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Friedrich August von Hayek: A Austríaca e o Capitalismo, Notas de estudo de Economia

Neste artigo, luiz machado apresenta a vida e as realizações do economista friedrich august von hayek, membro da quarta geração da escola austríaca de economia. Hayek é conhecido por sua contribuição para a teoria econômica, especialmente pela ênfase na utilidade subjetiva na determinação do valor. A escola austríaca optou por uma abordagem mais filosófica em oposição às abordagens matemáticas da cambridge e lausanne. Hayek foi um dos principais inspiradores do liberalismo econômico e político, e sua obra influenciou muitos economistas atuais.

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 31/03/2012

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Grandes Economistas IV: Hayek e a Escola Austríaca
Contribuição de Luiz Machado*
28 de May de 2007
No artigo desta semana, da série Grandes Economistas, Luiz Machado traz a história de vida e as realizações do
economista Friedrich August von Hayek, nascido em Viena no dia oito de maio de 1899 e faleceu em Freiburg,
Alemanha, no dia 23 de março de 1992. Hayek afirma que antes de se discutir sobre a superioridade de qualquer sistema
econômico há que se ver qual a visão de mundo existente por trás de cada um deles. Considerando, pois, os dois tipos
de ordens supra mencionados, Hayek mostra que o sistema capitalista, que tem origem no liberalismo individualista que
se consagrou no século XVIII, não foi construído pelo homem. Ao contrário, foi resultante de um processo natural de
aperfeiçoamento a partir dos sinais emitidos pela interação de milhões de pessoas nas transações efetuadas em mercado.
"Afirmei que o socialismo constitui uma ameaça
para o bem-estar presente e futuro da raça humana,
no sentido de que nem o socialismo nem qualquer outro
substituto da ordem de mercado que conhecemos
poderão sustentar a atual população mundial."
F. A. Hayek
Friedrich August von Hayek nasceu em Viena, no dia 8 de maio de 1899, e faleceu em Freiburg, Alemanha, no dia 23 de
março de 1992.
Friedrich Hayek pertence à quarta geração de economistas da Escola Austríaca, porém ao receber o Prêmio Nobel de
Economia em 1974 foi responsável por dar a ela um destaque que talvez jamais tenha sido alcançado pelas gerações
precedentes.
A Escola Austríaca surgiu com a chamada revolução marginalista ocorrida entre 1871 e 1874, com a publicação de obras
de três diferentes autores que desenvolviam suas pesquisas e seus trabalhos em diferentes países, sem que cada um
tivesse conhecimento do trabalho dos outros. Juntamente com William Stanley Jevons, na Inglaterra, e Leon Walras, na
Suíça, Carl Menger, na Áustria, reafirma os princípios básicos do liberalismo econômico (que sofriam na época forte ataque
dos autores socialistas, em especial de Karl Marx, que publicara sua obra magna, O Capital, em 1867), com uma
importante novidade: a ênfase na utilidade para a determinação do valor das mercadorias, o que acentuava o caráter
subjetivo do mesmo, em contraposição ao caráter objetivo da visão tradicional, segundo a qual o valor é determinado
pela quantidade (tempo) de trabalho necessário à produção de cada mercadoria.
Vale destacar, desde logo, que ao contrário das correntes de Cambridge (ou inglesa) e de Lausanne (ou suíça), que
enveredaram para a economia matemática, fazendo amplo uso de métodos quantitativos na análise econômica, a
Escola Austríaca optou por uma abordagem mais filosófica, procurando colocar ênfase nos fundamentos ou razões que
estão por trás das decisões dos agentes econômicos.
Fica, portanto, evidenciado um antagonismo intransponível entre as duas tradições do pensamento econômico: enquanto a
tradição socialista faz uso de uma metodologia que sobrepõe o coletivo (as classes sociais) ao indivíduo, considerando em
suas análises basicamente as relações de classes (dominante versus dominada), a tradição liberal faz uso de uma
metodologia eminentemente individualista, considerando, como foco central de suas análises, as tomadas de decisão
de cada agente econômico, seja ele um indivíduo (pessoa física), seja ele uma empresa (pessoa jurídica).
Conselho Federal de Economia
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Grandes Economistas IV: Hayek e a Escola Austríaca

Contribuição de Luiz Machado* 28 de May de 2007

No artigo desta semana, da série Grandes Economistas, Luiz Machado traz a história de vida e as realizações do economista Friedrich August von Hayek, nascido em Viena no dia oito de maio de 1899 e faleceu em Freiburg, Alemanha, no dia 23 de março de 1992. Hayek afirma que antes de se discutir sobre a superioridade de qualquer sistema econômico há que se ver qual a visão de mundo existente por trás de cada um deles. Considerando, pois, os dois tipos de ordens supra mencionados, Hayek mostra que o sistema capitalista, que tem origem no liberalismo individualista que se consagrou no século XVIII, não foi construído pelo homem. Ao contrário, foi resultante de um processo natural de aperfeiçoamento a partir dos sinais emitidos pela interação de milhões de pessoas nas transações efetuadas em mercado.

"Afirmei que o socialismo constitui uma ameaça

para o bem-estar presente e futuro da raça humana,

no sentido de que nem o socialismo nem qualquer outro

substituto da ordem de mercado que conhecemos

poderão sustentar a atual população mundial."

F. A. Hayek

Friedrich August von Hayek nasceu em Viena, no dia 8 de maio de 1899, e faleceu em Freiburg, Alemanha, no dia 23 de março de 1992.

Friedrich Hayek pertence à quarta geração de economistas da Escola Austríaca, porém ao receber o Prêmio Nobel de Economia em 1974 foi responsável por dar a ela um destaque que talvez jamais tenha sido alcançado pelas gerações precedentes.

A Escola Austríaca surgiu com a chamada revolução marginalista ocorrida entre 1871 e 1874, com a publicação de obras de três diferentes autores que desenvolviam suas pesquisas e seus trabalhos em diferentes países, sem que cada um tivesse conhecimento do trabalho dos outros. Juntamente com William Stanley Jevons, na Inglaterra, e Leon Walras, na Suíça, Carl Menger, na Áustria, reafirma os princípios básicos do liberalismo econômico (que sofriam na época forte ataque dos autores socialistas, em especial de Karl Marx, que publicara sua obra magna, O Capital, em 1867), com uma importante novidade: a ênfase na utilidade para a determinação do valor das mercadorias, o que acentuava o caráter subjetivo do mesmo, em contraposição ao caráter objetivo da visão tradicional, segundo a qual o valor é determinado pela quantidade (tempo) de trabalho necessário à produção de cada mercadoria.

Vale destacar, desde logo, que ao contrário das correntes de Cambridge (ou inglesa) e de Lausanne (ou suíça), que enveredaram para a economia matemática, fazendo amplo uso de métodos quantitativos na análise econômica, a Escola Austríaca optou por uma abordagem mais filosófica, procurando colocar ênfase nos fundamentos ou razões que estão por trás das decisões dos agentes econômicos.

Fica, portanto, evidenciado um antagonismo intransponível entre as duas tradições do pensamento econômico: enquanto a tradição socialista faz uso de uma metodologia que sobrepõe o coletivo (as classes sociais) ao indivíduo, considerando em suas análises basicamente as relações de classes (dominante versus dominada), a tradição liberal faz uso de uma metodologia eminentemente individualista, considerando, como foco central de suas análises, as tomadas de decisão de cada agente econômico, seja ele um indivíduo (pessoa física), seja ele uma empresa (pessoa jurídica).

Cada uma dessas correntes surgidas com a revolução marginalista teve continuidade, posteriormente, com sucessivas gerações. A de Cambridge com Alfred Marshall, principal expoente da chamada síntese neoclássica (registre-se aqui uma controvérsia nos manuais de História do Pensamento Econômico: enquanto para alguns autores a Escola Marginalista se confunde com a Escola Neoclássica, para outros, elas devem ser entendidas como duas Escolas distintas), e Cecil Pigou; e a de Lausanne, com Vilfredo Pareto.

A Escola Austríaca, por sua vez, teve como destaques da segunda geração Friedrich von Wieser e Eugen von Böhn- Bawerk; da terceira, Hans Mayer, Leo Illy e Ludwig von Mises; da quarta, juntamente com Hayek, Fritz Machlup, Oskar Morgenstein e Paul N. Rosenstein-Rodin; e da quinta, que se estende aos dias de hoje, Israel Kirzner e Ludwig Lachmann, além de Murray Rothbard, que se tornou o maior expoente do libertarianismo, uma visão ultraliberal da economia que só teve (alguma) repercussão nos Estados Unidos.

Nascido em Viena, Hayek migrou para a Inglaterra, onde passou os anos mais produtivos de sua vida, em especial como professor da London School of Economics. Não se pense, porém, que foi uma vida fácil. Muito pelo contrário. Mantendo-se fiel aos princípios do liberalismo numa época que os intervencionismos como o keynesianismo e os totalitarismos todos os matizes ganhavam destaque - nazismo, fascismo, socialismo, comunismo - Hayek foi considerado ultrapassado quando publicou, em 1944, o livro O caminho da servidão, onde alertava para a ameaça que todas essas formas de intervencionismo representavam à liberdade individual.

Três anos depois, em 1947, Hayek tomou a iniciativa de reunir os mais importantes representantes do pensamento liberal - entre os quais Milton Friedman, Maurice Allais, Frank Knight, Karl Popper, Henry Hazlitt, George Stigler, Lionel Robbins, Ludwig von Mises e tantos outros - para um encontro em que seriam discutidas as condições e as perspectivas do mundo a partir da retomada da paz, com o fim da 2ª Guerra Mundial.

Teve início, assim, a Mont Pelerin Society, que existe até os dias de hoje, servindo de estímulo a centros de pesquisa (think tanks) em todo o mundo - como o Instituto Liberal, no Brasil, o Institute of Economic Affairs, na Inglaterra, a Heritage Foundation e a Atlas Foundation, nos Estados Unidos - e que reúne, a cada dois anos, os mais expressivos representantes do liberalismo, com o mesmo objetivo de discutir alternativas para os grandes problemas contemporâneos.

Sem sede fixa, a Mont Pelerin Society (cujo nome deriva do local, na Suíça, onde o encontro se realizou) possui membros de diversos continentes e de diversas correntes do pensamento liberal, com destaque, entre os que vieram mais tarde a se agregar, para James Buchanan, Gary Becker e Ronald Coase, todos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia. Hayek, aliás, foi um dos principais inspiradores desses três eminentes economistas, que têm, em comum, o fato de terem privilegiado em sua abordagem teórica uma relação estreita entre a economia, o direito, a filosofia e a política.

Diversos autores destacam esse aspecto da contribuição de Hayek para o desenvolvimento da teoria econômica, entre os quais Eamonn Butler, José Manuel Moreira (em Portugal), além de Og Leme, Ubiratan Iório de Souza, Fabio Barbieri e Ricardo Feijó (no Brasil). Sem desmerecer o trabalho de qualquer um deles, reproduzo a seguir um trecho do argentino Juan Carlos Cachanosky, por considerá-lo de grande clareza para o entendimento deste aspecto:

"Alguns filósofos distinguem entre dois tipos de ordens: (1) ordens criadas e (2) ordens espontâneas. Esta é uma distinção muito velha que vem da Antiga Grécia, mas que Hayek recuperou e desenvolveu ampla e detalhadamente. Uma ordem criada é a que foi desenhada pelos homens, por exemplo, um edifício, um avião, um relógio, um computador etc. Por haverem sido desenhados por homens, podem ser conhecidos até os mínimos detalhes. Os homens podem saber como funciona e para que serve cada uma de suas partes, podem modificá-los e melhorá-los. Pode-se dizer que os homens têm um domínio total sobre o funcionamento deste tipo de ordens.

"De que forma tudo isto afetará a vitalidade de uma escola que continua em processo de aprendizagem e descoberta, é algo que não sabemos. Sabemos, isso sim, que tudo isto é sinal de vida de uma tradição do pensamento econômico que, de forma vigorosa, continua aberta à fertilidade do desconhecido e do imprevisto: a um processo onde cada um de nós aprende novas coisas e alcança novas idéias e projetos. Uma tradição que soube transformar a epistemologia (que trata do crescimento do conhecimento) num dos mais promissores ramos da economia. Uma tradição que, ao insistir no caráter espontâneo (descentralizado) da evolução (e cooperação) das instituições humanas, por oposição aos sistemas artificiais (deliberadamente organizados e impostos, isto é, réplicas dos planos de ditadores benevolentes), cedo se deu conta de que o conhecimento não está na origem da amorosa Diversidade da Criação, mas é também a principal (e nem por isso menos desperdiçada) fonte da desejada Riqueza das Nações".

Por fim, um relato que evidencia não apenas o espírito arguto de Hayek, mas também o caráter pendular da história econômica e da história do pensamento econômico. Em 1989, um comentarista econômico francês perguntou a Hayek como ele se sentia sendo tão tardiamente reconhecido pelo valor de seu trabalho, uma vez que recebeu o Prêmio Nobel no ano de 1974, em grande parte graças ao acerto de suas previsões feitas trinta anos antes quando da publicação de O caminho da servidão. Com muita calma, ele respondeu: "Na economia as coisas são assim mesmo: quando eu era novo, o liberalismo era velho; agora que eu estou velho, o liberalismo é que voltou a ser novo".

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