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Nutrição e Atividade Física durante a Adolescência: Impacto na Saúde, Notas de estudo de Educação Física

Este documento revisa as transformações físicas e psico-sociais da adolescência e suas consequências em hábitos nutricionais e prática de exercícios físicos. O texto aborda o papel da nutrição e da atividade física na prevenção da obesidade e melhora do perfil lipídico e metabólico. Além disso, discute desordens alimentares como anorexia nervosa e o impacto da tecnologia moderna na redução da atividade física.

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 06/01/2011

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Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 1, n. 2, p. 45-54, Mar/Abril, 2007. ISSN 1981-9927.
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Revista Brasileira de Nutrição Esportiva
ISSN 1981-9927
versão eletrônica
Pe riódico do Insti tu to Brasi le iro de Pe squisa e E nsi no e m Fisio lo gia do E xercíc io
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ATIVIDADE FÍSICA E ASPECTOS NUTRICIONAIS RELACIONADOS À ADOLESCÊNCIA
PHYSICAL ACTIVITY AND NUTRITIONAL ASPECTS RELATED TO THE ADOLESCENCE
Marilene Guimarães
1
,
Hérica de Orlandis Coelho
1
,
Ivna Afonso Nolli
1
,
Eliana Carla Gomes de Souza
2
RESUMO
A fase da adolescência implica em diversas
transformações físicas e psico-sociais que se
refletem em atitudes errôneas dos
adolescentes em relação à sua nutrição e à
prática de exercícios físicos. Atitudes que são
reforçadas através da influência da mídia e do
próprio meio social no qual o adolescente se
encontra inserido. Essa situação implica em
riscos à saúde por levar a deficiências ou
excessos alimentares, e conseqüente
inadequação do peso corporal. Essa revisão
teve como objetivo avaliar as informações
existentes em uma fase tão importante da
vida, enfocando a imagem corporal, a
magreza, a obesidade e a relação do
adolescente com a nutrição e com a atividade
física. Ficou evidenciado a necessidade de
intervenção de profissionais de saúde, em
especial, das áreas de Nutrição e Educação
Física através de informações que orientem
os adolescentes e seus familiares.
Palavras Chaves: Adolescência, nutrição,
atividade física, imagem corporal.
1- Programa de Pós-Graduação Lato Sensu
em Nutrição Esportiva da Universidade Gama
Filho - UGF
2- Coordenadora do curso de Bacharelado em
Nutrição da Faculdade de Minas – FAMINAS -
Muriaé – Minas Gerais
ABSTRACT
The stage of the adolescence involves several
physical and psycho-social transformations
that are reflected in the adolescents' nutritional
habits and in the practice of physical exercises.
These Habits are reinforced through the
influence by the media and by their own social
environment. This situation implies in risks in
health leading to food deficiency or excess,
and the consequent inadequacy of body
weight. The goal of this review is to evaluate
the existent information in such important
phase of the life, focusing the body image, the
thinness, the obesity and the adolescent's
relationship with the nutrition and with the
physical activity. Also, the need of intervention
by health professionals was evidenced,
especially, in areas such Nutrition and Physical
Education which could guide the adolescents
and its relatives.
Key words: Adolescence, nutrition, physical
activity, body image.
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Revista Brasileira de Nutrição Esportiva

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P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a si l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o w w w. i b p e f e x. c o m. b r / w w w. r b n e. c o m. b r

ATIVIDADE FÍSICA E ASPECTOS NUTRICIONAIS RELACIONADOS À ADOLESCÊNCIA

PHYSICAL ACTIVITY AND NUTRITIONAL ASPECTS RELATED TO THE ADOLESCENCE

Marilene Guimarães^1 , Hérica de Orlandis Coelho^1 , Ivna Afonso Nolli^1 , Eliana Carla Gomes de Souza^2

RESUMO

A fase da adolescência implica em diversas transformações físicas e psico-sociais que se refletem em atitudes errôneas dos adolescentes em relação à sua nutrição e à prática de exercícios físicos. Atitudes que são reforçadas através da influência da mídia e do próprio meio social no qual o adolescente se encontra inserido. Essa situação implica em riscos à saúde por levar a deficiências ou excessos alimentares, e conseqüente inadequação do peso corporal. Essa revisão teve como objetivo avaliar as informações existentes em uma fase tão importante da vida, enfocando a imagem corporal, a magreza, a obesidade e a relação do adolescente com a nutrição e com a atividade física. Ficou evidenciado a necessidade de intervenção de profissionais de saúde, em especial, das áreas de Nutrição e Educação Física através de informações que orientem os adolescentes e seus familiares.

Palavras Chaves: Adolescência, nutrição, atividade física, imagem corporal.

1- Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Nutrição Esportiva da Universidade Gama Filho - UGF 2- Coordenadora do curso de Bacharelado em Nutrição da Faculdade de Minas – FAMINAS - Muriaé – Minas Gerais

ABSTRACT

The stage of the adolescence involves several physical and psycho-social transformations that are reflected in the adolescents' nutritional habits and in the practice of physical exercises. These Habits are reinforced through the influence by the media and by their own social environment. This situation implies in risks in health leading to food deficiency or excess, and the consequent inadequacy of body weight. The goal of this review is to evaluate the existent information in such important phase of the life, focusing the body image, the thinness, the obesity and the adolescent's relationship with the nutrition and with the physical activity. Also, the need of intervention by health professionals was evidenced, especially, in areas such Nutrition and Physical Education which could guide the adolescents and its relatives.

Key words: Adolescence, nutrition, physical activity, body image.

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INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (1997), a fase da adolescência compreende a faixa etária entre 10 e 19 anos. Essa fase se caracteriza pelo rápido crescimento e desenvolvimento com consequente aumento das necessidades nutricionais (Jacobson, 1998). Para atender ao aumento da demanda em energia e nutrientes, o organismo precisa de uma nutrição saudável, com balanço adequado em quantidade e qualidade tanto dos macro- nutrientes quanto dos micro-nutrientes. A adolescência é a última fase do período de crescimento e desenvolvimento do ciclo vital, caracterizando-se por transformações anatômicas, fisiológicas e psicológicas que culminam no corpo adulto com plena capacidade de reprodução (Oehlschalaeger e colaboradores, 2004). Portanto, a adolescência além de ser uma fase de transição entre a infância e a idade adulta é caracterizada por grandes alterações biológicas e psico-sociais. A preocupação com a aparência corporal e o porte físico se torna um problema importante, tanto que este é um tema discutido na literatura (Braggion, 2000). Em conjunto com uma boa nutrição, a atividade física bem planejada é um fator relevante no crescimento e desenvolvimento adequado durante a adolescência, além de reduzir o risco de futuras morbidades (Carazzato, 1999). Possíveis desajustes entre o balanço alimentar e o consumo de energia causam impacto sobre a saúde geral do adolescente, levando à transtornos como obesidade, anorexia nervosa, bulimia, dentre outros (Jacobson, 1998). A fase da adolescência é um período importante para a prevenção da obesidade pela prática de atividade física e controle alimentar, além de contribuir para a melhora do perfil lipídico e metabólico, reduzindo assim a prevalência de obesidade. A sua regularidade tem demonstrado relação inversa com o risco de doenças crônico-degenerativas e efeito positivo na qualidade de vida e em variáveis psicológicas (Denadai e colaboradores, 1998; Jacobson e colaboradores, 1998; Nordstrom e colaboradores, 1995). Este trabalho de revisão objetiva o estudo da nutrição aliada à prática de

atividade física e o seu reflexo na saúde dos adolescentes.

REVISÃO DA LITERATURA

Crescimento, desenvolvimento e maturação

Crescimento, desenvolvimento e maturação são processos longos e complexos que demandam cerca de 20 anos (Dietz, 1994). Nesta fase, o crescimento é o mais intenso que em qualquer outra etapa da vida pós-natal, sendo que o aumento médio do peso para meninas é de 16 g/ dia e para meninos é de 19 g/dia, quando esses se encontram no pico da adolescência e a velocidade máxima de crescimento pode atingir 9,5 cm/ano para meninos e 8,5 cm/ano para meninas (Juzwiak e Paschoal, 2001). Na fase de aceleração do crescimento há um ganho de 13 a 15 cm em altura para os meninos e de 11 cm para as meninas (Carol e Dwyer, 1991). De acordo com Tanner e Marshall (1986), as mudanças que estão envolvidas durante esse pico são: aceleração e desaceleração do crescimento esquelético; alterações da composição corporal; desenvolvimento dos sistemas cardiovascular e respiratório; aumento de força e resistência principalmente nos adolescentes do sexo masculino e desenvolvimento das gônadas, órgãos de reprodução e caracteres sexuais secundários. O crescimento se caracteriza pelo aumento físico do corpo, pelo aumento do tamanho e do número de células de todos os órgãos e sistemas que após iniciar-se na concepção prossegue até a vida adulta (Tojo e colaboradores, 1991). Durante a puberdade, há um aumento acelerado do crescimento conhecido por estirão pubertário (Oehlschalaeger e colaboradores, 2004). É nessa etapa que se completa a construção esquelética pelo crescimento máximo da massa óssea, fundamental para prevenção de osteoporose (Jacobson, 1998). O desenvolvimento diz respeito a alterações nas funções orgânicas. Já a maturação sexual está relacionada com as variações na velocidade e no tempo que o indivíduo leva para atingir a maturidade

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principalmente devido ao aumento nos depósitos de gordura, pela atuação dos hormônios estrógeno e progesterona. Em relação ao sexo masculino, há carência de estudos, talvez pelo fato de ser mais difícil, já que não existe um fenômeno que corresponda à menarca, parâmetro utilizado para estudos com o sexo feminino. Mas, parece não haver aumento expressivo das dobras cutâneas durante o processo de maturação (Dietz, 1994). Durante a infância não há diferenciação da proporção de massa muscular entre os sexos, na adolescência é que inicia-se a diferenciação. A velocidade de ganho de gordura, ao contrário, atinge valores mínimos nessa época, dando a falsa impressão de magreza, sendo que nos meninos pode ocorrer perda real de gordura (Oehlschalaeger e colaboradores, 2004). Segundo Jacobson (1998), se meninos e meninas iniciarem o seu período pubertário com percentuais semelhantes de gordura e massa celular ativa, a massa adiposa será 25% do peso corporal das meninas e 18% nos meninos, quando esses atingirem a puberdade (Juzwiak e Paschoal, 2001). Para atingir o potencial genético, a ingestão adequada de nutrientes durante o desenvolvimento pubertário e a adolescência é fator primordial (Bianculli, 1995), sendo que estudos têm evidenciado a preferência pelo consumo de lanches e de alimentos com altas concentrações de açúcares e gorduras, em defasagem aos alimentos-fonte de vitaminas e minerais, comprometendo o crescimento e favorecendo o desenvolvimento de carências nutricionais (French e colaboradores, 1994). Além disso, a inadequação da dieta pode levar ao atraso do crescimento e da maturação sexual (Leandro e colaboradores, 2001).

Imagem corporal: Magreza versus Obesidade

A Imagem corporal é considerada como a capacidade de representação mental do próprio corpo pertinente a cada indivíduo (Braggion, 2000). A importância atribuída à imagem corporal e a valorização atual de indivíduos magros podem resultar em padrões alimentares restritivos e ingestão inadequada tanto de nutrientes quanto de energia (Saito,

1989). Estudos evidenciam que adolescentes, em sua grande maioria, estão insatisfeitos com sua imagem corporal (Nowak, 1998). A forma do padrão ideal tem sido divulgada como a forma esbelta conseguida através de dietas de emagrecimento e modelagem corporal através de exercícios físicos (Oliveira, Vitalle e Amâncio, 2002). Em resposta a essa pressão exercida pela sociedade, a restrição alimentar auto imposta tem se evidenciado pela omissão de refeições importantes como o desjejum e/ou jantar, levando a um baixo consumo de energia e nutrientes (Braggion e colaboradores, 2000). A distorção da imagem corporal e o medo de engordar são características próprias de distúrbios de comportamento alimentar e são pontos em comum da anorexia nervosa e bulimia (Juzwiak e Paschoal, 2001). A anorexia nervosa é uma inanição auto induzida, mais freqüente em adolescentes do sexo feminino, que apresentam padrão alimentar desordenado e restritivo, com distúrbio da imagem corporal, baixo peso, com recusa de manter o peso ideal acima de 85% do esperado para idade e altura, e presença de amenorréia (Jacobson, 1998). A bulimia nervosa é caracterizada por períodos de inanição seguidos de voracidade descontrolada e “purgação”, que pode se manifestar por vômitos auto-induzidos, ou uso de diuréticos, laxantes ou exercícios em excesso (Jacobson, 1998). Esses ciclos de voracidade/purgação devem ocorrer pelo menos 2 vezes por semana nos últimos 3 meses de avaliação para confirmar o diagnóstico (Jacobson, 1998). Por isso, qualquer alteração da imagem corporal através da perda de peso, com amenorréia presente ou não, deve ser cuidadosamente observada e os hábitos alimentares, as obsessões com peso e sinais de depressão devem ser considerados (Juzwiak e Paschoal, 2001). Outro distúrbio nutricional, a obesidade, se caracteriza por um acúmulo de tecido gorduroso, pelo corpo todo, causado por doenças genéticas ou endócrino-metabólicas ou por alterações nutricionais (Fernandez e colaboradores, 2004) e implica em conseqüências tanto psicológicas quanto biológicas; não esquecendo que o adolescente quando obeso, apresenta maior probabilidade de se tornar um adulto obeso (Fonseca e colaboradores, 1998). O avançar da idade é

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acompanhado de uma tendência de queda do gasto energético médio diário decorrente de uma menor atividade física que se deve a fatores comportamentais e sociais como o aumento dos compromissos estudantis e /ou profissionais. Dessa forma, criar e estimular o hábito de vida ativo pode reduzir a incidência de obesidade e doenças cardiovasculares na vida adulta (Jacobson e colaboradores, 1998). Não desconsiderando os efeitos genéticos e hormonais, o estilo de vida e o contexto social atual oferecem as condições perfeitas para o desenvolvimento e a evolução da obesidade. O declínio da atividade física, sendo substituída pela tecnologia moderna e o aumento do consumo de alimentos de alto teor calórico amplamente divulgados pela mídia, parecem ser os responsáveis pelo aumento do número de pessoas com sobrepeso (Lazzoli e colaboradores,1998). Por ser de origem multifatorial, se torna difícil estabelecer as causas da obesidade; estudos científicos reconhecem a necessidade de se aumentar o gasto energético diário, com o objetivo de reduzir ou controlar a prevalência da obesidade. O componente mais variável do gasto energético total é o efeito termogênico da atividade física. Pode ser aumentado pela prática voluntária de exercícios físicos, auxiliando no balanço energético negativo quando a ingestão alimentar é também controlada (Jacobson e colaboradores, 1998). Segundo Jacobson (1998), a intervenção não deve ter como primeiro objetivo a perda de peso, devendo-se buscar, inicialmente, o aumento de estatura com manutenção do peso atual, através da melhora dos hábitos alimentares e incremento da atividade física (Juzwiak e Paschoal, 2001). O número de crianças e jovens obesos tem aumentado muito em países desenvolvidos (Lazzoli e colaboradores,1998). O fato é observado também em países como o Brasil, cuja prevalência de obesidade foi de 53%, comparando o consenso de 1974/ com o de 1989, segundo o Consenso Latino Americano sobre Obesidade (1998) e tem sido objeto de preocupação em discussões acerca da saúde pública mundial, portanto, o excesso de gordura corporal e a obesidade devem ser encarados como um problema a ser enfrentado (Carrascosa e Gussinye, 1998; Urbano, 2002).

A adolescência e a nutrição

É preciso considerar que o estado nutricional de adolescentes pode ser afetado de diversas formas como: ingestão inadequada, pobreza, doenças relacionadas com a nutrição, fatores psicossociais e modo de vida. Para se fazer qualquer avaliação nutricional é preciso um estudo aprofundado desses fatores (Jacobson, 1998). Uma dieta balanceada deve possuir a seguinte distribuição de nutrientes: 10 a 15% de proteínas, 25 a 30% de lipídios e 50 a 60% de carboidratos do total ingerido (RDA), mas para crianças e adolescentes fisicamente ativos, pesquisadores recomendam uma dieta pobre em lipídios (20–25% do VCT), normal em proteínas (10–15% do VCT) e rica em carboidratos (60–70% do VCT). A recomendação para micronutrientes deve ser atingida através de uma dieta variada em qualidade e adequada em quantidade que supra a demanda energética (Luliano e colaboradores, 2004). A necessidade de alguns minerais é de grande importância devido ao surto de crescimento na adolescência (Tourinho e Tourinho, 1998). Atenção especial deve ser dada ao ferro e ao cálcio para os praticantes de atividade física, pois a deficiência do primeiro pode resultar na diminuição da capacidade de transporte de oxigênio, diminuindo o desempenho e prejudicando o treinamento, podendo levar a uma anemia ferropriva; e o cálcio é importante durante essa fase devido ao incremento do conteúdo mineral ósseo (Tanner e Whitehouse, 1973). As necessidades de ferro e zinco estão aumentadas durante o estirão puberal e aumentam mais em função das perdas menstruais e das atividades físicas e musculares. Sabe-se que o zinco sérico está diminuído quando a restrição na dieta ocorre por tempo prolongado, e esse mineral desempenha importante papel no crescimento e na maturação sexual, além disso, o zinco dietético pode ser um fator limitante do crescimento na adolescência (Tourinho e Tourinho, 1998). Sua deficiência comprovada pode levar a retardo de crescimento e atraso puberal (Juzwiak e Paschoal, 2001). O cobre atua na síntese de hemoglobina, promovendo a oxidaçao do ferro ferroso para ferro férrico e

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muscular esquelética que eleve o gasto energético acima do repouso (Jacobson e colaboradores, 1998; Nowak, 1998). A insatisfação com a própria aparência pode levar os adolescentes à prática de atividades físicas de alta intensidade e grande volume de treinamento não apenas com finalidade competitiva mas também como valorização do corpo e da imagem idealizados a serem atingidos, em grande parte, a qualquer custo (Saito, 1989). A prescrição da atividade física deve ter a finalidade de criar o hábito e o interesse pela sua prática, e não objetivar o desempenho, o que pode resultar em futura aversão (Jacobson e colaboradores, 1998). O estágio de maturação sexual deve ser considerado na elaboração do programa de treinamento (Tojo e colaboradores, 1991). A avaliação da maturação sexual parece ser fundamental quando se objetiva prescrever programas de exercícios físicos para adolescentes, já que o aumento da secreção de gonadotrofinas e esteróides sexuais gonadais induzem o desenvolvimento sexual, aumento da massa corporal, estatura e melhora na aptidão física dos jovens (Saito, 1989). Tourinho e Tourinho (1998) ressaltam a necessidade de avaliação do estágio de maturação sexual para a correta diferenciação entre a idade biológica e a idade cronológica, com o objetivo de se traçar um programa de atividade física para adolescentes visando as adaptações morfológicas e funcionais resultantes (Tojo e colaboradores, 1991). A diminuição da atividade física provocada pela tecnologia moderna, o aumento de consumo de alimentos calóricos amplamente divulgados pela mídia parecem ser os principais responsáveis pelo aumento de peso (Lazzoli e colaboradores, 1998), portanto, a inatividade física parece ser um fator associado com o aumento da prevalência da obesidade. Assim, aumentar o nível da atividade física é importante para o tratamento da mesma (Petroski, 1999). Por outro lado, a insatisfação com a aparência pode resultar na busca de atividades físicas e/ou esportivas de alta intensidade e volume de treino excessivo, não visando fins competitivos mas também a valorização do corpo e da imagem idealizada a serem atingidos a qualquer custo (Saito, 1989). Fernandez e colaboradores (2004), em estudo realizado com 28 adolescentes com

idades entre 15 e 19 anos com obesidade grave, concluíram que o exercício físico aeróbico ou anaeróbico aliado à orientação nutricional resulta em redução ponderal maior do que a orientação nutricional apenas. Nesse mesmo estudo concluíram que qualquer uma das modalidades citadas para o tratamento da obesidade, a intensidade do exercício deve ser crescente e é primordial para alcançar melhores resultados tanto no condicionamento físico quanto na perda de massa corporal (Feijó e colaboradores, 1997). Estudo realizado com adolescentes do sexo feminino no Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul - CELAFISCS, constatou que 42,7% pertencente a nível sócio-econômico baixo e 64,3% das pertencentes a nível sócio- econômico alto são regularmente ativas (Mantoanelli e colaboradores, 2002). Pinho e colaboradores (1999) em estudo realizado com escolares do sexo masculino verificaram que quanto maior o acúmulo de tecido adiposo, maior a prevalência do sedentarismo e redução do gasto energético. Oehischlaeger e colaboradores (2003) realizaram estudo transversal em 960 adolescentes com idades entre 15 e 18 anos, sendo que a prevalência de sedentarismo foi de 22,2% para o sexo masculino e 54,5% para o sexo feminino, indicando que as meninas são mais sedentárias que os meninos (Nordstrom e colaboradores, 1995). Segundo Barbosa (1991), a prática de esportes serve como incentivo à socialização, atua como antídoto natural aos vícios, melhora o empenho para alcançar objetivos, melhora a auto-estima, além de proporcionar equilíbrio entre a ingestão e o gasto energético e reduz a incidência de moléstias (Barbosa, 19919). Em relação à massa óssea, evidências demonstram que os efeitos do exercício físico seja maior quando próximo ao pico da velocidade de crescimento, portanto, é o período mais efetivo para potencializar o ganho de massa óssea, quando comparado com exercícios físicos realizados apenas na fase final da adolescência (Nordstrom e colaboradores (1995), citado por Silva e colaboradores, 2003). Para a prática de atividade física de forma recreativa, é preciso que o adolescente respeite suas necessidades e preferências, obedecendo a critérios como: freqüência mínima de 03 vezes/semana, intensidade e

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continuidade que se traduz na sua prática pela vida toda (Campos e colaboradores, 2003). Mas, Barros salienta que se a opção for pela prática da musculação que visa o aumento da célula muscular, a sua indicação deve ser somente após avaliação do estágio puberal do adolescente, evitando assim o prejuízo do crescimento ósseo em extensão, em decorrência da vigorosa força no sentido do crescimento lateral (Barros, 1993).

CONCLUSÃO

A fase de desenvolvimento e crescimento do adolescente é um período crítico e de importância primordial na qualidade de vida do futuro adulto. É preciso afastar os fatores que predispõem a um estado de morbidez como a inadequação alimentar e o sedentarismo através do controle alimentar e da prática de exercícios físicos, auxiliando dessa forma a conseguir melhoras sensíveis nesta fase da vida. Cabe aos profissionais da área de saúde, em especial aos Nutricionistas a elaboração e condução de programas de educação nutricional e orientação alimentar aos adolescentes e seus familiares para otimizar o alcance do potencial genético e evitar possíveis distúrbios alimentares. Aos profissionais de Educação Física cabe o incentivo à prática de exercício regular com orientação adequada e prescrição de programas dinâmicos que evidenciem, de forma clara, os objetivos a serem alcançados, conseguindo assim maior taxa de adesão dos adolescentes e a incorporação aos seus hábitos diários, como forma de assegurar uma vida mais saudável. Convém ressaltar, que pela característica imediatista do adolescente, o mesmo deve ser orientado a realizar exercícios físicos com intensidade ajustada aos seus limites fisiológicos. É indispensável o acompanhamento e a intervenção dos pais na modificação dos hábitos dos filhos.

REFERÊNCIAS

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Recebido para publicação: 27/02/ Aceito: 28/03/