Volume : somente grandes volumes são aceitos no mercado internacional, onde a medida adotada normalmente é o “container” (200 a 250 sacos de 60 kg), o que pode dificultar principalmente o pequeno produtor;
  • Concorrência : atualmente existe uma concorrência com países que tem café sombreado e faltam ainda no país tecnologias voltadas para a arborização das lavouras cafeeiras;
  • Custo da certificação : o custo imposto pelas certificadoras (vide quadro) pode ser um impeditivo, principalmente num cenário futuro de redução do ágio sobre o produto