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Manual sobre padrão culto da língua portuguesa elaborado para os profissionais da Folha de SP.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Não perca as partes importantes!
a/há — Quando se refere a tempo, a preposição a indica geralmente o futuro: O presidente viaja daqui a uma semana. O verbo haver, quando se refere a tempo, indica o passado e pode sempre ser substituído por faz: O presidente viajou há uma semana. Mas cuidado: a preposição a indica qualquer distanciamento no tempo, seja futuro ou passado: A um ano da morte de Tancredo Neves, o Congresso realizou uma sessão solene em sua memória; As eleições vão acontecer daqui a dois anos. Experimente substituir o a dessas duas frases por faz (o que equivaleria a há) e veja que a oração perde o sentido. Outra situação em que se utiliza o verbo haver é no sentido de existir: Há muita gente na sala. Neste caso, não há por que confundi-lo com a preposição a. Veja haver.
abreviatura — Nunca invente abreviaturas. As mais comuns são: endereços (al., av., pça., r., tel., apto.); valores de grandeza (bi, mi, tri) em títulos e apenas para dinheiro; unidades de medida (g, m, kg, Hz, w, s); designação de ano ou século em relação à era cristã (a.C., d.C.); na expressão et cetera (veja etc .); meses do ano em crédito de foto ou arte (jan., fev., mar., abr., mai., jun., jul., ago., set., out., nov., dez.); designações comerciais (Cia., Ltda., S/A, S/C ). Veja siglas.
acentuação — A Folha segue todas as normas de acentuação vigentes no Brasil, exceto as que se referem ao trema (veja trema ). Acentos não são meros detalhes. Sua presença ou ausência tem a função de indicar a sílaba tônica (a que se pronuncia com mais intensidade). É obrigação de todo jornalista conhecer as poucas regras práticas que determinam o uso dos acentos. Para saber se uma palavra deve ou não ser acentuada, desconsidere a letra s que exista no final, seja por formação de plural ou não.
a) Proparoxítonas (palavras cuja sílaba tônica é a antepenúltima) - Todas são acentuadas: parabólica, simpática, lúcido, sólido, líquido, prático, cômodo, parâmetro, êmbolo;
b) Paroxítonas (a tônica é a penúltima) - Apenas as terminadas em a, e, o, em, am não têm acento: guarda, sobremesas, paredes, rede, claro, estilos, item, passagens, rimam, dramatizam. Todas as outras são acentuadas: bíceps, fórceps, caráter, éter, Cádiz, hífen, álbum, álbuns, fácil, difícil, lápis, júri, fênix, ônix, ônus. Mas atenção: palavras terminadas em ens representam uma exceção e não têm acento: hifens, polens, himens, apesar de hífen, pólen, hímen. Cuidado: paroxítonas terminadas em oo , eem são acentuadas: vôo, zôo, abençôo, crêem, dêem. Também levam acento as terminadas em ditongo (encontro de duas vogais pronunciadas conjuntamente): jóquei, língua, bênção, órfão;
c) Oxítonas (a tônica é a última) - Ao contrário das paroxítonas, têm acento quando terminadas em a, e, o, em : diferenciá-la, lá, ipê, Pelé, pé, vovô, bocó, também, amém, parabéns, você. Todas as outras terminações, portanto, dispensam o acento: nu, hindu, ri, transferi-lo. Mas atenção: quando formam hiato (encontro de vogais pronunciadas separadamente), oxítonas terminadas em i, u são acentuadas: Tamanduateí, país, baú. Os monossílabos terminados em em não são acentuados (trem; cem), exceto a terceira pessoa do plural dos verbos vir e ter: ele vem, eles vêm; ele tem, eles têm. Verbos derivados de “vir” e “ter” mantêm o circunflexo no plural, mas levam acento agudo no singular: provêm, provém; retêm, retém;
d) Átonas - Como diz o nome, estas palavras não têm sílaba tônica porque se subordinam sempre à do termo que acompanham: pronomes como me, te, se, lhe, la, lo; preposições e contrações como de, da; do, das, em, a, para, por, pelo; artigos o, a, os, as; conjunções como e, mas, nem, que; prefixos ligados a outras palavras por hífen, como anti-, semi-, super-, hiper-. Entretanto, quando substantivadas, estas palavras ficam tônicas: O espectro da híper ronda o Brasil; Operários do ABC preferem as múltis;
e) Hiato - O i e o u tônicos são acentuados quando formam hiato (encontro de duas vogais em que cada uma pertence a sílabas diferentes) em qualquer posição na palavra e não apenas em oxítonas: saía, alaúde, raízes, juízes, país, balaústre, traíste. Não são acentuados se formarem sílaba com qualquer outra consoante que não seja o s: Coimbra, cairdes, juiz, raiz. Quando seguidos de nh também não levam acento: rainha, bainha, tainha, coroinha. O mesmo vale para hiatos formados pela duplicação da vogal: xiita, xiismo, juuna;
f) Ditongos abertos - Nunca deixe de acentuar éi, éu, ói tônicos abertos: colméia, céu, constrói, destrói. Não há exceções. Mas cuidado: constroem e destroem sequer são ditongos e não têm acento. Também são acentuados os ditongos úi, úe tônicos quando precedidos de g ou q: argúi, averigúem, apazigúe, obliqúe;
g) Acento diferencial - Só permanece em pôde (passado) para diferenciar de pode (presente); pára (verbo); pêlo (cabelo) e pélo, pélas e péla (verbo pelar); pólo (na geografia, na física e no esporte) e pôlo (ave de rapina); pôr (verbo); pêra (fruta) e péra (pedra); côa, côas (verbo coar); quê.
maiúscula e minúscula acidente geográfico — Comece sempre com minúscula, exceto quando a designação do acidente fizer parte de substantivo próprio: ilha de Fernando de Noronha, Ilhas Salomão; cabo Horn, Cabo Verde; oceano Atlântico, mar Mediterrâneo, mar da China, mar Morto. Mas atenção: em mapas, a identificação dos acidentes deve começar com maiúsculas, como no início de qualquer frase.
acidente/incidente — Acidente é fato importante, imprevisto e em geral desastroso: O acidente aéreo resultou em 234 mortes. Incidente é fato em geral secundário, episódio, atrito: Incidente diplomático.
aleijado — Não use, exceto ao reproduzir declaração textual. Se for importante para o contexto da notícia, procure dar uma descrição objetiva: cego do olho direito; tetraplégico; que tem a perna direita atrofiada por causa de poliomielite. Veja preconceito. Consulte também o anexo As Palavras Certas.
Conjunções:
além disso/além do que — Evite. Em geral pode ser substituído por e ou por um ponto. O tenor italiano Ado Coffo exigiu duas geladeiras e sauna no quarto do hotel. Além disso, determinou que três presuntos de Parma fossem fornecidos a cada dia. É melhor escrever: O tenor italiano Ado Coffo exigiu duas geladeiras e sauna no quarto do hotel e determinou que três presuntos de Parma fossem fornecidos a cada dia.
algarismos romanos — Seguindo tendência de simplificação, a Folha não usa algarismo romano, exceto em transcrição de texto legal e nomes próprios como XV de Piracicaba (time de futebol). Nomes de soberanos e papas são grafados com algarismos arábicos (ordinais até 10º e cardinais daí em diante): João Paulo 2º; Carlos 5º; Leão 10º; Luís 14; João 23.
alta - — alta-costura, alta-fidelidade, alta-roda, alta sociedade, alta-tensão. alto - — alto-falante, alto-forno, alto-mar, alto-relevo.
ambigüidade — Duplicidade de sentido de uma palavra ou expressão. Deve ser evitada no texto jornalístico. São causas frequentes de ambiguidade: a) Ausência de vírgulas - A Prefeitura tem procurado aproveitar os espaços públicos como ruas, estacionamentos... (a falta de vírgula depois de públicos pode levar a entender que a Prefeitura vai transformar os espaços públicos em ruas ou estacionamentos) (veja vírgula);
b) Posição inadequada do adjunto adverbial - Legenda de foto: Jânio e sua mulher, Eloá, que morreu há um mês, na sacada da casa (a colocação de na sacada da casa no final da frase mesmo com vírgula pode dar a entender ao leitor apressado que Eloá morreu na sacada da casa); pode-se evitar escrevendo: Na sacada de sua casa, Jânio e sua mulher, Eloá, que morreu há um mês;
c) Sucessão inadequada de termos, orações ou frases - Um protesto contra a impunidade e a lentidão da Justiça (a colocação de impunidade antes de lentidão da Justiça pode dar a entender que houve um protesto contra a impunidade da Justiça); é melhor escrever um protesto contra a lentidão da Justiça e a impunidade;
d) Colocação do que em outra posição que não logo depois do nome que substitui - Paulo esqueceu o código do cartão, que ele já cancelou (Paulo cancelou o código ou o cartão?); a dúvida só pode ser resolvida com paráfrases como Paulo esqueceu a senha do cartão, que já foi cancelada ou Paulo esqueceu a senha do cartão, que já foi cancelado;
e) Abuso da preposição de - Festa de passagem do ano do navio (o navio faz aniversário? Não, a festa foi no navio).
à medida que — Use apenas quando for importante para facilitar a compreensão do texto. Não escreva na medida que e à medida em que. a meu ver — É errado escrever ao meu ver. O certo é a meu ver: A meu ver, este assunto está encerrado. f
Um bom texto jornalístico depende, antes de mais nada, de clareza de raciocínio e domínio do idioma. Não há criatividade que possa substituir esses dois requisitos. Deve ser um texto claro e direto. Deve desenvolver-se por meio de encadeamentos lógicos. Deve ser exato e conciso. Deve estar redigido em nível intermediário, ou seja, utilizar-se das formas mais simples admitidas pela norma culta da língua. Convém que os parágrafos e frases sejam curtos e que cada frase contenha uma só idéia. Verbos e substantivos fortalecem o texto jornalístico, mas adjetivos e advérbios, sobretudo se usados com frequência, tendem a piorá-lo. O tom dos textos noticiosos deve ser sóbrio e descritivo. Mesmo em situações dramáticas ou cômicas, é essa a melhor maneira de transmitir o fato da emoção. Deve evitar fórmulas desgastadas pelo uso e cultivar a riqueza dos vocábulos acessíveis à média dos leitores. O autor pode e deve interpretar os fatos, estabelecer analogias e apontar contradições, desde que sustente sua interpretação no próprio texto. Deve abster-se de opinar, exceto em artigo ou crítica.
anacoluto — Nunca recorra a esta interrupção brusca no rumo do raciocínio de uma frase, a não ser reproduzindo declaração textual: "Os quatro ministros, é tradição que um deles seja mulher", disse o presidente. a nível de/em nível de — A expressão ao nível de significa na mesma altura de: ao nível do mar. É errado usar ao nível de significando em termos de ou no plano de: A nível federal, o governo agirá; isso não está ao nível da nossa amizade. O certo seria: em nível federal; no nível da nossa amizade. Apesar de aceitável, evite a expressão, já desgastada pelo uso abusivo. hífen ante- — Use hífen apenas antes de h, r, s: antecâmara, antediluviano, anteface, ante- histórico, anteontem, anteprojeto, ante-sala, antevéspera. anti- — Use hífen apenas antes de h, r, s: antiaéreo, antiamericano, antibacteriano, anticlerical, anticlímax, anticoncepcional, Anticristo, anticonstitucional, an-ticorpo, antiderrapante, antidistônico, anti-higiênico, anti-histamínico, anti-horário, antiimperialista, antiinflacionário, antiinflamatório, antimatéria, antimíssil, antioxidante, anti-rábico, anti- semita, anti-séptico, anti-social, anti-submarino, antitérmico, antitetânico, antivariólico.
ao contrário/diferentemente — Erro muito comum, sobretudo na seção Erramos. Ao contrário significa ao invés, exige uma oposição entre dois termos: Ao contrário do que a Folha publicou na edição de ontem, o piloto André Moron morreu no acidente, e não saiu ileso. Sair ileso opõe-se a morrer. Diferentemente é o mesmo que em vez de. Não requer
Em transcrições, a pontuação ficará dentro das aspas se a declaração constituir período completo, todo ele entre aspas: "Eu não renuncio." Foi assim que o presidente começou seu discurso. Mas: O presidente disse: "Eu não renuncio". Admite-se usar aspas simples (' ') no lugar das aspas quando a palavra ou expressão destacada fizer parte de período já entre aspas: Diz a nota emitida pela embaixada: "A insinuação de que a embaixadora Jeanne Prodotti estaria 'envolvida na desestabilização do governo' não procede". Mas tente evitar esse tipo de construção. É melhor: A nota oficial do governo diz que não procede a acusação de que a embaixadora Jeanne Prodotti está "envolvida na desestabilização do governo". Evite o uso de aspas simples seguidas de aspas normais: A nota oficial do governo diz que não procede a "insinuação de que a embaixadora Jeanne Prodotti estaria envolvida na 'desestabilização do governo'". Evite também as construções em que apenas o ponto separa aspas fechadas de outras que abrem nova frase: O acusado disse que estava "enlouquecido no momento da briga". "Estou arrependido", acrescentou. Escreva: O acusado disse que estava "enlouquecido" no momento da briga. "Estou arrependido", acrescentou.
assistir — No sentido de estar presente, comparecer, ver pode ser transitivo direto (uso coloquial) ou indireto (norma culta): assistir televisão; assistir ao balé. No sentido de prestar assistência é sempre transitivo direto: O médico assistiu o doente.
até as/até às — Nunca use até às, embora alguns gramáticos admitam essa forma. Até já é uma preposição e, portanto, dispensa a preposição a da crase: Até as 18h, ele não havia chegado e não Até às 18h, ele não havia chegado. Veja crase. até porque — Evite. Expressão desgastada pelo uso excessivo. aterrissar/aterrizar — As duas formas são admissíveis, mas a Folha usa aterrissar. à-toa/à toa — Como adjetivo, leva hífen: Honório chamou a vizinha de "mulher à-toa". Como advérbio não leva hífen: Estava à toa na vida. através — Embora muitos gramáticos condenem, a palavra através, que originalmente significa de lado a lado, transversalmente, é cada vez mais usada no sentido de por. De qualquer forma, o através de pode muitas vezes ser mesmo substituído por um simples por, que é mais econômico. auto — Registro escrito e autenticado de algum ato. Use apenas no seu sentido estrito: O discurso foi registrado nos autos do processo. Não use como forma reduzida de automóvel. auto- — Use hífen apenas antes de vogal, h, r, s: auto-afirmação, auto-análise, autobiografia, autocomiseração, autoconsciência, autocrítica, autodefesa, autodidata, auto- erotismo, autofagia, autofinanciamento, auto-indução. autópsia — Originalmente, em grego, era usado com o sentido de ver com os próprios olhos. Hoje designa o exame de cadáver. Prefira autópsia a necropsia.
bio - — Sempre sem hífen: bioacústica, biodiversidade, bioquímica, biossatélite. boa noite/boa-noite — Com hífen só quando for substantivo composto: Ele me deu boa- noite, mas Ele teve uma boa noite.
boçal — Não use, exceto em transcrição de declaração. A expressão designava escravo recém-chegado da África, que ainda não conhecia a língua portuguesa. O uso se generalizou para qualquer pessoa considerada rude, ignorante. bom dia/bom-dia — Veja boa noite/ boa-noite.
burguesia — Não use as expressões burguesia, alta burguesia e pequena burguesia em texto noticioso, exceto ao reproduzir declaração textual. **** C ** cacoete de linguagem** — Evite expressões pobres de valor informativo e portanto dispensáveis em textos noticiosos: antes de mais nada, ao mesmo tempo, pelo contrário, por sua vez, por outro lado, via de regra, com direito a, até porque. Dispense também modismos ou chavões que vulgarizam o texto jornalístico: Inflação galopante, erro gritante, óbvio ululante, rota de colisão, vitória esmagadora, luz no fim do túnel, prejuízos incalculáveis, consequências imprevisíveis, no fundo do poço, inserido no contexto, detonar um processo, equipamento sofisticado, avançada tecnologia, caixinha de surpresas, caloroso abraço, fonte inesgotável, ruído ensurdecedor, em nível de, extrapolar, a todo vapor, atuação impecável (irretocável, irrepreensível), na vida real, catapultar, pavoroso incêndio, confortável mansão, calorosa recepção, duras (pesadas) críticas, escoriações generalizadas, o cardápio da reunião, ataque fulminante, fortuna incalculável, preencher uma lacuna, perda irreparável, líder carismático, familiares inconsoláveis, monstruoso congestionamento, calorosos aplausos, sonora (estrepitosa) vaia, trair-se pela emoção, quebrar o protocolo, visivelmente emocionado, gerar polêmica, abrir com chave de ouro, aparar as arestas, trocar figurinhas, a toque de caixa, chegar a um denominador comum, correr por fora, ser o azarão, consternar profundamente, coroar-se de êxito, debelar as chamas, literalmente tomado, requintes de crueldade, respirar aliviado, fazer uma colocação, tirar uma resolução, carreira brilhante (meteórica), atirar farpas, estrondoso (fulgurante, retumbante) sucesso, enquanto [significando "na condição de"], perfeita sintonia, corações e mentes, dispensa apresentação, fez por merecer, importância vital, com direito a. Corte ou substitua essas expressões sempre que possível em textos noticiosos, mas atenção: às vezes elas podem dar cor ou ironia a um texto mais leve, como "sides", "features" e colunas assinadas. Evite também palavras que emprestem tom preciosista ou exagerado ao texto, como viatura, veículo, residência, mansão, esposa, colisão, falecer, óbito, magnata, miserável, sanitário, toalete. Dê preferência ao vocabulário coloquial: carro de polícia, carro, casa, mulher, batida, morrer, morte, empresário, pobre, banheiro. cacófato — Embora o jornal não seja em geral lido em voz alta, evite —especialmente em títulos— termo chulo ou desagradável formado pela união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de outra: por cada, conforme já, marca gol, nunca gostou, confisca gado, uma herdeira, ela tinha, boom da construção civil. capitalista — Esta palavra não deve ser usada para qualificar personagem da notícia. O empresário, o banqueiro, o industrial, o comerciante não devem ser chamados de capitalista. Autoridade pública de país capitalista deve ser identificada pelo seu cargo e nacionalidade: O presidente norte-americano, não o líder capitalista. cardeal — A rigor, o título deve vir antes do sobrenome do prelado: O arcebispo de São Paulo, dom Paulo cardeal Arns, esteve ontem com o papa João Paulo 2º. Mas a forma é pouco coloquial. Prefira: O cardeal arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns ou o
plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª) com o sujeito da oração. É errado dizer nós vai ou ele são, como qualquer um percebe. Mas logo surgem as dificuldades: mais de um é ou mais de um são? Existe Deus e o diabo ou existem Deus e o diabo? Em geral, as duas construções são admitidas e podem ter significados diferentes. A maioria das dificuldades ocorre quando coexistem palavras de caráter fortemente plural e singular no mesmo sujeito: a) Coletivos - Às vezes, as idéias de plural e singular existem ao mesmo tempo numa única palavra. É o caso dos coletivos. Ninguém escreve o exército são. A maioria acredita no governo. Mas atenção: tanto faz escrever a maioria dos entrevistados acreditam quanto acredita. Havendo um substantivo seguido da preposição de e de outro substantivo ou pronome formando um partitivo, o verbo pode ir para o plural (concordância lógica) ou singular (concordância gramatical), dependendo da ênfase que se quer dar. O uso do singular reforça a idéia de conjunto. O plural, a de individualidade dos membros do conjunto. Há casos em que a concordância lógica é preferível: A pesquisa revelou que 1% das mulheres brasileiras são desquitadas; A campanha prevê que 1 milhão de crianças sejam vacinadas. De acordo com a concordância gramatical, os períodos ficariam: A pesquisa revelou que 1% das mulheres brasileiras é desquitado; A campanha prevê que 1 milhão de crianças seja vacinado; b) Um - Este numeral está impregnado de singularidade. Quando faz parte de um sujeito logicamente plural, carrega o verbo para o singular: Cada um daqueles deputados era servido por 40 motoristas; Mais de um brasileiro deseja ganhar na loteria. Exceção: Mais de um ministro se cumprimentaram na recepção (porque há idéia de reciprocidade). Tome cuidado com a expressão um dos que, que de preferência deve ser acompanhada de plural. Mas atenção: a concordância pode alterar o sentido da frase: Schwartzkopf foi um dos generais que mais se distinguiram na Guerra do Golfo (ele se distinguiu, entre outros generais que também se distinguiram), mas Schwartzkopf foi um dos generais que mais se distinguiu na Guerra do Golfo (ele foi o que mais se distinguiu); O Sena é um dos grandes rios que passa por Paris (é o único grande rio que passa por Paris). Evite esta última construção, que é muito sutil para texto noticioso. As expressões um e outro e nem um nem outro podem ser usadas tanto com plural como com singular, indistintamente: um e outro é bom ou um e outro são bons. Prefira o plural se a expressão vier acompanhada de um substantivo: um e outro homem são bons. Também costumam apresentar dificuldade os seguintes tópicos: a) Ou - Use o singular se ou introduzir idéia de exclusividade: Nicodemo ou Aristarco será eleito presidente (apenas um deles será eleito); se os dois agentes puderem realizar a ação, o verbo vai para o plural: Nicodemo ou Aristarco devem chegar nos próximos minutos; b) Nem - Pode levar o verbo para o plural ou o singular, indistintamente. Nem Ulisses nem Eneas será eleito presidente; Nem Ulisses nem Eneas serão eleitos presidente; c) Com - Se a relação for de igualdade, o verbo vai para o plural: O general com seus oficiais tomaram o quartel. Se os elementos não têm a mesma participação, o verbo vai para o singular: Bush com seus aliados venceu o Iraque. Esse tipo de concordância também vale
para expressões como não só... mas também, tanto... como, assim... como. Esse tipo de construção é precioso demais para textos noticiosos; d) Verbo antes do sujeito composto - Nestes casos, o verbo pode concordar com o elemento mais próximo ou com o conjunto: Estréia o filme e a peça ou Estréiam o filme e a peça. Use o plural se o sujeito composto for uma sucessão de nomes próprios ou se a ação for de reciprocidade: Adoeceram Maria, Carla e Paula; Enfrentam-se Corinthians e Palmeiras. Essas construções também são preciosas demais para ser usadas em textos noticiosos; e) Gradação/resumo - Sujeitos compostos devem ser conjugados com o verbo no singular se constituírem uma gradação: "Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o joão- ninguém, agora é cédula de Cr$ 500,00!" (Carlos Drummond de Andrade). O singular também vale para sujeitos compostos resumidos por palavras como tudo, nada, ninguém, nenhum, cada um: Jogo, bebida, sexo e drogas, nada pôde satisfazê-lo; f) Pronomes - Eu e tu somos, tu e ele sois, eu e ele somos. A 1ª pessoa prevalece sobre a 2ª, que prevalece sobre a 3ª. Essas construções são raras no jornalismo. Se o pronome pessoal vier antecedido de interrogativos ou indefinidos como quais, quantos, alguns, poucos, muitos, na norma culta, o verbo concorda com o pronome pessoal: Poucos de nós conhecemos a gramática. Admite-se também a concordância mais coloquial com o indefinido ou interrogativo: Poucos de nós conhecem a gramática; g) Quem/que - Sou um homem que pensa ou sou um homem que penso, mas sou eu quem fala. Com quem o verbo vai sempre para a 3ª pessoa; h) Pronomes de tratamento - O verbo e o pronome possessivo ficam sempre na 3ª pessoa: Vossa santidade deseja sua Bíblia? Se houver um adjetivo, ele concorda com o sexo da pessoa a que se refere: Sr. governador, vossa excelência está equivocado; i) Sujeitos infinitivos - Quando o sujeito de uma frase é uma sucessão de infinitivos genéricos, use o singular: Plantar e colher não dá dinheiro. Se os infinitivos forem determinados, plural: O comer e o beber são necessários à saúde; j) Nomes próprios - Se o sujeito é um nome próprio plural e estiver ou puder estar precedido de artigo, use o plural: Os EUA lançaram um ultimato a Saddam Hussein; Os Andes são uma cadeia de montanhas; As Filipinas são um arquipélago. Outros nomes perderam a idéia de plural: O Amazonas corre em direção ao mar; Minas Gerais é um Estado brasileiro; Alagoas tem belas praias; l) Nomes de obras - Mesmo no plural, dê preferência ao singular: "Os Pássaros" é um filme de Hitchcock; "Os Lusíadas" é a obra-prima de Camões; m) Nomes de empresas - O verbo também pode ir para o singular quando o sujeito é um nome de empresa no plural: Lojas Arapuã adota nova estratégia, ou adotam nova estratégia; n) Concordância por atração - Em frases com o verbo de ligação ser, o verbo pode concordar com qualquer elemento (sujeito ou predicativo). Em geral, concorda com o mais forte: Isto são histórias; O que trago são fatos; Emília era as alegrias da avó; Dois milhões de dólares é muito dinheiro.
conjunção — Use conjunções e locuções conjuntivas quando tiverem a função de estabelecer o nexo indispensável entre orações ou frases. A falta desses conectores pode tornar o texto fragmentado, obscuro. Quando não necessários, funcionam como obstáculo para a leitura, atravancando o texto.
Em algumas poucas expressões é difícil substituir o termo feminino por outro masculino. Nesses casos, troque o a por uma outra preposição e veja se o artigo sobrevive: O carro virou à direita porque se diz O carro virou para a direita. A substituição do feminino pelo masculino também não funciona para nomes de países ou cidades. Para saber se ir a Roma leva crase, substitua os verbos ir ou chegar por vir ou voltar. Se o resultado for a palavra da, haverá crase: Vou à França porque volto da França, mas vou a Roma porque volto de Roma. Casos especiais: a) Há crase antes de palavras masculinas se estiver subentendida a expressão à moda de ou à maneira de: móveis à Luís 15, filé à Chateaubriand. Também se pode dizer Vou à João Mendes. Neste caso, está subentendido o termo praça. b) A crase também deve ser usada em locuções adverbiais com termos femininos: às vezes, às pressas, à primeira vista, à medida que, à noite, à custa de, à procura de, à proporção que, à toa, à uma hora (uma é numeral e não artigo indefinido). Nestes casos, a regra geral de substituir por palavra masculina não funciona. c) Em outras locuções, como à vela, à bala, à mão, à máquina, à vista o uso da crase é optativo. Serve para esclarecer o sentido da frase. Receber a bala pode significar receber a bala no corpo ou receber os visitantes à bala. Aqui também não funciona a regra geral de substituir por palavra masculina. d) Nomes de países ou cidades femininos que normalmente repelem o artigo levam crase se estiverem qualificados: Voltou à Roma de César; Viajou à bela Paris. e) É possível usar crase em pronomes demonstrativos aquele, aquilo, aquela, a, as: Ele não se referiu àquele deputado; O presidente se dirigiu àquela casa; O padre nunca se adaptou àquilo; A capitania de Minas Gerais estava ligada à de São Paulo; Falarei às que quiserem me ouvir. Haverá crase se houver necessidade do uso de preposição antes do pronome. crente — Não use para designar o fiel de qualquer religião ou seita. Indique sempre a que igreja a pessoa pertence. crioulo — Nunca use para se referir a pessoas negras. crise — Use com cuidado expressões como a pior crise da história do país. Ao longo dos anos, todas as crises políticas e econômicas têm sido assim classificadas. crítica — Gênero jornalístico opinativo que analisa e avalia trabalho intelectual ou desempenho: artes, espetáculos, livros, competição esportiva, discurso político, projeto ou gestão de administração pública, trabalho acadêmico. É sempre assinada. A crítica deve ser fundamentada em argumentos claros. Quando escrita por especialista, deve permanecer acessível ao leigo, sem ser banal. Não deve conter acusação de ordem pessoal. Lembre-se: o objeto da crítica é a obra ou desempenho, e não a pessoa. crônica — Gênero em que o autor trata de assuntos cotidianos de maneira mais literária que jornalística. Pode ser também um pequeno conto. É sempre assinada. culminar — Evite esta expressão como sinônimo de terminar, que já se tornou um lugar- comum. Use-a apenas no sentido literal de chegar ao ponto mais alto: A participação do Brasil nas disputas da Copa Jules Rimet culminou com sua conquista definitiva. Não: Culminando o espetáculo, o cantor apresentou sua última canção. "curriculum vitae" — Em latim, carreira da vida. Escreva currículo. curtir — Evite como gíria, exceto ao reproduzir declaração textual.
d. — Abreviatura de dom: A independência do Brasil foi proclamada por d. Pedro 1º.
dar verba — Evite a expressão. A autoridade pública não dá verba a nenhum projeto, município, Estado ou órgão público. Ninguém pode dar o que não lhe pertence. A autoridade libera, destina verba. Não escreva O ministro Liberal d'Assotto deu Cr$ 10 milhões ao Estado de Pernambuco e sim O ministro Liberal d'Assotto liberou Cr$ 10 milhões ao Estado de Pernambuco. data — Para designar datas, use algarismos arábicos para o dia, minúscula para o mês e algarismos arábicos para o ano sem ponto de separação do milhar: 31 de outubro de 1952. Apenas o dia primeiro de cada mês é grafado com ordinal. Em crédito de fotografia, o mês deve ser abreviado por suas três primeiras letras e o ano por seus dois últimos algarismos: 6.jul.60. Nomes de datas, feriados, eventos históricos importantes ou festas religiosas e populares são grafados pela Folha com maiúsculas: Primeiro de Maio (ou 1º de Maio), Dia do Trabalho, Sete de Setembro (ou 7 de Setembro), Natal, Carnaval, Revolução Francesa, Dia D, Ramadã, Yom Kippur, Dia da Bandeira. d.C. — Depois de Cristo. década — Quando se escreve década de 20, por exemplo, subentende-se o período de dez anos entre 1921 e o final de 1930. Para evitar confusão, pode-se usar o termo anos 20, que engloba o período entre 1920 e 1929. Quando usar essas expressões para outros séculos, especifique: anos 20 do século 19. decimais. declaração textual — Quanto menos usado o recurso da declaração textual, mais valor ele adquire. Reserve-o para afirmações de grande impacto, por seu conteúdo ou pelo caráter inusitado que possam ter: "Cunhado não é parente", disse o governador; "Graças a Deus chegamos a um acordo", afirmou Gorbatchov. Reproduzir declarações textuais confere credibilidade à informação, dá vivacidade à reportagem e ajuda o leitor a conhecer melhor o personagem da notícia. Reproduza apenas as frases mais importantes, expressivas e espontâneas: O jogo terminou às 15h45, em vez de Segundo o juiz, "o jogo terminou às 15h45". Informações de caráter universal ou de fácil averiguação não devem ser atribuídas a alguém, mas assumidas pelo jornalista: A água ferve a 100ºC e não "A água ferve a 100ºC", informou o químico. Na reprodução de declaração textual, seja fiel ao que foi dito, mas, se não for de relevância jornalística, elimine repetições de palavras ou expressões da linguagem oral: um, é, ah, né, tá, sabe?, entende?, viu? Para facilitar a leitura, pode-se suprimir trecho ou alterar a ordem do que foi dito —desde que respeitado o conteúdo. A Folha não usa o travessão para substituir ou reforçar aspas. A declaração deve estar entre aspas, ainda que se trate de diálogo. Na necessidade de chamar a atenção do leitor para algo de errado ou estranho em declaração, admite-se o uso da expressão latina sic (assim mesmo) entre parênteses. Restrinja o uso desse recurso. Cuidado com os sujeitos e os verbos ao reproduzir declarações textuais. Nunca escreva Agripino Viso declarou que "vi com meus próprios olhos" nem Agripino Viso declarou que "viu com seus próprios olhos". Use: "Vi com meus próprios olhos", disse Agripino Viso; ou Agripino Viso disse ter visto com seus "próprios olhos"; ou ainda Agripino Viso disse: "Vi com meus próprios olhos". déficit — Palavra aportuguesada do latim; quer dizer falta. O contrário de superávit. Em economia, designa a diferença a menos entre a receita e a despesa. Em sentido mais geral,
1945; Revolução foi marco neste século. Veja contextualizar (nos caps. Produção ou Edição); exatidão. dilema — Ocorre apenas quando alguém só pode escolher uma de duas possibilidades penosas: Morrer ou ser escravizado era o dilema de muitos negros no século 18. Se houver mais de duas ou pelo menos uma delas for positiva, não há dilema. dimensão — Forneça sempre com exatidão as dimensões de objetos e estruturas noticiadas com destaque na reportagem. Evite adjetivos imprecisos. A ponte tinha 75 cm de largura, em vez de a ponte era estreita; o prédio tem 32 andares, em vez de o prédio é alto. Quando um número não for suficiente para o leitor compreender a dimensão, use um termo de comparação capaz de dar uma noção que possa ser melhor visualizada pelo leitor: O jardim da casa do armador grego Pluto Safrós tem 36.502 m2, o equivalente à área de quatro campos de futebol. Quando for impossível apurar a dimensão exata, é melhor oferecer uma estimativa aproximada: cerca de 80 cm; quase 120 m; pouco mais de 90 kg. Nunca use estimativas para número que possa ser contado com facilidade (havia cerca de 11 bailarinos no palco) nem para número que não seja redondo (morreram cerca de 123 pessoas). Veja exatidão; numerais. direita/esquerda — Conceitos políticos que variam em função da época e do lugar. Em geral, esquerda remete às idéias de mudança da estrutura social, e direita às idéias de conservação dessa estrutura. Por serem conceitos vagos, seu uso requer consulta ao editor ou editor-assistente. São úteis para indicar ao leitor tendências ideológicas de políticos, mas seu emprego deve ser o menos arbitrário e o mais padronizado possíveis. Veja conservador/progressista. disciplinas — Escreva seus nomes sempre com minúscula: direito, medicina, educação física, ciências sociais, filosofia, português, matemática. discrição — Não existe discreção, embora o adjetivo correspondente seja discreto: A ministra não usou de discrição em sua festa de aniversário; A ministra não foi nada discreta em sua festa de aniversário. discurso — Evite o uso como sinônimo de programa ou posição na esfera da política. Não escreva: Líderes de seis partidos se reuniram para unificar o discurso da oposição; O discurso peemedebista não empolga mais os eleitores. É melhor: Líderes de seis partidos se reuniram para unificar o programa da oposição; A plataforma peemedebista não empolga mais os eleitores. Reserve a palavra para ser usada em seu sentido próprio: O discurso do deputado entusiasmou os participantes do comício. ditadura — Use com critério este termo para designar a dominação de uma sociedade por uma pessoa ou um pequeno grupo. É melhor qualificar regimes autoritários de forma objetiva: governo militar; regime cujo presidente está no poder há 25 anos; regime de partido único. Não use a expressão ditadura militar nem Revolução de 64 para designar o movimento militar ocorrido no Brasil naquele ano. dona — Não use como forma de tratamento: O presidente John Kennedy e sua mulher, dona Jacqueline. Já que a Folha não usa qualquer forma de tratamento além de cargo e função para homens, também não deve fazê-lo para mulheres: O presidente John Kennedy estava com a primeira-dama, Jacqueline. dona-de-casa — Evite esta palavra, exceto quando a pessoa assim se definir. Ela é preferível a suas equivalentes do lar ou prendas domésticas.
doutor — A Folha não usa títulos como forma de tratamento do personagem da notícia: O dr. João dos Passos atendeu o jogador. Use o nome da profissão do personagem: O médico João dos Passos atendeu o jogador. Quando o personagem da notícia completou estudos de pós-graduação em nível de doutoramento, pode-se mencionar o fato para precisar a identificação da pessoa: O médico John Steps, doutor pela Universidade Harvard, será o conferencista de hoje. "dumping" — Em inglês, lançamento de grande quantidade de produtos a preços abaixo do custo para conquistar mercado. Explique sempre o significado da expressão, deixando claro que se trata de um tipo de concorrência desleal.
e — Evite começar frase com a conjunção e: O ministro anunciou o novo plano econômico. E prometeu para hoje... O e no início da frase trunca a leitura, sem acrescentar informação. Veja conjunção. ecologia — Não existe crime contra a ecologia, apenas contra a natureza ou o ambiente. O termo, originado das palavras gregas oîkos (casa) e lógos (estudo), designa apenas o ramo da biologia que estuda relações entre seres vivos e seu ambiente. Ecologia —uma ciência— e ambientalismo —um movimento— não são sinônimos. É errado referir-se ao ambientalista Chico Mendes, por exemplo, como ecologista. editorial — Texto que expressa a opinião de um jornal. Na Folha , seu estilo deve ser ao mesmo tempo enfático e equilibrado. Deve evitar a ironia exagerada, a interrogação e a exclamação. Deve apresentar com concisão a questão de que vai tratar, desenvolver os argumentos que o jornal defende, refutar as opiniões opostas e concluir condensando a posição adotada pela Folha. Nada impede que o jornal mude de opinião sobre determinado assunto. Neste caso, deve dizê-lo com clareza. Os editoriais são publicados na segunda página do jornal e, em casos excepcionais, na primeira. Não são assinados. Os editoriais não dirigem o noticiário, mas temas que neles aparecem com frequência devem ser explorados pela reportagem. A Folha procura publicar artigos assinados que discordem das posições dos seus editoriais. elemento — Não use este jargão policial para designar pessoa. elemento químico — Substância simples composta de átomos de um mesmo número atômico. Não deve ser confundido com substância. Exemplo: A água é uma substância cujas moléculas são formadas por dois átomos do elemento hidrogênio e um átomo do elemento oxigênio. elipse — Figura de linguagem que consiste na omissão de palavras subentendidas pelo contexto. Pode ser usada em nome da concisão do texto, desde que não prejudique a compreensão: O congressista Walker Hodith chegou ao Recife ontem. [Ele] Desembarcou [do avião] às 7h. elucubração — Não existe elocubração. embaixadora/embaixatriz — Embaixadora é a mulher que desempenha cargo de representante diplomático. Embaixatriz é a mulher de um embaixador. embaixo/em cima — Atenção para a separação, no segundo caso. em cores — A TV é em cores e não a cores. emoção — A emoção pode ser importante em alguns textos jornalísticos. Mas atenção: evite o tom melodramático, triunfalista ou piegas. O registro deve ser o mais descritivo
publicadas com erro. Identifique claramente data, editoria, página e texto, citando seu título. Certifique-se de que, ao redigir um "Erramos", nenhum novo erro tenha sido introduzido. Veja ao contrário/diferentemente. escolas artísticas — Escreva sempre com minúsculas: romantismo, barroco, surrealismo, neoclassicismo, impressionismo, dadaísmo esposa/esposo — Não use. Além de soar pedante, a palavra significa originalmente prometida, noiva e não cônjuge. Qualifique casais como marido e mulher, mesmo que o casamento não esteja formalizado. estado/Estado — Com maiúscula quando designar conceito político ou unidade da Federação: golpe de Estado, o Estado da Paraíba. Quando for sinônimo de situação, disposição, empregue minúscula: estado de espírito. este/esse — A confusão entre estes dois pronomes demonstrativos e seus correlatos, sobretudo na linguagem oral, contribui para apagar uma distinção importante da língua. A nuance fica evidente quando se recorre à fórmula este aqui, esse aí, aquele lá. O emprego dos demonstrativos ocorre em três níveis: a) Em relação à pessoa que fala - Este, esta, isto são os pronomes que se relacionam com a pessoa que fala: Este livro é meu. Esse, essa, isso são os pronomes da pessoa a quem é dirigido o enunciado: Esse livro é teu. Para a 3ª pessoa usam-se os pronomes aquele, aquela, aquilo: Aquele livro é dele; b ) Em relação a espaço e tempo - Este, esta, isto indicam o que está perto da pessoa que fala: Estou lendo este jornal. Por derivação, indica o aqui e agora: Neste país, nesta cidade, nesta página, neste dia, neste mês, neste ano, neste século, neste governo. Esse, essa, isso têm emprego mais amplo. Indicam tudo o que está a certa distância da pessoa que fala: Pegue essa cadeira e traga-a para cá, por favor; Quando eu estiver com você em Paris, visitaremos essas livrarias de que você tanto fala. Ligado à idéia de tempo, esse, essa, isso indicam geralmente o passado: Karl Marx é um autor do século passado. Nesse período, as pessoas passaram a acreditar em revoluções. Pode indicar o futuro se houver a idéia de afastamento: No ano 2061 haverá grande acúmulo de progresso tecnológico, mas nada garante que esse tempo será menos turbulento que o atual. Aquele, aquela, aquilo se referem a afastamento: Naqueles tempos, naquela cidade. Seu uso se confunde muitas vezes com o de esse, essa, isso; para evitar ambiguidade, prefira aquele, aquela, aquilo; c ) Em relação ao próprio texto - Este, esta, isto referem-se a algo que acaba de ser mencionado ou será em seguida: O novo prefeito convidou a prima e o cunhado para participar do governo. Este recusou; Disse-lhe isto: "Você não presta". Esse, essa, isso retomam passagem anterior do texto, como na expressão além disso. Aquele, aquela, aquilo indicam o termo que se opõe a este, esta, isto: Guarujá e Campos do Jordão são cidades muito visitadas por turistas. Esta, pelo ar puro da montanha; aquela, pelas praias. Como regra geral, o texto de jornal deve evitar essas construções quando forem muito complexas. Às vezes é melhor repetir termos para não truncar a leitura. estória — Use história em qualquer acepção. estrangeirismo — Palavras ou expressões estrangeiras são usadas quando não existe equivalente em português ou foram consagradas pelo uso corrente: rock, show, pop, punk, réveillon, status, blitz, kitsch, overnight, outdoor, know-how, lobby, software etc. Nesses casos são grafadas sem aspas.
O uso gratuito ou excessivo de estrangeirismo torna o texto pedante. Palavra ou expressão estrangeira menos conhecida e de difícil tradução, ainda que em noticiário especializado, deve ser acompanhada de explicação: "spread", taxa de risco nos empréstimos internacionais. Nesse caso, a expressão é grafada entre aspas. Não levam aspas nomes ou marcas de companhias estrangeiras (Boeing, TWA, Levi's, Sears), modalidades esportivas (squash, skate), denominações de naves e satélites espaciais (Vega, Challenger) e nomes de pessoas, instituições e lugares. Nomes de órgãos e entidades estrangeiras devem ser traduzidos. Quando a tradução literal for insuficiente para a compreensão do que faz o órgão ou entidade, use a sigla estrangeira sem aspas, traduza seu significado e cite um equivalente brasileiro: FBI (Birô Federal de Investigações, a polícia federal norte-americana). Quando se tratar de palavra ou nome pouco conhecido, informe entre parênteses a maneira aproximada de pronunciá-lo. Veja nomes estrangeiros. Consulte o anexo Principais Estrangeirismos e a forma de grafá-los. estupro — Crime de violação sexual contra mulher. A palavra não deve ser usada quando a vítima for do sexo masculino. Neste caso, use violentar. etc. — Abreviatura da expressão latina et cetera, que significa e as demais coisas. Evite em texto jornalístico porque sugere incompletude, imprecisão. Nunca use em relação a pessoas (João, Maria etc.). Não deve ser antecedida por e ou vírgula. No caso de encerrar frase, não use ponto duas vezes: Evite a expressão etc. em títulos, legendas, olhos etc. eufemismo — Não compete ao jornalista suavizar informação com palavras que lhe pareçam mais agradáveis. Sua função não é poupar o leitor e sim informá-lo. ex - — No sentido de estado anterior, sempre com hífen: ex-governador, ex-marido, ex- prefeito, ex-presidente, ex-voto. ex — O prefixo indica que pessoa ou coisa não têm mais o cargo ou condição que um dia tiveram. Não use no caso de pessoas mortas. Luís 14 não é ex-rei da França, assim como John Kennedy não é ex-presidente dos Estados Unidos: O presidente norte-americano John Kennedy foi assassinado em 1963. Em alguns poucos casos cabe a expressão então ex-: Em 1914, o então ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt (1858-1919) participou de uma expedição ao rio da Dúvida, na Amazônia (não era mais presidente). exatidão — Qualidade essencial do jornalismo. A credibilidade de um jornal depende da exatidão das informações que publica e da fiel transcrição de declarações. Para escrever reportagens exatas, não menospreze os detalhes. Seja obsessivamente rigoroso. O jornal tem obrigação de publicar apenas informações corretas e completas. Cifras, números, grafia de nomes de pessoas, horários, datas e locais exigem o maior cuidado. Veja declaração textual; transcrição. executar — No sentido de matar, use apenas em dois casos: morte determinada e praticada legalmente por poder público ou morte praticada por comando militar contra combatente sob sua autoridade em tempo de guerra.. existir — Este verbo concorda com o sujeito, ao contrário do verbo haver que, quando usado no mesmo sentido, tem construção impessoal: Existem complicações, existirão ressalvas; Há complicações, haverá ressalvas. exterior — Escreva sempre com minúscula, a não ser que integre nome próprio: Ministério das Relações Exteriores. Veja maiúsculas/minúsculas. extremista — Pessoa ou organização que defende ação política violenta. Veja terrorista/guerrilheiro.