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Livro A doutrina cristã - Santo Agostinho, Notas de estudo de Cultura

A doutrina cristã, por Santo Agostinho

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 16/08/2011

luciana-bernardes-6
luciana-bernardes-6 🇧🇷

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Coleçao PATRÍSTICA tros Apostóricos, Ulemeve Reriana = Inácio de Axioquia — Pé =am'tma - Fseude-Bermaoé Herras — Páp'as - Didaque gistas, Cala à Ziognlo — Aristides — Taciano — A: Contra as heresias, rece vião ão dos simizalos (cia tes — Sairo os sacramontos - Sofro cs 3. Apologias e Diáicgo com Trifão, Justo de Roma 1 SANTO AGOSTINHO A DOUTRINA CRISTÃ Manual de exegese e formação cristã Dados interrac Hrasileira do “sro, SP às Catalogação aa Publicação bj q22070 - de ooo. 1, Hrange ty Ser. sipena, 384.459] jação ensta + santo egnáica Roque, uno 24 290 6 stamáticr E. Jeutrina oxistã “Ft gião 239 =evisão Paulo Enzo Hisnóri =oe-ação eletrônica PAULIS, é Nero Cortery tips. SFN 95-308-:714€ APRESENTAÇÃO Surgiu, pelos anos 40, na Europa, especialmente na França, um movimento de interesse voltado para os enti- gos escritores cristãos e suas obras conhecidos, tradicio- nalmente, como “Padres da Igreja”, ou “santos Padres”, Esse movimento, liderado por Henri de Lubac e Jean Daniélou, deu origem à coleção “Sources Chréticnnes”, hoje com mais de 400 títulos, alguns dos quais com várias edições. Com o Concílio Vaticano !!, ativou-se em toda a Igreja o desejo e a necessidade de renovação da liturgia, da exegese, da espiritualidade e da teologia q partir das fontes primitivas. Surgiu a necessidade de “voltar às fon- tes” do cristianismo, No Brasil, em termos de publicação das obras destes autores antigos, pouco se fez. Paulus Editora procura, agora, preencher este vazio existente em lingua portugue- sa. Nunca é tarde ou fora de época para rever as fontes da fé cristã, os fundamentos da doutrina de Igreja, especial- mente no sentido de buscor nelas à inspiração atuante, transformadora do presente. Não se propõe uma volta ao passado através da leitura e estudo dos textos primitivos como remédio ao saudosismo. Ao contrária, procura-se vferecer aquilo que constitui as “fontes” do cristianismo pera que o leitor as examine, as avalie e colha o essencial, o espírito que as produziu. Cabe no leitor, portanto, à ta- ref do discernimento. Paulus Editora quer, assim, ofere- cer ao público de lnguu portuguesa, leigos, clérigos, reli- E APRESENTAÇÃO “Além de sua importância no ambiente eclesiástico, os Padres da Igreja ocupam. tugar proeminente ne litere re e. particularmente, na literatura greco-romana, São eles os últimos representantes da Antiguidade, cuja arte literária, não raras vezes, brilha nitidamente em suas obras, tendo influencindo todas as literaturas posterio- res. Formados pelos melhores mestres da Antiguidade eclússica, põem suas palavras e seus escritos q serviço do pensamento cristão. Se excetuarmos algumas obras retó- ricas de caráter apologético, oratório ou apuredamente epistolar, os Padres, por certo, ndo queriam ser em pri- meira linha, literatos, e sim, aruutos du doutrina e moral cristãs. A arte adquirida, não obstante, vem « ser para eles meio para alcançar este fim. (...) Há de se lhes apro- «simar o leitor com o coração aberto, cheio de boa vontade e bem disposto à verdade cristã. As obras das Pares se lhe reverterão, assim, em fonte de luz, alegriu e edificação espiritual? (B. Altaner; A. Stuiber, Patrologia, S. Paulo, Paulus, 1988, pp. 21-22), A Editora “De tudo o que foi dito, estu 6 «À suma; que se entendo ser « plenitude e o fim da Lei, como de toda q Escritura divina, o amor àquela Coisa que será o nosso gozo, e o amor dos que podem, pertilher conosco daquela fruição” (1,85,99). “Ser orante, antes de ser orador” dv, 15,32) INTRODUÇÃO u. Dados e ocasião da obra Santo Agostinho começou a escrever o De doctrina. christiana no início de seu episcopado, em 397, Kedigiu então os três primeiros livros, mas Só veio a terminar a obra em 426 ou 427, anexando mais 13 capítulos ao ter- ceiro livro é compondo todo o quarto. Temos assim uma obra que levou trinta anos para ser completada! Ao se dedicar à revisão de seus escritos, no fim da vida, consta- tando essa obra inacabada, quis terminá-la. Diz-nos tex- tualmente, nas Retractationes: “Tendo encontrado inacabados os livros de De coetrina christiana, cu preferi findá-los a deixá-los assim e conti- auar a rever as outras obrus. Completei, pois, o terceiro tivro que havia escrito até a passagem once é lembrado o que diz o ovangelho a respeito da mulher que mistura o fermento em três medidas de farinha até que tudo fer- mente (TIL ,25,35). Anexei também um último livro e ter- minei esta obra em. quatro livros. Os três primeiros aju- dam a compreender as Fiscrituras e o quarto indica como é preciso exprimir 0 que (oi entendido” (Retract. IT,4,1). À conclusão da obra deve Ler sido fetia no fim do ano 426 ou no início de 427, porque em FV,24,50 o autor faz alusão a um sermão que pregara havia mais de oito anos, em Cesaréia da Mauritânia. 1 sabemos, por outras fon- tes, que isso se dera em 418, Ao retornar à obra após tão INTRODUÇÃO 14 v. Visão sintética de cad Consta A doutrina cristã de um prólogo e quatro livros. No Próiogo, Agostinho refuta com antecedência mente mos- tram-se refratários às regras que ele pretende propor. O divro 1 é introdução de ordem dogmática e moral para servir de base à todo o desenvolvimento ulterior, de ordem técnica. Todo conhecimento, explica santo Agostinho, es- tende-se sobre as coisas ou sobre os sinais (de rebus aut de signis), Há, pois, que fazer distinção entre o conheci- menta das coisas (doctrina rerum) e o canhecimento dos inais (doctrina signorum) (2,2%. A doutrina cristã busca em primeiro lugar conhecer o real —-- as coisas (res). À elas, o homem é movido por duas tendências: o desejo de fruir, isto é, gozar ou dcleitar-se delas; c o deseja de se servir, utilizar-se delas (rui aut uti) (4,4). Todo este pri- meiro livro é dedicado ao estudo das coisas, isto é, das realidades a serem descobertas. Entre elas, a suprema coisa — se assim pode ser chamada — é Deus Trindade. Dele só se hã de fruir por ele mesmo (Summa res quoe fruendam est propter seipsam) (5,5 e 22,20). Das outras coisas, à mais excelente é o homem. De Ludo o que não é Deus se há de utilizar para chegar até ele, nosso termo Tinal e meta de nosso gozo. Agostinho estuda Deus como ser inefável, vida e sabedoria, imutável e eterno, centro de amor de toda criatura racional (3-10). Mas para che- gar a Deus, o homem tem de purificar seu espírito e no- cessita de um caminho. Este caminho é Jesus Cristo: Pri- mas ud Deum via Christus (11-15). Por ele, se há de caminhar sem se deter nas coisas perecedoras. Eis, em esquema, as verdades dogmáticas apresentadas: Deus, a Trindade, a encarnação, a ressurreição, a Igreja, a res- surreição dos corpos, o inferno, o véu, os anjos (5-21). Se- 15 INTRODUÇÃO guem as verdades morais: a fé, a esperança, à caridade (22-349. No final, dão-se os princípios básicos da exegese: 9 Teconhecimento do lugar primordial de sunor à Deus é aos irmãos (35-40). Santo Agoslinho assim sintetiza todo este Lratado de rebus: a plenitude e o fim da Lei e de to das us Escrituras é 0 amor da “Coisa”, de quem havemos de gozar e da outra “coisa” — nosso semelhante — que é capaz de gozar de Deus conosco. O reino do amor é à cha- ve da anseio e do repouso do coração humano (35,89) Livro Il -- Só o livro sagrado é digno de ocupar o espírito do cristão verdadeiro, já que contém tudo o de que necessita para atingir seu fim. À Escritura é toda um conjunto de sinais escritos, isto 6, de palavras. E sobre esses sinais (de signis) que versa esto segundo li- vro. Às palavras, todas de instituição humana, encon- iram-se diversifizadas em várias línguas. Daí a conve- niência de conhecermos os siguos e as línguas para chegarmos a esclarecer o sentido das livros inspirados. Para o conhecimento desse sentido, há cerlas disposi- ções marais necessárias, São as virtudes obLidas pelos dons do Espírito Santo (7,9-11), Esta passagem é, corta- mente, das mais belas da obra. Quanto à formação cul- tural, o discípulo começará por segui ções de gra- mática a fim de se capacitar a ler o texto da Bíblia. Estudará os tropos ou figuras de pensamento, para sa- ber interpretar as palavras e expressões de sentido fi- gurado. Gomo o Lexto latino da Bíblia é tradução, será conveniente conhecer o grego, língua original do Novo Testamento (11,16). Deve-se acrescentar à gramá: outras ciências: a história, a geografia, a história natu- ral, a astronomia — que é preciso não confundir com a astrologia — pois esta relaciona-se com as magias € su- perstições, como, por exemplo, os horáscopos (21,32-37). São ainda recomendadas: as artes mecânicas , a dialética, INTRODUÇÃO tó as matemálicas que farão conhecer o significado simbó- lico dos números, c a música. O ciclo termina com a dialética e a retórica. O exegeta é assim convidado a possuir uns laivos das mais variadas ciências de seu tempo. O programa é amplo, mas todo subordinado ao entendimento da Biblia. A lista do Cânon completo das Escrituras é apresentada insistindo-se no critério de sua autenticidade (8,12.13). Agostinho trata lambém das distintas versões da Bíblia: a tradução latina Ítala e a grega dos Setenta, a qual considera altamente autori- zada (15,22), Como perseguidor da verdade que sempre fai, o bispo de Ilipona recomenda que tudo o que for acha- do de certo nos autores pagãos seja incorporado ao acer- vo da nossa Verdade, como coisa que nos pertence (40,60.61). Termina o livro mostrando a grande diferen- qa existente entre os Livros santos e os profanos e a imensa superioridade dos primeiros (42,69). O livro IH dá-nos as regras da interpretação. Visa a ensinar-nos a resolver as ambigúidades da Escritura. De início, aquelas que se encontram nos textos tomados em sentido próprio (2-4). Em seguida -as mais complexas e que solicitam maior aplicação --, as que se encontram em textos a serem tomados em sentido figurado (3-9. O recurso à crítica textual é a regra geral para sc evitarem as ambigúidades. Consiste em examinar o contexto, coLe- jar as traduções ou recorrer ao original. Na maior parte das vezes, a ambigiiidade decorre de tomar em sentido próprio ou literal o que deve ser entendido em sentido figurado (10). Uma série de princípios para a ajuda da interpretação de tais textos é apresentada. E no caso de haver pluralidade de significações, dão-se normas para à escolha do sentido exato ou do mais provável (11-29), Santo Agostinho examina a seguir uma série de regras que o donatista exegeta Ticônio propõe para a descoberta vu INTRODUÇÃO do sentido real das Escrituras (30-37). Vaz uma critica criteriosa dessa valiosa contribuição, mas a ser adotada com cautela, Para concluir o livro, ele exalta a necessida- de da oração para o entendimento das Sagradas Escritu- ras (37,56). Livra IV - - Como já foi bastante relevado, este livro Tinal é tratado de oratória sagrada com a exposição de pro- cessos de expressão. O orador sacro puderá aproveitar-se das regras de retórica profana, Terá sempre em conta, pa- rém, que é presiso falar mais com sabedoria do que com eloquência. À inalidade há de ser: ensinar, deleitar e con- vencer (12,27). Para isso, há de se servir dos três tipos de estilo: simples, moderado e sublime, acomodando-os ao tema c ao objetivo (17,34), Apresentam-se vários exem- plos tirados das Santas Escrituras, especiulmente de são *aulo e dos Profetas (7 e 20). Igualmente, exemplos de don- tores da Igreja, como são Cipriano e santo Ambrósio (21). Por fim, Agostinho cnsina como misturar os estilos para sustentar a atenção dos ouvintes, buscando sempre que en- tendam, deleitem-se e submetam-se a Deus (22-28). Sobre- tudo, que o orador não se esqueça acima de tudo haver de ser homem de oração, porque só Deus dá o incremento ao que foi plantado. O verdadeiro Mestre encontra-se no inte- rior (15,32 3 30,68). Que o pregador dê o exemplo de sua pró- pria vida e renda graças pelo feliz êxito de sua pregação. d. O modo de composição Henri-Irénée Marrou, na sua fundamental obra Suint Augustin et la fin de lu culture antique,º faz análise realis- ta do modo de composição de nossa grande doutor da Igre- “fã. Buceard, Paris, 1938, pp. 6, 67, 70. INTRODUÇÃO 20 de que só a Igreja católica poderia lhe garantir as verda- des a crer. À Bíblia apresenta-se-lhe indissoluvelmente unida ao problema da existência da Providência e da Pe- dagogia divina. Vê-se, assim, o lugar central da Bíblia no precesso de sua conversão. Em especial, apoiou-se em são João e nas cartas paulinas.” £.O grande amor pela Sugrada Escritura AgosLinho alesta de mil maneiras seu grande amor pelos Livros santos. Nas Confissões afirma desejar fazer deles as suas delícias: Sint castae deliciar meae Seripturae tuge (Conf KL2,9). Toda a obra agostiniana deve à Palavra de Deus sua carne, seu sangue e a medula de seus ossos. Essa ima- gem, aliás, é de sua autoria. O essencial de tudo o que nos legou, a substancia mais intima de seus e: postos desde seu episcopado vêm das divinas Escrituras. De fato, com dificuldade encontrar-se-á homem que tenha sido mais profundamente penetrado pela Bíblia do que o foi Agostinho. Orígenes é o vidente erudito. Jerô- nimo, 0 sábio conhecedor das três linguas bíblicas, o exe- geta de métodos científicos. Agostinho, o homem que lê a Escritura com toda a fé. Desde os dias do retiro de Cassi- cíaco até a sua morte, viveu “na” Bíblia.º Ninguém, como ele, explorou tão a funda e com tan- to empenho e sutileza os profundos c obscuros recôndi- tos da Bíblia, e nunca houve alguém que trouxesse de suas explorações tal abundância de preciosos achados, Toda a Idade Média alimentar-se-á às suas expensas, e PGE Po, Lope Clileruclo, Son Augustin y la Biblia, Introduerión general, BAG, val. XV, pp. 4-17. *C£ Van der Meer, Saint Augustin, nasieur diânes, v. IT, Paris, p. 108. 21 INTRODUÇÃO os místicos de todos os tempos lhe deverão esplendidas dumiuações. Temos de ressaltar ainda o lugar prodigioso da Bíblia em suas obras. Cerca de um terço delas lhe está expressamente reservado, sob forma de tratados excgéticos ou homiléticos. E nos tratadas doutrinais, as citações híhlicas vêm semcadas em profusão. Numero- sa coletâneas feitas dessas citações. À resenha de De Lagarde, da Universidade de Goitingen, conta 42.816 citações, sendo 13.276 do Antigo Testamento e 29.540 do Novo. são g. Os trabulhos exegéticos Eis o elenco das obras exegéLicas de aho;! nto Agosti- A) Teoria da exegese * A doutrina cristã. em quatro livros. B) Comentários sobre o Antigo Testamento Três comentários sabre o Gênesis: * De Genesi contra manichaeos, dois livros: No sen- tido alegórico, * De Genesi ad titteram, liber imperfectus, uma livro incompleto. * De Genesi ad litteram, doze livros. No sentido H- teral. E os três últimos livros de Confissões, em interpre- ção alegórica. VGi Fr, Amador del Fueyo, Istroducetin, Homilias, BAC E, p, XKIIL DEF. Dertaliá, “S. Angustin”, in Diction, De titóniogio catholique, cols. 430U- 2302. ISTEODUÇÃO 22 * Locutionum in Hepinteuchum, sete livros. Sobre os sete primeiros livros do AT: os 5 do Pentateuco, o livro de Josué e o dos Juízes. * Quaestionurm in Heptateuchum, seve livros. Mais desenvolvidos que as Locutiones. * Adnotationes in fob, notas marginais não muito ordenadas. * Enarrationes in Psalmos, comentários sobre os 150 salmos. Obra-prima de eloquência popular, de ver- ve e originalidade inimitáveis. 3 Escritos sobre os evangelhos e De consensu Evangelistarum, quatro livros. De muita fineza. « Quacstionum Ivengeliorum, dois livros. Um so bre Mateus e outro sobre Lucas. * De sermone Domini in monte, resumo da Leologia moral de Jesus. * 124 Tractatus in loannis Eunngelium, obra magis- tral. * 10 Tractatus in Epistolam primam Joannis, versa sobretudo sobre a caridade e a unidade da Igreja (já traduzido em português, Paulus). D) Ensaios sobre as cartas de S. Paulo * Expositio querundam (84; propositionum, ex Epistola ud Romanos, fruto dos encontros com os Irmãos do Mosteiro de Hipona. » Epistola ad Romanos expositio inchoata. A dilicul- dade o fez desistir da obra. * Expositio «d Galatas, verdadeiro comentário com explicações do sentido literal de cada versículo. “puaieados pela Paulus era 4 volumes, na enleção Patríst us INTRODUÇÃO E) Coleiânea escriturária * Speculum, simples sejeção de prescrições morais. h. Julgamento crítico sobre a exegese agostiniana A) E. Portalé, no seu extenso c famoso artigo sobre santo Agostinho no Nictionnaire de théolngie catholique,* apresent; seguintes apreciações: É difícil formular um julgamento de conjunto da exegese agostiniana, tão múltiplos são os aspectos de sua obra. Os seus trabalhos bíblicos mais notáveis perten- cem ou à teoria (De doctrina christiana), que é geralmen- te louvada, ou à pregação, que adota interpretação misti- ca on alegórica (Tn Tract. Jonnem, In Psalmas, In To), e nesse gênero ele é incomparável; ou ainda referem-se a questões especiais (De consensu Evang.), G aí admira-se sua profunda penetração. Comentá guidos só en- contramos no De Genest ad Hitteram e nos ensaios sobre as cartas aos Romanos e aos Gálatas. Contudo, é preciso reconhecer que a obra exegética de Agostinho não se iguala nem pela extensão, nem pelo caráter científico à de são Jeronimo. Três cireunstánci contribuíram para isso: a) Conhecimento insuficiente das línguas bíblicas. Ele lia o grego com embaraço. Quanto ao hebraico, tudo o que se pode concluir, de estudos recentes, é que apenas lhe era familiar o púnico, língua semítica, aparentado ao hebraico, e que era falado na Numídia pelo povo simples descendente dos fenícios. b) À finalidade moral e a motivação prática do mu- mento, visadas por sua pregação, levavam-no a incontes- táveis abusos do sentido alegórico. op. cre, cols. 2422068, TXTRODUÇÃO 2 cunstâncias que o rodeavam e somente a essa luz apre- eiar sua obra pessoal. Todos reconhecem que ele pode orientar, uté hoje, certos problemas de exegese. Foi pre- cursor de nossos dias. Advoga a naturalidade na expres- são e a busca da erítica Lextual. Convém nunce esquecer que a exegesc atual serve-se de meios técnicos, instrumentos de trabalho, descober- tas, escavações, conhecimento de literaturas orientais, dos géneros literários do tempo, dos métodos utilizado gamente na composição dos livros, enisas que Age não podia estar em condições de utilizar. 1. A inspiração bíblica Tradicionalmente, costunia-se empregar o termo “ins- piração” para designar à propriedade fundamental de a Bíblia ser escrita sob a ação divina. Agostinho emprega o termo, mas não em sentido técnico e exclusivo. Para ele, a inspiração identifica-se com iluminação. Certas expressões agostinianas foram sempre adota- das pela Tradição, como, por exemplo: Deo inspirante ista conseripta sunt (e cir. Dei 15,8,1), Spiritu Sancto d: dieti et conseriptt sunt (Tn Ps 621T/D. Tais [órmul nheceram muita ressonância, inclusive em Tomás de Aquino. São dois os fatores ou autores a serem reconhecidos no conceito de inspiração: o divino e o humano, Deus — seja o Pai, seja o ilho, seja ainda o Espírito Santo — fala por racio dos hagiggrafos (ef. À doutr. cristã 11,5,6; 1L,6,7- 8; 117,27.88). “A Brblia é livro de Deus, carta que nosso Pai celeste nos envia da pátria” (In Ps 26,11. “O Espíri- to de Deus fala, mas por meio dos homens” (De civ, Dei 18,43; 18,41,34. A Lei foi escrita pelo dedo de Deus, c por esse dedo entende-se o Espírito Santo. “Os h O “7 NITRO são “iedos de Deus” (Im Ps 8,7). Cf. também Con, VIL,21,27 Agostinho reulça o fator divino, porque deseja pôr sempre em relevo a autoridade da Biblia. Diz-nos que « Bíblia é documento divino. “E a voz de Cristo” (Os Christi Evengelium est) (Sermo 85,1,1). As afirmações agostinianas são Lão altissonantes que devem ser lidas com certo cuidado. Entretanto, ele tam- hém põe em relevo o fator humano, Deus não falou por si próprio, mas elegeu homens para falar por meio dele Quem fala é sempre um homem que o faz cm nome de Deus, comunicando-nes as palavras de Deus. O hagãó- grafo, porém, pode ter suas intenções próprias e pessoais (De cin. Dei 1 5,8,D. À contribuição humana é pos evidência em muitas passagens. Desse modo, a Biblia para Agostinho é humana e divina, tante por sua. origem como por seu conteúda. Excla- macle nas Confissões (XIIL 29,44%: “Senhor, por acaso não será verdadeira a tua Escritura, ditada que foi por ti, que és verdadeiro, ou melhor, que és a própria Verdade” 1 em j. A inspiração verbal Constitui abuso citar Agostinho em seu desabono, na discussão moderna e técnica sobre a inspiração ver- bal. Para melhor compreender a posição agostiniana, te- mos de evocar o motivo que o levou a adotá-la. Os mani- queus escandalizavam-se com certas palavras bíblicas. Agostinho faz a apologia dessas palavras. CE em espe- cial o Contra Faustum. Afirma que esses termos são de autoria divina sem nenhuma distinção: “Deus quis usar essas palavras” (Deus his elium verbis uti voluit) (Contra Adimantum 1; A doutr cristã TL,6.7). Da mesma manei- ra, em relação às palavras obscuras, ele alega que o Ver- INTRODUÇÃO 28 ba fez-se palavra humana artes de se fazer carne. “Quan- do o evangelista escolhe uma palavra, tal escolha deve ser atribuida a Deus”. Pode-se dizer que algumas metáforas agostinianas são exageradas, tais como: “os hagiógrafos são mãos de Cristo, escrevem sob v ditado de sua Cubeça”. “Deus nos cura precisamente com esse jogo deleitoso das palavras bíblicas obscuras” (A verdadeira religião 50,98). Compreendemos assim a constante preocupação de AgosLinho pelos signos verbais, isto é, pelas palavras en- quanto palavras. Sobretudo, leia-se, a esse respeito, o De Megistro (e em De doctrina christiona 11,2,8). Ele crê que somente por meio dos signos chega-se ao pensamento e à vontade do hagiógrafo e à de Deus (ibid., 11,5,6). Acomoda-se Deus à nossa linguagem, às nossas figuras literárias e é bem ele que move os lábios e a pena do escritor sacro.!* 1.ºA doutrina criste” e o problema da cultura. Dissemas, no início desta introdução, que o presente livro não é exclusivamente obra exegética, mas contém também todo um programa de formação cultural com base bíblica. Agostinho, o pedagogo de outrora, uma vez feito Mestre da Igreja, quer que a ciência seja conhecida e que se faça bom uso dela, pois só o saber não basta para al- guém ser sábio. Já em Cassicíaco, ele fizera o plano de uma obra en- ciclopédica que deveria tratar, com espirito cristão, os sete ramos tradicionais da “ciência” de então — tudo o quena Idade Média constituirá as artes liberais. Naquela oca- HC Te. Lope Cillemela, San 4 BAÇXY. ustin y lx Hiblie, Introducciên general, i f 22 INTRODUÇÃO sião, o neoconvertido não conseguiu ir além de um trata- do sabre a Crramática c outro sobre o Ritmo (De musica). O primeiro perdeu-se, e um De Grammatica Liber, que por longo tempo lhe foi atribuído, é apócrifo. O projeto ambicioso teve de ser abandonado devido a seus novos encargos na Igreja. Com os anos, Agostinho chegon a abraçar nova concepção de cultura crista, de for- ma definitiva e de modo mais sistemático. Encontramos esse plano nos quatro livros de “ciência crista”, o presente manual, especialmente no livro TI, nos caps. 16 a 41. Até então, a Igreja não possuíra nenhum trabalho desse gênero, Mais do que qualquer de seus anlecessore o bispo de Hipona sentir-se qualificado para isso, graças à sua formação de cultura clássica. Não aconteceu que cle tenha recalcado suas origens, porque soube ultra- passã-las no fórum íntimo. É assim que se arrisca a tra gar o projeto de nova formação, cujo objetivo deterimina- rá a unidade do plano. Retém do antigo saber só o que lhe parece poder servir, e deixa tranquilimente de lado o que julga não mais ser necessário. Assim cumo deveria exis- tir doravante uma só filosofia — a de Cristo - ., também não deveria existir a não ser um só e verdadeiro saber, e uma única “ciência” cristã — a que cstá a serviço da sa- bedoria cristã. Essa ciência única é a da Biblia, com a arte de a compreender bem, e de anunciar corretamente a verdade nela contida. e saber, Agastinha o ambieiona não somente para teólogos e homens da Igreja. A seus olhos é o saber cris- tão, fora do qual nada é essencial na vida. Por ser a Bíblia alivro da verdade, é ela tudo, e para todos, o suficiente, E o livro de Deus, inspirado e ditado por seu Espírito, me- rece ilimitada confiança.> Of Hans von Campenhansen, Les Péres laiirs, Tr 1967, py. 313as, 2. Do siena Stuttgart, PRÓLOGO 33 demovam nem afastem outros de estudo tão proveitoso. Poderiam ser estes levados a desânimo paralisante, se não estivessem premunidos e preparados. Três grupos de possiveis contestadores = Na verdade, pretenderão alguns criticar cste nosso trabalho por não entenderem as normas que aqui ensi- nsmos. Outros as entenderão, mas hão de querer aplicar de imediato os conhecimentos adquiridos, pretendendo interpretar com eles as divinas Escrituras. Mas ao não conseguir desvendar, nem explicar o que desejam, pen- sarão que o meu trabalho tenha sido inútil. Por não lhes ter servido, podem generalizar dizendo que não servirá a ninguém. A terceira classe de opositores será a daqueles que interpretam bem, ou imaginam interpretar muito hem, as divinas Escrituras. Tais pessoas nada leram, até o pre- sente, sobre esse gênero de normas que agora delerntinei publicar; contudo, do seu ponto de vista, julgam-se capa- ses de comentar os Livros santos. Pensam que tais nor- mas não são necessárias. Exclamam em alta voz que as obseuridades das Sagradas Rserituras esclarceem-se com a oração, e consistem em puro dom divino. Resposta. «os primeiros opositores 3. Atodos responderei brevemente. Aos que não enten- derem o que escrevo, digo: Não me devem criticar pelo fato de não entenderem o que está exposto. Acontece tal como se desejassem con- templar a lua no início de sua fasc ou já no fim do quarto minguante, ou talvez algum outro astro pouco haminoso "3 PEÓLOGO que eu pretendesse lhes assinalar com o dedo. A eles, con- tndo, a pouca acuidade da vista não basta sequer para distinguir 0 meu dedo. Portanto, não é contra mim que deveriam se irritar. Aos que, conhecendo e tendo por basc estas normas, sentem-se entretanto impossibilitados de desvendar as passagens obscuras das divinas Escrituras, eu lhes direi que certamente vêem meu dedo, mas não conseguem ver os astros aos quais, por meio dele, procuro dirigir-lhes o olhar. Portanto, que uns e autros deixem de me reprovar « peçam a Deus que lhes dê luz aas olhos. Pois se está em meu puder erguer meu dedo para assinalar-lhes algo, não posso contudo iluminar-lhes os olhos com que contem- plarão a minha própria explicação ou o que pretendo de- manstrar. Aos “iluminados” 4 Aos que sc regozijam c se gloriam. por ter recebido o dom divino da interpretação dos Livros santos, sem as normas que agora público — e assim julgam que escrevi coisas supéríluas —, eis como pretendo desvanecer essa presunção. Ainda que sintam, com razão, tal alegria pelo grande dom de Deus, lembrem-se, não obstante, de que foi com a ajuda de homens que aprenderam, pelo menos o alfabeto. Concordem que os supera o exeraplo de Antão, monge do Egito, homem santo e perfeito. Conta-se que sem ter nenhum conhecimento das primeiras letras, só ao escutar, aprendeu de memória as divinas Escrituras. Menitando-as, entendeu-as com sabedoria. E ainda, lembrem-se do caso daquele escravo bárbaro, cristão, de quem tivemos notícias por homens sérios e dignos de cré- dito, faz pouca tempo. Esse, igualmente, sem que nin- PRÓLOGO guéim lhe Livesse ensinado, Leve pleno conhecimento das letras. Ele havia rezado para que o alfabeto lhe fosse manitestado, c depois de três dias de súplicias, tomou em suas mãos o códice que lhe entregaram e diante do es- panto de todos os que se encontravam presentes, leu-o correntemente. Educamo-nos uns com os outros 5. Não vou discutir, caso alguém julgue falsos csses fatos. O assunto é com aqueles cristãos que se alegram de aprender o sentido das santas Escrituras sem o auxi- tio de oulros homeas, Se realmente assim se dá, não é um bem qualquer esse que lhes traz tanta alegria. Con- cedam, porém, que a cada um de nós, desde o início da infância, foi nos necessário aprender a própria kíngua, à força de ouvi-la. E tamhém, para chegarmos ao conheci- mento de qualquer outra língua, como, por exemplo, a grega ou a hebraica, só nos foi possível ouvindo-a ou gra- cas à ajuda de professor. Se assim não fosse, sem dúvida, agraduria a nossos opositores que admoestássemos a to- dos os irmãos a que não ensinassem nada a seus filhos. Juslificar-se-iam pelo falo de que num instante os após- tolos, só com a ajuda do Espírito Santa, ficaram repletos dele e falaram as linguas de todos os povos. Em conse- quência, aqueles a quem tal não aconteça que não se julguem cristãos ou, pelo menos, que duvidem de Ler ro- cebido o Espírito Santo! Mas, muito pelo contrário, ad- muestamos para que cada um aprenda humildemente de outra pessoa o que deve aprender. E o que ensina à uu- tros, que comunique a seus discípulos o que reccheu, sem orgulho nem inveja. Nãe tentemos Aquele de quem rece- bemos nossa fé. Que não nos aconteça - é enganados pela maldade e astúcia do inimigo — deixarmos de ir às am PRÓIA igrejas para ouvir e aprender o evangelho; descuidarmos de ler o texto sagrado ou então desprezarmos de escutar o leitor ou o pregador. Que não esperemos precisar ser- mos arrebatados ao terceiro céu — em corpo ou fora dele « como disse o Apóstolo, para ouvir palavras inefávei: que não é lícito ao homem revelir (2Cor 12,2-4), e ver ali o Seuhor Jesus Cristo e ouvir o evangelho de seus prô- prios lábios, em vez de ser pela boca dos homens. Valor de mediação humana: ajuda mútua no relacionamento com Deus* 6. Evitemos tais tentações cheias de orgulho « perigos. Pensemos antes no exemplo do próprio apóstolo Paulo. Apesar de ter ficado prostrado e ser instruído pela voz divina e celeste, foi enviado a um homem para receber de suas mãos os sacramentos, € ser incorporado à Igreja (At 9,3-7), Pensemos tambér no centurião Cornélio. Um anjo anunciou que suas orações e esmolas subiram até Deus, Não obstante, Pedro foi encarregado de o instruir. Dele recebeu não somente os sacramentos, mas também escu- tou o que devia crer, esperar e amar (At 10,1 48). Todas essas coisas poderiam ter sido feitas por meio de um anjo. Se assim fosse, a condição humana teria sido desapreciada, pois Deus não (cria querido transmitir aos homens sua palavra, por meio de homens. Como então » humara para a dispensação da graga cono ex. digaidade do bortem. À mediação é 0 meio mais excelente para a expansão da caridede que use os homens. Por sua vez, à sabedoria conquista- s homens aa b.sea ce Deus é vasto em somam. Encontrarão ros socialmente unidos & solidários ra ordem salvíica. Neste prólogo, Agostinho pelemizs contra os que pretendes: ensaminhar. pera Deus é entender az Ezerituras dispensando o auxílio dus quíros. CE d. wlrigues, USA, Comunidade « procura de Deus, WU Encontro Nacional Agostiniano, Itaici, 1981, pp. 77-78 PRÓLUGO ae aprendam a ler. É certo, porém, que ambos comunicam apenas 0 que receberam. Assim acontece com as santas Escrituras. Quem pos- sui o seu entendimento faz o papel do leitor junto aos que as conhecem. E quem dá as normas para as entender é semelhante ao professor que ensina o alfabeto, isto é, ensina a ler, Assim como quem aprendeu a ler, ao cncon- tar um livro, não necessita de algum leitor para enten- der 0 que lá está escrilo, igualmente acontecerá com vs que receberem as normas que intencionamos entregar. Ao encontrar algo obscuro nos Livros sagrados, vbservan- do as normas que lhes servirão como as letras do alfabe- to, não precisarão de alguém para lhes descobrir o que estiver oculto. Observando certas regras, eles próprios chegarão sem erro q descobrir o sentido oculto. Pelo me- nos, não cairão no absurdo de alguma opinião errônea. Enfim, aparecerã suficientemente nesta obra que nin- guém pode se opor, sem injustiça, n nosso legítimo empe- nho de ajudar. Todavia, se julgam que já respondemos convenientemente a eventuais opositores com este prólo- go, queremos agora dar início à caminhada a que nos pro- pusemos engajar-nos. LIVRO 1 SOBRE AS VERDADES A SEREM DESCOBERTAS NAS ESCRITURAS A. PLANO, DEFINIÇÕES, DISTINÇÕES CANÍTULO 1 Finalidade geral de obra 1. Há duas coisas igualmente imporianies na exposi- vão das Escrituras: a maneira de descobrir o que É para ser entendido e a maneira de cxpor com propriedade o que foi entendido.” Primeiramente, disserlaremos sobre como se reali- za a descoberta da verdade, depois sobre o modo de expô-la. Empresa magna e árdua! E como ela é difícil de ser conseguida, receio até ser temerário empreendê-la. Na verdade, assim o seria, se presumissemos apenas de nossas próprias forças. Mas toda a minha esperança de levar a bom termo esta obra repousa naquele de quem tenho recebido muitas luzes sobre este tema, na medita- ção. E não duvido de que ele me concederá as luzes que me faltam quando tiver começado a partilhar a que me concedeu. Possuir algo que ao ser dado não se esgota e não repartilo com os outros não é possuir como convém. O Senhor disse: “Aquele que tem lhe será dado” (Mt 18,12). Deus dará, pois, aos que têm, isto é, fará crescer e multi- :AgosLisho fornece de maneira issequívoca o duplo objetivo ca obre: 1) mos rar como se realiza a descoberia da verdade e 2) como esta deve si