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Guias e Dicas
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Manual carcinicultura, Manuais, Projetos, Pesquisas de Engenharia de Alimentos

manejo de camarão

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2012
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Compartilhado em 19/05/2012

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“ TECNOLOGIA DE CRIAÇÃO DO
CAMARÃO DA MALÁSIA”
(Macrobrachium rosenbergii)
MANUAL DE CARCINICULTURA DE ÁGUA DOCE
Vitória, 2005
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“ TECNOLOGIA DE CRIAÇÃO DO

CAMARÃO DA MALÁSIA”

( Macrobrachium rosenbergii )

MANUAL DE CARCINICULTURA DE ÁGUA DOCE

Vitória, 2005

SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO ESPÍRITO

SANTO – SEBRAE/ES

P RESIDENTE DO C ONSELHO D ELIBERATIVO E STADUAL

L UCAS IZOTON V IEIRA

D IRETOR^ SUPERINTENDENTE

J OÃO F ELÍCIO S CÁRDUA

D IRETOR TÉCNICO E DE P RODUTO

E VANDRO B ARREIRA M ILET

D IRETOR DE A TENDIMENTO

C ARLOS BRESSAN

G ERENTE DA C ARTEIRA DE P ROJETOS II

V ERA INEZ P ERIN

G ESTOR DO P ROJETO DE A QUICULTURA

G USTAVO A NDRÉ A LVES

E LABORAÇÃO:

CTA – CENTRO DE TECNOLOGIA EM A QÜICULTURA E M EIO AMBIENTE L TDA.

E ND. A VENIDA A NÍSIO F ERNANDES C OELHO, Nº 1211

J ARDIM DA^ P^ ENHA^ -^ VITÓRIA^ /ES

CEP : 29060 - 670

T ELEFAX : 027.3345.

E-MAIL: CTA@CTA - ES.COM .BR

V ITÓRIA

  • Sumário
  • Apresentação
  • 1.0 Introdução
  • 2.0 Ficha Técnica
  • 3.0 Biologia
    • 3.1 Filogenia e Classificação
    • 3.2 Distribuição Geográfica
    • 3.3 Morfologia Externa
    • 3.4 Morfologia Interna e Fisiologia - 3.4.1 Sistema Digestivo - 3.4.2 Sistema Circulatório - 3.4.3 Sistema Respiratório - 3.4.4 Sistema Excretor - 3.4.5 Sistema Nervoso e Órgãos Sensitivos - 3.4.6 Sistema Reprodutivo
    • 3.5 Dimorfismo Sexual
      • 3.6 Muda e Crescimento
      • 3.7 Regeneração e Autotomia
      • 3.8 Reprodução e Comportamento
      • 3.9 Ciclo de Vida
  • 4.0 Espécies de Camarão de Água Doce de Potencial para Cultivo
  • 5.0 Produção de Larvas (Larvicultura)
    • 5.1 Escolha do Local
    • 5.2 Condições Físico-Químicas e Bacteriológicas da Água
    • 5.3 Luminosidade
    • 5.4 Higiene
    • 5.5 Construção de Tanques
    • 5.6 Produção de Larvas
    • 5.7 Estocagem e Transporte de Pós-Larva
    • 5.8 Abastecimento e Drenagem de Água
    • 5.9 Equipamento
  • 6.0 Características de Sistemas de Cultivo
  • 7.0 Escolha do Local
  • 8.0 Construção de Parque de Cultivo
    • 8.1 Arranjo Físico
  • 9.0 Tecnologia de Produção
    • 9.1 Monitoramento de Qualidade de Água
      • 9.1.1 Temperatura da Água de Cultivo
      • 9.1.2 Transparência
      • 9.1.3 Oxigênio Dissolvido – (O.D.)
      • 9.1.4 Potencial de Hidrogeniônico (pH)
      • 9.1.5 Alcalinidade Total
      • 9.1.6 Dureza
      • 9.1.7 Teor de Ferro
    • 9.2 Manutenção e Preparação dos Viveiros
    • 9.3 Transporte das pós-larvas e Povoamento dos Viveiros
    • 9.4 Fertilização
    • 9.5 Biometria
    • 9.6 Despesca
    • 9.7 Ração e Arraçoamento
      • 9.7.1 Ração
      • 9.7.2 Arraçoamento
    • 9.8 Controle de Predadores e Competidores
  • 10.0 Tecnologia Pós-Despesca
  • 11.0 Análise de Riscos
  • 12.0 Estudo de Mercado
  • 13.0 Aspectos Financeiros
    • 13.1 Sistema Semi-Intensivo
      • 13.1.1 Custo de Produção
      • 13.1.2 Custo Total da Produção
      • 13.1.3 Custo Unitário da Produção
  • 14.0 Fluxograma de Produção
  • 15.0 Glossário
  • 16.0 Referências Bibliográficas

Apresentação

A carcinicultura de água doce, atualmente, pode ser considerada como uma atividade economicamente viável, ecologicamente equilibrada, tecnologicamente desenvolvida, geradora de emprego, importante meio de fixação do homem em áreas rurais e como um promissor aqüinegócio. A carcinicultura comercial no Brasil vem apresentando um rápido crescimento nos últimos anos, sustentada por tecnologias apropriadas à cadeia produtiva, pelos excelentes resultados de produção das fazendas e pela ótima aceitação no mercado consumidor.

Este manual apresenta informações básicas e essenciais sobre a carcinicultura comercial em sistema tradicional. A maioria das informações práticas é fruto das ações desenvolvidas nas pequenas propriedades rurais do Espírito Santo, onde se implantou o cultivo de camarão de água doce, sobretudo pela utilização do camarão da Malásia ( Macrobrachium rosenbergii ).

Com uma linguagem simples e direta este manual pode ser facilmente utilizado por técnicos, estudantes, produtores rurais e investidores em geral. Este é apenas um veículo de informação, atualização e estimulo à atividade de carcinicultura. É importante ressaltar que para a implantação de cultivos comerciais se faz necessário uma assistência técnica, por pessoal capacitado para que se obtenham resultados financeiros satisfatórios.

2.0 - FICHA TÉCNICA

Carcinicultura de água doce (Criação de Camarões de água doce)

Setor da economia Primário

Ramo de atividade Aqüicultura

Funcionários necessários 01 ou 02

Área mínima 5000 m^2

Grau de risco Baixo

Pré-requisitos Para esse empreendimento é desejável um terreno pouco acidentado e próximo de uma fonte de água doce (rio, nascente, poço ou córrego) para o cultivo em viveiros de terra.

3.0 - BIOLOGIA

3.1 Filogenia () e Classificação*

Crustáceos da Ordem Decápoda, apresentam cinco pares de apêndices locomotores, os camarões são descendentes dos malacostracos, grupo de crustáceos existentes desde o período cambriano, e portanto, com cerca de 90 milhões de anos. Os malacostracos abrangem dois grupos: os Peracarida e os Eucarida. Os camarões de água doce, embora próximos zoologicamente aos de água salgada, são da Sub-ordem Pleocyemata, diferindo daqueles da Sub-ordem Dendrobranchiata. O camarão de água doce pertence ao gênero Macrobrachium e à espécie Macrobrachium rosenbergii.

Sua Classificação Zoológica é a seguinte:

Filo: Arthropoda Sub-filo: Crustacea Classe: Malacostraca Sub-classe: Eumalacostraca Super-ordem: Eucarida Ordem: Decapoda Sub-ordem: Pleocyemata Infra-ordem: Caridea Super-família: Palaemonoidea Família: Palaemonidae Sub-família: Palemoninae Gênero: Macrobrachium Espécie: Macrobrachium rosenbergii

3.2 Distribuição Geográfica

Os camarões de água doce do gênero Macrobrachium encontram-se amplamente distribuídos pelo mundo. Atualmente são conhecidas mais de 120 espécies e destas, trinta são encontradas no continente americano. Distribuem-se nas regiões tropicais e subtropicais.

Podem ser encontrados em lagos, rios, pântanos e estuários. Algumas espécies necessitam da água salobra para fecharem seu ciclo de vida, outras não, vivendo basicamente na água doce.

  1. Os termos como filogenia, que aparecem sublinhados no texto, encontram-se definidos no glossário.

3.4 Morfologia Interna e Fisiologia

3.4.1 Sistema Digestivo

O sistema digestivo é formado pelas seguintes estruturas básicas:

1 - boca

2 - esôfago

3 - estômago (dividido em duas câmaras: cardíaca e pilórica)

4 - intestino médio

5 - intestino posterior

6 - ânus

7 - glândulas digestivas (hepatopâncreas )

O animal captura o alimento, o reduz a pequenos pedaços e o ingere, conduzindo-o ao esôfago e posteriormente à câmara cardíaca, situada no estômago, onde será novamente triturado graças a ação de uma série de estruturas calcificadas que formam o moinho gástrico. Após passar pelo moinho gástrico, no estômago cardíaco o alimento é filtrado por cerdas, sendo conduzido até o 2º compartimento, a câmara pilórica. Posteriormente, no hepatopâncreas ocorre a digestão de proteínas, gorduras e carboidratos. A absorção dos alimentos ocorre no próprio hepatopâncreas e no intestino médio.

3.4.2 Sistema Circulatório

À circulação é do tipo aberta ou lacunar. O sangue flui por vasos sangüíneos e também em lacunas entre os tecidos. O coração é curto e suspenso em um grande seio pericárdico por onde chega o sangue que penetra no coração e, posteriormente, é bombeado para todas as partes do corpo. O pigmento que facilita e possibilita a respiração é a hemocianina, que se encontra dissolvida no plasma sanguíneo.

3.4.3 Sistema Respiratório

A respiração é do tipo branquial. As brânquias são estruturas sob a parede do corpo, contendo vasos sangüíneos e estão sob a carapaça (o branquiostegito) numa região denominada câmara branquial. O exopodito da 2º maxila em forma de remo, escafognatito, promove através de seus movimentos, uma corrente de água pelas brânquias oxigenando-as.

As brânquias também são importantes no sentido de manter a osmorregulação destes animais, ou seja, o equilíbrio de sais nos líquidos internos em relação ao ambiente em que se encontram. A maior parte da excreção de amônia também se faz pelas brânquias.

3.4.4 Sistema Excretor

O sistema excretor é formado basicamente por um par de glândulas verdes ou antenais, localizado na base das antenas. Suas principais funções consistem em eliminar os restos metabólicos e atuar no controle da concentração de sais no seus fluidos orgânicos. A absorção de sais se realiza através de uma de suas estruturas denominada de canal nefridial.

3.4.5 Sistema Nervoso e Órgãos Sensitivos

O sistema nervoso é do tipo ganglionar ventral, característico dos arthropodos. É constituído por um gânglio amebóide ou supraesofágico localizado na cabeça, os gânglios subesofágico e um cordão nervoso ventral duplo.

Os camarões são animais dotados de alta sensibilidade à luz e aos alimentos, reconhecendo com extrema facilidade diferentes ambientes. Podemos citar algumas estruturas de grande importância:

  • os olhos do tipo composto, visão superior a 180º ;
  • pêlos tácteis, sensíveis ao toque, na maior parte do corpo;
  • pêlos antenulares, responsáveis pelo paladar e olfato;
  • estatocisto, responsável pelo equilíbrio e localizado na base da antênula.

3.4.6 Sistema Reprodutivo

O sistema reprodutor masculino é formado por um par de testículos conectados a ductos espermáticos e glândulas androgênicas, que se abrem externamente na base do 5º par de pereiópodos.

O sistema reprodutor feminino é constituído por dois ovários e, dois ovidutos que se abrem entre o 3º e o 4º par de pereiópodos.

3.5 Dimorfismo Sexual

Os camarões apresentam sexos separados, são espécies dióicas. As fêmeas têm o abdômen proporcionalmente mais largo que o macho. Os espermatozóides são desprovidos de cauda e apresentam forma de estrela; são armazenados num saco denominado ampola do espermatóforo.

Abaixo, listamos algumas características dos machos que podem ser usadas para diferencia-los das fêmeas:

  • maiores;
  • mais fortes;
  • quelas mais desenvolvidas;
  • excrescência no centro do primeiro somito abdominal;
  • apêndice masculino localizado no 2º par de pleópodos.

fêmea e esta o carrega até o momento da sua desova. A desova ocorre em um período não superior a vinte e quatro horas. No momento da desova os óvulos ao passarem pelo espermatóforo são fecundados, cabendo então à fêmea incubá-los até a eclosão, período que leva aproximadamente vinte dias.

O ovo fecundado apresenta no início uma coloração alaranjada, tornando-se acinzentado ao longo do desenvolvimento embrionário. A incubação ocorre no abdômen graças aos pleópodos, que através de suas cerdas formam uma verdadeira câmara incubadora.

Eclosão - O ovo, contendo o embrião, eclode a partir do rompimento da membrana que o envolve, liberando uma larva denominada de zoea. Esta subdivide-se em onze estádios larvais. Durante este período são planctônicas e mantêm-se sempre com o ventre para cima. Os estádios larvais levam aproximadamente vinte e oito a trinta e cindo dias, variando muito de acordo com as condições de temperatura, salinidade e alimentação.

3.9 Ciclo de vida

As larvas necessitam de água salobra com salinidade de 12 a 16‰ para se desenvolverem, morrendo em alguns dias se forem mantidas em água doce. Desta forma, após a eclosão, são levadas pela força da correnteza até o estuário. Uma vez no estuário elas atingem a última fase, zoea XI, sofrendo metamorfose e originando a pós-larva que, além de adotar novo comportamento, passando a se locomover como camarões jovens e adultos, iniciam movimento de migração visando alcançar a água doce, tornando-se, então, adultas e maturas sexualmente, e portanto, aptas à reprodução.

4.0 Espécies de Camarões de Água Doce de Potencial para

Cultivo

Das cento e vinte espécies de camarões de água doce do gênero Macrobrachium, um quarto encontra-se distribuída no Continente Americano. Há uma grande variação quanto à morfologia, hábito de vida e distribuição geográfica. Podemos considerar “a priori”, de interesse comercial, todas as espécies de camarões de maior porte. Entretanto, outras características devem ser levadas em consideração; dentre elas podemos citar:

  1. taxa de crescimento relativamente rápida;
  2. comportamento não agressivo;
  3. resistência às variações do meio;
  4. agradável ao paladar;
  5. resistência a doenças.

A espécie exótica, M. rosenbergii, tem respondido bem a todas estas características. Entretanto, não podemos deixar de considerar as espécies nativas, que merecem mais atenção por parte dos pesquisadores e das instituições de pesquisa nacionais, para que, a partir do desenvolvimento de novas tecnologias, passem a participar mais ativamente do mercado, aumentando assim a oferta deste produto e reduzindo, com isso, a pressão de captura sobre o ambiente natural.

Dentre estas espécies podemos citar: Macrobrachium carcinus (pitú), Macrobrachium acanthurs , conhecido como camarão canela ou também como pitú, dependendo da região, e Macrobrachium amazonicum , camarão canela. Nos rios do oeste da América do Norte e Central encontra-se o Macrobrachium americanum , de igual interesse econômico.

5.2 Condições Físico-Químicas e Bacteriológicas da Água

A água a ser utilizada na larvicultura deve ser livre de agentes poluidores e deve ser coletada com alguns cuidados. A água do mar pode ser coletada superficialmente ou a alguns metros de profundidade. Em qualquer hipótese a água coletada deverá ser filtrada e clorada. O sistema de condução de água não deverá ser feito por encanamento de ferro, em função do seu grande poder de oxidação. A água doce pode ser captada diretamente do manancial de superfície ou subterrânea, e até mesmo da rede de abastecimento público. Em relação às águas subterrâneas deve-se registrar especial preocupação com os níveis de oxigênio nelas existentes, uma vez que, ordinariamente, o oxigênio é escasso nessas águas. Para sua utilização, tornam-se também necessários a filtração e cloração como forma de tratamento.

A seguir, listamos alguns valores dos parâmetros físico-químicos e bacteriológicos da água recomendados para uma larvicultura:

  • pH, entre 7, 4 e 8, 4
  • OD (oxigênio dissolvido) > 5,0 mg/l
  • NO 2 < 0,1 mg/l
  • NH 3 < 0,6 mg/l
  • T ºC: 26,0 a 30,
  • Coliformes fecais: ausência
  • Salinidade entre 12 e 16‰
  • Dureza total entre 60 e 120 mg/l (CaCO 3 )
  • Ferro (Fe) 0,02 mg/l
  • Cloro (Cl) 40 mg/l
  • Sódio (Na) 30 mg/l
  • Cálcio (Ca) 12 mg/l
  • Magnésio (Mg) 10 mg/l

5.3 Luminosidade

É muito importante que haja a incidência de luz em uma larvicultura. O sistema deverá estar equipado com lâmpadas, de modo a proporcionar o fotoperíodo que se deseja, controlado com “timers”. No entanto, não deverá acontecer incidência de luz solar diretamente nos tanques com as larvas para que se evitem a cegueira e o desconforto delas. Por isso aconselha-se fazer cobertura do local colocando- se algumas telhas transparentes intercaladas com outras de amianto comum.

5.4 Higiene

A Higiene é fator de extrema importância para o sucesso de um laboratório de larvicultura. Todos os tanques e seus acessórios devem estar totalmente desinfetados, assim como os equipamentos utilizados rotineiramente. Os funcionários devem ser treinados sobre como manter todo ambiente limpo e livre de contaminação. O sistema de captação e drenagem de água deve ser bem monitorado, procurando-se eliminar qualquer resíduo alimentar ou restos de animais da estrutura que, direta ou indiretamente, possam entrar em contato com

as larvas. Para desinfecção deve-se usar cloro granulado (hipoclorito de cálcio) ou cloro líquido (hipoclorito de sódio) em concentração apropriada.

5.5 Construção de tanques

Em um laboratório de larvicultura encontram-se tanques para as mais diversas funções e de acordo com elas podem apresentar diferenças em seu desenho, objetivando adequar-se o melhor possível ao papel que vai desempenhar. Neste contexto podemos citar:

1 - tanque para armazenamento de água doce;

2 - tanque para armazenamento de água salgada;

3 - tanque de mistura e preparação de água salobra;

4 - tanque de acasalamento;

5 - tanque de eclosão;

6 - tanque de desenvolvimento de larvas;

7 - tanque de estocagem das pós-larvas.

A construção de qualquer um dos tanques mencionados depende da função da capacidade de produção da larvicultura. Entretanto, devem-se levar em consideração alguns cuidados no desenho dos tanques, no sentido de se facilitar o manejo do cultivo bem como sua manutenção.

Os tanques para armazenamento de água doce e salgada devem ser construídos de maneira a estocar uma quantidade suficiente para suprir toda necessidade do laboratório, prevendo-se inclusive alguns contratempos como problemas na bomba de água, encanamento e outros que possam levar tempo para reparo.

Figura 3 : Tanque de desenvolvimento larval acoplado a um filtro biológico.

Figura 4 : Detalhe de um filtro biológico.

Algumas larviculturas têm utilizado tanques para acasalamento. Estes são bem menores, podendo ser construídos em alvenaria ou fibra de vidro. O revestimento interno deverá ser de tinta epóxi procurando-se utilizar cores mais escuras como o verde e o preto. Tanques de acasalamento podem ser montados com sistema de filtração biológica.

Tanques para a eclosão de larvas podem apresentar diversas formas, como circular, retangular, quadrada ou cônica. Neles, são colocadas fêmeas ovadas, cujos ovos encontram-se próximo à eclosão. Estes tanques são construídos geralmente em alvenaria ou fibra de vidro. Devem ser revestidos por tinta epóxi, preferencialmente de cor escura. Estes tanques quando retangulares ou

quadrados, devem ser abaulados em seus vértices facilitando o movimento de circulação de água, proporcionado por uma aeração direcionada, evitando a concentração das larvas nos cantos. Como mencionado anteriormente, deve-se evitar a incidência de raios solares diretamente sobre os tanques. Os parâmetros físicos e químicos devem ser monitorados diariamente. As recém-eclodidas larvas, fase que denominamos zoea, devem ser então sifonadas e distribuídas conforme concentração para os tanques de desenvolvimento larval.

Os tanques de desenvolvimento larval não devem ser construídos com altura inferior a 1.2 m, mantendo-se o nível da água em torno de 80 a 90 cm. Podem ser em fibra de vidro ou alvenaria e apresentar formato circular, retangular, quadrado ou cônico. Principalmente nestes tanques, deve-se ter o cuidado de revesti-los internamente com tinta epóxi preta, evitando-se com isto reflexão da luz incidente sobre a superfície interna do tanque. Devido ao fototactismo positivo, as larvas são atraídas pela luz, e em seu contato constante com a superfície refletora, podem ocorrer pequenas lesões na carapaça, principalmente no rostro em formação. Estas lesões propiciam o aparecimento de patógenos como fungos, bactérias ou protozoários que podem debilitar as larvas ou até mesmo matá-las.

Os tamanhos da tela e da malha ajustados ao sistema de drenagem são fundamentais para não permitir que as larvas sejam levadas junto com a água no momento de sua renovação.

Os tanques de estocagem de pós-larvas podem ser construídos de fibra de vidro ou em alvenaria. Estes tanques devem ser bem aerados com boa taxa de renovação de água.

5.6 Produção das larvas

As larvas recém nascidas são denominadas de zoea. Esta fase apresenta onze estádios de desenvolvimento (Zoea I, Zoea II, ..., Zoea XI). As larvas, na fase I correspondem aos estágios iniciais, entre dez e doze dias, devem ser mantidas com uma densidade entre 300 e 500 indivíduos por litro; posteriormente, na fase II, sua densidade diminui para no máximo 120 indivíduos por litro. As larvas são planctônicas e no ambiente natural alimentam-se basicamente de zooplâncton (larvas de insetos, nemátodos, rotíferos, dentre outros). Em laboratório, até a fase de Zoea I as larvas não devem ser alimentadas, pois consomem o próprio vitelo. A partir de 2 ou 3 dias (Zoea II) devem ser alimentadas com Artemia (microcrustáceo), durante sua fase de náuplios. A Artemia é rica em proteínas e ácidos graxos que garantem um bom desenvolvimento das larvas. A Artemia é vendida sobre a forma de cistos que devem ser eclodidos no próprio laboratório de larvicultura.