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Livro - Doencas Infecciosas e Parasitarias - Guia de Bolso - 7ª Edicao - 2008 - MS
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
7ª edição revista
Brasília / DF
7 a^ edição revista
Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Epidemiológica
7 a^ edição revista
Série B. Textos Básicos de Saúde
© 1999 Ministério da Saúde. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs
Série B. Textos Básicos de Saúde
Tiragem: 7 a^ edição revista – 2008 – 3.000 exemplares
Elaboração, edição e distribuição: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Epidemiológica Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício-Sede, 1 o^ andar CEP: 70058-900 Brasília – DF E-mail : svs@saude.gov.br Home page : http://www.saude.gov.br
Projeto Gráfico: Edite Damásio da Silva e Fabiano Camilo
Capa: Fabiano Camilo
Diagramação: Edite Damásio da Silva
Revisão e copidescagem: Regina Coeli Pimenta de Mello
Impresso no Brasil/Printed in Brazil
Títulos para indexação: Em inglês: Infectious and Parasitic Diseases: pocket guide Em espanhol: Enfermedades Infecciosas y Parasitarias: guía de bolso
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 7. ed. rev. – Brasília : Ministério da Saúde, 2008. 372 p.: Il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde) ISBN 978-85-334-1527-
Ficha Catalográfica
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 9
Concebido inicialmente com os objetivos de ampliar a sensibilidade do sistema de vigilância e aprimorar as ações de controle de doenças infecciosas, mediante a divulgação dos propósitos, conceitos e práticas de vigilância, esse Guia de Bolso vem cumprindo essa finalidade e, devido às suas características, passou a ser solicitado por quase todas as categorias de trabalhadores de saúde do país. Essa grande demanda tem impulsionado a Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde, para que a cada nova edição envie um exemplar do Guia de Bolso de Doenças Infecciosas e Parasitárias para a residência de todos os médicos do país, ao tempo em que, simultaneamente, promova am- pla distribuição para as Unidades de Saúde do SUS.
Essa estratégia tem garantido que a tiragem anual desta publicação, em torno de noventa mil exemplares, atenda à demanda por informa- ção sintética, substantiva e atualizada, sobre aspectos da clínica, tra- tamento, epidemiologia, vigilância e controle das principais doenças infecciosas e parasitárias que atingem a nossa população. A estrutu- ra didática e objetiva com a qual os temas são abordados atende às necessidades da prática cotidiana de quem atua na ponta do sistema, contribuindo, desse modo, para melhorar a qualidade do atendimento e conferir maior abrangência às ações de vigilância e controle dessas enfermidades.
O crescente interesse dos profissionais de saúde, em particular dos médicos, por esta publicação tem estimulado os dirigentes da Secre- taria de Vigilância em Saúde, com freqüência, a solicitar aos técnicos e coordenadores das respectivas áreas para que, ao lado de especialis- tas, revisem e atualizem este Guia de Bolso de Doenças Infecciosas e Parasitárias, embora as características anteriormente descritas, que se repetem a cada edição, sejam mantidas, por se entender ser adequada aos propósitos deste manual. Assim sendo, é com grande satisfação que a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde colo- ca à disposição daqueles que prestam cuidados à saúde da população brasileira a 7ª edição do Guia de Bolso de Doenças Infecciosas e Pa- rasitárias.
Gerson Penna Secretário de Vigilância em Saúde
José Gomes Temporão Ministro de Estado da Saúde
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DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Doenças transmissíveis com tendência declinante Reduções significativas têm sido observadas na ocorrência de várias doenças transmissíveis, para as quais se dispõe de instrumentos efi- cazes de prevenção e controle. A varíola foi erradicada em 1973; a poliomielite, em 1989. A transmissão contínua do sarampo foi inter- rompida desde o final de 2000. Embora a partir desse ano até 2005, tenham sido registrados 10 casos, esses não foram autóctones e, sim, adquiridos por pessoas infectadas em outros países ou que tiveram contato com viajantes infectados. Em 2006, ocorreu um surto epidê- mico em dois municípios da Bahia, com ocorrência de 57 casos, mas também foram considerados importados, visto que o vírus identifi- cado não é originário do Brasil, e, sim, uma variante que circula no norte da Europa e Ásia. A taxa de incidência do tétano neonatal já atingiu o patamar estabelecido para ser considerado eliminado, en- quanto problema de saúde pública (1/1.000 nascidos vivos), inclusive apresentando valor inferior a esse parâmetro. Por sua vez, a redução na incidência e na concentração dos casos da raiva humana transmi- tida por animais domésticos, nas regiões Norte e Nordeste, apontam para a perspectiva de eliminação. Outras doenças transmissíveis com tendência declinante são a difteria, a coqueluche e o tétano aciden- tal, todas imunopreveníveis; a mesma tendência também é observada para a doença de Chagas, endêmica há várias décadas no país, a febre tifóide, além da oncocercose, a filariose e a peste, cuja ocorrência é limitada a áreas restritas.
Doenças transmissíveis com quadro de persistência Neste grupo, encontram-se as hepatites virais, especialmente as hepa- tites B e C, em função das altas prevalências, ampla distribuição geo- gráfica e potencial evolutivo para formas graves, que podem levar ao óbito. Embora a tuberculose (todas as formas), no período de 2000 a 2005, venha mantendo taxas de incidência em torno de 40 por 100. habitantes, deve-se ressaltar a redução observada na sua mortalidade. A leptospirose apresenta uma distribuição geográfica mais restrita às áreas que oferecem condições ambientais adequadas para a sua trans- missão, porém assume relevância para a saúde pública em função do grande número de casos que ocorre nos meses mais chuvosos, bem como por sua alta letalidade. As meningites, também, se inserem neste grupo de doenças, destacando-se as infecções causadas pelos menin- gococos B e C, que apresentam níveis importantes de transmissão e taxas médias de letalidade acima de 10%. No Brasil, são registrados, aproximadamente, 24.000 casos de meningites por ano e desses, cerca
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de 15% correspondem à Doença Meningocócica (DM). Tem-se ob- servado, também, significativa redução na ocorrência da meningite causada por Haemophilus influenzae tipo B, possivelmente em conse- qüência da vacinação de menores de 1 ano, a partir de 1999.
Ainda neste grupo, estão as leishmanioses (visceral e tegumentar) e a esquistossomose, para as quais, além de elevadas prevalências, consta- ta-se expansão na área de ocorrência, em geral associada às modifica- ções ambientais provocadas pelo homem, aos deslocamentos popula- cionais originados de áreas endêmicas e à insuficiente infra-estrutura na rede de água e esgoto ou na disponibilidade de outras formas de acesso a esses serviços. A malária, que até recentemente apresentava níveis de incidência persistentemente elevados na região amazônica, onde se concentram mais de 99% dos casos registrados no país, pas- sou a apresentar, a partir de 1999, reduções superiores a 40% nessas taxas. O Plano de Intensificação das Ações de Controle da Malária, lançado em julho de 2000, além de garantir a ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento, por intermédio da descentralização e da integração com as ações de atenção básica, bem como um melhor equacionamento das ações seletivas de controle vetorial, possibilitou a implementação de importantes ações extra-setoriais, a partir do esta- belecimento de normas específicas voltadas para a instalação de assen- tamentos rurais e projetos de desenvolvimento. Entretanto, a partir de 2003, houve, em grande parte dos estados da região amazônica, uma elevação no número de casos.
A febre amarela vem apresentando ciclos epidêmicos de transmis- são silvestre, como aqueles ocorridos em 2000 (Goiás), 2001 e 2003 (Minas Gerais). Contudo, apesar da ampliação da área de transmis- são para estados e municípios situados fora da área endêmica (região amazônica), tem havido redução na incidência, a partir do ano 2000 até a presente data. A possibilidade de reintrodução do vírus amaríli- co no ambiente urbano, pela ampla dispersão do Aedes aegypti , tem motivado intensa atividade de vacinação, que resultou em mais de 60 milhões de doses aplicadas entre 1998 e 2003. Na medida em que foram identificados eventos adversos graves associados a essa vacina, a estratégia inicial, de vacinação universal, foi ajustada para uma co- bertura mais focalizada, tanto em toda a área de circulação natural do vírus amarílico, como na área de transição.
A situação apresentada evidencia que, para esse grupo de doenças, faz-se mandatário o fortalecimento das estratégias, atualmente ado- tadas, que viabilizem maior integração entre as áreas de prevenção e
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SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
troduzida, no Brasil, desde 1982. O mosquito transmissor da doença, o Ae. aegypti , erradicado em vários países do continente americano nas décadas de 50 e 60, retornou na década de 70, por fragilidades na vigilância entomológica, além de mudanças sociais e ambientais pro- piciadas pela urbanização acelerada. As dificuldades para eliminar um mosquito domiciliado que se multiplica nos vários recipientes que po- dem armazenar água, particularmente naqueles encontrados nos lixos das cidades, como garrafas, latas e pneus, ou no interior dos domicí- lios, como descansadores dos vasos de plantas, têm exigido um subs- tancial esforço do setor saúde cujos resultados não têm sido efetivos. Entretanto, esse trabalho necessita ser articulado com outras políticas públicas, como a limpeza urbana, além de uma maior conscientização e mobilização social sobre a necessidade das comunidades manterem seus ambientes livres do mosquito. Esse último elemento, a mudança de hábitos, tem sido apontado, mais recentemente, como um dos mais efetivos na prevenção da infestação do mosquito. Entre outros fatores que pressionam a incidência da dengue, destaca-se a introdução de um novo sorotipo, o DEN 3, para o qual a susceptibilidade era pratica- mente universal. A circulação seqüencial de mais de um sorotipo pro- piciou um aumento na incidência da febre hemorrágica da dengue, com conseqüente incremento na mortalidade causada pela mesma.
Os primeiros casos de hantaviroses, no Brasil, foram detectados em 1993, em São Paulo. Essa doença tem sido registrada com maior fre- qüência nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. Entre 1993 e 2006, ocorreram 854 casos confirmados. Com a padronização e informati- zação das ações de vigilância, ocorridas a partir de 2001, o desenvolvi- mento da capacidade laboratorial para realizar diagnóstico, a divulga- ção das medidas adequadas de tratamento para reduzir a letalidade e o conhecimento da situação de circulação dos hantavírus nos roedores silvestres brasileiros possibilitaram o aumento na capacidade de sua detecção. Dessa forma, um quadro mais nítido da realidade epidemio- lógica das hantaviroses no país foi gerado, além de adoção de medidas adequadas de prevenção e controle.
Comentários finais
Apesar da redução na mortalidade pelas doenças infecciosas e da di- minuição significativa na morbidade por um conjunto importante dessas doenças, ao mesmo tempo, em outra direção, configura-se, no Brasil, um quadro que, além de expor as frágeis estruturas ambientais urbanas do país, que tornam as populações vulneráveis a doenças que pareciam superadas, amplia a já alta carga de doenças da população.
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DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Esses fatores agregam-se ao surgimento de novas doenças ou novas formas de manifestação das doenças na população, aumento na se- veridade, causado pelo surgimento de novas cepas patogênicas, am- pliação da resistência aos antimicrobianos e persistência de problemas como a desnutrição e doenças endêmicas, a exemplo da tuberculose. Essa situação implica na manutenção de estruturas dispendiosas de atenção, que competem por recursos escassos, os quais poderiam, caso não existissem esses problemas, vir a ser utilizados na solução de ques- tões de saúde de maior magnitude, para as quais há menores possibi- lidades de prevenção em curto prazo, como as doenças crônicas não- transmissíveis. Entende-se que a melhoria da qualidade da assistência médica, principalmente no que diz respeito ao correto diagnóstico e tratamento dos pacientes, associada ao encaminhamento e adoção das medidas de controle indicadas em tempo hábil, desempenham impor- tante papel na redução de uma série de doenças infecciosas e parasitá- rias. Para enfrentar esse quadro, ressalta-se o papel da integração das ações de controle com a atenção básica, através da adequada incor- poração das rotinas de prevenção e controle nas equipes de saúde da família, respeitando-se as especificidades referentes à atuação de cada profissional envolvido nessas equipes. Nessa perspectiva, o principal propósito deste Guia de Bolso é divulgar para os profissionais de saú- de, em especial os médicos, orientações sintéticas das estratégias que devem ser adotadas como contribuição a esse processo. 1
(^1) Texto extraído e adaptado do artigo “Mudanças nos padrões de morbimortalidade da população brasileira: os desafios para um novo século”. Carmo EH, Barreto ML, Silva Jr. JB. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 12(2):63-75, abr/jun.2003.
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DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Funções Coleta e processamento de dados; análise e interpretação dos dados processados; investigação epidemiológica de casos e surtos; recomen- dação e promoção das medidas de controle apropriadas; avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; divulgação de informa- ções sobre as investigações, medidas de controle adotadas, impacto obtido, formas de prevenção de doenças, dentre outras. É importante salientar que todos os profissionais de saúde (da rede pública, privada e conveniada), bem como os diversos níveis do sistema (municipal, estadual, federal), têm atribuições de vigilância epidemiológica. De- pendendo da inserção profissional e da capacidade executiva, técnica e gerencial de cada área, essas funções vão da simples notificação de casos suspeitos ou confirmados das doenças que compõem o sistema de vigilância até a investigação epidemiológica (casos ou surtos), ado- ção de medidas de controle, coleta, análise e interpretação de dados, dentre outras.
Coleta de dados A VE desencadeia suas atividades a partir da ocorrência de um even- to sanitário de caso suspeito ou confirmado de doença sob vigilân- cia. Costuma-se definir a VE, de modo simples e operacional, como informação – decisão – ação. A coleta de dados ocorre em todos os níveis (municipal, estadual e federal) de atuação do sistema de saúde. A força e valor da informação (que é o dado analisado) dependem da qualidade e fidedignidade com que a mesma é gerada. Para isso, faz- se necessário que os responsáveis pela coleta estejam bem preparados para diagnosticar corretamente o caso, bem como realizar uma boa investigação epidemiológica, com anotações claras e confiáveis.
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surtos e agravos inusitados – critérios que são observados e ana- lisados em conjunto;
Diagnóstico de casos
A confiabilidade do sistema de notificação depende, em grande parte, da capacidade de os profissionais e serviços locais de saúde – respon- sáveis pelo atendimento dos casos – diagnosticarem corretamente as doenças e agravos. Para isso, deverão estar tecnicamente capacitados e dispor de recursos complementares para a confirmação da suspeita clínica.
Investigação epidemiológica
É um método de trabalho frequentemente utilizado em casos e epide- mias de doenças transmissíveis, mas também aplicável a outros gru- pos de agravos. Consiste em um estudo de campo realizado a partir de casos (clinicamente declarados ou suspeitos) e de portadores, objeti- vando avaliar a ocorrência do ponto de vista de suas implicações para a saúde coletiva. Sempre que possível, deve conduzir à confirmação do diagnóstico, à determinação das características epidemiológicas da doença, à identificação das causas do fenômeno e à orientação sobre as medidas de controle adequadas.