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Tipologia: Trabalhos
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Os movimentos sociais são ações coletivas mantidas por grupos organizados da sociedade que visam lutar por alguma causa social. Em geral, o grito levantado pelos movimentos sociais representa a voz de pessoas excluídas do processo democrático, que buscam ocupar os espaços de direito na sociedade. Os movimentos sociais são de extrema importância para a f ormação de uma sociedade democrática ao tentarem possibilitar a inserção de cada vez mais pessoas na sociedade de direitos. Os primeiros movimentos sociais visavam resolver os problemas de classes sociais e políticos, como a ampliação do direito ao voto. Hoje, os movimentos sociais baseiam-se, em grande parte, nas pautas identitárias que representam categorias como gênero, raça e orientação sexual.
Ao pensar-se nos movimentos sociais à luz de pensadores da filosofia e da sociologia, é impossível apontar um consenso. O cientista político italiano Gianfranco Pasquino aponta a impossibilidade de estabelecer-se uma linha conciliatória entre os que tratam dos movimentos sociais, tendo-se em vista um horizonte de pensadores clássicos. Nesse sentido e como exemplos, os sociólogos Marx , Weber e Durkheim veem nos movimentos sociais a sustentação de uma revolução, a institucionalização de um novo poder burocrático e até a maior coesão social, respectivamente.
O movimento negro é um fenômeno utilizado em forma de diferentes organizações para reivindicar direitos para a população negra que sofre com o racismo na sociedade.
Na maioria dos países onde os negros foram escravizados houve sempre uma tentativa de mudar a situação aos quais estavam submetidos. Atualmente, o movimento negro é plural e reúne além das pautas como o combate ao racismo, diferentes vertentes como o feminismo, a luta pelos direitos LGBT e tolerância religiosa. O movimento negro no Brasil tem suas raízes na própria resistência à escravidão que se manifestava através de fugas, greves de fome e rebeliões. O Movimento Negro no período Colonial Para escapar do trabalho forçado, os negros escravizados fugiam e se organizavam em quilombos. Ali viviam livres em comunidades que podiam abrigar desde poucas famílias a centenas de pessoas. O Quilombo mais emblemático durante o período colonial foi o Quilombo dos Palmares. Ali se concentrava um grande número de escravos fugidos que resistiram durante muito tempo às investidas militares portuguesas. Foi liderado por alguns anos por Zumbi dos Palmares que se tornaria um símbolo para o movimento negro. Da mesma forma, os cativos se reuniam nas irmandades como as de Nossa Senhora do Rosário ou de São Benedito, para se ajudarem em caso de doença e garantir um enterro digno. Podemos destacar a Sociedade dos Desvalidos de Salvador que funcionava como espaço de convivência e auxílio para os negros. Além da religião católica é preciso ter em conta que o candomblé nunca deixou de ser praticado pelos negros. Assim, participar das cerimônias, muitas vezes realizadas de forma clandestina, era um modo de resistir às mudanças culturais trazidas com a escravidão.
Durante o século XIX, com o crescimento do movimento abolicionista, intelectuais negros passam a editar jornais e fundar
A imprensa, por outro lado, se constituirá num lugar privilegiado para o movimento negro brasileiro. Podemos citar o grupo de intelectuais negros se une para fundarem o jornal " A Alvorada ", em 1907, na cidade de Pelotas (RS). Em São Paulo, surgem vários periódicos que tratavam dos clubes e grêmios recreativos para negros. Jornais como " O Clarim d’Alvorada " (1924-1932) ou " Progresso " (1928-1931) foram importantes para a visibilidade da população negra brasileira. Será a arte, porém, que contará com a maior adesão dos negros como forma de preservar sua identidade, ao mesmo tempo que absorvem outras influências. É o caso do surgimento do choro, o primeiro gênero musical brasileiro e dos ranchos e agremiações em torno do samba. Em 1926, surge no Rio de Janeiro, a Companhia Negra de Revista, integrada por nomes como Pixinguinha, Grande Otelo, Donga e muitos outros. Formada inteiramente por artistas negros, a Companhia foi um marco nas artes dramáticas do Brasil.
No entanto, a primeira organização de caráter exclusivamente político surgiu com a Frente Negra Brasileira (FNB). Fundada em 16 de setembro de 1931, em São Paulo, tinha como objetivo denunciar o racismo da sociedade. Editou o jornal “A Voz da Raça” e se transformou em partido político em 1936. No entanto, com o golpe de 37, feito por Getúlio Vargas, foi extinto como todos os partidos políticos do período. Aspecto da reunião da Frente Negra Brasileira, em 16 de setembro de 1935 Apesar da breve experiência, é preciso notar que os negros estavam envolvidos em movimentos políticos tanto de esquerda como de direita. No campo das artes, não podemos esquecer de mencionar
o Teatro Experimental Negro , fundado por Abdias Nascimento, em 1944, que teve como expoente a atriz Ruth Souza.
Da mesma forma, a história do negro passa a ser objeto de estudo acadêmico através das obras de Florestan Fernandes, que realiza contribuições para o entendimento do racismo no Brasil. É importante lembrar da Lei Afonso Arinos promulgada em 1951. Pela primeira vez, a discriminação de raça ou de cor se tornava uma contravenção. Apesar da lei contemplar somente os delitos cometidos em espaços públicos, a Lei Afonso Arinos veio mostrar o racismo escondido da sociedade brasileira.
Nesta época, o movimento negro brasileiro é influenciado pela luta dos Direitos Civis nos Estados Unidos. Temos figuras emblemáticas como o reverendo Martin Luther King, que defende a inclusão do negro através da resistência pacífica. O lema " Black is Beautiful " valorizava a estética negra em detrimento do modelo branco. Dessa forma, os negros e as negras param de alisar os cabelos, vestem-se com motivos africanos e passam a realçar seu fenótipo ao invés de escondê- los. Tudo isso influenciará a moda e a percepção que os negros brasileiros tinham de si mesmos também. Por outro lado, líderes como Malcon X e o movimento dos "Panteras Negras" propunham o uso da violência como meio para alcançar mais participação na sociedade americana.
A década de 70 será marcada pelo aumento da repressão aos grupos políticos de esquerda e a intensa propaganda política em torno do Milagre Econômico. No Rio de Janeiro, começam as discussões sobre questões raciais
Em 1989 é promulgada a Lei 7.716/1989, por iniciativa do deputado Alberto Caó, cuja discriminação racial e étnica passa a ser crime. Em 1997 e 2012, essa lei seria revista incorporando também a intolerância religiosa ou de procedência nacional como crime.
O presidente Fernando Henrique Cardoso instituiu o Grupo de Trabalho Interministerial para a Valorização da População Negra, em 20 de novembro de
Esta iniciativa se deu com base em dados alarmantes do IBGE e IPEA, a respeito da profunda desigualdade sócio-econômica entre negros e brancos. Para comemorar este fato, neste mesmo dia representantes de várias entidades do movimento negro promoveram a Marcha Zumbi, em Brasília, que contou com a presença de 30 mil pessoas.
O período em que o presidente Lula ocupou a presidência foi marcado por várias conquistas da sociedade civil em geral e do movimento negro em particular. No ano de 2003 é instituída a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (SEPIR) que tinha como missão promover mecanismos de inclusão social para a população negra. Uma das bandeiras do movimento negro era a aprovação das cotas raciais em instituições de ensino federais que já vinha sendo aplicada em alguns estados. A "Lei das Cotas" foi aprovada em 2006 e desde então é visível o aumento de negros e pardos nas universidades federais.
Além da consagração, em nível federal, da Leis de Cotas, o movimento negro nunca foi tão plural. Baseando-se na questão do combate ao racismo, outras discussões foram abertas como a do preconceito à mulher negra, ao homossexual negro, ao/a trans negro, etc. Igualmente, surgem novas discussões como a "apropriação cultural", o "embranquecimento" e a cristianização de tradições afro-brasileiras como a capoeira e o acarajé, que fazem os movimentos negros continuarem alertas para suas demandas. Outra discussão importante é o genocídio da população negra, especialmente os jovens, que são o alvo constante das batidas policiais. Novas lideranças e intelectuais têm surgido como resultado da Lei de Cotas. Dente elas, podemos citar Djamila Ribeiro, Núbia Moreira e a vereadora carioca Marielle Franco (PSOL/RJ), brutalmente assassinada por causa de suas lutas políticas em março de 2018. Da mesma forma, como em toda democracia, existem os negros que não se alinham com estas posturas. É o caso do vereador de São Paulo Fernando Holliday (DEM/SP) que deseja revogar o dia da Consciência Negra.